quinta-feira, 11 de março de 2010

Exorcista-chefe da Igreja Católica diz que demônio está no Vaticano.

Escândalos de abuso sexual dentro da Igreja Católica Romana são a prova de que 'o diabo está trabalhando dentro do Vaticano', afirma o ex-exorcista-chefe da igreja Padre Gabriele Amorth, 85 anos.

Amorth já lidou com mais de 70 mil casos de pessoas possuídas pelo diabo e disse que as consequências da 'infiltração satânica' incluiríam disputas pelo poder no Vaticano, assim como 'cardeais que não acreditam em Jesus e bispos ligados ao demônio'.







Don Gabriele Amorth atendeu mais de 70 mil casos de pessoas possuídas pelo diabo

O padre, que recentemente publicou o livro 'Memórias de um Exorcista' (tradução livre para Memoirs of an Exorcist), diz que o atentado ao Papa João Paulo II em 1981 foi um trabalho do diabo, assim como o incidente do Natal de 2009, quando uma mulher com distúrbios mentais se jogou em cima do Papa Bento XVI, derrubando-o no chão.

No passado, disse que Adolf Hitler e Joseph Stalin estavam possuídos pelo diabo e sugeriu que a escritora inglesa J. K. Rowling, autora da série de livros Harry Potter, não soube distinguir magia negra de magia branca.

Em entrevista ao jornal italiano La Repubblica o ex-exorcista explica que o diabo é 'só espírito e invisível. Mas pode se manifestar por blasfêmias, ficar escondido, falar várias línguas e até parecer agradável. Sei que às vezes ele ri de mim', confessa.

Padre Amroth foi presidente de honra da Associação dos Exorcistas entre 1990 e 2000 e hoje está aposentado.


Fonte: Redação CORREIO | Foto: AFP

quarta-feira, 10 de março de 2010

Catequese do Papa Bento XVI: A comunhão mística com Deus. São Boaventura.


Catequese do Papa Bento XVI.

A comunhão mística com Deus. São Boaventura.

10.03.10 – Cidade do vaticano: O Papa continuou a meditar sobre a figura de São Boaventura, sobre o qual havia falado na semana passada, enfocando parte de sua obra literária.

Queridos irmãos e irmãs,


Na semana passada, falei sobre a vida e a personalidade de São Boaventura. Nesta manhã, desejo prosseguir a apresentação enfocando parte de sua obra literária e seu ensino.


Como já disse, São Boaventura, entre os vários méritos, teve o de interpretar autêntica e fielmente a figura de São Francisco de Assis, a quem ele venerou e estudou com grande amor. De modo particular, no tempo de São Boaventura, uma corrente dos Frades Menores, chamada de "espiritual", sustentava que São Francisco havia inaugurado uma fase totalmente nova da história, algo como o "Evangelho eterno", de que fala o Apocalipse, que substituiria o Novo Testamento. Este grupo afirmava que a Igreja já tinha esgotado o seu papel histórico e, dessa forma, deveria ser substituída por uma comunidade carismática de homens livres guiados interiormente pelo Espírito, ou seja, os "franciscanos espirituais".


A base das idéias desse grupo fora escrita nos textos de um abade cisterciense, Joaquim da Fiore, que morreu em 1202. Em suas obras, ele afirmava um ritmo trinitário da história. Ele considerava o Antigo Testamento como a era do Pai, seguida pelo tempo do Filho, o tempo da Igreja. Havia ainda que se esperar pela terceira era, aquela do Espírito Santo. Essa história foi interpretada como uma história de progresso: da severidade do Antigo Testamento para a relativa liberdade do tempo do Filho na Igreja, até a plena liberdade dos Filhos de Deus no período do Espírito Santo, que também seria, finalmente, o período de paz entre os homens, de reconciliação entre os povos e religiões.

Joaquim da Fiore havia suscitado a esperança de que o início do novo tempo viria através de um novo monaquismo. É compreensível, portanto, que um grupo de Franciscanos reconhecesse São Francisco de Assis como o iniciador desse novo tempo e que sua Ordem fosse a comunidade desse novo período - a comunidade do tempo do Espírito Santo, que deixava para trás a hierarquia da Igreja para iniciar a nova Igreja do Espírito, não mais vinculada às antigas estruturas.


Houve, portanto, o risco de um gravíssimo mal-entendido da mensagem de São Francisco, de sua humilde fidelidade ao Evangelho e à Igreja, e este mal-entendido comportava uma visão errônea do cristianismo como um todo.


São Boaventura, que tornou-se Ministro Geral da Ordem Franciscana em 1257, encontrou-se frente a uma grave tensão dentro de sua própria Ordem, precisamente por aqueles que apoiaram a mencionada corrente dos "Franciscanos espirituais", que fora fortemente influenciada por Joaquim da Fiore. Exatamente para responder a esse grupo e restaurar a unidade da Ordem, Boaventura estudou cuidadosamente os escritos autênticos de Joaquim da Fiore e os que lhe eram atribuídos e, tendo em conta a necessidade de apresentar corretamente a figura e a mensagem de seu amado São Francisco, desejou apresentar uma justa visão da teologia da história.


São Boaventura afrontou o problema exatamente em seu último trabalho, um conjunto de conferências para os monges do studio parisiense, que permaneceu inacabado e foi reunido através de transcrições dos ouvintes, intitulado Hexaëmeron, ou seja, uma explicação alegórica dos seis dias da criação.

Os Padres da Igreja consideravam os sete dias da história da criação como uma profecia da história do mundo, da humanidade. Os sete dias representavam, para eles, sete períodos da história, mais tarde interpretados também como sete milênios. Com Cristo, se entraria no final no último período, isto é, o sexto período da história, a que se seguiria o grande sábado de Deus. São Boaventura assumiu esta interpretação histórica da relação com os dia da criação, mas de uma forma muito livre e inovadora. Para ele, dois fenômenos de seu tempo exigiam uma nova interpretação do curso da história:


1. A figura de São Francisco, o homem totalmente unido a Cristo até a comunhão dos estigmas, quase um alter Christus, e, com São Francisco, a nova comunidade criada por ele, diversa do monaquismo até então conhecido;

2. A posição de Joaquim da Fiore, que anunciava um novo monaquismo e um período totalmente novo da história, indo além da revelação do Novo Testamento, e que exigia uma resposta.


Enquanto Ministro Geral dos Franciscanos, São Boaventura havia sofrido com tal concepção espiritualista, inspirada em Joaquim da Fiore. A Ordem não era governável, e andava logicamente rumo à anarquia. Para ele, duas eram as conseqüências:


1. A necessidade prática de estruturas e de inclusão na realidade da Igreja hierárquica, da Igreja real, havia a necessidade de um fundamento teológico;
2. Tendo em conta o realismo necessário, não necessitava perder a novidade da figura de São Francisco.


Da resposta de São Boaventura, elaborada de modo muito sutil, posso oferecer aqui apenas um esboço esquemático e incompleto nos seguintes pontos:


1. São Boaventura rejeita a idéia do ritmo trinitário da história. Deus é um só para toda a história e não pode ser dividido em três divindades. A história é una, mesmo que seja um caminho, e - segundo São Boaventura - um caminho de progresso, como veremos;


2. Jesus Cristo é a última palavra de Deus - n'Ele, Deus disse tudo, dizendo e dando a si mesmo. Mais que ele próprio, Deus não pode dizer, nem dar. O Espírito Santo é o Espírito do Pai e do Filho. O Senhor diz do Espírito Santo: "... vos recordará tudo o que eu vos disse" (Jo 14, 26); "colherá do que é meu e vos anunciará" (Jo 16, 15). Portanto, não há um outro Evangelho superior, não há uma outra Igreja a se esperar. Por isso, também a Ordem de São Francisco deve inserir-se nesta Igreja, na sua fé, no seu ordenamento hierárquico;


3. Isso não significa que a Igreja seja imóvel, fixa no passado, e não possa exercer novidade alguma. "Opera Christi non deficiunt, sed proficiunt" "As obras de Cristo não retrocedem, não são enfraquecidas, mas progridem", disse o Santo na carta De tribus quaestionibus. Assim, São Boaventura formula explicitamente a idéia de progresso, e essa é uma novidade em comparação aos Padres da Igreja e a grande parte de seus contemporâneos.


Até então, o pensamento central que dominava os Padres era apresentado como cume absoluto da teologia: todas as gerações posteriores somente poderiam ser suas discípulas. Também São Boaventura reconhece os Padres como professores para sempre, mas o fenômeno de São Francisco lhe dá a certeza de que a riqueza das palavras de Cristo é inesgotável, e que também entre as novas gerações podem parecer novas luzes. A unicidade de Cristo também nos garante novidade e renovação em todos os períodos.


Claro, a Ordem Franciscana pertence à Igreja de Jesus Cristo, à Igreja apostólica, e não pode ser construída como um espiritualismo utópico. Mas, ao mesmo tempo, é válida a novidade de tal Ordem no confronto com o monaquismo tradicional, e São Boaventura - como disse na catequese anterior - defendeu tal novidade dos ataques do clero secular de Paris: os Franciscanos não tinham um monastério fixo, podiam estar presentes em todos os lugares para anunciar o Evangelho. Apenas a ruptura com a estabilidade, característica do monaquismo, em favor de uma nova flexibilidade, restitui à Igreja o dinamismo missionário.


Nesse ponto, talvez seja útil dizer que também hoje existem visões segundo as quais toda a história da Igreja no segundo milênio teria sido um declínio permanente; alguns vêem o declínio subitamente após o Novo Testamento. Na verdade, "Opera Christi non deficiunt, sed proficiunt" "As obras de Cristo não retrocedem, não são enfraquecidas, mas progridem".

O que seria a Igreja sem a nova espiritualidade dos Cistercienses, dos Franciscanos e Dominicanos, da espiritualidade de Santa Teresa de Ávila e de São João da Cruz, e assim por diante? Também hoje vale afirmar: "Opera Christi non deficiunt, sed proficiunt", ide avante. São Boaventura nos ensina, pelo exemplo, o discernimento necessário, por vezes severo, do realismo sóbrio e da abertura a novos carismas doados por Cristo, no Espírito Santo, à sua Igreja. E, enquanto se repete essa idéia de declínio, há também uma outra, esta utopismo espiritualístico que se repete.

Nós sabemos como, depois do Concílio Vaticano II, alguns estavam convencidos de que tudo é novo, que há uma outra Igreja, que a Igreja pré-conciliar é finita e teríamos outra, totalmente diferente. Um utopismo anárquico e, graças a Deus, os sábios timoneiros da barca de Pedro - Papa Paulo VI, Papa João Paulo II - defenderam, por um lado, a novidade do Concílio e, ao mesmo tempo, a unicidade e continuidade da Igreja, que é sempre Igreja de pecadores e sempre um lugar de graça;


4. Neste sentido, São Boaventura, como Ministro Geral dos Franciscanos, tomou uma linha de governo na qual ficou clara que a nova Ordem não podia, como comunidade, viver o mesmo "nível escatológica" de São Francisco, em que ele vê antecipadamente o mundo futuro, mas - guiada, ao mesmo tempo, de um são realismo e de coragem espiritual - devia aproximar-se o mais possível da realização máxima do Sermão da Montanha, que, para São Francisco, foi a regra, tendo em conta as limitações do homem, marcado pelo pecado original.


A obra de São Boaventura, o Itinerarium mentis in Deum, é um "manual" de contemplação mística. Ele foi concebido em um cenário de profunda espiritualidade: o monte Alverne, onde São Francisco recebeu os estigmas. Na introdução, o autor explica as circunstâncias que deram origem a este escrito: "Enquanto meditava sobre a possibilidade de a alma ascender a Deus, me foi apresentado, pormenorizadamente, aquele evento maravilhoso que aconteceu com o beato Francisco, isto é, a visão do Serafim alado sob a forma de um Crucifixo. E, meditando sobre isso, imediatamente percebi que tal visão me oferecia a êxtase contemplativa do mesmo Pai Francisco e também o caminho que conduz a ela" (Itinerario della mente in Dio, Prologo, 2, em Opere di San Bonaventura. Opuscoli Teologici /1, Roma 1993, p. 499).


As seis asas do Serafim tornam-se, assim, o símbolo das seis etapas que conduzem progressivamente o homem ao conhecimento de Deus através da observação do mundo e suas criaturas, e através da exploração da própria alma com as suas capacidades, até chegar à união compensadora com a Santíssima Trindade, através de Cristo, à imitação de Francisco de Assis.

As últimas palavras do Itinerarium de São Boaventura, que respondem à pergunta sobre como atingir essa comunhão mística com Deus, deveriam ser colocadas nas profundezas do coração: "Se agora deseja saber como isso acontece, - a comunhão mística com Deus - solicita a graça, não a doutrina; o desejo, não o intelecto; os gemidos da oração, e não o estudo da carta; o esposo, não o mestre; Deus, não o homem; a escuridão, não a clareza; não a luz, mas o fogo que tudo inflama e transporta em Deus com a forte unção e ardentíssimo afeto [...] Entremos, pois, na névoa, acalmemos as preocupações, paixões e fantasias; passemos, com Cristo Crucificado, desse mundo ao Pai, a fim de que, após tê-lo visto, digamos com Felipe: isso me basta" (Ibid., VII, 6).


Caros amigos, acolhamos o convite feito por São Boaventura, o Doutor Seráfico, e entremos na escola do Divino Mestre: escutemos a sua Palavra de vida e de verdade, que ressoa nas profundezas da nossa alma. Purifiquemos os nossos pensamentos e as nossas ações, para que Ele possa habitar em nós, e nós possamos compreender a sua voz divina, que nos atrai para a verdadeira felicidade.

Fonte: Boletim da sala de imprensa da Santa Sé.

terça-feira, 9 de março de 2010

Papa Bento XVI


PAPA BENTO XVI.

JESUS É SEVERO CONOSCO
PORQUE SE PREOCUPA COM O NOSSO BEM,
COM NOSSA FELICIDADE E SALVAÇÃO.

07.03.10: Cidade do Vaticano - Na manhã deste domingo, Bento XVI fez uma visita pastoral à Paróquia romana de São João da Cruz – no bairro ‘Castel Giubileo’, zona norte da capital italiana, e celebrou a santa missa com os fiéis. À sua chegada, o Papa foi muito aplaudido e recebido pelo Cardeal Agostino Vallini, seu vigário para a Diocese de Roma.

Antes de entrar na igreja para a celebração da missa, Bento XVI deteve-se junto aos moradores do bairro que o esperavam. Sorridente e paterno, cumprimentou os paroquianos, reservando a cada um a sua palavra de saudação. Este é um bairro relativamente novo, criado há 25 anos, e há 21, a paróquia conta com a assistência pastoral do atual pároco, Padre Enrico Gemma.

O papa iniciou sua homilia a partir do convite à conversão e à realização de obras de penitência, tema da aclamação ao Evangelho deste III Domingo de Quaresma. O pontífice explicou que cada um de nós é convidado por Deus a dar uma ‘guinada’ na própria existência, a pensar e viver segundo o Evangelho corrigindo alguma coisa em nosso modo de rezar, de agir e de trabalhar; em nosso relacionamento com os outros. Jesus é severo conosco porque se preocupa com o nosso bem, com a nossa felicidade e salvação. O papa recordou que para atendê-lo, devemos fazer um esforço interior pedindo-lhe que nos faça entender em que aspectos, de modo particular, devemos nos converter.

A respeito da penitência, Bento XVI recordou que os fiéis devem “fazer-se missionários na sociedade, sem aguardar que outros venham trazer outras mensagens, que não conduzem à vida”.

Bento XVI elogiou o compromisso apostólico da comunidade, especialmente dedicado à catequese e à liturgia. Grupos de fiéis se reúnem para rezar, formar-se na escola do Evangelho, participar dos Sacramentos e viver a caridade, dimensão essencial da vida cristã.

O papa agradeceu também às pessoas que contribuem para a animação das celebrações litúrgicas; a Caritas paroquial e o grupo de Santo Egídio, que vão ao encontro das exigências do território, atendendo especialmente aos mais pobres e carentes. Neste sentido, Bento XVI destacou:

“A Igreja precisa mudar de mentalidade em relação aos leigos, deixando de considerá-los ‘colaboradores’ do clero e reconhecendo-os realmente como co-responsáveis do ser e agir da Igreja e favorecendo, por conseguinte, a promoção de um laicato mais maduro e engajado”.

Bento XVI parabenizou esta jovem paróquia, que sempre se abriu aos Movimentos e Comunidades eclesiais, vivenciando novas formas de evangelização, e convidou os fiéis a envolver todas as realidades presentes num único projeto pastoral.

Ainda em sua homilia, o papa incentivou os paroquianos a praticarem a pastoral vocacional de modo capilar e orgânico, através da educação das famílias e dos jovens à oração e a viver a vida como um dom que provém de Deus.

Concluindo, exortou todos a viver, pessoal e comunitariamente, em perene conversão, para sermos no mundo constante epifania, testemunhas do Deus vivo, que por amor, liberta e salva.

Fonte: Rádio Vaticano.

quinta-feira, 4 de março de 2010

O materialismo da Campanha da Fraternidade.


Ano passado, eu escrevi um post no blog Deus lo Vult! onde eram apresentadas algumas estatísticas sobre o texto-base da Campanha da Fraternidade de então. Este ano, agora que a CNBB disponibilizou a versão eletrônica do texto base da CF/2010, eu posso fazer a mesma coisa.
As oitenta páginas do referido documento podem ser baixadas aqui, no site da CNBB. Ao contrário de certas análises de conjunturas que andam circulando internet afora, até onde me conste este é um documento oficial da Conferência, sim.
Eis aqui as estatísticas. A metodologia utilizada é trivial: a caixa de pesquisa do Acrobat Reader. Quando as expressões aparecem “puras”, é porque a busca foi feita por elas ipsis litteris; quando aparece “e derivados”, é porque consultei pelo radical (p. ex., ‘arrepend’, o que engloba tanto ‘arrependimento’ quanto as formas verbais ‘arrependei-vos’, ‘arrependi-me’, ‘arrepender’, etc.).
Os resultados são os seguintes: