sexta-feira, 24 de abril de 2009

A Existência do Purgatório.


O purgatório é um lugar de sofrimentos em que as almas se purificam, solvendo suas dívidas, antes de serem admitidas no céu, onde só entrará quem for puro. Sua existência se baseia no testemunho da Sagrada Escritura e da Tradição. Vários Concilios o definiram como dogma; Santos Padres e Doutores da Igreja o atestam a uma voz. Há uma prisão da qual não se sairá senão quando tiver pago o último centavo. (Mat. 18, 23-35).

Novo Testamento
Evangelho Segundo São Mateus 18

18 Eu vos garanto: Tudo que ligardes na terra, será ligado no céu; e tudo que desligardes na terra, será desligado no céu.
19 Digo-vos ainda: Se dois de vós se unirem na terra para pedir qualquer coisa, hão de consegui-lo do meu Pai que está nos céus.
20 Porque onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei ali no meio deles”.
Parábola do devedor cruel.
21 Então se aproximou Pedro e lhe perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar ao irmão que pecar contra mim? Até sete vezes?”
22 Jesus lhe respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas setenta e sete vezes.
23 Por isso o reino dos céus se assemelha a um rei que quis ajustar contas com os seus servos.
24 Quando começou a ajustá-las, trouxeram-lhe um que devia uma enorme fortuna.
25 Como não tivesse com que pagar, o senhor ordenou que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo que tinha, para pagar a dívida.
26 Mas o servo caiu de joelhos diante do senhor e disse: ‘Senhor, tem paciência comigo e te pagarei tudo’.
27 Compadecido, o senhor o deixou ir embora e lhe perdoou a dívida.
28 Esse servo, ao sair dali, encontrou um de seus companheiros de trabalho, que lhe devia cem moedas de prata. Agarrou-o pelo pescoço e sufocava-o, dizendo: ‘Paga o que deves’!
29 De joelhos, o companheiro suplicava: ‘Tem paciência comigo e te pagarei tudo’.
30 Mas ele não concordou e o fez ir para a cadeia até pagar a dívida.
31 Ao verem isso, seus companheiros ficaram muito tristes e foram contar ao senhor tudo que havia acontecido.
32 Então o senhor o chamou e lhe disse: ‘Servo miserável, eu te perdoei toda aquela dívida porque me suplicaste. 33 Não devias também tu ter compaixão do teu companheiro como eu tive de ti?’
34 Irado, o senhor o entregou aos carrascos até que pagasse toda a dívida.
35 Assim também fará convosco meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar seu irmão de todo o coração”.



Os Terríveis Sofrimentos
O que os Santos Doutores ensinam acerca dos sofrimentos do purgatório nos penetram de tema com paixão pelas almas.
S. Boaventura ensina que nossos maiores sofrimentos ficam muito aquém dos que ali se padecem. São Tomás diz que o menor dos seus sofrimentos ultrapassam os maiores tormentos que possamos suportar. Confirmam Santo Ambrósio e São João Crisóstomo que todos os tormentos que o furor dos perseguidores e dos demônios inventaram contra os mártires, jamais atingirão a intensidade dos que padecem em tal lugar de expiação.
O fogo! Estremecemos só de lhe ouvir o nome. E estar-se no fogo inteiramente, num fogo ativo, penetrante, que vai até o início do ser - que cruel suplício.
Aquele fogo, diz S. Antônio, é de tal maneira rigoroso que comparado com o que conhecemos na terra, este se afigura como pintado num painel.

Após uma visão do purgatório, exclama Santa Catarina de Gênova. "Que coisa Terrível! Confesso que nada posso dizer e nem conceber que se aproxime sequer da realidade. As penas que lá se padecem são tão dolorosas como as penas do inferno".
É pior que todos os martírios, 0 Pe. Faber disse. Creio que as penas do purgatório são mais terríveis e insuportáveis que todos os males desta vida, diz São Gregório Magno.
S. Nicolau Tolentino teve uma visão de um imenso vale onde multidões de almas se retorciam de dor num braseiro imenso e gemiam de cortar o coração. Ao perceberem o Santo, bradavam suplicantes, estendendo os braços e pedindo misericórdia e socorro. Padre Nicolau, tem piedade de nós! Se celebrares a Santa Missa por nós, quase todas seremos libertadas de nossos dolorosos tormentos. São Nicolau celebrou sete missas em sufrágio dessas almas. Durante a última missa apareceu-Ihe uma multidão de almas resplandecentes de glória que subiam ao céu.







A Duração das Penas
Assegura-nos S. Vicente Ferrer, que há almas que ficaram no purgatório um ano inteiro por um só pecado. Santa Francisca afirma que a maioria das almas do purgatório lá sofrem de trinta a quarenta anos. Muitos santos viram almas destinadas a sofrer no purgatório até o fim do mundo.
As almas simples e humildes, sobretudo as que muito sofreram neste mundo com paciência e se conformaram perfeitamente com a vontade de Deus, podem ter um purgatório muitíssimo abreviado, às vezes horas...
S. Paulo da Cruz, estando em oração, ouviu que batiam à porta com força. - Que queres de mim, pergunta.
- Quanto sofro. Quanto sofro, meu Deus! Sou a alma daquele padre falecido. Há tanto tempo estou num oceano de fogo, há tanto tempo!... Parecem mil anos!
São Paulo da Cruz o conheceu logo e respondeu admirado: Meu padre, faz tão pouco tempo que faleceu e já me falas em mil anos. O pobre padre pediu sufrágios e desapareceu.
São Paulo da Cruz, comovido, orou muito por ele e no dia seguinte celebrou a Missa pela defunto. Viu-o, então, entrar triunfante no céu, na hora da comunhão.

O Papa Inocêncio III apareceu a Santa Lutgarga dizendo que deveria ficar no purgatório até o fim do mundo por algumas faltas no governo da Igreja.
Nosso Senhor mostrou-lhe quatro padres que estavam lá já mais de cinquenta anos, por administrarem mal os Ss. Sacramentos.
Santa Verônica Juliani fala de uma irmã que deveria ali permanecer tantos anos quantos passou neste mundo.
Ao padre Scoof, de Louvain, foi revelado que um banqueiro de Antuérpia estava no purgatório há mais de duzentos anos porque tinham rezado pouco por ele.
Toma, pois, a resolução de jamais deixar passar um dia sequer sem rezar pelos parentes falecidos. Tem piedade daqueles que nos deixaram e que agora estão sofrendo. Pensa nos membros de tua família que faleceram e que tens deixado em tão lamentável e total esquecimento.


A Necessidade de Ajudar as Almas do Purgatório
Impotência para se acudirem
O estado das almas do purgatório é de absoluta impotência. Parecem-se com o paralítico estendido à beira da fonte de Siloé, que não podia fazer o menor movimento para ter alívio. Vêem suas companheiras de infortúnio, aliviados de tempos a tempos recebendo os frutos de uma comunhão, o valor de uma missa, e elas ficam esquecidas.
Vós que viveis na terra e tão facilmente vos comoveis ante o sofrimento e a idéia do abandono, ouvi as almas do purgatório pedindo-vos uma migalha desse pão que Deus vos dá com tanta abundância: uma pequena parte de vossas orações, boas obras, e sofrimentos! Como são justas as queixas que um religioso ouviu desses pobres corações abandonados.
"Ó irmãos! Ó amigos! Pois que há tanto tempo vos aguardamos, e vós não vindes; vos chamamos e não respondeis; sofremos tormentos que não tem iguais, e não vos compadeceis; gememos e não consolais".
Ai, dizia uma alma, ignora-se no mundo que o fogo do purgatório é semelhante ao do inferno. Se possível fosse fazer uma visita a essas mansões de dor, não haveria na terra quem quisesse cometer um só pecado venial, visto o rigor com que é punido.
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São Francisco Xavier percorria, à noite, as ruas da cidade, convocando com uma campainha o povo a orar pelas almas.
Outrora muitas almas saíam do purgatório graças às orações dos fiéis, mas agora poucas saem de lá. Poucos se preocupam com elas.





Terços e Novenas para as Almas
Terços das Almas
Em cada conta onde se reza o Pai Nosso, rezar: Meu Jesus misericordioso, meu Deus, creio em Vós porque sois a mesma verdade. Espero em Vós porque sois fiel às vossas promessas. Amo-vos porque sois infinitamente bom e amável.
Nas três contas junto da cruz, rezar: Meu bom Jesus, não me deixeis morrer sem receber os últimos sacramentos.
Nas dezenas, rezar: Doce Coração de Maria, sede a minha salvação.
Este terço, que se reza em cinco minutos, tem trinta mil dias de indulgência aplicáveis às almas do purgatório. É um verdadeiro tesouro.
Novena das Almas
Eterno Pai, eu vos ofereço o preciosíssimo sangue, as santas chagas, e todos os méritos da Paixão e Morte de Jesus; as lágrimas e as dores de sua Mãe Santíssima, pedindo-vos alívio para as almas do purgatório.
Nossa Senhora do Carmo, rogai por elas. São José, rogai por elas.
São Miguel Arcanjo, intercedei por elas. E vós almas Santas e benditas, ide perante Deus apresentar a minha súplica. Amém.






A Santa Missa Salva Almas
A Santa Missa é o sacrifício de expiação por excelência. É a renovação do Calvário, que salvou o gênero humano. Na Missa colocou a Igreja a memória dos mortos, e isso no momento mais solene, em que a divina Vítima está presente sobre o altar. É a melhor, a mais eficaz, a mais rápida maneira de aliviar e libertar as almas dos nossos queridos mortos.
Certa feita, celebrando a Missa em uma igreja de Roma, São Bernardo caiu em êxtase e viu uma escada que ia da terra ao céu, pela qual os anjos conduziam as almas libertadas do purgatório em virtude do santo sacrifício. Nessa Igreja - Santa Maria Escada do Céu - há um quadro que representa essa visão.
Não há maior socorro às almas, diz Guerranger, que a Santa Missa: A Missa é a esperança e a riqueza das almas.
Podemos duvidar do valor de nossas orações; mas da eficácia do Santo Sacrifício, no qual se oferece o Sangue de Jesus pelas almas, que dúvida podemos ter?
Ao Beato João D'Avila, nos últimos instantes de vida, Perguntaram o que mais desejaria depois da morte. Missas! Missas!
Ao Beato Henrique Suzo apareceu depois da morte um amigo íntimo gemendo de dor e a se queixar: "Ai, já te esqueceste de mim".
- Não, meu amigo, responde Henrique, não cesso de rezar pela tua alma, desde que morreste.
- Ó, mas isto não me basta, não basta! Falta-me para apagar as chamas que me abrasam o Sangue de Jesus Cristo.

Henrique mandou celebrar inúmeras Missas pelo amigo. Este lhe apareceu então já glorificado e lhe diz: "Meu querido amigo, mil vezes agradecido. Graças ao Sangue de Jesus Cristo Salvador, estou livre das chamas expiadoras. Subo ao céu e lá nunca te esquecerei”.
A cada missa, diz São Jerônimo, saem muitas almas do purgatório. E não sofrem tormento algum durante a Missa que lhes é aplicadas.
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São Vicente Ferrer tinha uma irmã frívola e vaidosa. Vindo a falecer, apareceu-Ihe em meio de chamas e sofrendo penas horríveis. "Ai de mim, meu irmão, fui condenada a estes suplícios até o dia do JuIzo. Mas tu poderás ajudar-me. É de grande valia a virtude do santo sacrifício. Oferece por mim trinta missas".
Mais que depressa, pôs-se o santo a celebrá-las. No 30° dia, apareceu-Ihe a irmã cercada de anjos a caminho do céu.
"Graças à valia da Santa Missa ficou reduzida a 30 dias uma expiação que deveria durar séculos".
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Certo homem de negócios juntava a todos os meses o montante de suas despesas a soma necessária para mandar celebrar, todos os dias; missas pelas almas. Eis como dizia ele: - Fui recompensado: Desde que coloquei em minha casa um cofre destinado a estas esmolas, essas almas trabalham por mim.
Depois da Missa... A Comunhão
Não há sufrágio mais poderoso, depois da Santa Missa, para socorrer as almas, que a santa comunhão, diz São Boaventura.
A Eucaristia é um sacramento de descanso e paz para os defuntos, diz Santo Ambrósio. Eco mesmo afirmam S. Cirilo e S. João Crisóstomo. Procuremos fazer boas comunhões lembrando-nos que quanto melhor as fizermos tanto mais aliviaremos os mortos.
E célebre a sentença do Papa Alexandre VI: "Todo que reza, e muito mais ainda quem comunga pelas almas, com o desejo de ajudá-Ias, as obriga a gratidão e remuneração”.
O Papa Paulo V estimulou a prática das comunhões pelas almas padecentes.
O Venerável Luiz Blois tendo feito uma comunhão muito fervorosa por um amigo que sofria no purgatório, recebeu a sua visita, com estas palavras: "Graças, mil graças, meu amigo. Vou contemplar a face de meu Deus para sempre”.


Seu Sacrifício também é uma Oração
Nossas Orações: Um meio fácil
Um movimento do coração, um olhar para o céu em sua lembrança, um suspiro de piedade, um pensamento de compaixão, os nomes de Jesus, Maria e José pronunciados com devoção em favor das almas, diminuem certamente suas penas.
Custa-nos muito pouco sufragar os defuntos. Somos obrigados a certas orações, a assistir Missas aos domingos, e aproximar-nos dos sacramentos, a perdoar nossos inimigos. Tudo isso é aceito por Deus e serve para alívio delas.
E os males do dia a dia? A fadiga do trabalho, as doenças, as humilhações, a tarefa de suportar os que nos rodeiam, os problemas, tudo isto pode servir para expiar os pecados das almas. E de que sofrimentos serão aliviados os finados!
Dizia S. Francisco de Sales: Vós que chorais inconsoláveis a perda de vossos entes queridos, eu não vos proíbo de chorar, não. Mas, procurai adoçar vossas lágrimas com o suave bálsamo da oração, que pode concorrer para as aliviar".
A oração de Marta e Maria leva Jesus a ressuscitar Lázaro. Nossas preces pelos defuntos hão de tirar as pobres almas daquele estado em que se encontram.
Poupai vossas lágrimas, dizia São João Crisóstomo, pelos defuntos e dai-Ihes mais orações. E Santo Ambrósio conclui: "É preciso assisti-Ias com orações do que chorá-las".
Nosso Senhor fez ouvir estas palavras a Santa Gertrudes: Muitíssimo grata me é a oração pelas almas do purgatório, porque por ela tenho ocasião de libertá-Ias das suas penas e introduzí-las no glória eterna.
Os testemunhos encontrados nas vidas dos Santos provam claramente as vantagens da oração que se fazem pelas defuntos! (S. João Damasceno)
Santa Teresa dizia que tudo obtinha por intermédio das almas dos fiéis.
Quando quero obter com certeza urna graça, diz Santa Catarina de Bolonha, recorro a essas almas que sofrem, a fim de que apresentem a Deus o meu pedido, e 1~ me é concedida a graça.
Nossos Sacrifícios
O sofrimento junto com a prece tem uma eficácia extraordinária para obter de Deus todas as graças. Aliviemos as almas do purgatório, diz São João Crisóstomo, com tudo que nos mortifica. Deus aplica aos mortos os méritos dos vivos.
Por aqueles que amais, sacrificai o que tendes de mais caro. Sacrificai-vos a vós mesmos. Ah, vejo essas almas felizes elevarem-se para o céu, nas asas de nossos sacrifícios, de nossas austeridades e sofrimentos, é o que diz o padre Belioux.
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O padre Jacques Monfort, S. J. escreveu um livro sobre a caridade para com as almas, e fê-lo imprimir em Colônia, por Guilherme Freysisen. tempos depois, ele recebeu uma carta do editor na qual narrava que seu filho e sua esposa tinham adoecido gravemente. Os médicos já tinham perdido as esperanças, e pensavam em funerais. Fui à Igreja e prometi distribuir cem exemplares do citado livro entre os padres a fim de lhes lembrar quanto se devem interessar pelos falecidos. No mesmo dia os doentes tiveram melhoras acentuadas e poucos dias depois estavam perfeitamente curados e tão sãos que o acompanharam à Igreja para agradecer a Deus tanta misericórdia.
Promete pois, em tuas dificuldades, propagar a devoção às santas almas e elas saberão ser gratas e o ajudarão.


A Gratidão das Almas
A ingratidão não pode existir no purgatório. Aquelas benditas almas nos hão de proteger e socorrer sempre.
O Cardeal Barônio conta que uma pessoa devota das almas foi terrivelmente tentada na hora da morte. Mas eis que uma multidão de pessoas veio em seu auxílio. Logo ficou livre de toda perturbação e perguntou: - Que multidão é esta que entrou aqui e na mesma hora senti alívio e fui socorrido pelo céu?
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O que fizerdes ao mínimo dos meus é a mim que o fazeis, diz o Senhor. Sereis medidos com a mesma medida que houverdes usado para com os outros. Deus é muito justo para deixar uma só ação sem recompensa e, recompensando como Deus, dá mais do que lhe deu.
Tudo o que damos por caridade, diz Santo Ambrósio, às almas do purgatório, converte-se em graças para nós e, após a morte, encontramos o seu valor centuplicado.
O purgatório é um banco espiritual em que podemos depositar quotidianamente nossas boas obras; e aí estão em seguro e se multiplicam; e quando estamos necessitados, daí vêm como viria o rendimento de um dinheiro depositado, a luz, a força, o auxílio que carecemos. Sejamos generosos; muito generosos.
Vantagens
Constituímos no céu um representante nosso que em nosso nome adora, louva e glorifica o Senhor.
Constituímos protetores nossos as almas por quem oramos, são Santas, é o que diz Suarez, essas almas caras a Deus. A caridade leva-as a nos amar... e intercederão por nós sem cessar.


Não se Esqueça de seus Antepassados
Não esqueçam de seus parentes, principalmente de seus pais e irmãos. Eles podem estar aguardandosuas orações lá no purgatório.



As Almas Esperam por sua Ajuda
Como são esquecidos os mortos!
A Igreja, querendo que não nos esqueçamos das almas, consagrou um dia inteiro todos os anos à oração pelos finados. Determinou que em todas as missas houvesse uma recomendação e um momento especial pelos mortos. Ela aprova, sustenta e estimula a caridade pelos falecidos.
Como são esquecidos os mortos! Exclamava santo Agostinho! E no entanto acrescenta S. Francisco de Sales, em vida eles nos amavam tanto.
Nos funerais: lágrimas, soluços, flores. Depois, um túmulo e o esquecimento. Morreu... acabou-se!
Se cremos na vida eterna, cremos no purgatório. E se cremos no purgatório, oremos pelos mortos. O purgatório é terrível e bem longo para algumas almas.
S. Francisco de Sales tinha medo de seus admiradores. Essas pessoas, imaginando que depois da minha morte fui logo direto para o céu, me farão sofrer no purgatório.
Santa Tereza pedia: apelo amor de Deus, eu peço a cada pessoa uma Ave-Maria, a fim de Que me ajude a sair do purgatório e apresse a hora em que hei de gozar a vista de Jesus Senhor Nosso”.
O grande Frederico Ozanan, deixou estas linhas: "Não vos deixes levar por aqueles que vos disserem: ele está no céu! Rezai sempre por aquele que muito vos ama, mas que muito pecou. Com o auxílio de vossas orações eu deixarei a terra com menos temor" .Santo Agostinho pede orações pelas almas de Mônica, sua mãe, e todos os leitores de seus livros.

Não canonizemos depressa nossos mortos. Nunca nos descuidemos do sufrágio deles, por que já o fizemos durante algum tempo, ou mandamos :celebrar algumas missas. Ignoramos o rigor da justiça Divina.



quinta-feira, 23 de abril de 2009

Motu proprio Summorum Pontificum.


Sempre foi preocupação dos Sumos Pontífices até o tempo presente, que a Igreja de Cristo ofereça um culto digno à Divina Majestade "para louvor e glória de seu nome" e "para nosso bem e o de toda sua Santa Igreja".

Desde tempos imemoriais até o futuro deve ser respeitado o princípio "segundo o qual cada Igreja particular deve estar de acordo com a Igreja universal não só sobre a doutrina da fé e os sinais sacramentais, mas nos usos universalmente transmitidos pela tradição apostólica contínua. Estes devem manter-se não só para evitar os enganos, mas também para que a fé seja transmitida em sua integridade, já que a regra de oração da Igreja (lex orandi) corresponde a sua regra da fé (lex credendi)." (1)

Entre os Pontífices que expressaram tal preocupação destacam os nomes de São Gregório Magno, quem se preocupou com a transmissão aos novos povos da Europa tanto a fé Católica como os tesouros do culto e a cultura acumulados pelos romanos durante os séculos precedentes. Temos instruções para a forma da Sagrada Liturgia tanto do Sacrifício da Missa como do Ofício Divino tal como eram celebrados na Cidade. Ele fez grandes esforços para promover monges e monjas, que militavam sob a Regra de São Bento, em todo lugar junto com a proclamação do Evangelho para que suas vidas igualmente exemplificassem aquela tão saudável expressão da regra "Nada, pois, antepor-se à Obra de Deus" (capítulo 43). Desta maneira a Sagrada liturgia segundo a maneira romana fez fértil não só a fé e a piedade, mas a cultura de muitos povos. Mais ainda é evidente que a Liturgia Latina em suas diversas formas estimulou a vida espiritual de muitíssimos Santos em cada século da Era Cristã e fortalecido na virtude da religião a tantos povos e fazendo fértil sua piedade.

Entretanto, com o fim que a Sagrada Liturgia possa de modo mais eficaz cumprir com sua missão, muitos outros Romanos Pontífices no curso dos séculos vieram a expressar particular preocupação, entre eles São Pio V é eminente, quem com grande zelo pastoral, segundo a exortação do Concílio de Trento, renovou o culto em toda a Igreja, assegurando a publicação de livros litúrgicos corrigidos e "restaurados segundo as normas dos Pais" e os pôs em uso na Igreja Latina.

É evidente que entre os livros litúrgicos de Rito Romano o Missal Romano é eminente. Nasceu na cidade de Roma e gradualmente ao longo dos séculos tomou formas que são muito similares a aquelas em vigor em recentes gerações.

"Este mesmo objetivo foi açoitado pelos Romanos Pontífices ao longo dos séculos seguintes, assegurando a colocação em dia, definindo os ritos e os livros litúrgicos, e empreendendo, do começo deste século, uma reforma mais geral". (2) Foi desta forma em que atuaram nossos Predecessores Clemente VIII, Urbano VIII, São Pio X (3), Bento XV, Pio XII e o Beato João XXIII.

Mais recentemente, entretanto, o Concílio Vaticano Segundo expressou o desejo de que com o devido respeito e reverência pela divina liturgia esta fora restaurada e adaptada às necessidades de nossa época.

Impulsionado por este desejo, nosso Predecessor o Sumo Pontífice Paulo VI em 1970 aprovou para a liturgia da Igreja Latina livros restaurados e parcialmente renovados, e que ao redor do mundo foram traduzidos em diversas línguas vernáculas, foram acolhidos pelos Bispos e pelos sacerdotes e fiéis. João Paulo II revisou a terceira edição típica do Missal Romano. Desta maneira os Romanos Pontífices atuaram para que "este edifício litúrgico, por assim dizer,...volte outra vez a aparecer esplêndido em sua dignidade e harmonia". (4)

Entretanto, em algumas regiões, um número não pequeno de fiéis estiveram e permanecem aderidos com tão grande amor e afeto às formas litúrgicas prévias, e imbuíram profundamente sua cultura e espírito, que o Sumo Pontífice João Paulo II, movido pela preocupação pastoral por estes fiéis, em 1984 mediante um indulto especial Quattuor abhinc annos, desenhado pela Congregação para a Liturgia Divina, outorgou a faculdade para o uso do Missal Romano publicado por João XXIII em 1962; enquanto que em 1988 João Paulo II uma vez mais, mediante o Motu Proprio Ecclesia Dei, exortou aos Bispos a fazer um uso mais amplo e generoso desta faculdade em favor de todos os fiéis que o solicitem.

Tendo ponderado amplamente os insistentes pedidos destes fiéis a nosso Predecessor João Paulo II, tendo escutado também os Padres do Consistório de Cardeais realizado em 23 de março de 2006, tendo sopesado todos os elementos, invocado o Espírito Santo e pondo nossa confiança no auxílio de Deus, pela presente Carta Apostólica, DECRETAMOS o seguinte:

Art. 1. O Missal Romano promulgado por Paulo VI deve ser considerado como a expressão ordinária da lei da oração (lex orandi) da Igreja Católica de Rito Romano, enquanto que o Missal Romano promulgado por São Pio V e publicado novamente pelo Beato João XXIII como a expressão extraordinária da lei da oração ( lex orandi) e em razão de seu venerável e antigo uso goze da devida honra. Estas duas expressões da lei da oração (lex orandi) da Igreja de maneira nenhuma levam a uma divisão na lei da oração (lex orandi ) da Igreja, pois são dois usos do único Rito Romano.
Portanto, é lícito celebrar o Sacrifício da Missa de acordo com a edição típica do Missal Romano promulgado pelo Beato João XXIII em 1962 e nunca anulado, como a forma extraordinária da Liturgia da Igreja. Estas condições estabelecidas pelos documentos prévios Quattuor abhinc annos e Ecclesia Dei para o uso deste Missal são substituídas pelas seguintes:

Art. 2. Em Missas celebradas sem o povo, qualquer sacerdote de Rito Latino, seja secular ou religioso, pode usar o Missal Romano publicado pelo Beato João XXIII em 1962 ou o Missal Romano promulgado pelo Sumo Pontífice Paulo VI em 1970, qualquer dia exceto no Sagrado Tríduo. Para a celebração segundo um ou outro Missal, um sacerdote não requer de nenhuma permissão, nem da Sé Apostólica nem de seu Ordinário.

Art. 3. Se Comunidades ou Institutos de Vida Consagrada ou Sociedades de Vida Apostólica de direito pontifício ou diocesano desejam ter uma celebração da Santa Missa segundo a edição do Missal Romano promulgado em 1962 em uma celebração conventual ou comunitária em seus próprios oratórios, isto está permitido. Se uma comunidade individual ou todo o Instituto ou Sociedade desejam ter tais celebrações freqüente ou habitualmente ou permanentemente, o assunto deve ser decidido pelos Superiores Maiores segundo as normas da lei e das leis e estatutos particulares.

Art. 4. Com a devida observância da lei, inclusive os fiéis Cristãos que espontaneamente o solicitem, podem ser admitidos à Santa Missa mencionada no art. 2.

Art. 5, § 1. Em paróquias onde um grupo de fiéis aderidos à prévia tradição litúrgica existe de maneira estável, que o pároco aceite seus pedidos para a celebração da Santa Missa de acordo ao rito do Missal Romano publicado em 1962. Que o pároco vigie que o bem destes fiéis esteja harmoniosamente reconciliado com o cuidado pastoral ordinário da paróquia, sob o governo do Bispo e segundo o Canon 392, evitando discórdias e promovendo a unidade de toda a Igreja.

§ 2. A celebração segundo o Missal do Beato João XXIII pode realizar-se durante os dias de semana, enquanto que aos Domingos e dias de festa deve haver só uma destas celebrações.

§ 3. Que o pároco permita celebrações desta forma extraordinária para fiéis ou sacerdotes que o peçam, inclusive em circunstâncias particulares tais como matrimônios, funerais ou celebrações ocasionais, como por exemplo peregrinações.

§ 4. Os sacerdotes que usem o Missal do Beato João XXIII devem ser dignos e não impedidos canonicamente.

§ 5. Nas Igrejas que não são nem paroquiais nem conventuais, é o Reitor da Igreja quem concede a permissão acima mencionada.

Art. 6. Nas Missas celebradas com o povo segundo o Missal do Beato João XXIII, as Leituras podem ser proclamadas inclusive nas línguas vernáculas, utilizando edições que tenham recebido a recognitio da Sé Apostólica.

Art. 7. Onde um grupo de fiéis laicos, mencionados no art. 5§1 não obtém o que solicita do pároco, deve informar ao Bispo diocesano do fato. Ao Bispo lhe solicita seriamente aceder a seu desejo. Se não puder prover este tipo de celebração, que o assunto seja referido à Pontifícia Comissão Ecclesia Dei.

Art. 8. O Bispo que deseje estabelecer provisões para os pedidos dos fiéis laicos deste tipo, mas que por diversas razões se vê impedido de fazê-lo, pode referir o assunto à Pontifícia Comissão "Ecclesia Dei", que deveria proporcionar conselho e ajuda.

Art. 9, § 1. Da mesma forma um pároco pode, uma vez considerados todos os elementos, dar permissão para o uso do ritual mais antigo na administração dos sacramentos do Batismo, Matrimônio, Penitência e Unção dos Enfermos, conforme sugira o bem das almas.

§ 2. Concede-se aos Ordinários a faculdade de celebrar o sacramento da Confirmação utilizando o anterior Missal Romano, conforme sugira o bem das almas.

§ 3. É lícito para sacerdotes em sagradas ordens usar o Breviário Romano promulgado pelo Beato João XXIII em 1962.

Art. 10. É lícito que o Ordinário local, se o considerar oportuno, erija uma paróquia pessoal segundo as normas do Canon 518 para as celebrações segundo a forma anterior do Rito Romano ou nomear um reitor ou capelão, com a devida observância dos requisitos canônicos.

Art. 11. Que a Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, ereta em 1988 por João Paulo II, (5) siga levando adiante sua função. Esta Comissão deve ter a forma, tarefas e normas de ação que o Romano Pontífice deseje atribuir.

Art. 12. A mesma Comissão, em adição às faculdades das que atualmente goza, exercerá a autoridade da Santa Sé para manter a vigilância sobre a observância e aplicação destas disposições.
Tudo o que é decretado por Nós mediante este Motu Proprio, ordenamos que seja assinado e ratificado para ser observado a partir de 14 de Setembro deste ano, festa da Exaltação da Santa Cruz, em que pese a todas as coisas em contrário.

Dado em Roma, junto a São Pedro, em 7 de julho no Ano do Senhor de 2007, Terceiro de nosso Pontificado.
Bento XVI

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*Tradução não-oficial, somente a versão
em latim
pode ser considerada como original



NOTAS
1 Instrução Geral do Missal Romano, terceira edição, 2002, N. 397
2 Papa João Paulo II, Carta Apostólica Vicesimus quintus annus, 4 de Dezembro de 1988, N. 3: AAS 81 (1989) P. 899.
3 Ibidem.
4 O Papa São Pio X, Motu Proprio Abhinc duos annos, 23 de Outubro de 1913: AAS 5 (1913) 449-450; cf. O Papa João Paulo II, Ap. Carta Vicesimus quintus annus, 4 Dezembro de 1988,11. 3: AAS 81 (1989) P. 899.
5 Cf. O Papa João Paulo II, Motu proprio Ecclesia Dei adflicta, 2 de Julho de 1988, N. 6: AAS 80 (1988) P. 1498.





CARTA DO SANTO PADRE
BENTO XVI
AOS BISPOS QUE ACOMPANHA O "MOTU PROPRIO"
SUMMORUM PONTIFICUM
SOBRE O USO DA LITURGIA ROMANA
ANTERIOR À REFORMA REALIZADA EM 1970

Amados Irmãos no Episcopado,
Com grande confiança e esperança, coloco nas vossas mãos de Pastores o texto duma nova Carta Apostólica «Motu Proprio data» sobre o uso da liturgia romana anterior à reforma realizada em 1970. O documento é fruto de longas reflexões, múltiplas consultas e de oração.
Notícias e juízos elaborados sem suficiente informação criaram não pouca confusão. Há reacções muito divergentes entre si que vão de uma entusiasta aceitação até uma férrea oposição a respeito de um projecto cujo conteúdo na realidade não era conhecido.
Contrapunham-se de forma mais directa a este documento dois temores, dos quais me quero ocupar um pouco mais detalhadamente nesta carta.
Em primeiro lugar, há o temor de que seja aqui afectada a autoridade do Concílio Vaticano II e que uma das suas decisões essenciais – a reforma litúrgica – seja posta em dúvida. Tal receio não tem fundamento. A este respeito, é preciso antes de mais afirmar que o Missal publicado por Paulo VI, e reeditado em duas sucessivas edições por João Paulo II, obviamente é e permanece a Forma normal – a Forma ordinária – da Liturgia Eucarística. A última versão do Missale Romanum, anterior ao Concílio, que foi publicada sob a autoridade do Papa João XXIII em 1962 e utilizada durante o Concílio, poderá, por sua vez, ser usada como Forma extraordinária da Celebração Litúrgica. Não é apropriado falar destas duas versões do Missal Romano como se fossem «dois ritos». Trata-se, antes, de um duplo uso do único e mesmo Rito.
Quanto ao uso do Missal de 1962, como Forma extraordinária da Liturgia da Missa, quero chamar a atenção para o facto de que este Missal nunca foi juridicamente ab-rogado e, consequentemente, em princípio sempre continuou permitido. Na altura da introdução do novo Missal, não pareceu necessário emanar normas próprias para um possível uso do Missal anterior. Supôs-se, provavelmente, que se trataria de poucos casos individuais que seriam resolvidos um a um na sua situação concreta. Bem depressa, porém, se constatou que não poucos continuavam fortemente ligados a este uso do Rito Romano que, desde a infância, se lhes tornara familiar. Isto aconteceu sobretudo em países onde o movimento litúrgico tinha dado a muitas pessoas uma formação litúrgica notável e uma profunda e íntima familiaridade com a Forma anterior da Celebração Litúrgica. Todos sabemos que, no movimento guiado pelo Arcebispo Lefebvre, a fidelidade ao Missal antigo apareceu como um sinal distintivo externo; mas as razões da divisão, que então nascia, encontravam-se a maior profundidade. Muitas pessoas, que aceitavam claramente o carácter vinculante do Concílio Vaticano II e que eram fiéis ao Papa e aos Bispos, desejavam contudo reaver também a forma, que lhes era cara, da sagrada Liturgia; isto sucedeu antes de mais porque, em muitos lugares, se celebrava não se atendo de maneira fiel às prescrições do novo Missal, antes consideravam-se como que autorizados ou até obrigados à criatividade, o que levou frequentemente a deformações da Liturgia no limite do suportável. Falo por experiência, porque também eu vivi aquele período com todas as suas expectativas e confusões. E vi como foram profundamente feridas, pelas deformações arbitrárias da Liturgia, pessoas que estavam totalmente radicadas na fé da Igreja.
Por isso, o Papa João Paulo II viu-se obrigado a estabelecer, através do Motu Proprio «Ecclesia Dei» de 2 de Julho de 1988, um quadro normativo para o uso do Missal de 1962, que no entanto não contém prescrições detalhadas, mas fazia apelo, de forma mais geral, à generosidade dos Bispos para com as «justas aspirações» dos fiéis que requeriam este uso do Rito Romano. Naquela altura, o Papa queria assim ajudar sobretudo a Fraternidade São Pio X a encontrar de novo a plena unidade com o Sucessor de Pedro, procurando curar uma ferida que se ia fazendo sentir sempre mais dolorosamente. Até agora, infelizmente, esta reconciliação não se conseguiu; todavia várias comunidades utilizaram com gratidão as possibilidades deste Motu Proprio. Continuava aberta, porém, a difícil questão do uso do Missal de 1962 fora destes grupos, para os quais faltavam precisas normas jurídicas, antes de mais porque, nestes casos, frequentemente os Bispos temiam que a autoridade do Concílio fosse posta em dúvida. Logo a seguir ao Concílio Vaticano II podia-se supor que o pedido do uso do Missal de 1962 se limitasse à geração mais idosa que tinha crescido com ele, mas entretanto vê-se claramente que também pessoas jovens descobrem esta forma litúrgica, sentem-se atraídas por ela e nela encontram uma forma, que lhes resulta particularmente apropriada, de encontro com o Mistério da Santíssima Eucaristia. Surgiu assim a necessidade duma regulamentação jurídica mais clara, que, no tempo do Motu Proprio de 1988, não era previsível; estas Normas pretendem também libertar os Bispos do dever de avaliar sempre de novo como hão-de responder às diversas situações.
Em segundo lugar, nas discussões à volta do esperado Motu Proprio, manifestou-se o temor de que uma possibilidade mais ampla do uso do Missal de 1962 levasse a desordens ou até a divisões nas comunidades paroquiais. Também este receio não me parece realmente fundado. O uso do Missal antigo pressupõe um certo grau de formação litúrgica e o conhecimento da língua latina; e quer uma quer outro não é muito frequente encontrá-los. Por estes pressupostos concretos, já se vê claramente que o novo Missal permanecerá, certamente, a Forma ordinária do Rito Romano, não só porque o diz a normativa jurídica, mas também por causa da situação real em que se encontram as comunidades de fiéis.
É verdade que não faltam exageros e algumas vezes aspectos sociais indevidamente vinculados com a atitude de fiéis ligados à antiga tradição litúrgica latina. A vossa caridade e prudência pastoral hão-de ser estímulo e guia para um aperfeiçoamento. Aliás, as duas Formas do uso do Rito Romano podem enriquecer-se mutuamente: no Missal antigo poderão e deverão ser inseridos novos santos e alguns dos novos prefácios. A Comissão «Ecclesia Dei», em contacto com os diversos entes devotados ao usus antiquior, estudará as possibilidades práticas de o fazer. E, na celebração da Missa segundo o Missal de Paulo VI, poder-se-á manifestar, de maneira mais intensa do que frequentemente tem acontecido até agora, aquela sacralidade que atrai muitos para o uso antigo. A garantia mais segura que há de o Missal de Paulo VI poder unir as comunidades paroquiais e ser amado por elas é celebrar com grande reverência em conformidade com as rubricas; isto torna visível a riqueza espiritual e a profundidade teológica deste Missal.
Cheguei assim à razão positiva que me motivou para actualizar através deste Motu Proprio o de 1988. Trata-se de chegar a uma reconciliação interna no seio da Igreja. Olhando para o passado, para as divisões que no decurso dos séculos dilaceraram o Corpo de Cristo, tem-se continuamente a impressão de que, em momentos críticos quando a divisão estava a nascer, não fora feito o suficiente por parte dos responsáveis da Igreja para manter ou reconquistar a reconciliação e a unidade; fica-se com a impressão de que as omissões na Igreja tenham a sua parte de culpa no facto de tais divisões se terem podido consolidar. Esta sensação do passado impõe-nos hoje uma obrigação: realizar todos os esforços para que todos aqueles que nutrem verdadeiramente o desejo da unidade tenham possibilidades de permanecer nesta unidade ou de encontrá-la de novo. Vem-me à mente uma frase da segunda carta aos Coríntios, quando Paulo escreve: «Falámo-vos com toda a liberdade, ó Coríntios. O nosso coração abriu-se plenamente. Há nele muito lugar para vós, enquanto no vosso não há lugar para nós (…): pagai-nos na mesma moeda, abri também vós largamente o vosso coração» (2 Cor 6, 11-13). É certo que Paulo fala noutro contexto, mas o seu convite pode e deve tocar-nos também a nós, precisamente neste tema. Abramos generosamente o nosso coração e deixemos entrar tudo aquilo a que a própria fé dá espaço.
Não existe qualquer contradição entre uma edição e outra do Missale Romanum. Na história da Liturgia, há crescimento e progresso, mas nenhuma ruptura. Aquilo que para as gerações anteriores era sagrado, permanece sagrado e grande também para nós, e não pode ser de improviso totalmente proibido ou mesmo prejudicial. Faz-nos bem a todos conservar as riquezas que foram crescendo na fé e na oração da Igreja, dando-lhes o justo lugar. Obviamente, para viver a plena comunhão, também os sacerdotes das Comunidades aderentes ao uso antigo não podem, em linha de princípio, excluir a celebração segundo os novos livros. De facto, não seria coerente com o reconhecimento do valor e da santidade do novo rito a exclusão total do mesmo.
Em conclusão, amados Irmãos, tenho a peito sublinhar que as novas normas não diminuem de modo algum a vossa autoridade e responsabilidade sobre a liturgia nem sobre a pastoral dos vossos fiéis. Com efeito, cada Bispo é o moderador da liturgia na própria diocese (cf. Sacrosanctum Concilium, n.º 22: «Sacræ Liturgiæ moderatio ab Ecclesiæ auctoritate unice pendet quæ quidem est apud Apostolicam Sedem et, ad normam iuris, apud Episcopum»).
Por conseguinte, nada se tira à autoridade do Bispo, cuja tarefa, em todo o caso, continuará a ser a de vigiar para que tudo se desenrole em paz e serenidade. Se por hipótese surgisse qualquer problema que o pároco não pudesse resolver, sempre poderia o Ordinário local intervir, mas em plena harmonia com quanto estabelecido pelas novas normas do Motu Propio.
Além disso, convido-vos, amados Irmãos, a elaborar para a Santa Sé um relatório sobre as vossas experiências, três anos depois da entrada em vigor deste Motu Proprio. Se verdadeiramente tiverem surgido sérias dificuldades, poder-se-á procurar meios para lhes dar remédio.
Amados Irmãos, com ânimo grato e confiante, entrego ao vosso coração de Pastores estas páginas e as normas do Motu Proprio. Tenhamos sempre presente as palavras dirigidas pelo Apóstolo Paulo aos anciãos de Éfeso: «Tomai cuidado convosco e com todo o rebanho, do qual o Espírito Santo vos constituiu vigilantes para apascentardes a Igreja de Deus, que Ele adquiriu com o sangue do seu próprio Filho» (Act 20, 28).
Confio à poderosa intercessão de Maria, Mãe da Igreja, estas novas normas e de coração concedo a minha Bênção Apostólica a vós, amados Irmãos, aos párocos das vossas dioceses, e a todos os sacerdotes, vossos colaboradores, como também a todos os vossos fiéis.


Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 7 de Julho de 2007.
BENEDICTUS PP. XVI


quarta-feira, 22 de abril de 2009

Por que a Igreja Católica tem sido tão duramente atacada?




Por Marcos Monteiro Grillo

Que a Igreja Católica, nos últimos anos, tem sofrido uma série de ataques, isso não é novidade alguma. Especialmente por causa da defesa dos princípios e valores morais cristãos, a Igreja tem sido acusada de “ultrapassada”, “retrógrada”, “insensível”, “obtusa” etc. Não obstante, nas últimas semanas temos visto a Igreja Católica no Brasil ser alvo de impropérios ainda mais furiosos. Isso por causa das atitudes de dois Bispos: o Arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Di Cillo Pagotto, e o Arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso Sobrinho. O primeiro por ter suspenso o Pe. Luiz Couto de suas atividades sacerdotais, em razão do referido padre ter manifestado, numa entrevista, ser contrário ao celibato clerical, a favor do uso da camisinha e contra a discriminação aos homossexuais (sendo importante salientar que os ativistas homossexuais costumam classificar como “discriminação” qualquer crítica que se faça ao comportamento homossexual). Já Dom José Cardoso Sobrinho tem sido execrado por ter anunciado a excomunhão dos médicos, familiares e outras pessoas que participaram do aborto de dois bebês gêmeos, filhos de uma menina de 9 anos estuprada pelo padrasto.
Muito já se tem dito sobre as atitudes dos dois Bispos citados, razão pela qual não pretendemos nos alongar comentando-as. O objetivo do presente artigo é propiciar uma reflexão sobre as razões pelas quais esses dois episódios têm causado tanta celeuma e despertado tanto ódio.
Em primeiro lugar, chama-nos a atenção a ignorância daqueles que se apressam em comentar os acontecimentos em questão. No caso de Dom Aldo Pagotto, a grande maioria das pessoas demonstra ignorar completamente o grande significado que o ofício sacerdotal tem na Igreja Católica. Com efeito, a responsabilidade de um sacerdote católico é muito grande. Ao sacerdote compete ministrar os sacramentos da Igreja, os quais foram instituídos pelo próprio Senhor Jesus Cristo para a salvação e crescimento espiritual dos fiéis. Não é à toa que, quando ministra um sacramento, o sacerdote atua in persona Christi, ou seja, ele faz as vezes de Cristo, é como se fosse o próprio Cristo a ministrar o sacramento! Sendo assim, é evidente que o sacerdote deve estar em íntima e perfeita comunhão com a Igreja, de quem recebeu, pelo sacramento da Ordem, o múnus sacerdotal, e isso para que não venha a causar confusão ou escândalo entre os fiéis na sua condição de sacerdote, e para que não exista o risco de que esse sacerdote ministre sacramentos invalidamente. No caso do Pe. Luiz Couto, restou claro que ele não está em perfeita comunhão com a doutrina da Igreja (a qual prevê o celibato clerical, proíbe o uso da camisinha e não hesita em reprovar a prática homossexual como pecaminosa, ainda que tal reprovação seja considerada “discriminação”). É por essa razão, ou seja, pelo fato do Pe. Luiz Couto demonstrar publicamente suas discordâncias com relação à doutrina católica e sua insubordinação à autoridade da Igreja, causando escândalo e outros danos aos fiéis, que Dom Aldo o suspendeu de suas funções sacerdotais. No entanto, nada disso é levado em consideração pelos críticos do Arcebispo da Paraíba. Para tais críticos, Dom Aldo não passa de um “Inquisidor”, um Bispo “insensível” que está “perseguindo” o Pe. Luiz Couto. Não existe a menor preocupação em saber as verdadeiras razões da suspensão do sacerdote, muito menos em conhecer as responsabilidades e os deveres de um Bispo no cuidado do rebanho que lhe foi confiado.
A mesma ignorância ficou patente no episódio envolvendo Dom José Cardoso Sobrinho. Ora, o Arcebispo de Olinda e Recife não excomungou ninguém! Ele apenas tornou pública a pena prevista pelo Código de Direito Canônico vigente para aqueles envolvidos na prática do aborto:
Cân. 1398 – Quem provoca o aborto, seguindo-se o efeito, incorre em excomunhão latae sententiae.”
Em outras palavras, quem colabora na realização de um aborto está automaticamente excomungado, não sendo necessário nenhum processo prévio e nem que alguma autoridade eclesiástica profira a sentença [1]. Essa é a lei da Igreja, e Dom José Sobrinho não fez nada além de torná-la pública. (Obs.: se algum leitor deste artigo envolveu-se, direta ou indiretamente na prática de um aborto, pedimos que, caso não se sinta à vontade para continuar a leitura, vá direto para o último parágrafo, e depois, se assim o desejar, pode voltar e ler o artigo na íntegra.)
Mas, além disso, Dom José Sobrinho também tem sido criticado por pelo menos outros dois motivos: 1) por não ter “excomungado” o estuprador da menina; e 2) por ter dito que o aborto é um pecado mais grave do que o estupro. Ora, com relação à primeira acusação, a verdade é que, como já dissemos, Dom José Sobrinho não excomungou ninguém, mas apenas tornou pública a pena prevista pelo Código de Direito Canônico para pessoas envolvidas na prática do aborto. Além disso, o estupro, embora seja um pecado gravíssimo, não é punível com pena de excomunhão de acordo com a lei da Igreja, o que não quer dizer, de forma alguma, que o estupro é um pecado “tolerado” pela Igreja. A pena de excomunhão para quem pratica o aborto visa proteger a vida humana em seu estágio mais frágil, isto é, proteger o ser humano quando este se encontra totalmente indefeso e inocente. Quanto à segunda acusação, é o caso de perguntarmos: o que é mais grave, um estupro ou a morte de um ser humano? A resposta parece-nos óbvia. E ninguém pode negar que todo aborto significa a morte de um ser humano absolutamente inocente e indefeso.
Mas a ignorância não é o único fator dentre aqueles aos quais podemos atribuir a onda de ódio que tem se abatido sobre a Igreja no Brasil. Podemos destacar, em segundo lugar, o hedonismo, ou seja, a filosofia segundo a qual tudo que importa (ou o que mais importa) é o prazer individual e imediato, filosofia essa que grassa em nossos dias. Sendo assim, tudo que represente um obstáculo a essa busca desenfreada pelo prazer torna-se objeto de repulsa, e essa é uma das razões pelas quais Dom Aldo Pagotto e Dom José Sobrinho passaram a ser vistos com maus olhos pela grande maioria da opinião pública: o primeiro por ter reafirmado a moral católica ao suspender um sacerdote que vinha insistindo em se posicionar ao lado do ativismo homossexual (e, como já dissemos, a moral católica reprova a prática homossexual), devendo-se ressaltar que a moral católica prescreve a vivência da sexualidade de forma responsável, dentro do matrimônio e aberta à vida, princípios que constituem um empecilho a uma experiência mais “livre” da sexualidade; já com relação a Dom José Sobrinho, sua radical e contundente crítica ao aborto (em total consonância com a doutrina da Igreja, diga-se de passagem) não poderia mesmo ser vista de forma positiva numa época em que o aborto de gestações “não planejadas” (ou “indesejadas”) parece algo “normal”, um “direito” da mulher (como se o direito da mulher sobre o seu corpo incluísse a possibilidade de decretar a morte de um ser humano que tivesse a “desventura” de surgir em seu ventre).
Podemos ainda citar, dentre as causas da ira acirrada contra a Igreja Católica nas últimas semanas, o relativismo e o subjetivismo que imperam em nossos dias. Na atualidade, parece só existir uma única verdade absoluta, a saber, que não existem verdades absolutas! Assim sendo, o posicionamento da Igreja Católica seria tão-somente um posicionamento entre outros igualmente “legítimos” e “válidos”, todos “equivalentes”, não podendo a Igreja Católica ter a “pretensão” de deter a verdade sobre o que quer que seja (nem mesmo em matéria de fé e de moral!). Já o subjetivismo pode ser entendido como a idéia de que cada um pode e deve ter a sua própria opinião sobre tudo (mesmo que se ignore completamente o assunto em questão), que a verdade varia de acordo com a percepção de cada um, e que por isso ninguém pode pretender “impor” a sua “opinião” a outrem. Por causa desse relativismo e desse subjetivismo, Dom Aldo e Dom José Sobrinho cometeram “crimes inaceitáveis”, o primeiro por suspender um padre que manifestou publicamente suas opiniões contrárias à doutrina da Igreja (“ora, todo mundo tem o ‘direito’ de expressar suas opiniões sem corre o risco de ser punido por isso!”), e o segundo por anunciar, em conformidade com a lei da Igreja, a excomunhão de pessoas envolvidas numa prática radicalmente condenada pela Igreja (“mas, ora, o aborto deve ser um ‘direito’ que as pessoas possam exercer quando bem entenderem, e a Igreja não tem nada com isso!”).
Destaque-se também a superficialidade que caracteriza os nossos dias. O que vemos atualmente é que a grande maioria das pessoas parece não levar nada muito a sério. Tanto as relações interpessoais quanto as relações com a Igreja e as demais religiões, com as instituições, enfim, tudo parece ser vivido de forma superficial, sem comprometimento, sem seriedade. Por isso soam tão “absurdas” as atitudes de Dom Aldo e de Dom José Sobrinho, que se prendem a “filigranas”, a “dogmas” que não têm espaço nem valor num tempo no mundo de hoje, cujo lema bem poderia ser: “viva e deixe viver”!
Finalmente, dentre as causas da ojeriza da qual a Igreja tem sido alvo nas últimas semanas, citamos o laicismo feroz que tem se difundido em nossos dias, segundo o qual a Igreja não deve se intrometer na vida pública, ou deve se intrometer o mínimo possível. Por isso se tem defendido com veemência o banimento de crucifixos e demais símbolos católicos dos espaços públicos; por isso se tem rechaçado energicamente a intervenção da Igreja na discussão das “políticas públicas” relativas, por exemplo, à legalização do aborto, ao uso das células-tronco embrionárias em pesquisas científicas, à distribuição de camisinhas, à criminalização da “homofobia”, etc. Nesses e em outros assuntos, a ordem é que “Igreja e Estado não devem se misturar”, como se a Igreja Católica, tendo sido fundada há 2.000 anos por Nosso Senhor Jesus Cristo (de quem recebeu a missão de anunciar ao Evangelho, preservar a doutrina e ministrar os sacramentos) e tendo influenciado decisivamente toda a civilização ocidental, não pudesse ter o direito nem a “pretensão” de expressar o seu posicionamento com relação a assuntos de suma importância para os indivíduos e para a sociedade como um todo. Infelizmente, esse laicismo exacerbado é sinal de um afastamento cada vez maior de Deus e do sagrado, num mundo onde as pessoas parecem muito mais preocupadas em “curtir a vida” (por isso também o culto ao corpo e à saúde, e a avidez por mais e mais bens materiais) do que em encontrar o verdadeiro e único sentido da nossa existência: Deus. Também por isso Dom Aldo Pagotto e Dom José Sobrinho tornaram-se pessoas “inconvenientes”. A própria Igreja Católica torna-se a cada dia mais “inconveniente”, e por isso deve calar-se, como devem se calar Dom Aldo Pagotto e Dom José Sobrinho. Mas a Igreja de Cristo jamais se calará, e “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt. 16,18).
Queremos concluir este artigo com uma palavra a todas as pessoas que porventura tenham contribuído, direta ou indiretamente, para realização de um aborto. Não é desejo da Igreja condenar ninguém, nem mandar ninguém para o inferno. A Igreja não deseja que ninguém sofra sob o peso da culpa. A Igreja tem o dever de ser “sal da terra” (Mt 5,13) e “luz do mundo” (Mt 5,14-16), isto é, o dever de indicar à humanidade os modelos a serem seguidos. E tal dever, longe de ser uma “absurda pretensão da Igreja”, é um dever que foi confiado a ela pelo Seu Fundador, Nosso Senhor Jesus Cristo, dever esse ao qual a Igreja jamais se furtará. Não obstante, à Igreja também foi outorgado o poder do perdão e da reconciliação (“Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.” Jo 20, 23). Nosso Senhor Jesus Cristo, por intermédio da Sua Igreja, está pronto a perdoar a todo aquele que estiver sinceramente arrependido. Por isso pedimos a todos os católicos que eventualmente participaram de um aborto que procurem, o quanto antes, um padre que seja reconhecidamente sério, responsável e fiel à doutrina da Igreja (dizemos isso porque, lamentavelmente, nem todos os padres têm essas características), ou mesmo o Bispo de sua Diocese, a fim de confessarem os seus pecados e receberem a graça do perdão e da reconciliação com Deus e com Sua Igreja.

Fonte: Veritatis



O Magistério e o Papa: Quem são eles e o que Fazem.




I. O que é a Verdade? Pergunta feita por Pilatos em João 18,38.

A. A Verdade é uma. Só pode haver uma verdade.

B. 'Verdade' é o oposto de 'erro'.

C. A definição de 'Verdade' é: "o que está de acordo com o fato". É quando a consciência concorda com o intelecto.

D. Jesus Cristo é DEUS e DEUS é a Verdade (João 14,6). DEUS não pode mentir pois é incompatível com Ele, já que Ele É a verdade. Quando Jesus Cristo disse algo, sabemos que é verdade porque ELE disse.


1. DEUS tem nos falado de duas maneiras:


a. Quando Jesus falou com Seus Apóstolos, falou oralmente. Ele não escreveu para eles ou lhes deu um livro para ler. Os Apóstolos falaram as palavras de Jesus Cristo para outros e seus sucessores: os Bispos. Isto é chamado 'Tradição', com 'T' maiúsculo. (...)


b. Ele falou para nós através de Sua palavra escrita: a Sagrada Escritura. Os livros do Novo Testamento não tinham nem sido escritos até começarem a sê-lo por cerca de 48 d.C e terminando em cerca de 100 d.C, muitos anos depois de Jesus Cristo ter sido crucificado (o que se deu em cerca de 33 d.C.). Ficou a cargo dos escritores do Novo Testamento registrar acuradamente, muitos anos depois, sob a inspiração do Espírito Santo, o ensinamento de Jesus Cristo, e basear a maior parte de seus escritos na "Tradição".


Em João 20,30 e 21,25, o Apóstolo diz: "E JESUS FEZ AINDA MUITAS OUTRAS COISAS. Se fossem escritas uma por uma, PENSO QUE NEM O MUNDO INTEIRO PODERIA CONTER OS LIVROS QUE SE DEVERIAM ESCREVER". Isto diz, em termos bem simples, que há dois campos da Palavra Sagrada de DEUS: a Sagrada Escritura e a Sagrada Tradição.


2. A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura, juntas, são conhecidas como "o Depósito da Fé".
II. A Verdade tem que ser preservada...

A. É tarefa de alguém perservar o "Depósito da Fé".

B. Há a necessidade de se preservar a verdade. Em cada nível da sociedade temos líderes e seguidores, alguma forma de governo.

C. A História mostra que nenhuma civilização, país, cidade ou organização durou muito tempo sem haver um governo efetivo para as pessoas seguirem, confiarem e no qual acreditarem. É necessário alguma organização para interpretar, executar e seguir as leis:
1. Os Romanos tinham César e o Senado.
2. Os Estados Unidos têm o Presidente, o Congresso e a Suprema Corte.
3. Os Estado têm o Governador e a Câmara Legislativa.
4. Uma corporação tem um Executivo-Chefe e uma Diretoria.
5. A Igreja Católica tem o Papa, os Bispos e o Magistério.

D. Estes governos fazem regras para todos seguirem. Eles também têm a responsabilidade de protegê-las e executá-las, de maneira ordenada e a seu tempo. Sem ordem há caos.

1. O que aconteceria no país se cada pessoa fizesse o que ELA achasse que era certo e ignorasse os direitos dos outros, e cada uma tivesse a SUA própria lista de regras a seguir, ou nenhuma regra? A civilização, do jeito que a conhecemos, iria se desmoronar:


a. Você percebe que há seitas Cristãs que operam desta maneira? É dito a cada pessoa que deve interpretar a Bíblia, a Palavra de DEUS, por si mesma. O que quer que pareça certo para ela é tudo o que importa. É essencialmente cada um por si. Está política leva ao caos, brigas internas e desunião. Lembre-se do que Jesus Cristo disse: "Toda casa dividida contra si mesmo não pode subsistir." (Mt 12,25).


b. A Bíblia não é um romance. É a Palavra de DEUS. Se você a ler como leria um romance, não tirará muito proveito dela exceto por uma massa confusa. Se você der a um milhão de pessoas uma Bíblia para cada uma e pedir a cada uma para interpretá-la, você obterá um milhão de interpretações diferentes. Em quem você acreditaria? Quem tem a verdade? Conforme já vimos, a "Verdade é Uma". A interpretação de qual pessoa seria a ÚNICA verdadeira?


c. Você iria querer acreditar na interpretação de um homem, cujas credenciais podem ser questionáveis, ou na interpretação coletiva de um grupo de homens com credenciais impecáveis MAIS o Espírito Santo?


2. A Igreja Católica tem o Papa e o Magistério para interpretar, preservar e proteger o "Depósito da Fé" para todos nós:


a. O Magistério consiste do Papa e dos Cardeais e Bispos agindo sob a orientação do Espírito Santo.


b. Eles se reúnem em Concílios e, com a orientação do Espírito Santo, tomam decisões a respeito de matérias importantes a respeito da fé.


3. Por falta de direção, cai um povo; onde há muitos conselheiros, ali haverá salvação (Pr 11,14; 24,6).


4. Os projetos triunfam pelos conselhos (Pr 20,18).


5. A única maneira de conhecermos UMA verdade é aceitar UMA autoridade.

III. Como posso ter certeza de que a verdade está sendo preservada?

A. De todos os escritos desde o início dos tempos, em qual livro podemos confiar como sendo o "Depósito da Fé"?

1. Eu confio na Sagrada Escritura de DEUS. Se você diz isso, deve ser verdade porque o Próprio DEUS disse isso.


2. Se os fatos mencionados acima em II-D-2-a e b, podem ser encontrados na Bíblia, eles têm que ser verdadeiros. Vamos dar uma olhada em alguns versículos...


3. O Magistério...


a. Tem Bispos colocados pelo Espírito Santo para governar a Igreja: "Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de DEUS" (At 20,28).


b. Tem um líder que possui autoridade e supremacia sobre todo o resto: Quando DEUS dava autoridade, Ele mudava o nome da pessoa que a recebia. Abrão foi chamado Abraão em Gn 17,15, quando DEUS o fêz "Pai de uma Multidão de Nações". Sarai foi chamada Sara em Gn 17,15-16 quando DEUS a fez "A Mãe de Nações". Jacó foi chamado de Israel em Gn 32,29, quando DEUS o fez "Pai da nação de Israel". Em Mt 16,18, DEUS trocou o nome de Simão para PEDRO, e lhe disse TU és "PEDRA" e sobre esta "PEDRA" construirei MINHA IGREJA. Mt 16,19, Eu TE darei as CHAVES do REINO dos CÉUS, e tudo o que TU LIGARES na terra será ligado no Céu, e tudo o que TU DESLIGARES na terra será desligado nos céus. Pedro foi o primeiro líder da Igreja e lhe foi dada supremacia e autoridade sobre todos os outros Apóstolos. Lc 22,31-32: "Satanás vos reclamou para VOS PENEIRAR como o trigo. Mas Eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça; e tu, por tua vez, CONFIRMA os teus irmãos. Jo 21,17: Simão, tu Me amas? APASCENTA OS MEUS CORDEIROS". At 1,15: "PEDRO levantou-se no meio dos seus irmãos. At 2,14: PEDRO, pondo-se em pé em companhia dos onze, com voz forte lhes DISSE: "Homens da Judéia, e vós TODOS que habitais em Jerusalém: seja-vos isto conhecido e prestai atenção às MINHAS PALAVRAS". At 15,7: "DEUS ME ESCOLHEU DENTRE VÓS, PARA QUE DA MINHA BOCA OS PAGÃOS OUVISSEM A PALAVRA DO EVANGELHO E CRESSEM". 1Cor 15,5: "E Ele apareceu a CEFAS (primeiro) e EM SEGUIDA aos onze".


c. Reúne-se e discute assuntos: "Reuniram-se os Apóstolos e os anciãos (Bispos conselheiros) para tratar desta questão" (At 15,6).


d. Consultam uns aos outros a respeito da revelação divina: "E subi em consequência de uma revelação. Expus-lhe o Evangelho que prego entre os pagãos" (Gl 2,2).


e. Vota entre eles: "deitaram a sorte entre si" (At 1,26).


f. Define um ensinamento: "Os pagãos têm que ser circuncidados? Temos ouvido que alguns dentre nós vos têm perturbado com palavras, transtornando os vossos espíritos, sem lhes termos dado semelhante incumbência" (At 15,1.24). Não, eles não têm que ser circuncidados.


g. É guiado e ensinado pelo Espírito Santo: "Deste fato nós somos testemunhas, nós e o Espírito Santo, que DEUS deu a todos aqueles que Lhe obedecem" (At 5,32). "Com efeito, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor outro peso além do seguinte indispensável..." (At 15,28). "Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade porque não falará por Si mesmo, mas dirá o que ouvir e anunciar-vos-á AS COISAS QUE VIRÃO. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e VO-LO ANUNCIARÁ. Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse: Há de receber do que é meu, e VO-LO ANUNCIARÁ" (Jo 16,12-15).


h. É a coluna da verdade: "a casa de DEUS, que é a Igreja de DEUS vivo, coluna e sustentáculo da verdade" (1Tm 3,15).


i. É a autoridade docente da Igreja: "ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi" (Mt 28,20).


j. É auto propagador e tem a autoridade: "Não fostes vós que me escolhestes, mas eu VOS escolhi e VOS constituí para que vades e produzais fruto, e o VOSSO fruto PERMANEÇA; Eu assim VOS constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em Meu nome, Ele vos conceda" (Jo 15,16). "Eu lancei o fundamento, mas outro edifica sobre ele..." (1Cor 3,10-11). "se recusa a ouví-los, dize-o à Igreja. E se recusar ouvir também a Igreja, seja ele para ti como um pagão e um publicano... Tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no Céu..." (Mt 18,17-18).


k. Afirma que NÃO deve ser feita 'interpretação privada' da Escritura: "Antes de tudo, sabeis que NENHUMA profecia da Escritura é de interpretação PESSOAL" (*2Pd 1,20).


l. Tem que ser obedecido: "OBEDECEI aos seus SUPERIORES, pois ELES velam por vossas almas e delas devem dar conta" (Hb 13,17).


m. Não pode falhar: "e as portas do inferno NÃO prevalecerão contra ela. Mt 28,20: Eis que estou convosto TODOS os dias, até o fim do mundo" (Mt 16,18).

IV. Revelação, há dois tipos:

A. Pública: o ensinamento de Jesus Cristo, também chamado "Revelação Divina":

1. Não há novas revelações públicas, já que foram encerradas quando o último Apóstolo morreu


2. A única maneira possível de haver nova revelação pública (divina) é o Próprio DEUS vir e proclamá-la.


3. A revelação pública consiste na "Sagrada Escritura" e na "Sagrada Tradição": o "Depósito da Fé".


4. É missão do Papa e do Magistério interpretar, preservar e proteger o "Depósito da Fé" para todos nós.

B. Privada: mensagens recebidas por meio de visão ou locução interior por indivíduos:

1. Nós não devemos nem acreditar nelas nem condená-las, até que a Igreja decida se elas contém verdade ou erro.


2. Nós devemos testar e exercer discernimento sobre elas para ver se vêm de DEUS (1Ts 5,20-21, 1Jo 4,1-6).

V. Referências Bíblicas para este arquivo:

*Gn 17,5.15-16; 32,29, Pr 1,5, Am 3,3, *Mt 16,18; 18,17-18; 28,18-20, Lc 22,24-33, Jo 14,6; 15,16; 16,13; 20,21, Jo 21,15-19, At 1,15.26; 2,14-41, At 5,29.32; 8,27-35, At 10,1-48, At 11,1-18.28;*15,1-28, 1Cr12,28-29; 14,28; 15,5, *Gl 2,2, 1Ts 1,5, 1Tm 3,15, Tt3,1, Hb 13,17, *2Pd 1,20