domingo, 5 de abril de 2015

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Justiça de Israel proíbe barreira em propriedade da Igreja na Cisjordânia.

Extensão de muralha separaria convento e escola de mosteiro e cortaria vinhedo administrado por monges salesianos no vale Cremisan, perto de Belém.
 Suprema Corte de Israel proibiu a construção da barreira da Cisjordânia em uma área próxima a Belém que abriga um monastério e um convento pertencentes à Igreja Católica.
Uma longa campanha movida por palestinos contra a extensão da barreira nessa região chamou até a atenção do papa Francisco.
O governo de Israel queria construir esse trecho da barreira de separação entre Jerusalém e a Cisjordânia no Vale Cremisan, também conhecido por sua beleza natural.
Ao menos 58 famílias cristãs ficariam separadas de sua terra.
"Essa é uma vitória para todos", afirmou o Patriarca de Jerusaém, Fuad Twal. Ele sugeriu que a decisão tem um significado especial por ocorrer na Terra Sagrada, durante a Páscoa.
"Nós vínhamos sofrendo por nove anos porque poderíamos perder nossas terras. Não foi fácil obter essa decisão, por isso agradecemos a Deus".
A construção da barreira começou em 2002, durante a segunda intifada (rebelião palestina), logo após uma onda de atentados suicidas a bomba.
Israel disse que era uma medida essencial de segurança para prevenir ataques.
Contudo, palestinos entendem a medida como uma forma de israelenses tomarem suas terras, porque grande parte da barreira foi construída na Cisjordânia ocupada.
Assentamentos judeus e terras da Cisjordânia ficaram do lado de Israel. Os assentamentos são ilegais perante a lei internacional – mas os israelenses discordam disso.
Proteção
Polêmica sobre construção de barreira no Vale Cremisan se arrastou por nove anos e teve atenção do papa
O Ministério da Defesa de Israel disse que seu objetivo no Vale Cremisan era aumentar a proteção para os assentamentos de Har Gilo e Gilo. Para os israelenses, esses locais são subúrbios de Jerusalém.
Se tivesse sido aprovada, a barreira cortaria um monastério do século 19 e um vinhedo administrado por monges salesianos (que seriam colocados do lado de Jerusalém), além de um convento e uma escola gerida por freiras.
Autoridades israelenses disseram que haveria pontos de acesso entre os dois lados que permitiriam a palestinos acessar suas terras – passando por portões guardados por militares.
Moradores locais costumam cultivar oliveiras e frutas no vale, além de fazer churrascos e caminhadas.
Quando o papa Francisco visitou a Terra Santa no ano passado, ele se encontrou com famílias palestinas da região e prometeu que acompanharia o caso.
A Justiça israelense determinou que o Ministério da Defesa encontre um local alternativo para a construção da barreira – que cause menos problemas para a comunidade local.
O Judiciário decidiu também que as propriedades dos religiosos têm que ficar do lado palestino de uma possível barreira.
Em janeiro, a Suprema Corte suspendeu a construção da barreira de separação em Battir e Belém.
A vila foi reconhecida no ano passado como patrimônio da humanidade pela Unesco, por causa de seus antigos terraços de agricultura e sistemas de irrigação.
Porém, a barreira de separação israelense foi construída ao redor da vila de Al-Walaja, que fica entre o Vale de Cremisan e Battir.