terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Santa Francisca Xavéria Cabrini - 22 de Dezembro

Em Santo Ângelo, lodigiano pequena cidade lombarda, nascia a 15 de Julho de 1850, a penúltima dos onze filhos e um casal, em que se personalizava toda uma tradição secular de religiosidade e virtudes cristãs: Agostinho Cabrini e Stela Oldini. Batizada no mesmo dia, foi dado à criança o nome Maria Francisca, nome ao qual ela mesma mais tarde, por devoção ao grande apóstolo das índias acrescentou o de Xavéria, Na casa paterna madrugava essa alma privilegiada para a vida espiritual e santa. Tinha diante de si dois livros, inspiradores de santidade: o livro da vida dos Santos e o livro do exemplo vivo de uma família lidimamente cristã, sobretudo a piedade insinuante de sua irmã Rosa, que muito influiu na sua formação e na sua vocação religiosa.
Com 6 anos de idade fez sua primeira confissão, e grande já era seu anelo ao Santíssimo Sacramento e à santa comunhão. Este desejo teve sua satisfação dois anos depois, quando no mesmo dia, 1.° de Agosto de 1858 recebeu dois sacramentos: o da Santíssima Eucaristia e o da Confirmação. Desde então aparece quase visível e palpitante a ação do Espírito Santo na alma infantil, preparando-a gradativamente para a elevada missão, que lhe estava reservada nos desígnios da Divina Providência.
Não deve ficar sem menção a providencial assistência e direção espiritual, que durante todo o tempo de sua juventude experimentou de excelentes sacerdotes.
Menina ainda de 11 anos, tendo para isto a aprovação do confessor, fez o voto da virgindade, que, com maior madureza e reflexão, os dezoito anos vieram confirmar.
O seu espírito de fé, sem vacilação ou incertezas, era capaz de transportar montanhas. A sua esperança em Deus era tão perfeita e tão grande, que não conhecia desfalecimentos. Por lema tomou as palavras de São Paulo, e sem presunção nem orgulho, mas com uma esplêndida confiança no futuro, vaticinava: Com Deus farei coisas grandiosas.
Ao esplendor destas virtudes juntou as demais, que vieram a constituir o seu patrimônio especial, virtudes estas que o mundo desaparecia, mas que as criaturas espirituais julgam indispensáveis e as inscrevem no programa da sua vida e de sua ação: a obediência, a mortificação, a renuncia, o sacrifício.
Deus mesmo se incumbiu de prepará-lo para a grande Missão que havia de executar para sua maior glória e a salvação de tantas alma. Quis Ele que fossem rompendo um por um os laços que a prendiam aos afetos puros da família, vendo arrebatados pela morte quase todos os seus caros, sobretudo no trágico ano de 1870, em que no espaço de 11 meses o desaparecimento de pai e mãe a veio ferir em cheio nos seus sentimentos filiais. E ei-la de corpo e alma entregue à tarefa, e no encalço do seu ideal.
Aluna que foi das Religiosas Filhas do Sagrado Coração de Jesus, no colégio das mesmas tirou a patente de professora. Matéria de sua predileção era a geografia. Assim a sua fantasia muitas e muitas vezes se pôs em contato com os países da longínqua Ásia mergulhados nas trevas do paganismo. O instinto missionário, bem pronunciado em sua alma, fortalecido ainda pela leitura das interessantes brochuras dos Anais da Propaganda da Fé, fez na sua alma surgir a idéia e o desejo de entrar para uma comunidade religiosa missionária.
Só seis anos depois pôde executar este propósito, devido este retardamento às insistências do pároco, que não achava quem a pudesse substituir no ensino escolar e nas obras de caridade na paróquia.
Quando, passado este período, como humilde e esperançosa postulante foi bater nas portas de dois conventos, pedindo admissão, teve a decepção, de não ser aceita. O seu exterior frágil, a sua natureza pouco resistente aos rigores de uma vida austera vívida em comum, a ordem dos seus diretores de consciência, que pretendiam reter entre eles um elemento tão precioso e um auxiliar inestimável para o ministério, criaram barreiras intransponíveis à realização de desejos tão santos e de vocação tão decidida.
Assim a Bem-aventurada chegara a 30 anos de idade e já era tempo de começar a sua tarefa de apostolado. De apóstola e enviada de Deus ela teve todos os predicados: Primeiro a missão. O que ela ia fazer, não era uma fantasia nem uma aventura. Duas grandes vozes se fizeram ouvir no limiar de sua nova vida: uma definindo o sentido de sua vocação; outra delimitando o campo de sua atividade: Monsenhor Gelmini, Bispo de Lodi e Leão XIII e grande Papa.
Da autoridade diocesana, já capacitada do seu valor, recebeu em forma de conselho, a quase ordem: “Filha, tu queres ser missionária: não há ainda um Instituto desse gênero; funda um”.
Quanto ao Papa Leão, ele a esclarece sobre o roteiro que ela passa a seguir sem hesitação, consubstanciados nestas palavras: “Não o Oriente, mas o Ocidente.
Diante do imperativo peremptório do Pai Supremo da cristandade, que lhe aponta uma outra terra, virgem e opulenta, onde a pátria italiana se prolonga, através do mar nessas levas ininterruptas da corrente emigratória, necessitadas de solidariedade, de conforto e de assistência espiritual, se esvaem como fumo ao vento os projetos de catequese extenuante e quiçá de horroroso martírio na China.
Cinqüenta anos já havia, que milhares de italianos, em correntes contínuas, deixaram sua pátria em demanda de terras novas, nas plagas da América do Norte.
Lastimáveis criaturas, que eram, desembarcando no Cães, de Nova York e outras grandes cidades, para recomeçar a vida, ignorando o idioma, alheios aos costumes, incertos do dia de amanhã, privados do conforto religioso de suas cidades e de suas aldeias!
Foi esse o espetáculo impressionante que tanto comoveu a grande figura do Episcopado italiano, Monsenhor Scalabrini, que em boa hora lançou mão de alguns sacerdotes de zelo reunidos em congregação, que seriam os sacerdotes dos emigrantes, obra que Leão XIII tanto amou e abençoou.
Que seria, porém, de instituição tão grandiosa, se ao seu lado não colaborasse a mulher, vinculada pelos votos da Religião e engrandecida pela vida de dedicação e de sacrifício?
Pois foi essa América, que viu dentro em breve a presença em seu território da Bem-aventurada Madre Cabrini com suas filhas.
Madre Cabrini, sem perder o cunho próprio de sua personalidade latina e religiosa, admiravelmente se aclimou à civilização americana, estabelecendo assim as condições indispensáveis para um apostolado missionário, que de fato, em grande ambiente exercitou entre os emigrantes seus patrícios.
Os dois “Columbus — Hospital” em Chicago e Nova York são as suas primeiras criações em terras yankees. Frutos da sua atividade incansável são as fundações em São Francisco, Los Angeles, Nova Orleans e em outras cidades da América do Norte.
O seu apostolado não se restringiu às famílias dos emigrantes italianos. De corpo e alma a missionária se fez educadora, dedicando-se com todo fervor à formação cristã da mocidade americana.
Depois, continuando sua peregrinação, passou para a América Central, ali deixando a próspera fundação em Nicarágua. Atravessou o istmo do Panamá: costeou o Pacífico, visitando suas repúblicas; passou por Chile; em Buenos Aires fundou o Colégio Santa Rosa.
Em 1908 chegou ao Rio de Janeiro, onde, de sua permanência ficou uma lembrança duradoura no educandário modelo, que é até hoje o Colégio “Regina Coeli”.
É este, em poucos traços o percurso da vida da Santa Francisca Xaveria Cabrini, da grande missionária que Deus deu aos nossos tempos.
Já em 1881 as Constituições do Instituto por ela fundado, recebeu a aprovação diocesana, e já antes da aprovação pela Igreja, em 1907, a Fundação já se irradiava.
O total das casas fundadas pela Madre Cabrini perfazia o número 67: três na Itália, outras na França e nas três Américas.
Cerca de trinta vezes atravessou o Oceano, com o único interesse de descobrir e ganhar almas para Deus. “Senhor, fazei o meu coração grande como o mundo”, era a sua súplica.
Virtudes, trabalhos, escritos encheram toda uma vida que durou 67 anos e que se extinguiu, como o lume de uma lâmpada a 22 de Dezembro de 1917 na cidade de Chicago.
A cidade toda tomou parte no luto; mas era a voz geral, que dizia: “Morreu uma Santa”. Seus restos mortais mais tarde foram transladados para Nova York. Em 1931 começou em Roma o processo de beatificação. Esta teve lugar em 13 de Novembro de 1938. 8 anos depois, em 7 de Julho, o Papa Pio XII fez inserir o nome Francisca Xavéria Cabrini no catálogo dos Santos da Igreja.





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