sábado, 31 de outubro de 2009

Do Pentecostalismo a Apostasia

John Vennari


O Concílio de Trento definiu dogmaticamente que sem a Fé Católica, "é impossível agradar
a Deus." (1) A Igreja Católica também definiu ex cathedra, que só há uma verdadeira
Igreja de Cristo, a Igreja Católica, fora da qual não há nenhuma salvação. (2)
Papa Leão XIII, explicitando o ensinamento sobre este ponto, ensinou:
" Desde que a ninguém é permitido ser negligente no serviço devido a Deus ….
somos absolutamente obrigados a adorar Deus da maneira que Ele mesmo mostrou
que deseja ser adorado … Não deve ser difícil descobrir qual é a religião verdadeira
se esta é procurada com uma mente imparcial e sincera; as provas são abundantes
e evidentes …. De todas estas [provas] é evidente que a única religião verdadeira é
a estabelecida por Jesus Cristo mesmo, e Ele encarregou à Sua Igreja de proteger
e propagar esta fé." (3)
1) Sessão V sobre o Pecado Original. Veja Denzinger Nº 787.
2) A Igreja definiu esta verdade três vezes. A definição mais explícita e enérgica
vem do Papa Eugênio IV quando definiu ex cathedra no Concílio de Florença em 4
de fevereiro de 1442: "A Santíssima Igreja Romana firmemente acredita, professa,
e prega que nenhum desses que habitam fora da Igreja Católica, não somente
pagãos, mas também judeus, heréticos e cismáticos, jamais podem ser
participantes da Vida Eterna, mas que eles devem entrar no fogo eterno "que foi
preparado para o demônio e seus anjos," (Mt 25, 41) a menos que antes da morte
eles se juntem a Ela; … Ninguém, embora sua caridade seja tão grande quanto
possível, ninguém, ainda que derrame seu sangue pelo Nome de Cristo, pode ser
salvo a menos que dentro de si permaneça obediente e unido a Igreja Católica".
3) Papa Leão XIII, Encíclica, Immortale Dei, apud Denis Fahey, The Kingship of
Christ and Organized Naturalism (Dublin: Regina Publications, 1943), pp. 7-8.
Destas fontes, e de incontáveis outros ensinos do
Magistério, está claro que a única religião positivamente
desejada por Deus é a religião estabelecida por Cristo
mesmo, a Igreja Católica.
Todavia, na Liturgia da Sexta-Feira Santa no Vaticano, em
2002, o Pregador da Casa Pontifícia, o padre Capuchinho
Raniero Cantalamessa, disse que as outras religiões " não são
meramente toleradas por Deus … mas positivamente
desejadas por Ele como uma expressão da riqueza inesgotável
da Sua graça e de Seu desejo de que todos sejam salvos." (4)
4. Todas as citações do sermão do Pe. Cantalamessa são
de 02 de abril de 2002, Catholic News Service report.
Isto, em resumo, é apostasia.



São João, o Apóstolo do Amor, disse: "Quem é mentiroso senão aquele que nega que
Jesus é o Cristo? Esse é o Anticristo, que nega o Pai e o Filho" (1Jo 2,22). Assim,
Islamismo, Judaísmo, Hinduísmo, Budismo e qualquer religião que rejeita o Cristo, de
acordo com a Escritura, é uma religião do Anticristo.
A respeito das religiões heréticas, como por exemplo, a "Igreja Ortodoxa" e o
Protestantismo, São Paulo ensina-nos que falsos credos são "doutrinas de demônios'' (1
Tm. 4,1).
Como, então, podem as religiões do Anticristo, e falsos credos de heréticos, que são
"doutrinas de demônios", serem consideradas como "não meramente toleradas por Deus
mas positivamente desejadas por Ele"? Isto significaria dizer que Deus positivamente
deseja a existência de religiões que ensinam que Jesus Cristo não é Deus e o Salvador da
humanidade (como fazem as religiões não-cristãs). Significa que Deus positivamente
deseja a existência de religiões que, tal como o protestantismo, ensinam que Cristo não
estabeleceu a Igreja, não estabeleceu a Sagrada Eucaristia e não estabeleceu os
Sacramentos. Também significa que essas seitas protestantes que permanecem no ódio
contra a devoção a Bem-Aventurada Mãe de Deus, são positivamente desejadas por Deus.
E isto, apesar do fato que Nossa Senhora de Fátima pediu os Cinco Primeiros Sábados de
reparação para com as blasfêmias contra seu Imaculado Coração, que são justamente os
frutos destas falsas religiões.
Em resumo, o sermão do Pe. Cantalamessa pretende dizer que Deus positivamente quer o
erro. Que Deus positivamente quer mentiras. Que Deus positivamente quer o mal.
Nosso Senhor certamente permite o mal, porque não interfere com a vontade livre do
homem. Mas é blasfêmia afirmar que Deus deseja algo de mal, visto que Deus não pode
desejar senão aquilo que é bom.
Jesus está cheio de orgulho?
As blasfêmias do Pe. Cantalamessa não terminam aqui. Ele também afirma que Deus é
"humilde ao salvar", e a Igreja deve seguir o exemplo. "Cristo é mais preocupado com que
todas as pessoas sejam salvas do que com o fato de que elas devam conhecer quem é seu
Salvador”. Disse isso para um grande público na Basílica de São Pedro, que incluiu o Papa
João Paulo II e altos oficiais do Vaticano.
Pode soar doce o que ele disse, mas o Pe. Cantalamessa indiretamente acusa Jesus Cristo
de orgulho. Quando diz, "Cristo é mais preocupado com que todas as pessoas sejam
salvas do que com o fato de que elas devam conhecer quem é seu Salvador”, este é um
“piedoso” desprezo ao ensinamento pré-Vaticano II de 2000 anos que assegura ser
necessário para a alma, conhecer, amar e servir Cristo neste mundo, se deseja ser feliz
com Ele eternamente no próximo. O Pe. Cantalamessa assim defende o ensino heterodoxo
[e herético] do Pe. Karl Rahner dos “cristãos anônimos”.
De fato, somente há 50 anos atrás, se um estudante de sete anos de idade, expressasse
esta nova doutrina do Pe. Cantalamessa, ele teria sido considerado inadequado para
receber sua primeira Sagrada Comunhão. Agora, 40 anos dentro da "nova Primavera” de
Vaticano II, esta apostasia é pregada em uma Sexta-Feira Santa no Vaticano pelo
pregador da Casa Pontifícia.

Este episódio também revela uma das muitas desvantagens da Internet. As notícias da
homilia do Pe. Cantalamessa foram transmitidas ao redor do mundo via Internet a
milhares de católicos que, de outro modo, nunca teriam ouvido falar dela. O resultado é
que muitos católicos receberam as palavras do Capuchinho transmitidas em São Pedro
supondo que, de alguma maneira, elas se aproximam do nível de Ensino do Magistério.
Isto não é verdade. O discurso do Pe. Cantalamessa na Sexta-Feira Santa é simplesmente
outra homilia cheia de erros feita por um carismático. E nada mais do que isso.
O Pregador Pentecostal do Papa.
Quem é o Pe. Raniero Cantalamessa?
Para descobrimos sua história, nós devemos voltar ao ano de 1977, na Conferência
Carismática pan-denominacional, realizada em um estádio de futebol americano na cidade
do Kansas, Missouri. Esta Conferência foi assistida por 50.000 pessoas de pelo menos 10
denominações diferentes incluindo batistas, católicos, Episcopalianos, Luteranos, judeus
Messiânicos, "cristãos" sem denominação, Pentecostais e Metodistas Unidos. (5)
5) Veja detalhes em John Vennari, Close-ups of the Charismatic Movement, (TIA,
Los Angeles, 2002), Capítulo I.
Em certo ponto da mesma, em que o protestante Bob
Mumford pregava aos 50.000 presentes, Mumford levantou
para cima sua Bíblia e disse, "E se você der uma espiada no
fim do livro, Jesus vence!" Isto fez a multidão entrar em
pandemônio. O estádio de futebol inteiro repentinamente
estourou numa longa aclamação, num "louvor-frenesi", que
durou aproximadamente 17 minutos.
Os carismáticos chamam isto de "o Impacto do Espírito
Santo". Interpretam este entusiasmo natural, essa
exacerbação de ânimo, como o Espírito Santo “movendo-se
através da multidão”, unindo a multidão (contendo católicos e
membros de várias denominações), e inspirando este júbilo
delirante. Isto, de acordo com eles, é a "derrubada das
barreiras denominacionais”, que é, segundo eles, positivamente desejada pelo Espírito
Santo, mesmo que isto desafie 2000 anos do ensinamento católico sobre uma Única e
Verdadeira Igreja de Cristo. Também desafia o ensino tradicional católico que proíbe
católicos de empenharem-se em positiva camaradagem religiosa com falsas religiões. (6)
Apesar disso, na Conferência da Cidade do Kansas, lá estava um sacerdote Capuchinho
chamado Pe. Raniero Cantalamessa que tinha ido de Milão para aquele lugar, investigar o
Movimento Carismático. Ficou tão impressionado com aquele louvor-frenesi baseado numa
algazarra barulhenta, que ele próprio se tornou, na gíria carismática, um "ungido pregador
da Renovação Carismática." (7)
Em 1980, este mesmo Pe. Cantalamessa foi designado pelo Papa João Paulo II como
Pregador da Casa Pontifícia. Agora, para este "ungido pregador", é dado um púlpito na
Basílica de São Pedro, em uma Sexta-Feira Santa, para contar ao mundo que Deus positivamente deseja falsas religiões.
Não é de estranhar que outro teólogo papal, Cardeal Luigi Ciappi, que teve acesso ao
Terceiro Segredo de Fátima de forma completa, disse "No Terceiro Segredo é revelado,
entre outras coisas, que a grande apostasia na Igreja começará pelo topo." (8)
6) Papa Pio XI, Encíclica Mortalium Animos; George Hay, "Ecumenismo Condenado
pelas Sagradas Escrituras."
7) Eu vi Kevin Ranaghan contar esta história na Conferência Carismática “Católica”
de 30º aniversário em Pittsburgh. A Conferência, chamada "Testemunha"
(Witness), é produzida em cassete por Resurrection Tapes.
8) Apud Gerard Mura, "The Third Secret of Fatima - Has it Been Completely
Revealed?" (O Terceiro Segredo de Fátima – Ele foi completamente revelado?)
Catholic Family News, março 2002.
O erro não é um dom do Espírito Santo
O sermão da Sexta-Feira Santa do Pe. Cantalamessa é uma de muitas poderosas
demonstrações de que o Movimento Carismático não é verdadeiramente de Deus. Os
carismáticos reivindicam, diretamente ou indiretamente, que eles têm uma “linha quente”
especial (hotline) para o Espírito Santo, que outros cristãos não possuem. Proclamam
especialmente serem cheios do Espírito! Mas se um católico "é cheio do Espírito", deve ser
evidente por suas palavras e ações que ele está cheio com os Sete Dons do Espírito Santo.
Um dos Sete Dons do Espírito Santo é o Dom de Inteligência, que dá um entendimento
mais profundo para a alma, das verdades reveladas. O Pe. Adolph Tanquerey define-o
como "um dom que, sob a iluminadora ação do Espírito Santo, dá-nos uma percepção
profunda das verdades reveladas, sem entretanto nos dar uma compreensão dos
mistérios em si mesmos.” (9)
O efeito do Dom de Inteligência é que nos capacita a penetrar no núcleo mesmo das
verdades reveladas e nos dá uma profunda compreensão delas. Contudo, dos
carismáticos, que continuamente vangloriam-se de "serem cheios até o transbordamento
com o Espírito," constantemente jorram erros religiosos (10). Longe de possuírem o Dom
de Inteligência, eles demonstram desconhecerem até as verdades mais fundamentais e
básicas da Fé católica.
9) Adolph Tanquerey, The Spiritual Life: A Treatise on Ascetical and Mystical
Theology, (Tournai: Desclee, 1930), pp. 627-628.
10) para maiores detalhes, veja J. Vennari, Close-ups of the Charismatic
Movement, passim.
De fato, como se pode ver em meu livro Close-ups of the Charismatic Movement, o
movimento Carismático na Igreja Católica foi fundado, como um todo, num objetivo
pecado mortal contra a Fé.
Em 1967, um grupo de católicos em Pittsburgh participaram de uma reunião pentecostal
protestante. Os protestantes, que como membros de uma religião herética não possuem

nenhum poder sacramental, impuseram suas mãos sobre
os católicos. Estes católicos começaram a tagarelar em
"línguas" e proclamaram estarem "cheios com o Espírito
até o transbordamento”, como um resultado disso.
As ações destes católicos desobedeceram ao Código de
Direito Canônico de 1917, que estava em força (vigente)
até 1983. O cânone 1258 determina que "absolutamente
não é lícito para o fiel estar ativamente presente e nem
tomar parte em cerimônias não-católicas". Contudo, de
acordo com os carismáticos, os católicos serão
recompensados com um influxo especial do Espírito Santo
se eles transgredirem a lei da Igreja.
Além disso, procurando santidade de membros de seitas
não-católicas, desafiam o ensino Católico de que nenhuma
salvação nem santidade é achada em religiões nãocatólicas.
O Papa Pio XII reafirmou esta doutrina dentro do contexto de uma oração a
Santíssima Virgem:
“Ô Maria, Mãe de Misericórdia e Sede da Sabedoria! Ilumine as mentes envolvidas
na escuridão da ignorância e do pecado, para que eles possam claramente
reconhecer a Santa, Católica, Apostólica, Igreja Romana, como a Única e
Verdadeira Igreja de Jesus Cristo, fora da qual nem santidade nem salvação podem
ser encontradas" (RAC: 626,11).
Por contraste, o "Pentecostalismo Católico”, nas palavras de seu estimado pregador,
proclama que religiões não-católicas nas quais "nem santidade nem salvação podem ser
encontradas", são positivamente desejadas por Deus.
Aqui nós vemos uma, das muitas maneiras nas quais o "Pentecostalismo Católico" conduz
a apostasia.

SSPX Cruzada do Rosário

Cruzada do Rosário

Cruzada do Rosário.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Missa Tridentina


OBJETIVO

O nosso site visa promover a celebração do Santo Sacrifício da Missa, no Rito Tridentino, agora conhecida como a "forma extraordinária do Rito Romano”, como declarou o Papa Bento XVI no Motu Proprio Summorum Pontificum.

A SANTA MISSA

A Missa Católica é a mais perfeita representação do irrevogável ato de salvação do Nosso Senhor Jesus Cristo, Seu sacrifício na Cruz. Cada Missa deve manifestar perfeitamente essa doutrina católica através de suas orações e rituais. A liturgia autêntica deve honrar e glorificar a Deus, expiar os homens de seus pecados, e agradecer a Deus pelas graças que Ele concedeu ao mundo. No Santo Sacrifício, mais do que em qualquer outra manifestação de nosso culto a Deus, tem uma plena realização a palavara de Santo Agostinho: “Colimus Deum precando, colit nos Deus miserando.” Rendemos culto a Deus, rezando, e Deus cuida de nós, comunicando-nos os tesouros de sua misericórdia. Nossas relações para com Deus são expressas pela Oração e pelo Sacrifício; as relações de Deus para conosco são o exercício de sua misericórdia infinita, instruindo-nos e comunicando-se a nós. E onde melhor se realizará esse intercâmbio spiritual do que no Santo Sacrifício da Missa? Nele falamos a Deus e Ele nos fala: nele nos oferecemos a Deus em união com o divino Medianeiro, que é Jesus Cristo, e Ele se une às nossas almas, no Sacramento do amor.

RITO TRIDENTINO

A Forma Extraordinária do Rito Romano é a liturgia da Igreja Católica em uso antes da reforma do Concílio Vaticano II. Inclui a missa, os sacramentos, vários ritos de bençãos e mais. A Missa é as vezes chamada de Missa “Tridentina” porque “Tridentino” se refere ao Concílio de Trento (1545-1563), que unificou a prática litúrgica na Igreja Ocidental. O Papa São Pio V alcançou esta meta em 1570 quando emitiu a restauração do Missal Romano após o Concilio. A Missa Tridentina foi baseada nas mais antigas e veneráveis fontes litúrgicas Ocidentais. São Pio V decretou na Bula Papal conhecida como Quo Primum que seu único rito de Missa fosse usado por todos na Santa Igreja. No entanto, exceções foram feitas para os ritos que tinham estado em uso contínuo por pelo menos 200 anos. Por que o Latim? O latim continua sendo a língua oficial da Igreja Católica Romana e tem sido usado como a língua litúrgica no Ocidente desde o século III. A natureza imutável do latim tem conservado a doutrina ortodoxa da Missa, que nos foi herdada dos pais da Santa Igreja. O uso do latim na Missa e em documentos oficiais da Igreja tem sido fundamental em apoiar a universalidade e unidade da Igreja. O papa Bento XVI indicou o uso de latim e o canto Gregoriano na liturgia na sua Exortação Papal de 2007 sobre a Eucaristia Sacramentum Caritatis. Embora a Missa Tradicional seja dita ou cantada em latim, a maioria dos fiéis que participam na liturgia usam seus próprios livros de oração (missais), que contém o texto em latim acompanhado por sua tradução no vernáculo. As regras que explicam como tal participação deve ocorrer estão na encíclica Mediador Dei do Papa São Pio XII, par. 106.

O que esperar da Missa Tradicional?

A princípio, a formalidade e o elaborado rito da Missa Tradicional pode nos parecer um pouco desconhecido. Há uma atmosfera de oração e reverência entre as pessoas nos bancos. Antes da Missa, o silêncio é mantido na igreja demonstrando o respeito à Presença Real de Jesus no Santíssimo Sacramento, que é reservado no tabernáculo no centro do altar. Para criar um espaço sagrado, o altar é separado do corpo principal da igreja por uma barra, que indica o local aonde os fiéis se ajoelham para receberem a comunhão, somente na língua. O crucifixo acima do altar relembra o fiel que o Sacrifício da Cruz e o Sacrifício da Missa são os mesmos. As seis velas acesas no altar simbolizam Cristo como a luz do mundo. O sacerdote e a congregação juntos ficam de frente para o tabernáculo e o altar aonde o Sacrifício Sagrado é oferecido. O altar normalmente é colocado na direção oriental da igreja, na direção do sol nascente, simbolizando Cristo Ressuscitado. A comunhão é dada sob uma única espécie, com as palavras "o Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo guarde tua alma para a vida eterna. Amém." O sacerdote diz a oração completa. Há duas formas principais de Missa, Solene (cantada), e rezada. Uma Missa rezada é uma que é simplesmente recitada pelo sacerdote; é menos cerimonial que uma Missa solene. Uma Missa solene é cantada usando várias formas do canto Gregoriano ou polifônico. E o incenso é usado somente na Missa solene.


Entre no site: www.missatridentina.com.br




02 de Novembro: Finados.

FINADOS

A COMEMORAÇÃO NA HISTÓRIA



Santo Odilon, abade de Cluny, a introduziu em todos os mosteiros de sua jurisdição, entre os anos 1000 e 1009. A festa propagou-se rapidamente em toda a França e os países nórdicos. Na Itália, já se encontrava no fim do séc. XII e, em Roma, no início do ano de 1300. Foi escolhido o dia 2 de novembro para ficar perto da comemoração de todos os santos.


Neste dia, a Igreja especialmente celebra três Missas especiais para a memória dos fiéis defuntos. Esta prática remonta ao ano de 1915, quando durante a Primeira Guerra Mundial, o papa Bento XV julgou oportuno estender a toda Igreja este privilégio de que gozavam a Espanha, Portugal e a América Latina desde o séc. XVIII.




SOBRE O ORAÇÃO PELOS MORTOS

Catecismo da Igreja Católica



“Reconhecendo cabalmente esta comunhão de todo o corpo místico de Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os tempos primevos da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos defuntos...”(CIC, § 958) “A nossa oração por eles [no Purgatório] pode não somente ajudá-los, mas também torna eficaz a sua intercessão por nós”. (CIC, § 958)




Ensinamentos do Papa João Paulo II


“... Igreja do Céu, Igreja da Terra e Igreja do Purgatório estão misteriosamente unidas nesta cooperação com Cristo para reconciliar o mundo com Deus.”(Reconciliatio et poenitentia, 12)


“... é inegável a dimensão social deste sacramento [a confissão], no qual é toda a Igreja - militante (na terra), a padecente (no Purgatório), e a triunfante ( no Céu) - que intervém em auxílio do penitente e o acollhe de novo em seu seio, tanto mais que toda a Igreja fora ofendida e ferida pelo seu pecado”. (RP, 31, IV)


“Numa misteriosa troca de dons, eles [no purgatório] intercedem por nós e nós oferecemos por eles a nossa oração de sufrágio. “ ( LR de 08/11/92, p. 11)


“... os vínculos de amor que unem pais e filhos, esposas e esposos, irmãos e irmãs, assim como os ligames de verdadeira amizade entre as pessoas, não se perdem nem terminam com o indiscutível evento da morte. Os nossos defuntos continuam a viver entre nós, não só porque os seus restos mortais repousam no cemitério e a sua recordação faz parte da nossa existência, mas sobretudo porque as suas almas intercedem por nós junto de Deus”. (02/11/94)


“A tradição da Igreja exortou sempre a rezar pelos mortos. O fundamento da oração de sufrágio encontra-se na comunhão do Corpo Místico... Por conseguinte, recomenda a visita aos cemitérios, o adorno dos sepulcros e o sufrágio, como testemunho de esperança confiante, apesar dos sofrimentos pela separação dos entes queridos” (LR, n. 45, de 10/11/91).


“... A Igreja não se detém nos umbrais do cemitério, mas vai mais além, guiando e sustentando a esperança do Povo de Deus com a luz das orações de sufrágio, que podem estabelecer uma mediação entre nós e as almas do fiéis defuntos.”




NA TRADIÇÃO DA IGREJA

Tertuliano (†220) – Bispo de Cartago:

“A esposa roga pela alma de seu esposo e pede para ele refrigério, e que volte a reunir-se com ele na ressurreição; oferece sufrágio todos os dias aniversários de sua morte” (De monogamia, 10).
“... é um pensamento santo e salutar rezar pelos defuntos para que sejam perdoados de seus pecados” (2 Mac 12,46).
Tertuliano atesta o uso de sufrágios na liturgia oficial de Cartago, que era um dos principais centros do cristianismo no século III:
“Durante a morte e o sepultamento de um fiel, este fora beneficiado com a oração do sacerdote da Igreja”. (De anima 51; PR, ibidem)


São Cipriano (†258), bispo de Cartago, refere-se à oferta do sacrifício eucarístico em sufrágio dos defuntos como costume recebido da herança dos bispos seus antecessores (cf. epist. 1,2). Nas suas epístolas é comum encontrar a expressão: “oferecer o sacrifício por alguém ou por ocasião dos funerais de alguém”. (Revista PR, 264, 1982, pag. 50 e 51; PR ibidem)
Falando da vida de Cartago, no século III, afirma Vacandart:
“Podemos de certo modo conceber o que terá sido a vida religiosa de Cartago em meados do século III. Aí vemos o clero e os fiéis a cercar o altar... ouvimos os nomes dos defuntos lidos pelo diácono e o pedido de que o bispo ore por esses fiéis falecidos; vemos os cristãos... voltar para casa reconfortados pela mensagem de que o irmão falecido repousa na unidade da Igreja e na paz do Cristo.” (Revue de Clergé Français 1907 t. Lil 151; PR, ibidem)


S. Gregório Magno (540-604), Papa e doutor da Igreja:
“No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma Aquele que é a Verdade, dizendo que se alguém tiver cometido uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem no presente século nem no século futuro (Mt 12,31). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro”. (dial. 4, 39)


S. João Crisóstomo (349-407), bispo e doutor da Igreja:
“Levemos-lhe socorro e celebremos a sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelos sacrifícios de seu pai (Jó 1,5), porque duvidar que as nossas oferendas em favor dos mortos lhes leva alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer as nossas orações por eles” (Hom. 1Cor 41,15).
“Os Apóstolos instituíram a oração pelos mortos e esta lhes presta grande auxílio e real utilidade” (In Philipp. III 4, PG 62, 204).


São Cirilo, bispo de Jerusalém (†386):
“Enfim, também rezamos pelos santos padres e bispos e defuntos e por todos em geral que entre nós viveram; crendo que este será o maior auxílio para aquelas almas, por quem se reza, enquanto jaz diante de nós a santa e tremenda vítima”(Catequeses. Mistagógicas. 5, 9, 10, Ed. Vozes, 1977, pg. 38).
“Da mesma forma, rezando nós a Deus pelos defuntos, ainda que pecadores, não lhe tecemos uma coroa, mas apresentamos Cristo morto pelos nossos pecados, procurando merecer e alcançar propiação junto a Deus clemente, tanto por eles como por nós mesmos.”(idem)
“Em seguida [na oração eucarística], mencionamos os que já dormiram: primeiro os patriarcas, profetas, apóstolos, mártires, para que Deus em virtude de suas preces e intercessões, receba nossa oração. Depois, rezamos pelos nossos santos pais e bispos falecidos, e em geral por todos os que já dormiram antes de nós. Acreditamos que esta oração aproveitará sumamente às almas pelas quais é feita, enquanto repousa sobre o altar a santa e temível vítima.
Quero, neste ponto, convencer-vos por um exemplo. Sei que muitos dizem: “Que aproveita à alma que passou deste mundo, em pecado ou sem ele, se a recordo na oferenda?” Se um rei, porventura, banir cidadãos subversivos, mas depois os súditos fiéis tecem uma coroa e a oferecem ao rei pelos que estão cumprindo pena, não é certo que lhes concederá o perdão do castigo? Da mesma forma, nós, oferecendo a Deus preces pelos mortos, sejam ou não pecadores, oferecemos, não coroa tecida por nossas mãos, mas Cristo crucificado por nossos pecados; assim, tornamos propício o Deus amigo dos homens aos pecados nossos e deles”. (Catequeses Mistagógicas)


Santo Epifânio (†403), bispo da ilha de Chipre:
“Sobre o rito de ler os nomes dos defuntos (no sacrifício) perguntamos: que há de mais nisso? Que há de mais conveniente, de mais proveitoso e mais admirável que todos os presentes creiam viverem ainda os defuntos, não deixarem de existir, e sim existirem ao lado do Senhor? Com isso se professa uma doutrina piedosa: os que oram por seus irmãos defuntos abrigam a esperança (de que vivem), como se apenas casualmente estivessem longe. E sua oração ajuda aos defuntos, mesmo se por elas não fiquem apagadas todas as dívidas... ”. ( Haer. 75, c. 8: PG 42, 514s)


Nas Atas de Santa Perpétua de Cartago, do início do século III, mártir, na África, ela aparece orando por seu irmão Dinócrate, o qual morrera jovem: pedia que ele fosse transferido do lugar de padecimento em que se achava, para um “lugar de refrigério, de saciedade e de alegria”. Finalmente, viu Dinócrate, de coração puro, revestido de bela túnica, a gozar de refrigério, saciedade e alegria, como uma criancinha que sai da água e se dispõe a brincar. ( Passio, S. Perpétua VIIs; PR, idem)


Os “Cânones de Santo Hipólito (160-235)”, que se referem à Liturgia do século III, contém uma rubrica sobre os mortos...
“... caso se faça memória em favor daqueles que faleceram...” (Canones Hippoliti, em Monumenta Ecclesiae Liturgica; PR, 264,1982)


Nas Orações Eucarísticas, a Igreja ora pelas almas:
“Lembrai-vos também dos que morreram na paz do vosso Cristo e de todos os mortos dos quais só vós conheceis a fé”. ( Oração Euc. IV)
“Lembrai-vos também dos nossos irmãos e irmãs que morreram na esperança da ressurreição e de todos os que partiram desta vida: acolhei-os junto a vós na luz da vossa face.”(Or. Euc. II)
“Lembrai-vos dos nossos irmãos e irmãs ... que adormeceram na paz do vosso Cristo, e de todos os falecidos, cuja fé só vós conhecestes: acolhei-os na luz da vossa face e concedei-lhes, no dia da ressurreição, a plenitude da vida.” (Or. Euc. VI-A)
“Ó Pai, sabemos que sempre vos lembrais de todos. Por isso, pedimos por aqueles que nós amamos... e por todos os que morreram em vossa paz.”(Or. Euc. IX - crianças 1)
“A todos os que chamastes para a outra vida na vossa amizade, e aos marcados com o sinal da fé, abrindo os vossos braços, acolhei-os. Que vivam para sempre bem felizes no reino que para todos preparastes.” (Or. Euc. V)




AS INDULGÊNCIAS

O QUE SÃO:



Normas sobre as Indulgências, da Constituição Apostólica do Papa Paulo VI, A Doutrina das Indulgências:
“Indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida aos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos”. (Norma 1)


Ensinamentos do Papa Paulo VI


“Assim nos ensina a Revelação divina que os pecados acarretam como consequência penas infligidas pela santidade e justiça divina, penas que devem ser pagas ou neste mundo, mediante os sofrimentos, dificuldades e tristezas desta vida e sobretudo mediante a morte, ou então no século futuro...” (DI, 2)
“Essas penas são impostas pelo julgamento de Deus, julgamento a um tempo justo e misericordioso, a fim de purificar as almas, defender a integridade da ordem moral e restituir à glória de Deus a sua plena majestade. Todo pecado, efetivamente, acarreta uma perturbação da ordem universal, por Deus estabelecida com indizível sabedoria e caridade infinita, e uma destruição de bens imensos, quer se considere o pecador como tal quer a comunidade humana.” (DI, 2)
“Não se deve deixar em silêncio que, adquirindo as indulgências, os fiéis docilmente se submetem aos legítimos Pastores da Igreja, e particularmente ao sucessor de São Pedro, que tem as chaves do céu, aos Pastores que o próprio Salvador mandou apascentar e conduzir sua Igreja.” (DI,10)
Condições para a indulgência plenária a cada dia
1 – Confissão individual
2 – Comunhão eucarística
3 – Rezar pelo Papa (Pai Nosso, Ave Maria e Glória)
4 – Cumpriu uma das exigências:
a - adoração ao Santíssimo Sacramento pelo menos por meia hora (concessão n. 3);
b - leitura espiritual da Sagrada Escritura ao menos por meia hora (concessão n. 50);
c - piedoso exercício da Via Sacra (concessão n. 63);
d - recitação do Rosário na igreja, no oratório ou na família ou na comunidade religiosa ou em piedosa associação (concessão n. 63).
De 1 a 8 novembro: visitar o cemitério e rezar pela alma da pessoa.

Bento XVI fala sobre idolatria




Papa comenta o que está por trás desta falsa forma de vivenciar a religião:








A falsa forma de vivenciar a religião baseia-se na idolatria, na tentação de buscar a salvação por meio de bens materiais, do poder e do sucesso.

O ídolo nada mais é que uma obra nas mãos do homem, um produto dos desejos humanos, e impotente para superar a limitação da criatura. Ele tem sim, uma forma humana, com boca, olhos, orelhas e garganta, mas é inerte, sem vida, como uma estátua triste.

Portanto, o pano de fundo das idolatrias é o egoísmo, a busca do poder, do prazer, do sucesso e a busca do dinheiro, para que tais sensações aumentem, sem a preocupação com o bem dos outros. Ora, o cristianismo ensina que o próximo deve ser tratado com o mesmo carinho com que o Cristo nos tratou.

“Tudo o que fizerdes ao menor dos meus irmãos é a mim que o fizestes”. Assim,compreende-se que a busca de ídolos é uma total alienação da pessoa em relação aos seus reais objetivos. Nessa alienação e fuga talvez os cristãos tenham sua parte de culpa, por não terem sabido apresentar o cristianismo como a religião da vida, da alegria verdadeira, do amor.

Por se terem apresentado como pessoas tristes, fechadas, unicamente preocupadas em não pecar. Por terem seguido praticamente um outro ídolo, o farisaísmo, isto é, a preocupação com a observância das leis e da pureza interior e por terem esquecido a busca e o seguimento autênticos de Jesus Cristo.

O preço a pagar pela renúncia ao ídolo é enorme, porque implica vencer uma tendência coletiva, superior ao indivíduo e, muitas vezes, contra a pessoa de cada um. Portanto, a defesa da própria liberdade exige um preço muito alto. Mas é um preço ao qual cada um precisa se dispor.


Por Bento XVI


quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Carta ao Presidente da CNBB.


Carta a Dom Geraldo Majella AgneloPresidente da CNBB Anápolis, 21 de fevereiro de 2007Quarta-Feira de Cinzas Ao Exmo. senhor Cardeal Geraldo Majella AgneloPresidente da CNBB Senhor Cardeal, que a Sagrada Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja no seu coração de pastor: “Se quereis progredir no amor de Deus, meditai todos os dias a Paixão do Senhor. Nada contribui tanto para a santidade das pessoas como a Paixão de Cristo” (São Boaventura, Stimulus amoris, p. I, c. 1).
Venho através desta, manifestar a minha tristeza com relação à Campanha da Fraternidade, que ao invés de escolher temas espirituais, escolhe somente temas relacionados às coisas materiais.
O Diretório da Liturgia de 2007, na página 63 diz: “A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil promove, todos os anos, durante a Quaresma e Semana Santa, a Campanha da Fraternidade, cuja finalidade principal é promover a evangelização entre os fiéis” .No ano de 2004, o tema da Campanha da Fraternidade foi: A fraternidade e água. O lema foi: Água, fonte de vida. No ano de 2005, o tema da Campanha da Fraternidade foi: Solidariedade e Paz. O lema foi: Felizes os que promovem a paz. No ano de 2006, o tema da Campanha da Fraternidade foi: A Fraternidade e as Pessoas com deficiência. O lema foi: Levanta-te, vem para o meio. No ano de 2007, o tema da Campanha da Fraternidade é: Fraternidade e Amazônia. O lema é: Vida e missão neste chão.
Exmo. Cardeal, o senhor chama isso de evangelização? Falar sobre água, chão e outros temas vazios ajudará os católicos frios e indiferentes a se converterem? Ajudará também aqueles que ainda vão à igreja a perseverarem no caminho da santidade? Claro que não! Somente Jesus Cristo: Caminho, Verdade e Vida é que pode transformar as trevas em luz: “Não haverá nunca evangelização verdadeira se o nome, a doutrina, a vida, as promessas, o reino, o mistério de Jesus de Nazaré, Filho de Deus, não forem anunciados” (Paulo VI, Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi”, 22) .
Baseando no que escreveu Paulo VI, o que a CNBB faz na Quaresma não tem nada a ver com a evangelização ensinada pela Santa Igreja Católica Apostólica Romana.
A CNBB está preocupada somente com aquilo que é terreno e passageiro. Os senhores bispos que estão à frente de tão prejudicial Campanha da fraternidade, deveriam obedecer o verdadeiro sentido da evangelização, como escreve Paulo VI: “Evangelizar, para a Igreja, é levar a Boa Nova a todas as parcelas da humanidade, em qualquer meio e latitude, e pelo seu influxo transformá-las a partir de dentro e tornar nova a própria humanidade: ‘Eis que faço novas todas as coisas’ (Ap 21, 5; 2 Cor 5, 17; Gl 6, 15). No entanto não haverá humanidade nova, se não houver em primeiro lugar homens novos, pela novidade do batismo e da vida segundo o Evangelho.
A finalidade da evangelização, portanto, é precisamente esta mudança interior; e se fosse necessário traduzir isso em breves termos o mais exato seria dizer que a Igreja evangeliza quando, unicamente firmada na potência divina da mensagem que proclama, ela procura converter ao mesmo tempo a consciência pessoal e coletiva dos homens, a atividade em que eles se aplicam, e a vida e o meio concreto que lhes são próprios” (Exortação Apostólica “Evangelii Nuntiandi”, 18).
Não é dever de vocês bispos cuidar de terra, água, matas, etc., e sim, da pregação do Evangelho, ajudando os católicos a conhecerem o caminho do céu: “… a Igreja nasceu para tornar todos os homens participantes da redenção salvadora e, por eles, ordenar efetivamente a Cristo o universo inteiro, dilatando pelo mundo o Seu Reino para glória de Deus Pai… Aos Apóstolos e seus sucessores, confiou Cristo a missão de ensinar, santificar e governar em Seu nome e com o Seu poder” (Apostolicam actuositatem, n. 2).
Está claro que os Temas escolhidos para tais Campanhas da Fraternidade deturpam completamente o sentido da Quaresma. É uma triste deturpação! Por que os senhores ao invés de perder tempo falando em água, terra, etc., não usam o Tempo da Quaresma e Semana Santa para:Lembrar os católicos de que os mesmos possuem uma alma imortal para salvar? “O negócio da eterna salvação é, sem dúvida, o mais importante, e, contudo, é aquele de que os cristãos mais se esquecem” (Santo Afonso Maria de Ligório, Preparação para a Morte, Consideração XII, Ponto I), e: “… operai a vossa salvação com temor e tremor” (Fl 2, 12).
Aconselhar os fiéis a meditarem piedosamente a Sagrada Paixão de Nosso Senhor, não aquela editada pela CNBB, cheia de política e vazia de conteúdo religioso, mas usando diretamente a Sagrada Escritura? “Quem pode negar que a devoção à paixão de Jesus Cristo é a devoção mais útil, a mais tenra e a mais cara a Deus? Devoção que mais consola os pecadores e mais anima as pessoas que amam? De onde recebemos tantos bens, senão da paixão de Cristo? De onde temos a esperança de perdão, a força contra as tentações, a confiança de chegar ao paraíso? De onde vêm tantas luzes da verdade, tantos convites de amor, tantos estímulos para mudar de vida, tantos desejos de nos doar a Deus, senão da paixão de Cristo?” (Santo Afonso Maria de Ligório, A Prática do Amor a Jesus Cristo, capítulo I).
Incentivar as pessoas a se aproximarem com fé e freqüência do sacramento da confissão? “Recebendo mais freqüentemente, por meio deste sacramento, o dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser misericordiosos como ele” (Catecismo da Igreja Católica, 1458).
Lembrar os católicos de que é preciso fazer penitência para conquistar a Vida Eterna? “Ele diz-nos que, sem o santo Batismo, ninguém entrará no Reino dos Céus (cf. Jo 3, 5); e noutro lugar, que se não fizermos penitência todos pereceremos (Lc 13, 3). Tudo se compreende facilmente. Desde que o homem pecou, todos os seus sentidos se rebelaram contra a razão; por conseguinte, se quisermos que a carne esteja submetida ao espírito e à razão, é necessário mortificá-la; se quisermos que o corpo não faça a guerra à alma, é preciso castigá-lo a ele e a todos os sentidos; se quisermos ir a Deus, é necessário mortificar a alma com todas as suas potências” (São João Maria Vianney, Sermões escolhidos, Quarta-Feira de Cinzas).
Aconselhar os católicos a rezarem com fé, devoção e respeito, lembrando-lhes que sem a oração todos irão para o inferno? “Quem reza se salva, quem não reza se condena” (Santo Afonso Maria de Ligório, Oração). Ao invés dos senhores usarem tantos temas vazios e terrenos, por que não usam temas convidando os católicos à santidade, a amarem a Deus , a deixarem a imoralidade, a desapegarem das coisas da terra, a estudarem a Santa Doutrina Católica? Agindo dessa forma, vocês serão bispos segundo o Coração de Jesus:
“Abandonamos o ministério da pregação e, reconheço-o para pesar nosso, chamam-nos de bispo a nós que temos a honra do nome, não o mérito. Aqueles que nos foram confiados abandonam a Deus e nos calamos. Jazem em suas más ações e não lhes estendemos a mão da advertência. Quando, porém, conseguiremos corrigir a vida de outrem, se descuramos a nossa? Preocupados com questões terrenas, tornamo-nos tanto mais insensíveis interiormente quanto mais parecemos aplicados às coisas exteriores… Postos como guardas às vinhas, de modo algum guardamos a nossa porque, enquanto nos embaraçamos, com ações exteriores, não damos atenção ao ministério de nossa ação verdadeira” (Das Homilias sobre os Evangelhos, de São Gregório Magno, papa).
Senhor Cardeal, tudo passa aqui na terra, vocês também passarão, e com certeza absoluta, prestarão uma terrível conta a Deus no dia do julgamento, pela péssima e desastrosa administração: “… além de cristãos, tendo de prestar contas a Deus de nossa vida, somos também bispos, e teremos de responder a Deus por nossa administração” (Início do Sermão sobre os pastores, de Santo Agostinho, bispo) .
Vocês bispos, homens capacitados e autônomos, tenham misericórdia das ovelhinhas católicas que estão agonizando por falta do remédio espiritual, não lhes dêem mais terra nem água, e sim, o Deus da Vida, o único que pode saciá-las plenamente: “Deus é o único Bem que nos pode satisfazer, o único ideal que nos pode apaixonar inteiramente. Encontro tudo nele. Alegro-me até o íntimo por vê-lo tão lindo por sentir-me sempre unida a Ele” (Santa Teresa dos Andes, Carta 121) .
Dos sem terra, cuida o presidente da República, enquanto que os senhores, homens cultos e piedosos, devem cuidar dos sem Deus . Respeitosamente, Pe. Divino Antônio Lopes FP

Bento XVI diz que morte do corpo não deve ser temida


Agência EFE
Após lembrar que as festividades litúrgicas desta semana, o Dia de Todos os Santos e o Dia de Finados, ajudam nas reflexões sobre a morte, o Papa atacou "a chamada 'civilização do bem-estar', que procura freqüentemente removê-la da consciência das pessoas, toda ocupada com as preocupações da vida cotidiana". "Morrer, na realidade, faz parte do viver, e isso não só no fim, mas, como se pode ver bem, em todo instante", afirmou o Pontífice, que acrescentou: "Apesar de todas as distrações, a perda de uma pessoa querida nos faz redescobrir o 'problema'" da morte. A redescoberta da morte "nos faz senti-la como uma presença radicalmente hostil e contrária a nossa natural vocação à vida e à felicidade". O Pontífice disse ainda que "não se deve ter medo da morte do corpo, segundo nos lembra a fé, porque é um sonho do qual seremos um dia despertos". "A verdadeira morte, a que é preciso temer, é aquela da alma, que o Apocalipse chama de 'segunda morte' . De fato, quem morre em pecado mortal, sem arrependimento, fechado na orgulhosa rejeição do amor de Deus, se exclui do reino da vida", concluiu Bento XVI. (destaques nossos)

Perguntas e Respostas Sobre Combate Espiritual



1. O Demônio existe?

R: Sim. O Catecismo, corretamente, escreve a palavra Mal com maiúscula inicial e explica: “Neste pedido, o Mal não é uma abstração; indica , pelo contrário, uma pessoa: Satanás, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus”. (nº2.851)

2. Eu posso ser atacada pelo Demônio?

R: Todos nós estamos suscetíveis as tentações do Maligno, por isso devemos estar vigilantes em oração. Porém, as pessoas que tem vivido no pecado possuem "portas abertas" a ação do Mal, ou seja, mentira, inveja, ressentimentos, sexualidade desregrada, etc.

3. Como o Demônio nos ataca?

R: Com seus poderes maléficos, travam uma luta com nós, confundindo nossas vontades, criando tentações, nos envolvendo em paixões, nos deixando confusos e obstruindo nosso tempo de oração. Para tanto, usa de várias faces e máscaras, gerando toda espécie de conflitos, perturbações e até mesmo enfermidades.

4. Porque Deus permite que o Demônio nos ataque?

R: Deus, não suprime a liberdade dos seres racionais. Deste modo, permite que o diabo, usando de sua liberdade, persista na obra do mal, porque também ele é um ser livre. No entanto, limita seu agir destrutivo por sua amizade e grande amor pelos seres humanos.

5. O que são falsas enfermidades?

R: São doenças de origem espiritual, por isso muitas delas não são curadas com medicação ou tratamento.

6. Como posso ser curado de falsas enfermidades?

R: Através de orações de libertação. No livro Orações de Combate Espiritual há uma série de orações para diversos casos.

7. O que é jugo hereditário negativo?

R: Assim como herdados traços físicos e emocionais, ou coisas boas de nossos antepassados, podemos herdar as cargas negativas, por exemplo, doenças, temperamentos de vingança, impaciência, orgulho, etc.

8. Como posso me libertar de um jugo hereditário?

R: No livro Orações de Combate Espiritual há uma série de orações que podem ser usadas para esse fim, de maneira especial a Oração de Renuncia Geral e a Oração de Libertação dos Miasmas.

9. Maldição existe mesmo?

R: Sim. A passagem mais clássica que temos na bíblia é a figueira amaldiçoado por Jesus. Uma maldição pode ser lançado para fins benévolos, ou seja, quando há interesse em forçar a pessoa a se converter, por exemplo, ou fins malévolos, quando o único objetivo da maldição é o mal em si. Nossas palavras tem poder e quando proferidas com fé mais ainda. Se desejamos mal há alguém, isso pode ser concretizado e ter efeitos devastadores não somente na vida daquela pessoa como de toda árvore genealógica desta família.

10. Como quebrar maldições?

R: Uma maldição bem feita, ou seja, predição feita por pessoas de fé que utilizaram auxilio direto do Mal, é difícil de ser quebrada, há certas maldições que somente por meio de intenso jejum e oração, justamente porque será necessário expulsar aquele espírito maligno que vem acompanhando a pessoa ou as gerações. O Oração de Comando direto para expulsar as forças do mal é muito eficaz se rezada com fé entre outras orações.

11. Encontrei três botões no bolso da camisa do meu esposo, que não foi colocado por mim, nem por ele. Será uma espécie de malefício?

R: Há diversas formas de realizar magia, e uma delas é utilizar algo da pessoa ou colocar algo de si na pessoa, seria uma forma de instalar o mal na casa, pois esses botões poderiam não ser jogados fora, por exemplo, mas guardados em alguma gaveta e esta seria uma forma da intenção maléfica que a pessoa fez estar presente.

12. O que fazer com objetos que foram usados em magia?

R: O ideal é que seja feito uma oração sobre eles e se possível jogados fora, em água corrente ou queimados.

13. De uns tempos para cá, tudo tem dado errado na minha vida, pode ser um encosto?

R: Os encosto são espíritos malignos que oprimem não somente a nossa maneira de pensar, agir e julgar, como das pessoas que estão próximas de nós. Muitas pessoas passam a fazer negócios errados, serem demitidas sem explicação, ficarem doentes; surgem brigas na família, vícios e hábitos, adultérios, prostituição e etc.

14. Como me libertar de um encosto?

R: Jejum e oração. Várias orações no livro Oração de Combate Espiritual auxiliam na libertação desse tipo de mal.

15. Não consigo me libertar de um vício, por quê?

R: Uma das formas do Maligno agir é por meio de obsessão, que é uma espécie de tentação mais intensa. Na obsessão o maligno atua de maneira constante em nossos pensamentos, sugerindo que façamos tal coisa, ainda que seja ruim ele nos apresenta como algo bom. Devemos nos lembrar que o Demônio é o pai da mentira e se não estivermos em oração facilmente seremos enganados por ele.

16. Quem pode exorcizar?

R: Todos podemos orar por libertação, entretanto a Igreja ensina que orações que se evoca oficialmente a autoridade da igreja (Ritual Romano de Exorcismo) sejam feitas somente por pessoas delegadas pelo bispo diocesano.

17. Por que livros de orações são importantes?

R: Porque eles nos motivam a orar mesmo quando não temos vontade ou não sabemos o que pedir, nem como rezar. Ter bons livros de orações é fundamental para quem deseja combater o Mal e ter uma vida de ascese.



As bem aventuranças



AS BEM-AVENTURANÇAS

(Mt 5, 1-12)



"1 Vendo ele as multidões, subiu à montanha. Ao sentar-se, aproximaram-se dele os seus discípulos. 2 E pôs-se a falar e os ensinava dizendo: 3 'Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. 4 Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. 5 Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. 6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. 7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. 8 Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. 9 Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. 10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. 11 Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. 12 Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois foi assim que perseguiram os profetas, que vieram antes de vós".


Em Mt 5, 1-2 diz: "Vendo ele as multidões, subiu à montanha. Ao sentar-se, aproximaram-se dele os seus discípulos. E pôs-se a falar e os ensinava dizendo".



Edições Theologica comenta: "O Sermão da Montanha ocupa integralmente os capítulos 5, 6 e 7 de São Mateus. Trata-se do primeiro dos cinco grandes discursos de Jesus que aparecem neste Evangelho. Compreende uma considerável parte dos ensinamentos do Senhor. Não é fácil de reduzir o discurso a um só tema, mas os diversos ensinamentos podem comodamente agrupar-se à volta destes cinco pontos: 1) O espírito que se deve ter para entrar no Reino dos Céus (as Bem-aventuranças, sal da terra e luz do mundo, Jesus e a Sua doutrina, plenitude da Lei); 2) Retidão de intenção nas práticas de piedade (aqui se inclui a oração do Senhor ou Pai-Nosso); 3) Confiança na Providência paternal de Deus; 4) As relações fraternas dos filhos de Deus (não julgar o próximo, respeito pelas coisas santas, eficácia da oração e a regra de ouro da caridade); e 5) Condições e fundamento para a entrada no reino (a porta estreita, os falsos profetas e edificar sobre a rocha).

'Pôs-se a ensiná-los'; Refere-se tanto aos discípulos que rodeavam Jesus como às multidões ali presentes, segundo aparece no fim do Sermão da Montanha (Mt 7, 28).

As Bem-aventuranças (Mt 5, 3-12) constituem como que o pórtico do Sermão da Montanha. Para uma reta compreensão das Bem-aventuranças é conveniente ter em conta que nelas não se promete a salvação a umas determinadas classes de pessoas que aqui se enumerariam, mas a todos aqueles que alcancem as disposições religiosas e o comportamento moral que Jesus Cristo exige. Quer dizer, os pobres de espírito, os mansos, os que choram, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os pacíficos e os que sofrem perseguição por buscar a santidade, não indicam pessoas distintas entre si, mas são como que diversas exigências de santidade dirigidas a quem quer ser discípulo de Cristo.

Pela mesma razão, também não prometem a salvação a determinados grupos da sociedade, mas a toda a pessoa que se esforce por viver o espírito e as exigências das Bem-aventuranças. O espírito das Bem-aventuranças produz, já na vida presente, a paz no meio das tribulações. Em todos os tempos as Bem-aventuranças põem muito por cima os bens do espírito sobre os bens materiais. Sãos e doentes, poderosos e débeis, ricos e pobres... são chamados à felicidade profunda daqueles que alcançam as Bem-aventuranças de Jesus".

Dom Duarte Leopoldo escreve: "A Montanha das Bem-aventuranças está situada ao norte da Galiléia, entre o Tabor e Cafarnaum. No flanco desta montanha está uma grande e bela planície, sempre coberta de relva, onde provavelmente começou a cena descrita.

O sermão da montanha é chamado o epítome ou resumo do Cristianismo, o símbolo do Evangelho, o texto da Nova Lei. Ele é para a Igreja o que são as tábuas do Sinai para a Sinagoga, - é a lei do amor sucedendo à lei do temor. O Deus feito homem a promulga sobre uma montanha verdejante, cercado dos seus discípulos e de grande multidão de povo. A palavra de Deus escapa-lhe dos lábios fluente e acessível ainda aos mais ignorantes. Ela diz toda a verdade que os homens devem saber, ensina tudo o que é preciso fazer para a salvação, anima, fortifica, dirige e eleva. Ocupa-se dos pequeninos e dos pobres, tem consolações e esperança ainda para os mais abandonados. É profunda e, ao mesmo tempo, simples e suave; é o mais belo e mais tocante ensinamento que ainda ouviram os homens. Enfim, para assinalar um lugar no reino do céu com a autoridade com que o faz Jesus, neste belíssimo discurso, é preciso ter descido do céu, é preciso ser Deus".

São Pio X escreve: "Jesus Cristo propôs-nos as Bem-aventuranças para nos fazer detestar as máximas do mundo, e para nos convidar a amar e praticar as máximas do seu Evangelho. O mundo chama bem-aventurados aqueles que desfrutam abundância de riquezas e de honras, que vivem em delícias e que não têm nada que os faça sofrer" (Catecismo Maior, 923 e 924), e: "Todos certamente queremos viver felizes, e não existe no gênero humano pessoa que não concorde com esta proposição, mesmo antes de ser formulada por inteiro" (Santo Agostinho, Mor. Eccl. 1, 3, 4: PL 32, 1312), e também: "Então, como vos hei de procurar, Senhor? Visto que, procurando a vós, meu Deus, eu procuro a vida bem-aventurada, fazei que vos procure para que minha alma viva, pois meu corpo vive de minha alma, e minha alma vive de vós" (Idem, Conf. 10, 20, 29: CCL 27, 170 (PL 32, 791), e ainda: "Só Deus satisfaz" (Santo Tomás de Aquino, Symb. 1.), e: "Todo artista, segundo sua profissão, se alegra vendo as oportunidades para trabalhar: um carpinteiro, quando vê um boa árvore, deseja cortá-la para realizar o seu ofício. Um sacerdote, quando vê uma igreja cheia, se alegra em seu interior e se sente movido a ensinar. Assim o Senhor, vendo a multidão se sentiu movido a pregar. Pois disseram d'Ele: 'Vendo Jesus a multidão, subiu ao monte" (Pseudo-Crisóstomo, Opus Imperfectum super Mattheum, Hom. 9), e também: "Aqui parece que quis evitar ficar cercado pela multidão e por isso subiu ao monte para falar a sós com seus discípulos" (Santo Agostinho, De Consensu Evangelistarum, 2, 19), e ainda: "A atitude de pregar sobre um monte e separado, e não em uma cidade... nos ensinou a não fazer nada por ostentação e a separarmos do tumulto, principalmente quando o diálogo é sobre coisas importantes" (São João Crisóstomo, Homilia in Matthaeum, Hom. 15, 1), e: "Deve saber-se que Jesus tinha três lugares para se refugiar: a barca, o monte e o deserto, aos quais se retirava quando se via rodeado pela multidão" (Remígio), e também: "Subiu, pois, a um monte, primeiramente para cumprir a profecia de Isaías que disse: 'Sobe tu sobre um monte" (Is 40, 9); depois para manifestar que o que ensina a Palavra de Deus, o mesmo que a ouve, devem constituir-se auge de virtudes. Ninguém pode estar no vale e falar desde o monte. Se estás sobre a terra falas das coisas da terra, mas se estiveres no céu, falarás das coisas celestiais. Ou de outro modo, subiu ao monte para manifestar que todo o que quiser conhecer os mistérios da verdade deve subir ao monte da Igreja, de quem o profeta disse: 'O monte do Senhor é um monte rico' (Sl 67, 16)" (Pseudo-Crisóstomo, Opus Imperfectum super Matthaeum, Hom. 9), e ainda: "Ele subiu ao monte para significar que eram menores os preceitos divinos que foram dados por Deus por meio de seus profetas ao povo judeu, a quem convinha advertir por meio do temor, e que se dispensaram maiores graças por meio do Filho de Deus, cujo povo era conveniente livrar por meio da caridade" (Santo Agostinho, Sermone Domini, 1, 1), e: "Portanto, não falava de pé, mas sentado, porque não podiam entendê-lo se estivesse estado rodeado de sua imensa majestade" (São Jerônimo).



Em Mt 5, 3 diz: "Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus".



Quem são os pobres de espírito que Jesus Cristo chama bem-aventurados? "Os pobres de espírito, segundo o Evangelho, são aqueles que têm o coração desapegado das riquezas; fazem bom uso delas, se as possuem; não as procuram com ânsia, se não as têm; e sofrem com resignação a perda delas, se lhes são tiradas" (São Pio X, Catecismo Maior, 925), e: "Os pobres sobre os quais Deus se inclina com amor, e que Jesus proclamam felizes, são os que não só aceitam sua condição de deserdados, mas dela fazem um meio de se aproximar de Deus, com humildade e confiança, esperando unicamente dele todo seu bem. A simples pobreza material não constitui aquela disposição interior que Jesus quer ver nos seus discípulos. Quem é pobre, mais vive a lamentar-se, detesta seu estado e alimenta talvez ódio e inveja para com os que possuem mais, não é pobre em espírito... A pobreza material é preciosa aos olhos de Deus enquanto estímulo ao desapego dos bens terrenos, enquanto leva ao conhecimento da própria indigência, não só material, mas ainda espiritual, e por isso desembaraça o coração da presunção, da vaidade e do orgulho. Então, a pobreza converte-se em disponibilidade para Deus, abre ao Senhor o coração do homem e, por sua vez, abre Deus ao homem seu Reino" (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina, 326, 1), e também: "O Verbo chama 'pobreza de espírito' à humildade voluntária de um espírito humano e sua renúncia; o Apóstolo nos dá como exemplo a pobreza de Deus quando diz: 'Ele se fez pobre por nós' (2 Cor 8, 9)" (São Gregório de Nissa, Beat., 1: PG 44, 1200 D.), e ainda: "O orgulhoso procura o poder terreno, ao passo que o pobre em espírito busca o Reino dos Céus" (Santo Agostinho, Serm. Dom., 1, 1, 3: PL 34, 1232).

Muitos pensam erroneamente que os pobres em espírito são os preguiçosos, os sujos, os maltrapilhos, etc. Não, não são esses: "Pobres de espírito não são os tolos, os idiotas, os ignorantes, etc., como erradamente entendem alguns. São os humildes, os que não têm apego aos bens da terra, os que voluntariamente renunciaram a eles para mais de perto seguirem a Jesus Cristo. Assim, pois, um pobre, mal satisfeito com a sua sorte, dominado pela ambição e pelo orgulho, é um rico de espírito; não é para ele o reino do céu. Do mesmo modo, no seio da abundância e na prosperidade, pode um rico ser pobre de espírito por não se apegar à fortuna que possui, pelo espírito de caridade e submissão à vontade de Deus. O santo homem Jó é um dos mais belos exemplos desta verdade" (Dom Duarte Leopoldo), e: "Os pobres que Jesus louva não são os vadios, os incapazes ou os preguiçosos, mas os que, trabalhando embora para melhorar licitamente a sua condição, não são ávidos de lucro e de riquezas, a ponto de colocar nelas seu tesouro, esquecendo os bens mais altos que os esperam... Jesus pede a todos os seus discípulos - que tenham pouco ou muito - que sejam 'pobres em espírito' de modo que a preocupação pela escassez de meios ou o apego às riquezas jamais se convertam em obstáculo à procura de Deus, não estorvem a amizade com ele, não agravem o coração com o cuidado excessivo pelo bem estar material" (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina, 326, 1).

Ser pobre em espírito não significa também andar sujo ou viver na sujeira: "A pobreza não é sujeira; a primeira agrada, a segunda não" (São Bernardo de Claraval, citado por Mansi, Il vero eclesiástico, p. 236, ed. 1832).

Vivamos nesse mundo desapegados de todas as coisas passageiras, somente assim teremos paz na nossa alma imortal; sejamos verdadeiramente pobres de espírito: "Ó Senhor, fazei com que eu compreenda quão grande paz e segurança tem o coração que não deseja coisa alguma deste mundo. Pois se meu coração anseia conseguir os bens terrenos, não pode estar tranquilo nem seguro, porque, ou deseja possuir o que não tem, ou teme perder o que possui! Quando na adversidade está, espera a prosperidade; e na prosperidade, teme a adversidade: é agitado de cá para lá, pelas ondas dos acontecimentos, em contínua alternativas. Mas se vós, ó Deus, concedeis à minha alma aferrar-se firmemente ao desejo da pátria celestial, será muito menos sacudida pelas perturbações das coisas temporais. Fazei com que, diante de todas as agitações exteriores, ela se refugie neste seu desejo, como num retiro secreto, agarre-se a ele sem afrouxar, transcenda todas as coisas mutáveis e, na tranquilidade de sua paz, encontre-se no mundo e fora do mundo" (São Gregório Magno, Moralia XXII, 35), e: "Ó Jesus, vossa primeira companhia na terra foi a pobreza voluntária, contínua, perfeita, suprema... Quisestes viver e ser pobre de todas as coisas temporais... Das coisas deste mundo só quisestes a extrema indigência, com penúria, fome e sede, frio e calor, muita fadiga, dureza e austeridade... Quisestes viver pobre de parentes e amigos e de todo afeto deste mundo... Enfim, vos despojastes de vós mesmo, exteriormente despido de vosso poder, sabedoria e glória. Deus incriado e humanado, Deus encarnado e paciente, vos quisestes mostrar e viver neste mundo como homem pobre, sem poderio, limitado e ínfimo, desonrado, carente de toda sabedoria humana. Ó mísera pobreza!... desprezada neste mundo por gente de toda condição! Onde encontrar criatura que se glorie de estar unida a tão perfeita companhia? Feliz a criatura que na sua penitência pode exaltar-se com essa companhia, já que vós, ó Cristo, quisestes recebê-la em vós, como instrumento de doutrina"(Santa Ângela de Foligno, O Livro de Santa Ângela, II, pp. 138-140).



Em Mt 5, 4 diz: "Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra".



Quem são os mansos? "Os mansos são aqueles que tratam o próximo com brandura, e sofrem com paciência os seus defeitos e as ofensas que dele recebem, sem alteração, ressentimentos ou vingança" (São Pio X, Catecismo Maior, 926), e: "Os mansos, isto é, os que não murmuram nem se irritam, os que evitam a discórdia, os que sabem perdoar com generosidade as ofensas alheias, aqueles, enfim, que suportam o peso da vida conformados com a vontade de Deus. - Eles possuirão a terra, isto é, a terra dos vivos, o céu -. Todavia, mesmo neste mundo, a paciência é uma arma poderosa para vencer ainda as maiores resistências" (Dom Duarte Leopoldo), e também: "Os mansos de que fala Jesus se identificam com os pobres e os aflitos, que acabava de proclamar bem-aventurados, porque em suas angústias não se revoltam, nem reagem com violência, mas se submetem com manso e humilde coração. Jesus, ungido pelo Espírito Santo, para desempenhar no mundo missão de perfeita doçura e bondade (Lc 4, 18), apresentou-se aos homens como modelo de mansidão (Mt 11, 29). Todo o direito tem, pois, de pedir aos seus discípulos que aprendam dele, que sigam seu exemplo. Para isto, transmitiu-lhes a unção do Espírito Santo... O manso, formado pelo Espírito Santo à imitação de Cristo, é o homem que aprendeu a dominar todas as manifestações descompostas do seu eu: irritação, desdém, cólera, espírito de inveja e de vingança; é também o homem que renunciou à tentação de impor-se, de valorizar-se e de dominar os outros com prepotência... Quem, nesta vida, preferir ficar atrás, em vez de passar adiante a conquistar, pela violência, elevado posto, terá seu lugar seguro no reino de Deus. Por outro lado, certo é que, ainda neste mundo, a mansidão confere ao homem especial capacidade de domínio e conquista. Antes de tudo, sobre si mesmo, dominando todos os seus movimentos de ira e conservando a calma nas contradições; em seguida, sobre os demais, porque a mansidão atrai e conquista as pessoas. Deste modo, o manso, havendo renunciado a toda forma de violência, e precisamente em virtude dessa renúncia, possuirá particular ascendência sobre os outros. Porque, enquanto a violência afasta e fecha os corações, a mansidão os abre à confiança, os dobre, e amansa. Jesus quer que os seus discípulos sejam estes mansos que vão à conquista do mundo, não com meios que exasperam e provocam reações contrárias, senão com a doçura, a paciência e a longanimidade. 'Eis que vos envio como cordeiros entre lobos' (Lc 10, 3), diz-lhes, enquanto ele, Cordeiro inocente, os precedeu, ensinando-lhes com o exemplo que, para fazer o bem, longe de se imporem ou defenderem com a força, devem sofrer e pôr-se a serviço de todos" (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina, 329, 1 e 2), e ainda: "Mansos': Quer dizer, os que sofrem com paciência as perseguições injustas; os que nas adversidades mantêm o ânimo sereno, humilde e firme, e não se deixam levar pela ira ou pelo abatimento. É a virtude da mansidão muito necessária para a vida cristã. Normalmente frequentes manifestações externas de irritabilidade procedem da falta de humildade e de paz interior. 'A terra': Comumente entende-se em sentido transcendente, quer dizer, a pátria celestial" (Edições Theologica), e: "Mansos são aqueles que vencem as más ações com as boas ações" (Santo Agostinho, Sermone Domini, 1, 2), e também: "Lutam os que não são mansos e disputam pelas coisas passageiras, mas sempre serão bem-aventurados os humildes, porque eles herdarão uma terra onde ninguém os poderá expulsar" (Idem, Sermone Domini, 1, 2).

Peçamos a Nosso Senhor que nos ajude a possuirmos um coração manso: "Ó Deus-Homem doloroso, ensinai-me a considerar e imitar o exemplo de vossa vida e a aprender de vós, ó modelo de toda perfeição!... Fazei-me correr atrás de vós com todo o afeto de minha alma, para chegar, com vossa guia, felizmente, à cruz. A nós vos oferecestes como exemplo e nos convidais a olhar-vos com o afeto do espírito, dizendo-nos: 'Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e achareis descanso para vossas almas'... Colocastes a humildade de coração e a mansidão por fundamento e firme raiz de todas as virtudes... Por isso, Senhor, quisestes que, de vós, principalmente, as aprendêssemos... Dai-me a graça de estabelecer-me em tal alicerce! Fundada nesta base, esforce-me por crescer. Se for a humildade meu alicerce, será minha conversação toda angelical, pura, benigna e pacifica. Serei benévolo e agradável a todos, e com todos mostrar-me-ei amável... Ó humildade, quantos bens trazes, tu que fazes pacíficos e serenos os que te possuem!" (Santa Ângela de Foligno, O Livro de Santa Ângela II, pp. 175-176. 179-180).



Em Mt 5, 5 diz: "Bem-aventurados que choram, porque serão consolados".



Quem são os que choram? "Os que choram, e todavia são chamados bem-aventurados, são aqueles que sofrem com resignação as tribulações, e que se afligem pelos pecados cometidos, pelos males e pelos escândalos que se vêem no mundo, pela ausência do Céu e pelo perigo de o perder" (São Pio X, Catecismo Maior, 927), e: "Bem-aventurados os que choram os seus pecados e os dos seus irmãos. Santas lágrimas que tanta consolação nos merece, no céu. Também as lágrimas que, todos os dias e com tanta abundância, caem dos olhos dos pobres, dos aflitos, dos doentes... têm bem-aventurança..." (Dom Duarte Leopoldo), e também: "Eis o sinal inconfundível da salvação prometida por Deus ao seu povo e predita pelos profetas: o Messias se inclina sobre todas as misérias humanas para aliviá-las, vem dar alegria e conforto aos aflitos, consolar os que choram. Todavia os aflitos, os pobres jamais faltarão no mundo. As curas milagrosas operadas pelo Senhor - 'os cegos recuperam a visão, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem' (Lc 7, 22) - não passam de símbolo de uma salvação mais profunda e essencial. A missão de Jesus não se restringe aos corpos, vai muito além: toca os corações e cura-os do maior dos males, o pecado. As aflições físicas e morais - doenças, lutos, opressões, angústias da vida - convertem-se em veículo pelo qual o homem atinge mais facilmente a obra da eterna salvação... Quem vive no gozo, quem tem tudo o que quer e nada lhe falta, corre tremendo risco! Satisfeito consigo e com a vida terrena, não adverte a precariedade da própria situação, não sente necessidade de ser salvo, não abre o coração à esperança das coisas celestes. Pelo contrário, o aflito impotente para livrar-se de suas tribulações, dá-se conta de que unicamente Deus pode ajudá-lo, só Deus pode salvá-lo no tempo, e para a eternidade. Os aflitos que, como os pobres, aceitam das mãos de Deus tal sorte, a ele se submetem com humildade, e, embora sofrendo, não cessam de crer no seu amor de Pai e em sua Providência Infinita, são chamados por Jesus de bem-aventurados 'porque serão consolados' (Mt 5, 5). E se a consolação total goza-la-ão só na vida eterna, já aqui na terra, no meio de suas angústias, terão o conforto de sentir-se mais próximos de Cristo que, com eles e para eles, leva a cruz. Quando males físicos ou morais atormentam o homem e parecem cravá-lo em situações irremediáveis, não é fácil crer na bem-aventurança proclamada pelo Senhor. Contudo, escondem sempre as dores um mistério de vida e de salvação. 'Os que em lágrimas semeiam, cantando hão de ceifar - diz o salmo. Na ida vão chorando, os que levam a semente a esparzir. Ao voltar, virão radiantes de alegria, trazendo seus feixes' (Sl 126, 5-6). Assim como o grão de trigo deve apodrecer na terra, para dar vida a novas espigas, assim precisa ser o homem esmagado pelo sofrimento, para dar frutos de eterna alegria. Mas é necessário aguardar e esperar consolo só de Deus, contar com ele só, o Único que salva e muda o pranto em verdadeira alegria. Requer-se coragem para abraçar a cruz não só com resignação, mas com amor, com vontade resoluta de seguir Jesus sofredor até o Calvário, até o sepulcro, porque somente da morte pode florescer a ressurreição. E assim fazer com o coração dilatado pela caridade que aceita padecer e morrer também pela ressurreição dos irmãos. Então, compreendemos porque São Paulo pôde dizer: 'Estou cheio de consolação, transbordo de alegria em todas as nossas tribulações' (2 Cor 7, 4). É a bem-aventurança do sofrimento que começa verificar-se já na terra, para quem sabe padecer com Cristo pela salvação do mundo. Mas, para os que amam a Deus, há outros motivos de pranto. São as lágrimas ardentes de Santo Agostinho, que não cessa de clamar: 'Tarde te amei, ó Beleza sempre antiga e sempre nova, tarde te amei!' (Conf. X, 27, 38). São as lágrimas de Madalena penitente, e de São Pedro a chorar sua queda. São as lágrimas de quem, embora amando sinceramente a Deus, tem de lamentar, todos os dias, alguma fraqueza ou infidelidade; lágrimas santas de compunção, dom do Espírito Santo, que purificam do pecado e unem a Deus. Lágrimas ainda por todo o mal que, invadindo o mundo, faz tantas vítimas, perverte tantos inocentes, desvia muitos da fé, aflige a Igreja e ofende a Deus. Também estas lágrimas, participação do pranto de Cristo sobre Jerusalém e da sua agonia no horto do Getsêmani, serão consoladas, porque quem sofre com Cristo, será com Cristo glorificado (Rm 8, 17)" (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina, 327, 1 e 2), e ainda: "Vós, Senhor, me consolais na tristeza. Só busca consolação quem se encontra na tristeza... É certamente este mundo a região dos escândalos, das tentações e de todos os males! Mas se aqui gememos, mereceremos gozar no céu... É, nossa terra, a região dos mortos. Desaparecerá a morada dos mortos, chegará a dos vivos. Na região dos mortos há trabalhos, dor, temor, tribulação, tentação, gemido e pranto. Aqui vivem os falsos felizes, os verdadeiros infelizes, porque a falsa felicidade é verdadeira miséria. Quem reconhece estar na verdadeira miséria, achar-se-á na verdadeira felicidade. Portanto, agora, como és infeliz, ouve o Senhor que diz: 'Felizes os que choram!' Sim, verdadeiramente felizes os que choram! Nada está tão unido à miséria como o pranto, e nada há tão distante da miséria e tão oposto a ela, como a felicidade. No entanto, ó Senhor, chamais de felizes os que choram... Mas por que são felizes? Porque esperam. Por que choram? Pelo que são atualmente. Efetivamente choram nesta morte, nestas tribulações, nesta peregrinação, e, porque reconhecem que estão na miséria e gemem, são bem-aventurados" (Santo Agostinho, No Salmo 85, 24), e: "Os que choram': Chama aqui bem-aventurados Nosso Senhor todos os que estão aflitos por alguma causa e, de modo particular, aqueles que estão verdadeiramente arrependidos dos seus pecados ou aflitos pelas ofensas que outros fazem a Deus, e que levam o seu sofrimento com amor e desejos de reparação" (Edições Theologica), e também: "Se chamam chorosos, não aos que se entristecem chorando a orfandade ou as afrontas e outros danos, mas sim, os que choram seus pecados" (Santo Hilário, in Matthaeumm 4), e ainda: "Os que choram seus pecados podem chamar-se realmente bem-aventurados... Mas bem-aventurados são aqueles que choram os pecados alheios..." (Pseudo-Crisóstomo, Opus Imperfectum in Matthaeum, Hom. 9), e: "O luto que se trata aqui não é pelos mortos segundo a lei comum da natureza, mas pelos que morreram por causa do pecado e dos vícios" (São Jerônimo), e também: "O consolo dos que choram será o luto, e os que choram seus pecados se consolam quando obtém o perdão" (Pseudo-Crisóstomo, Opus Imperfectum in Matthaeum, Hom. 9)



Em Mt 5, 6 diz: "Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados".



Quem são os que têm fome e sede de justiça? "Os que têm fome e sede de justiça são aqueles que desejam ardentemente crescer cada vez mais na graça de Deus e na prática das obras boas e virtuosas" (São Pio X, Catecismo Maior, 928), e: "Fome e sede de justiça é a necessidade que sente toda alma boa e reta, todo coração bem formado, de fazer a vontade de Deus, essa vontade de que Jesus fazia o seu alimento..." (Dom Duarte Leopoldo), e também: "Fazei, Senhor, com que eu deseje a justiça com a mesma ansiedade com que desejo comer e beber quando me atormentam a fome e a sede! Porque, então, serei saciado! De que serei saciado senão de justiça? Serei saciado nesta vida, porque o justo se fará mais justo e o santo, mais santo... Mas a perfeita saciedade tê-la-ei no céu, onde a justiça eterna ser-nos-á dada com a plenitude do vosso amor. 'Saciar-me-ei... quando a vossa glória aparecer à minha vista'. (Mas nesta vida) terei sempre sede, porque não cessarei de desejar-vos, ó meu sumo Bem, e desejarei possuir-vos cada vez mais... Terei sempre sede, mas sempre dessedentar-me-ei porque terei em mim a fonte que jorra para a vida eterna... Viverei sempre sedento de justiça, mas com os lábios continuamente colados à fonte que tenho em mim mesmo. A sede não me será penosa nem me abaterá... É a fonte superior à minha sede, sua riqueza maior que minha necessidade" (J. B. Bossuet, Meditações sobre o Evangelho I, 5 v. 1, pp. 24-25), e ainda: "Repetidas vezes, preocupou-se Jesus com a fome e a sede dos homens, e de maneira tão concreta que, para satisfazê-las, fez muitos milagres: a multiplicação dos pães, a transformação da água em vinho. Mas a fome e a sede de que fala nas bem-aventuranças não são as do corpo, e, sim, as do espírito. 'Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados' (Mt 5, 6), disse Jesus, referindo-se não aos famintos e sedentos de comida e bebida materiais, mas de justiça, ou seja, de perfeição, de santidade. Deus justifica o homem com a sua graça, base indispensável e ponto de partida da perfeição cristã. Esta, por outro lado, não tem limite aqui na terra, porque é o cristão chamado a ser perfeito 'como é perfeito o Pai celestial' (Mt 5, 48). Quem tem consciência do ideal e das exigências da perfeição evangélica, nunca se sente satisfeito com a própria justiça, com suas virtudes e boas obras. Antes, à medida em que avança no caminho e se aproxima de Deus, percebe cada vez mais a distância que o separa do ideal e, por isso, sente-se cada vez mais faminto e sedento. Sua primeira fome é da vontade de Deus, alimento substancioso que deve nutrir o cristão como alimentou a Cristo: 'Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou' (Jo 4, 34). Fora da vontade de Deus não pode haver vida cristã, nem santidade. A primeira sede do cristão é a da 'água viva' da graça. Em que dela beber, 'converter-se-á em fonte de água que jorra para a vida eterna' (Jo 4, 14). Só a graça faz o homem filho de Deus e irmão de Cristo, capaz de emular com a santidade do Pai celestial. Crescer na graça é crescer no amor, é entrar em comunhão mais íntima 'com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo' (1 Jo 1, 3), e nesta comunhão abraçar os irmãos. Só Deus pode dar o alimento da vontade divina e a água da graça! Portanto, quem, tem fome e sede de justiça não cesse de pedi-las, estendendo a mão, como mendigo, a quem o pode socorrer, que é Deus só. E Deus sacia-lo-á na proporção de sua fome e de sua sede" (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina, 330, 1), e: "Depois de chorar meus pecados, começo a ter fome e sede de justiça. Um enfermo quando padece muito não tem fome. Por isso se diz: 'Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça" (Santo Ambrósio, in Lucam, 5, 56), e também: "Não nos é suficiente o querer a justiça, se não temos fome de justiça" (São Jerônimo.



Em Mt 5, 7 diz: "Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia".



Quem são os que usam de misericórdia? "Os que usam de misericórdia são aqueles que amam, em Deus e por amor de Deus, o seu próximo, se compadecem das suas misérias, assim corporais como espirituais, e procuram socorrê-lo segundo as suas forças e o seu estado" (São Pio X, Catecismo Maior, 929), e: "A misericórdia não consiste apenas em dar esmola aos pobres, mas também em compreender os defeitos que possam ter os outros, desculpá-los, ajudá-los e superá-los e amá-los mesmo com os defeitos que tenham. Também faz parte da misericórdia alegrar-se e sofrer com as alegrias e dores alheias" (Edições Theologica), e também: "Os misericordiosos, isto é, os que perdoam, os que se compadecem das misérias do próximo, os que choram com os que choram, os que curam as feridas do corpo e da alma daqueles que sofrem; enfim, os justos, bons e dedicados. No último dia, Nosso Senhor será também misericordioso para com eles" (Dom Duarte Leopoldo), e ainda: "Recorro a vós, Senhor Jesus, movido pela vossa bondade, porque sei que não desprezais os pobres, nem tendes horror dos pecadores. Não rejeiteis o ladrão que confessava seu pecado, nem a pecadora em lágrimas, nem a Cananéia suplicante, nem a mulher surpreendida em adultério, nem também o coletor sentado à sua banca. Não rejeitais o publicano que implorava misericórdia, nem o apóstolo que vos negava, nem o perseguidor dos vossos discípulos, nem sequer os vossos algozes. O perfume de vossas graças me atrai... Fazei, ó Senhor, com que eu tenha o coração cheio de compaixão pelos miseráveis, inclinado a compadecer-se, pronto a socorrer. Que eu me tenha por mais ditoso em dar que em receber. Fazei com que eu seja fácil em perdoar, e saiba resistir à cólera, jamais ceda à vingança, e em todas as coisas considere as necessidades dos outros como minhas. Embebei minha alma com o orvalho de vossa misericórdia! Transborde de piedade meu coração, de modo que saiba fazer-me tudo para todos... e esteja tão morto a mim mesmo, que não viva senão para o bem dos demais" (São Bernardo de Claraval, In Cantica Cant., 22, 8; 11, 8; 12, 1), e: "O grande prêmio prometido aos misericordiosos é alcançarem misericórdia, isto é, assegurarem sua salvação eterna. Em troca de um pouco de misericórdia para com os irmãos por suas dívidas e ofensas que, por maiores que sejam, são sempre limitadas e passageiras, gozará o cristão das misericórdias do Senhor e as cantará eternamente. Todavia não é raro sentir o homem dificuldade na prática da misericórdia",e isto, por quase não perceber a própria indigência pessoal e, portanto, a grande necessidade que tem da divina misericórdia. Na presença de Deus, todos, até os santos, são sempre grandes devedores, pobres indigentes. Ninguém, exceto a Santíssima Virgem, pode dizer que foi sempre fiel à graça e ao amor. Ninguém pode dizer que nunca ofendeu a Deus, ao menos levemente. Com esta convicção, experimentaram os santos imensa necessidade da misericórdia de Deus e, em consequência, julgaram sempre bem pouca coisa usar de misericórdia com seu próximo, ainda ao perdoar-lhes as mais graves ofensas. O reconhecimento da miséria pessoal faz-nos compreensivos e indulgentes para com as debilidades dos outros. Sentirmo-nos profundamente necessitados da misericórdia de Deus faz-nos espontaneamente misericordiosos para com os irmãos. Então, em vez de dificuldade no perdão, experimentamos a alegria de saber perdoar, vamos em busca dos que, havendo-nos ofendido, têm maior direito à nossa misericórdia e nos dão ocasião de imitarmos a misericórdia do Pai celeste" (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina, 331, 2), e também: "A justiça e a misericórdia estão tão unidas que uma sustenta a outra. A justiça sem misericórdia é crueldade e a misericórdia sem justiça é dissipação. Por isso, Ele depois da justiça fala de misericórdia: 'Bem-aventurados os misericordiosos" (Glosa), e ainda: "Se chama misericordioso o que tem seu coração ocupado pela misericórdia, porque considera a desgraça do outro como própria e sente pena da desgraça do próximo como se fosse sua" (Remígio), e: "Por misericórdia se entende aqui, não só a que se pratica por meio de esmolas, mas a produzida pelo pecado do irmão, ajudando uns aos outros a levar a carga" (São Jerônimo).



Em Mt 5, 8 diz: "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus".



Quem são os puros de coração? "Os puros de coração são aqueles que não têm nenhum afeto ao pecado, sempre se afastam dele, e evitam sobretudo toda e qualquer espécie de impureza" (São Pio X, Catecismo Maior, 930), e: "A pureza de coração é um dom de Deus, que se manifesta na capacidade de amar, no olhar reto e puro para tudo o que é nobre. Como diz o Apóstolo: 'Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, é o que deveis ter em mente' (Fl 4, 8). O cristão, ajudado pela graça de Deus, deve lutar continuamente para purificar o seu coração e adquirir essa pureza, em virtude da qual se promete a visão de Deus" (Edições Theologica), e também: "Os corações puros, desprendidos dos sentimentos carnais e sensuais que mancham o corpo e a alma; os corações abertos e tudo o que é nobre, santo, justo, amável e virtuoso, a tudo o que é louvável nos bons costumes, com diz São Paulo. Esses corações verão a Deus, neste mundo, através das sombras da fé, e no céu o contemplarão face a face. Pelo contrário, a impureza do coração é o maior obstáculo, e quase sempre o único, que encontram as verdades da Religião" (Dom Duarte Leopoldo), e ainda: "Senhor, aprenda eu a desejar-vos! Aprenda a preparar-me para poder ver-vos. Felizes os puros de coração, porque vos hão de ver... e vos hão de ver não porque são pobres em espírito, nem porque são mansos ou porque choram, ou têm fome e sede de justiça, ou são misericordiosos, mas porque são puros de coração... Boa é a humildade para alcançar o reino dos céus; boa, a mansidão para possuir a terra; bom, o pranto para sermos consolados; boa, a fome e a sede de justiça para sermos saciados; boa, a misericórdia para alcançarmos misericórdia, mas é a pureza de coração que nos faz ver-vos, ó Senhor! Eu vos quero ver: é bom, é grandioso o que quero... Ajudai-me a purificar meu coração... porque puríssimo é quem desejo ver, e impuro é o meio com que o quero ver... Purificai-me, Senhor, com a vossa graça, purificai meu coração com o vosso auxílio e conforto. Ajudai-me a produzir, por vós e em união convosco, frutos abundantes de boas obras, de misericórdia, de benignidade, de bondade" (Santo Agostinho, Sr 53, 7.9; 261, 4.9), e: "Quem poderia dizer a beleza de um coração puro?... Oh! Quão atraente e encantador esse manancial incorruptível que é o coração puro! Vós, ó Deus, vos comprazeis em contemplar-vos nele como em perfeito espelho, e nele imprimis vossa imagem com toda a sua beleza... A vossa pureza, ó Deus, une-se à nossa, que vós mesmo colocastes em nós. Nossos olhares purificados vos hão de ver resplandecer em nós com eterna luz... Bem-aventurado o coração puro! Ele vos verá, ó Deus... Contemplar-vos-á, verá toda beleza, toda bondade, toda perfeição. Verá o bem, a fonte de todo bem... verá e amará. E se amar, será amado. Cantará os vossos louvores, ver-vos-á e amará sem fim. Será saciado com a abundância da vossa casa e inebriado nas torrentes das vossas delícias... Bem-aventurado, pois, quem é puro de coração... Fazei, Senhor, que me purifique cada vez mais" (J. B. Bossuet, Meditações sobre o Evangelho I, 7, v., pp. 26-27).



Em Mt 5, 9 diz: "Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus".



Quem são os pacíficos? "Pacíficos são aqueles que vivem em paz com o próximo e consigo mesmos, e procuram estabelecer a paz entre aqueles que estão em discórdia" (São Pio X, Catecismo Maior, 931), e: "Os pacíficos, são os que odeiam as discussões e demandas injustas; os que buscam, de preferência, tudo o que une e aproxima os corações; os que têm, por assim dizer, o culto dos direitos alheios. Filhos da paz, eles preferem ceder o seu direito, para não defendê-lo com quebra da caridade" (Dom Duarte Leopoldo), e também: "A palavra 'pacíficos' é a usual nas traduções e, além disso, etimologicamente é fiel ao texto. No livro sagrado tem claramente um sentido ativo: 'os que promovem a paz' em si mesmos, nos outros e, sobretudo, como fundamento do anterior, procuram reconciliar-se e reconciliar os outros com Deus. A paz com Deus é a causa e o cume de toda a paz. Será vã e enganadora qualquer paz no mundo que não se baseia nessa paz divina. 'Serão chamados filhos de Deus': É um hebraísmo muito frequente na Sagrada Escritura; é o mesmo que dizer 'serão filhos de Deus'. A primeira Epístola de São João (1 Jo 3, 1) dá-nos a exegese autêntica desta bem-aventurança: 'Vede que amor nos mostrou o Pai: que sejamos chamados filhos de Deus e que realmente o sejamos" (Edições Theologica), e ainda: "Ó Deus, concedei que sejamos brandos e benignos uns com os outros, segundo vossas entranhas de bondade e de doçura, ó Criador nosso! Dai-nos unir-nos ao que piedosamente mantêm a paz, não aos que a querem hipocritamente... Em vós fixemos o olhar, ó Pai e Criador do universo, aceitando os magníficos e superabundantes dons e benefícios da vossa paz. Fixemos na mente e contemplemos com os olhos da alma a magnanimidade de vossos desígnios. Consideremos quão brando vos mostrais com toda a vossa criação... Todas as coisas ordenastes, ó grande Artífice e soberano de todo o universo, a fim de que se mantenham em paz e concórdia. Derramastes sobre todas elas os vossos benefícios, e mais copiosamente sobre nós, que nos refugiamos em vossas misericórdias, por meio de Nosso Senhor Jesus Cristo. A ele seja a glória e a majestade pelos séculos dos séculos"(São Clemente Romano, Primeira Carta aos Coríntios, 14-15. 19-20), e: "Ó Senhor, como é bom amar a paz! Amar a paz é o mesmo que possuí-la. E quem não quer ver crescer o objeto de seu amor? Se desejo que poucos estejam em paz comigo, pouca será a paz que terei. Para que esta minha posse aumente, tem de aumentar o número de possuidores... Se distribuo pão, quanto maior for o número daqueles a quem o repartir, tanto menor será a quantidade de pão para cada um. Mas a paz é como aquele pão que nas mãos dos vossos discípulos se multiplicava à medida em que era repartido e distribuído. Dai-me, pois, a paz, Senhor! Para poder dá-la aos outros, primeiro a tenha eu; que a possua eu, primeiro! Arda em mim o fogo, para que o possa acender nos outros... Amante da paz, seja eu, por primeiro, totalmente possuído por tua beleza e me abrase no desejo de atraí-la aos demais. Vejam também eles o que vejo eu, amem o que amo, possuam o que possuo" (Santo Agostinho, Sermão 357, 2-3), e também: "Foi o reino do céu prometido aos misericordiosos como misericórdia, aos puros de coração como visão, e aos pacíficos como filiação divina. O homem pacífico, construtor da paz, merecerá, de modo especial, ser reconhecido como filho daquele que é 'o Deus do amor e da paz' (2 Cor 13, 11)... O cristão é verdadeiro filho de Deus, na medida em que prolonga no mundo a missão pacificadora do Unigênito do Pai, o Bom Jesus, constituído, ele mesmo, 'nossa paz' (Ef 2, 14). Mas para ser portador da paz, precisa, antes de tudo, possuí-la em si. Paz perfeita com Deus, vivendo com amor filial os seus mandamentos, pacificando o coração e os desejos pessoais na adesão amorosa à vontade do cristão e a de Deus. Paz perfeita com os irmãos, cumprindo o preceito de Cristo: 'Tende paz uns com os outros' (Lc 9, 50), 'Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei' (Jo 15, 12). A paz que Cristo dá aos fiéis no batismo e continua dando mediante os outros sacramentos, de modo especial por meio da penitência, devem eles conservar intacta não só para sua própria salvação, mas para que, transmitindo-a aos outros, se converta em salvação de todos os homens e pacifique todo o mundo" (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina, 333, 1).



Em Mt 5, 10-12 diz: "Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois foi assim que perseguiram os profetas, que vieram antes de vós".



Quem são os que sofrem perseguição por amor da justiça? "Os que sofrem perseguição por amor da justiça são aqueles que suportam com paciência os escárnios, as censuras, as perseguições por causa da Fé e da Lei de Jesus Cristo" (São Pio X, Catecismo Maior, 932), e: "Acerca do significado de 'justiça' veja-se o dito em Mt 1, 19; 5, 6. Assim, pois, o sentido desta bem-aventurança é o seguinte: bem-aventurados os que sofrem perseguição por ser santos ou pelo seu empenho em ser santos, porque deles é o Reino dos Céus. Portanto, é bem-aventurado o que sofre perseguição por ser fiel a Jesus Cristo, e a suporta não só com paciência mas com alegria. Na vida do cristão apresentam-se circunstâncias heróicas, nas quais não têm lugar meios termos; ou se é fiel a Jesus Cristo jogando-se a honra, a vida e os bens, ou O renegamos" (Edições Theologica), e também: "Esta oitava bem-aventurança era como que a prerrogativa dos santos mártires. O cristão que é fiel à doutrina de Jesus Cristo é de fato também um 'mártir' (testemunha) que reflete ou cumpre esta bem-aventurança, mesmo sem chegar à morte corporal" (São Bernardo de Claraval, Sermão da Festa de Todos os Santos), e ainda: "A justiça é a causa de Deus. Os perseguidos combatem por ele, e ele se encarrega de os recompensar como merecem, e ainda mais do que merecem" (Dom Duarte Leopoldo), e: "Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus' (Mt 5, 10). Muitas vezes predisse Jesus aos discípulos que deveriam compartilhar de sua sorte: 'Se o mundo vos odeia, sabei que, antes de vós, a mim me odiou. Não é maior o servo que seu Senhor. Se a mim perseguiram, hão de vos perseguir também a vós. E virá o tempo em que todo o que vos matar, julgará prestar culto a Deus' (Jo 15, 18. 20; 16, 2). Cristo não enganou seus discípulos, nem lhes prometeu êxitos e triunfos! Mostrou-lhes com clareza o mesmo caminho percorrido por ele: contradições, ódios, perseguições, morte de cruz. Quem segue a Cristo, se o quiser seguir deveras, não pode esperar outra coisa. O que, no entanto, não quer dizer ser pessimista, nem desanimar, ou viver na tristeza, pois ao mesmo tempo em que anuncia Jesus aos discípulos as perseguições, chama-os bem-aventurados. 'Bem-aventurados sereis quando vos injuriarem, vos perseguirem ou, mentindo, disserem todo o mal contra vós' (Mt 5, 11). É a única bem-aventurança reassumida e desenvolvida em vários versículos, como para persuadir os discípulos de que aos olhos humanos é verdadeiro contra-senso: considerem-se ditosos no sofrimento. Certamente, não consiste a bem-aventurança diretamente na perseguição, que é sempre real sofrimento físico e moral, mas no fato de ser, este sofrimento, penhor de felicidade eterna. 'Alegrai-vos e regozijai-vos, disse Jesus, porque grande será vossa recompensa no céu' (Idem. 12). Não pede o Senhor ao cristão que chame gozo ao que é dor, nem exige que seja indiferente à perseguição, a ponto de não sofrer com ela, mas lhe pede que creia na sua palavra infalível: tudo o que padecer pela causa de Deus, será, com certeza, transformado em gozo de vida eterna. É a firmeza desta fé que permite aos santos gozar nas perseguições padecidas por amor de Cristo, à imitação dos Apóstolos que saíam dos tribunais 'alegres por terem sido julgados dignos de sofrer ultrajes pelo nome de Jesus' (At 5, 41)" (Pe. Gabriel de Santa Maria Madalena, Intimidade Divina, 334, 1).


Pe. Divino Antônio Lopes FP.

Fonte: Filhos da Paixão