Por Jesús Colina
CIDADE DO VATICANO.- Bento XVI reconheceu a entrega da imensa maioria dos sacerdotes, apesar dos pecados de alguns deles, ao receber no sábado passado os bispos da Bélgica em visita ad limina Apostolorum.
Ao mesmo tempo, o Santo Padre encorajou os membros desta conferência episcopal para promover as vocações ao sacerdócio e à vida consagrada mesmo em meio às dificuldades em que se encontra a Igreja deste país pelos escândalos provocados por um bispo que apresentou sua renúncia por abusos sexuais de um menor.
Para o Papa, a quinquenal visita que os prelados belgas fizeram a Roma é uma ocasião para reforçar "a comunhão na escuta recíproca, na oração comum e na caridade de Cristo, sobretudo neste tempo em que vossa Igreja foi provada pelo pecado".
Mas o bispo de Roma pediu para não se fixar só no pecado, mas também nos grandes filhos da Igreja, como é o caso do Pe. Damião de Veuster (1840-1889), missionário belga da Congregação dos Sagrados Corações, que deu a vida pelos leprosos de Molokai, canonizado por Bento XVI em 2009.
"Este novo salto fala da consciência dos belgas. Por acaso ele não foi designado como o filho mais ilustre de todos os tempos da nação?", perguntou o Papa, em referência a uma consulta popular realizada em 1º de dezembro de 2005 pela televisão aberta (VRT).
"Sua grandeza, vivida no total dom próprio para com seus irmãos leprosos até o ponto de se contagiar e morrer, está na sua riqueza interior, em sua oração constante e em sua união com Cristo, que viu seus irmãos e, como Ele, entregava-se sem reservas."
Segundo afirmou, "neste Ano Sacerdotal, é necessário propor seu exemplo sacerdotal e missionário, em particular aos sacerdotes e religiosos. A diminuição do número de sacerdotes não deve ser percebida como um processo inevitável".
Citando o Concílio Vaticano II, afirmou que "a Igreja não pode prescindir do ministério dos sacerdotes. Portanto, é necessário e urgente dar-lhes seu lugar adequado e reconhecer o caráter sacramental insubstituível".
"Daí se deriva a necessidade de uma ampla e séria pastoral das vocações, baseada no caráter exemplar da santidade dos sacerdotes, na atenção aos germes da vocação presentes em muitos jovens e na oração assídua e confiada, segundo a recomendação de Jesus (cf. Mateus 9,37)", garantiu.
"Que todos, sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos da Bélgica recebam meu alento e minha gratidão e que não se esqueçam que só Cristo acalma toda tempestade e volta a dar força e valentia para levar uma vida santa em plena fidelidade a seu ministério, consagração e testemunho cristão", afirmou o Papa.
A saudação a Bento XVI durante a audiência ficou por conta do Dom André-Joseph Léonard, arcebispo de Malinas-Bruxelas há apenas alguns meses e presidente da Conferência Episcopal da Bélgica, que apresentou uma Igreja de "sofrimento", "após o grave escândalo causado pela demissão forçada de um de seus bispos".
"Sofrida, mas determinada a enfrentar este problema claramente - afirmou o prelado, fazendo referência aos abusos sexuais. Uma Igreja decidida a percorrer com transparência seu caminho, "como testemunha sobretudo a criação de uma comissão encarregada de examinar as denúncias em relação aos abusos sexuais que acontecem no contexto pastoral. Decidida também a desempenhar com humildade e valentia seu próprio papel na sociedade, fortemente secularizada, na qual realiza sua missão."
O prelado também mencionou a escassez de vocações que a Bélgica vive. A situação nunca tinha sido tão negativa neste país, tanto nas áreas flamengas como nas francófonas.
"Adotaremos, para o próximo período, uma série de medidas capazes de reforçar e aumentar as vagas de formação, para que se reagrupe um número suficiente de seminaristas; que sejam concedidas a eles uma educação de qualidade e sejam projetados no mundo dos jovens", anunciou diante do Papa.
Fonte: www.zenit.org
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