sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Tomismo: O que é Tomista?

A Escola Tomista: definição, critério, cronologia e futuro do Tomismo.

1. O que é Tomista?

A palavra Tomista serve para designar pessoas ou doutrinas que se inspiraram ou se inspiram no Tomismo. Por Tomismo entende-se todo o sistema filosófico-teológico de São Tomás de Aquino. Em síntese, Tomistas são os que seguem o pensamento de São Tomás ou alguma de suas doutrinas.

2. Quem é Tomista?

São considerados tomistas não somente os que comentaram ou defenderam tal pensamento senão, também, os que o divulgaram e o apresentaram. São formas de divulgação e apresentação a tradução e a exposição.

3. Qual critério para ser tomista?

Não raro alguns autores edificaram suas doutrinas inovadoras inspiradas nalguma tese tomista. São estes também tomistas? Qual o critério para ser tomista? Existe um critério específico para dizer-se tomista? Podemos responder tais perguntas dizendo que os critérios são conhecimento e fidelidade ao pensamento de Tomás de Aquino. O conhecimento e a fidelidade não anulam a originalidade de interpretação de alguma tese, conquanto não a distorça, mal interprete ou a negue. Portanto, o conhecimento exige estudo, entrega, superação das dúvidas e compreensão; e a fidelidade a honestidade, compromisso e veracidade de utilizá-lo no contexto devido, segundo o seu sentido dado por Tomás. Neste sentido, o pensamento de Tomás é fonte de inspiração para novas teses.


4. Poderia alguém pensar ser o pensamento de Tomás de Aquino fonte do ecletismo ou da livre interpretação?

Não! O ecletismo se diz da doutrina que se serve de teses e argumentos de diversas filosofias para formular um sistema ou visão de mundo abrangedora. Ao ecletismo seguem, muitas vezes, posturas contraditórias, inconsiliáveis em si mesmas: como, por exemplo, conciliar a tese fundamental do materialismo com a do tomismo? Portanto, o pensamento tomista não se presta facilmente à posturas ecléticas. Do mesmo modo, por tomista não se deve entender aquele que dá livre interpretação ao pensamento de Tomás de Aquino. A livre interpretação é expressão, não raro, de postura relativista. O relativista reduz a interpretação da doutrina que faz às suas convicções. A interpretação deve respeitar a doutrina que analisa, sendo fiel ao seu significado e princípios, ainda que dela extraia novos significados. Portanto, o conhecimento e a fidelidade ao pensamento que se comenta, defende, traduz, interpreta e defende são fundamentais. O mesmo vale para os críticos de Tomás de Aquino, pois uma crítica se torna equivocada quando se pauta sobre uma interpretação não menos equivocada. Tanto para defendê-lo, quanto para criticá-lo, exigi-se um mergulho em seu oceano filosófico-teológico, pois somente assim descobrimos sua profundidade.

5. O tomismo formou Escola?

Sim! A Escola Tomista composta ao longo da História do Pensamento de Tomás de Aquino por todos aqueles que o seguiram, comentando, defendendo, divulgando, apresentando, expondo, traduzindo e interpretando o seu pensamento.

6. Como se desenvolveu a Escola Tomista?

Basicamente em quatro etapas compreendidas entre os séculos XIII e XXI. Os mais importantes representantes serão apresentados brevemente numa bio-bibliografia, nos links propostos.

[A] Primeira Etapa: denominada de clássica e que abrange o período entre os séculos XIII-XV, cuja atitude é a de defesa do tomismo frente às suas oposições: No séc. XIII: Thomas de Cantimpré (1270); Hugo de São Vitor (1263); Vincente de Bauvais (1264); São Raimundo de Peñafort (1275); Pedro de Tarantasia (Papa Inocêncio V- 1276); Giles de Lassines (1278); Reginaldo de Piperno (1279); Guilherme de Moerbeke (1286); Raimundo Marti (1286); Bernardo de Trilia (1292); Bernardo de Hotun, Bisbo de Dublin (1298); Teodorico de Apoldia (1299).

Principais destaques: Egidio Romano [1243-1316] com a obra Theoremata de esse et essentia, onde resgata e defende a tese do ser e da essência de Tomás; Godofredo de Fontaines [1250-1309], com sua obra Quodlibet; Jaime de Viterbo [1255-1308] com a obra Disputatio Prima de Quodlibet; João Quidort [1306]; Herveo Natal [1250-1323], com o seu Quodlibeta; Pedro de Alvérnia [1303] com o seu Quodlibet e Tomás de Sutton [1300] com o seu Quodlibet.

No século XIV: Nicholas Boccasini, Bento XI (1304); Gerard de Bologna, Carmelite (1317); quatro biógrafos, Pedro Calo (1310); Guilherme de Tocco (1324); Bartolomeu de Lucca (1327); Bernardo Guidonis (1331); Dante (1321); Pedro de Palude (Paludanusi, 1342); Tomás Bradwardin, Arcebispo de Canterbury (1349); Roberto Holkott (1349); João Tauler (1361); Bl. Henrique Suso (1365); Tomás de Strasburg, O.S.A. (1357); Jacobus Passavante (1357); Nicolas Roselli (1362); Durandus de Aurillac (1382); João Bromyard (1390); Nicolas Eymeric (1399).

Principais destaques: João Capreolo [1380-1444], chamado Princeps thomistarum - autor da obra Defensiones Theologiae Divi Thomae Aquinatis; que defende as principais teses teológicas de Tomás de Aquino: sobre os anjos, sobre a pessoa, sobre a encarnação etc; São Vicente Ferrer [1350-1419].

No séc. XV: Manuel Calecas (1410); João Dominici (1419); João Gerson (1429); Luis de Valladolid (1436); Raimundo Sabunde (1437); João Nieder (1437); João de Montenegro (1445); Fra Angelico (1455); St. Antoninus (1459); Bessarion, Basilian (1472); Alanus de Rupe (1475); João Faber (1477); Jerônimo Savonarola (1498).

Principais destaques: Pedro Niger [1471] com a sua obra Clypeus Thomistarum; Pedro de Bérgamo [1482] com o seu Index ou Tabula Aurea; Paulo Soncinas [1494] com a sua obra Quaestiones metaphysicales.

[B] Segunda Etapa: denominada de pós-clássica e abrange o período entre meados do século XV e fins do século XVI, cuja atitude é a de comentar a obra de Tomás de Aquino: Conrado Koellin [1476-1536]; Francisco de Vitória [1492-1546]; Domingo de Soto [1495-1560]; Bartolomeu de Medina [1528-1580]; Rafael Ripa [1611].

Principais destaques: Francisco Ferrariense [1474-1528] com o seu comentário da Summa Contra Gentiles; Tomás de Vio Caetano [1469-1534] com o seu comentário da Summa Theologiae; Crisóstomo Javelli [1472-1538] com o seu comentário da Summa Theologiae; Domingo Báñez [1528-1604] com a sua Expositio super tractactum de Trinitate; e João Paulo Nazário [1556-1641] com o seu Commentaria et controversia in primam partem Summae.

[C] Terceira Etapa: denominada de mediana e abrange o período entre meados do século XVI a fins do século XVIII, cuja atitude é a de disputa: No séc. XVI-XVII: Valentia (1603); Domingo Baflez (1604); Vásquez (1604); Bartolomeu de Ledesma (1604); Sánchez (1610); Baronius (1607); Capponi a Porrecta (1614); Aur. Menochio (1615); Pedro de Ledesma (1616); Suárez (1617); Du Perron, cardinal (1618); Bellarmino (1621); São Francisco de Sales (1622); Jerônimo de Medices (1622); Lessius (1623); Becanus (1624); Malvenda (1628); Tomás de Lemos (1629); Alvarez; Laymann (1635); João Wiggers (1639); Gravina (1643); Serra (1647); Ripalda (1648); Sylvius (Du Bois) (1649); Petavius (1652); Goar (1625); Estevão Menochio (1655); Francisco Pignatelli (1656); De Lugo (1660); Bollandus (1665); Jammy (1665); Vallgornera (1665); Labbe (1667); Pallavicini (1667); Busenbaum (1668); Nicolni (1673); Contenson (1674); Jac. Pignatelli (1675); Passerini (1677); Gonet (1681); Bancel (1685); Thomassin (1695); Goudin (1695); Sfrondati (1696); Quetif (1698); Rocaberti (1699); Casanate (1700). No séc. XVII-XVIII: Guerinois (1703); Bossuet, Bisbo de Meaux; Norisins, O.S.A. (1704); Diana (1705); Thyrsus González (1705); Massoulié (1706); Du hamel (1706); Wigandt (1708); Piny (1709); Lacroix (1714); Carrieres (1717); Natalis Alexander (1724); Echard (1724); Tourney (1729); Livarius de Meyer (1730); Benedict XIII (1730); Graveson (1733); Th. du Jardin (1733); Hyacintha Serry (1738); Duplessis d'Argentré (1740); Gotti (1742); Drouin (1742); Antoine (1743); Lallemant (1748); Milante (1749); Preingue (1752); Concina (1759); Billuart (1757); Benedict XIV (1758); Cuiliati (1759); Orsi (1761); Charlevoix (1761); Reuter (1762); Baumgartner (1764); Berti (1766); Patuzzi (1769); De Rubeis (1775); Touron (1775); Thomas de Burgo (1776); Gener (1781); Roselli (1783); St. Aiphonsus Liguori (1787); Mamachi (1792); Richard (1794).

Principais destaques: João de Santo Tomás [1589-1644] com o seu Cursus Philosophicus Thomisticus; Carlos María Renato Billuart [1685-1757] com a sua obra Summa s. Thomae hodiernis academiarum moribus accommodata e os Tomistas de Salamanca com o seu Cursus Salmaticensis.

[D] Quarta Etapa: denominada de neotomismo e abrange o período do século XIX-XX, cuja atitude é a de retorno ao Tomismo:

Principais destaques: Papa Leão XIII [1879] com a encíclica Aeternis Patris; Cardeal Mercier [1851-1926]; Pedro Mandonnet [1858-1936]; Enrique Denifle [1844-1905]; Dominique Chenu [1895-1990]; Santiago Ramirez [1891-1967]; Eduardo Hugon [1867-1929]; Joseph Gredt [1863-1940] Garrigou-Lagrange [1877-1964]; Jacques Maritain [1882-1973]; Etienne Gilson [1884-1978]; Pe. Penido [1895-1970]; Cornélio Fabro [1911-1995]; Gardeil [1859-1931] Gallus Manser [1866-1950]; Martin Grabmann [1875-1949]; Sertillanges [1863-1948]; Paul Geiger [1880-1945]; Octavio Derisi [1907-2002]; Joseph Pieper [1904-1997]; Lud wig Schütz [1838-1901]; Edith Stein [1891-1942]; Joseph Maria Bochenski [1992-1995]; Roy Deferrari [1890-1969]; Roberto Busa [1913-]; Odilão Moura OSB [1918-]; Estevão Bettencourt OSB [1919-...]; Papa João Paulo II [1920-2005]; Battista Mondin [1926-...]; Leo J. Elders svd [1926]; Jean-Pierre Torrell [1927-...]

O Papa João Paulo II [1920-2005] inaugurou e revigorou com a encíclica Fides et Ratio de 14 de Setembro de 1998, uma nova etapa do Tomismo para o terceiro milênio que se inicia. Este penhor já se nota crescente nos ambientes acadêmicos e esperamos que possa crescer ainda mais.

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Um comentário:

  1. Ola, gostaria de saber se tem como disponibilizar este CD Banda Sso Rafael - Nada Temas novamente, preciso muito. Obrigado!

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