quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Simpósio Teológico sobre os 50 anos do Concílio Vaticano II - Faculdade de São Bento (Rio de Janeiro).

Entrevista com coordenador do Simpósio e vice-diretor da Faculdade, Dom Abade José Palmeiro Mendes, OSB
Por Thácio Siqueira
RIO DE JANEIRO, quinta-feira, 4 de outubro de 2012 (ZENIT.org) - A Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro, ligada ao Mosteiro de São Bento da mesma cidade, vai promover nos dias 9, 10 e 11 do corrente mês de outubro, no período da tarde,  um Simpósio Teológico para comemorar os 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II. Este evento terá a parceria do Seminário Arquidiocesano de São José, do Rio de Janeiro, e do Instituto Filosófico e Teológico do Seminário São José, de Niterói. Estará aberto a sacerdotes, religiosos e religiosas e aos leigos interessados num aprofundamento acerca de alguns temas importantes do Concílio Vaticano II. O local será o auditório do Colégio de São Bento, rua Dom Gerardo, 68, 3º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - Brasil
A propósito deste evento, concedeu uma entrevista ao Zenit, Dom Abade José Palmeiro Mendes, OSB, vice-diretor da Faculdade e coordenador do Simpósio.
ZENIT: Por que um Simpósio teológico sobre os 50 anos do Concílio Vaticano II?
Dom José: O Concílio Vaticano II merece ser comemorado porque foi o maior acontecimento da história da Igreja Católica no séc. XX. Mais ainda, não foi um evento que durou só quatro anos (1962-1965), mas está tendo uma profunda influência na vida da Igreja, deve tal influência prolongar-se por muito tempo. Por outro lado, tem que se dizer que nem sempre o Concílio foi bem entendido e circulam hoje muitas ideias como “conciliares” e que não tem nada a ver com o Vaticano II. O Papa Bento XVI, no famoso discurso à Cúria Romana de 22 de dezembro de 2005, falou muito bem numa compreensão falsa e numa compreensão verdadeira do Concílio, uma “hermenêutica da descontinuidade e ruptura, que serviu-se, com frequência, da simpatia dos meios de comunicação e também de uma parte da teologia moderna”, e uma “hermenêutica da reforma, da renovação, na continuidade da Igreja”. Esta celebração do cinquentenário do início do Concílio será uma ocasião preciosa para se divulgar o Concílio autêntico.
ZENIT: Quais serão os temas tratados?
Dom José: Uma conferência inicial dará uma visão geral do Concílio, situando-o na História da Igreja e na História da época de sua realização. Será proferida pelo Prof. Dr.Rodrigo Coppe Caldeira, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, jovem leigo, especialista no Concílio Vaticano II. Depois serão abordados três documentos particularmente importantes do Concílio: a Constituição Dogmática “Lumen Gentium”, sobre a Igreja, a Constituição Dogmática “Dei Verbum”, sobre a Divina Revelação e o Decreto “Presbyterorum Ordinis”, sobre o Ministério e a Vida dos Presbíteros. Assim, Dom Nelson Francelino Ferreira, bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Doutor em Teologia e professor de nossa Faculdade, falará dia 9 sobre “A eclesiologia na Constituição “Lumen Gentium”. No dia seguinte, o Padre Ariel David Busso, coordenador do Centro de Ciências Jurídicas da Pontifícia Universidade Católica Argentina, nosso amigo há vários anos, falará sobre “A “Presbyterorum Ordinis” e a distribuição do clero” e fará uma reflexão sobre os bispos e sacerdotes e suas relações com os demais homens e sobre a fraternidade entre os padres, ambos temas deste documento conciliar. Enfim, no dia 11 de outubro, dia exato da abertura do Vaticano II, farão conferências Mons. Antônio Luiz Catelan Ferreira, Doutor em Teologia Dogmática e assessor nacional da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB (“Pastoralidade: uma chave hermenêutica do Concílio Vaticano II”) e a Profa. Dra. Maria de Lourdes Corrêa Lima, Doutora em Teologia Bíblica, professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e do Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro e que por muitos anos lecionou em nossa Faculdade, que falará sobre a relevância da Constituição “Dei Verbum”.
ZENIT: O Concílio Vaticano II é de interesse dos leigos também?
Dom José: Sem dúvida que o Concílio não é algo que interessa apenas aos bispos, padres e religiosos, mas é de sumo interesse e importância para os leigos. Se durante todo o séc. XX a Igreja promoveu o laicato (criação da Ação Católica, por exemplo), o Vaticano II foi particularmente marcante nesta linha. A Igreja não é só o clero e os religiosos, mas os leigos, homens e mulheres, são membros plenos dela. O Concílio vai falar sobre a dignidade dos leigos enquanto membros do Povo de Deus, sobre a vida salvífica e apostólica dos leigos, a participação dos leigos no sacerdócio universal e no culto, no múnus profético de Cristo e no testemunho, no múnus régio...
ZENIT: Qual o conselho que o senhor dá para que um leigo se aproxime do Concílio Vaticano II?
Dom José: Antes de mais nada ele precisa conhecer os 16 documentos conciliares, ou seja, haurir na fonte o ensinamento do Vaticano II. Precisa ler também a interpretação do magistério, especialmente o dos Papas, sobre o Concílio. É de esperar que nos próximos anos sejam publicados bons livros sobre o Concílio e seus ensinamentos e que circulem artigos esclarecedores na mídia católica, inclusive aqui no Zenit, tão bem orientado.  Sou natural de Porto Alegre, e bem recordo que logo após o Concílio, na PUC local, foi promovido um curso, “O Concílio às terças”. Eram palestras sobre os documentos conciliares promovidas durante vários meses, todas as terças-feiras por vários teólogos. Lembro saudoso as aulas de Dom Ivo Lorscheiter, então bispo auxiliar de Porto Alegre e de Frei Cláudio Hummes, hoje cardeal, prefeito emérito da Congregação para o Clero. Iniciativas no gênero poderiam ser revividas pelo Brasil.
INSCRIÇÕES
As inscrições para este Simpósio podem ser feitas diretamente no site
INFORMAÇÕES
Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro, rua Dom Gerardo 68, Centro do Rio de Janeiro. Telefones: (21) 2206-8200 e (21) 2206-8100.

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