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No avião, voando de Roma a Lisboa, na manhã de terça Feira, 11 de maio, foi perguntado a Bento XVI se a mensagem de Fátima pode ser estendida, mais além do que o atentado a João Paulo II, também a outros sofrimentos dos Papas e aos sofrimentos da Igreja de hoje, sacudida pelos pecados dos abusos sexuais de menores.
O Papa respondeu que “somente no curso da história podemos ver toda a profundidade de que estava “revestida”, por assim dizer, essa visão”. Nela “estão indicadas realidades do futuro da Igreja que, pouco a pouco vão se desenvolvendo e se mostrando”. Nela “se vê a necessidade de uma paixão da Igreja”, predita por Jesus até o fim dos tempos, que “naturalmente se reflete na pessoa do Papa”.
E assim prosseguiu o Papa:
“Quanto às novidades que podemos hoje descobrir nessa mensagem é que não só de fora são feitos ataques ao papa e à Igreja, mas os sofrimentos da Igreja vem justamente do interior da Igreja, do pecado que existe na Igreja. Isso nós o vemos sempre, mas hoje nós o vemos de modo realmente aterrador: que a maior perseguição à Igreja não vem de inimigos de fora, mas nasce do pecado na Igreja, e que a Igreja portanto tem profunda necessidade de re-aprender a penitência, de aceitar a purificação, de aprender o que é o perdão mas também a necessidade da justiça. O perdão não substitui a justiça”.
O Papa concluiu recordando que em todo caso “o Senhor é mais forte que o mal e que Nossa Senhora é para nós a a garantia visível, materna, da bondade de Deus, que é sempre a última palavra na história”.
A referência a João Paulo II, na pergunta dirigida ao seu successor, induz a uma comparação entre esses dois Papas sobre a questão do pecado “na” Igreja.
João Paulo II passou à história como o Papa que pediu perdão por uma nutrida série de pecados cometidos pelos cristãos na história.
Mas tratava-se sempre de culpas do passado. E a pedofilia não esteve jamais entre esses pecados, nem mesmo nas listas compiladas por quem, desde o lado de fora, pretendia da Igreja sempre novos pedidos de perdão.
Em vez, Bento XVI justamente se concentra nesse ponto: sobre a chaga que infligem à Igreja não de ontem mas de hoje ospecados de pedofilia cometidos por seus sacerdotes e Bispos. É essa a “grande perseguição”. É essa a visão “realmente terrificante”. É por esses pecados que a Igreja deve “re-aprender” a fazer penitência, a converter-se, a purificar-se, a associar justiça e perdão.
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