quinta-feira, 28 de maio de 2015

Por que retornar à Missa de São Pio V?

APRESENTAMOS A SEGUNDA CARTA

Do Rev. Padre Louis Demornex a seus paroquianos em CASERTA, ITÁLIA.


Reflexões e comparações entre as duas Missas.


1- A Missa Católica (do Catecismo de São Pio X).

A santa Missa é o sacrifício do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo que, sob as espécies do pão e do vinho, se oferece por mãos do sacerdote a Deus sobre o altar, memória e renovação do sacrifício da Cruz.

Se trata de um verdadeiro sacrifício ou imolação do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus.

- O sacerdote é o sacrificador da vítima oferecida pelos pecados do mundo. É Cristo que na pessoa do sacerdote, se oferece a Deus Pai para expiar pelos nossos pecados e livrar-nos do mal.

- A presença do Senhor é real, substancial e física sob as espécies eucarísticas, prescindindo da presença do povo.


Praticamente:


- Afirmação da presença do Corpo, Sangue, Alma e Divindade de nosso Senhor Jesus Cristo sob as aparências do pão e do vinho, isto é, a substância do pão e do vinho é transformada na substância do Corpo e Sangue do Senhor.

- Afirmação do sacerdócio ministerial, isto é, o sacerdote é consagrado com um caráter indelével para ser em eterno um outro Cristo, para permitir que Cristo na sua pessoa e através da sua pessoa, abençoe, perdoe os pecados e consagre o pão e o vinho.

- A Missa é válida e justificada ainda que esteja presente apenas o sacerdote, porque Cristo no sacerdote consagra a Si mesmo nas espécies eucarísticas e se oferece ao Pai como vítima pelos nossos pecados renovando o sacrifício do Calvário, onde sozinho e abandonado se imolava por todos nós.



2- Na nova Missa - (Instituição Geral do Missal Romano, nE° 7)

A ceia do Senhor, ou Missa, é a santa assembléia ou reunião do povo de Deus que se reúne sob a presidência do sacerdote para celebrar o memorial do Senhor. Portanto, no que diz respeito à reunião local da santa Igreja, vale de modo eminente a promessa de Cristo: "Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estou no meio deles" (Mt., 18, 20).

Se trata de uma reunião do povo.

O sacerdote é o presidente de uma assembléia para dirigir o encontro. Ele é em tudo igual aos fiéis ( ato penitencial inicial e rito de comunhão comum ao sacerdote e aos fiéis).

A presença do Senhor é puramente espiritual, e se faz possível através da reunião do povo, portanto inexistente sem o povo.


Praticamente:


- Negação implícita da presença real do Senhor nas espécies eucarísticas. Afirmação de uma mera presença espiritual no povo.

- Negação do sacerdócio ministerial, relegando-o a uma função de presidência para dirigir uma assembléia ( na nova linguagem o sacerdote preside a Missa, não mais celebra a Missa).

- Não tem sentido uma Missa sem a presença do povo, o qual é necessário para garantir a presença espiritual do Senhor.

#    #   #

Se as palavras possuem algum sentido, é impossível não constatar à primeira vista essas diferenças.

Se por outro lado não era intenção do Redator dar esse significado às suas palavras, ou seja, modificar totalmente a doutrina católica sobre a santa Missa, então que ele volte à escola primária para aprender a se expressar.

Mas como o redator era inteligente, é claro que ele quis exprimir o seu pensamento e a sua fé em termos inequívocos.

Depois, foi redigida uma outra definição da Missa, menos herética, mas isso não mudou a realidade do novo rito.

É como se um arquiteto desenhasse a planta de uma casa e depois da sua construção ele percebesse que a casa não se sustenta de pé, aí então ele se contentasse em mudar a planta sem no entanto modificar a casa.

Ouçamos a voz dos protestantes, neste caso, bem mais iluminados do que os Católicos:

Lutero, a respeito do rito católico:
"Eu declaro que todos os bordéis, os homicídios, os furtos, os assassinatos e os adultérios não são nada em comparação com aquela abominação que é a missa papista.".

Os protestantes de hoje a propósito do novo rito:

Max Thurian (da Comunidade de taizé, um dos seis pastores que participaram na redação do novo rito - La Croix, 30.5.1969): "Um dos frutos do Novus Ordo será que talvez as comunidades não Católicas poderão celebrar a santa ceia com as mesmas orações da Igreja Católica. Teologicamente é possível."

Siegevalt (professor na Faculdade protestante de Strasburgo - Le Monde, 22.11.1969): " Agora, na missa renovada, não há nada que possa perturbar o cristão evangélico"

S. A. Teinone (teólogo luterano - La Croix, 5.5.1972): " A maior parte das reformas desejadas por Lutero existem de agora em diante no próprio interior da Igreja Católica...então por que não reunirmo-nos?"

- A este ponto quem não quer ver e compreender é no mínimo desonesto.

- Não interessa o que agrada e o que não agrada, o importante é a Verdade, isto é, a comunhão com Deus.

- Criar um rito que agrada, mas que é falso e herético é o mesmo que dar murros ao vento com a ilusão de amassar o pão.

- Além do mais é uma injúria contra Deus e uma traição aos fiéis católicos.

Fala-se de obediência.

Mas se alguém me apresentar uma pedra e me disser que por obediência devo acreditar que é um pão, posso até crer por ignorância, por medo, por comodismo, mas nada disso diminui o fato de que uma pedra é uma pedra.

A obediência na Igreja é uma arma mortífera se mal interpretada, porque toda a vida da Igreja está baseada na obediência, sendo a Igreja uma sociedade monolítica construída sobre Pedro.

Portanto o primeiro obediente deve ser o Papa, que não pode afastar-se da verdade:

" O Espírito Santo não foi prometido aos sucessores de Pedro, para que por sua revelação, ensinassem uma nova doutrina, mas para que por sua assistência, guardassem santamente e expusessem fielmente a revelação transmitida pelos Apóstolos, ou seja, o depósito da Fé." (Concilio Vaticano I).

Se por hipótese o Papa se afastasse da verdade, dada a mentalidade Católica, ele arrastaria com muita facilidade toda a Igreja para fora da verdade.

Ora, através das duas diferentes definições de Missa e do comentário dos protestantes, torna-se claro que o novo rito se afastou da doutrina católica a respeito da Missa.

Não se julga as intenções, olha-se para os fatos e contra fatos os argumentos e as intenções nada valem. Não interessa as justificativas dos inovadores sobre uma presunta "maior riqueza contida nos novos livros litúrgicos".

Por obediência, se passou de uma realidade da Missa, católica, dogmática, canonizadapara uma realidade protestante.

Será que eu posso chamar uma pedra de pão só por obediência?

Posso por acaso seguir um rito reformado só porque assim me ordenou a Autoridade? Muito cômodo! Peçamos então aos protestantes que se tornem novamente Católicos em nome da obediência!

Posso por acaso chamar a Missa Católica, "nova missa", tão longínqua das definições do Concílio dogmático de Trento e tão aplaudida pelos protestantes, usando o pretexto de que esta foi imposta do "Alto"?

A primeira regra da obediência é a vontade divinaassim diz São Tomás de Aquinoe a segunda regra é a vontade dos superiores na medida em que esses aderem a Cristo. Pelo qual é um dever repreender os superiores caso esteja em jogo um perigo para a fé. Neste caso os superiores deveriam ser repreendidos pelos seus inferiores e até mesmo publicamente. Esse foi o modo como agiu São Paulo em relação a São Pedro (Summa Theologiae, II-II, q. 33, a. 4, ad 2m).

Dizem que basta rezar com devoção.

Mas muitos protestantes, muçulmanos ou budistas rezam com sincera devoção, e nem por isso podemos dizer que seus cultos são verdadeiros.

"Os deuses dos pagãos são demônios" (Salmo 95).

Dizem que todos agem assim.

Por ter afirmado a verdade, Jesus ficou só diante de Pilatos e isso não diminui o fato de que apenas Ele tinha razão.

Em suma, quando se diz que o novo rito da Missa representa, seja no seu todo como nos seus detalhes, um impressionante afastamento da teologia Católica da Santa Missa, tal qual essa foi formulada na sessão XXII do Concílio Tridentino, de forma alguma se trata de opinião pessoal de qualquer cardeal tradicionalista retrógrado, mas sim da fé de toda a Igreja expressa naquele Concílio Dogmático. Se depois de tudo isso alguém quisesse se afastar, teria toda a liberdade, mas que não continuasse usando o nome de Católico para não confundir os filhos da Igreja.

Não interessa quem escreveu aquela definição, interessa a verdade sobre a Missa.


Há alguns que alegam que os dois ritos são equivalentes.

É como se me dissessem que o violino e a guitarra são iguais. Por que não experimentam pedir ao grande Paganini para tocar o IV concerto brandeburguês com o arco sobre as cordas de uma guitarra? Depois me dêem notícias dessa obra prima!

Peçam a um sacerdote sério pra celebrar o sacrifício do Calvário com este instrumento protestante que é o novo rito (anglicano-calvinista), forjado para recordar unicamente a ceia do Senhor, e provavelmente vocês terão uma Missa, mas verdadeiramente deturpada.

Por outro lado, se fossem equivalentes (e o nega seja a teologia católica, seja a protestante), por que motivo inventar um rito todo novo quando já temos um belíssimo, feito e aprovado por toda a história e teologia da Igreja?

Seguindo a nova definição da Missa - e até mesmo os teólogos protestantes confirmam que o conteúdo corresponde à definição - não se faz mais aquilo que antes fazia a Igreja Católica. Será então que deveríamos concluir que o sacrifício perpétuo foi abolido?

Em suma:

- se para a validade da Missa é necessário fazer aquilo que faz a Igreja;

- e se a Igreja de hoje não faz mais o que fazia a Igreja de ontem e de sempre;

Seria necessário concluir que a Missa de hoje não tem validade?

A validade da Missa depende então da fé pessoal do "presidente", e muitos "presidentes", por causa dos defeitos já elencados, demonstram uma clara diminuição de sua fé e alguns nem mesmo crêem mais (40% na França), sobretudo os jovens educados dentro dessa nova mentalidade.

Que há uma diminuição da fé, esse é um fato evidente:

- o Santíssimo Sacramento, no tabernáculo, ficava no centro de nossas igrejas, entronizado sobre o altar principal, objeto de imediata adoração para quem ali entrava. Hoje na maioria das igrejas foi removido e muitas vezes nem mesmo se sabe onde o colocaram. Isso quando não é arrumado de modo verdadeiramente indecoroso! (eu mesmo tive oportunidade de vê-lo em meio a trastes velhos, numa caixa de papelão dentro de um depósito). O lugar central agora é reservado à mesa;

- A tal mesa não é mais um altar onde antes se guardava as relíquias dos mártires, mas simplesmente uma mesa;

Se reza a Missa voltado para o povo, à moda dos calvinistas e anglicanos e não mais voltados para o oriente ( na direção de onde surge o sol, símbolo do Cristo ressuscitado) ou o tabernáculo;

Incensa-se o Santíssimo da mesma forma que se incensa as estátuas ou o povo: 3X2 ao invés de 3X3 como se fazia antes;

- Durante a Consagração não mais se incensa enquanto se incensa a mesa, as estátuas e o povo (quando se usa o incenso!);

- Não se faz mais a genuflexão depois das palavras da Consagração, antes da elevação. Será que há dúvidas de que essas palavras ditas pelo sacerdote são realmente eficazes? Apresenta-se a hóstia ao povo e o povo consagra junto com o sacerdote (sacerdócio comum do "presidente" e dos batizados?);

Existe ainda a tendência de se querer diminuir o número das missas durante a semana, substituindo-as talvez pela leitura da Bíblia, enquanto antes a Missa era obrigatória todos os dias, em todas as paróquias;

- A comunhão é dada na mão dos comungantes, ao passo que até 1989 era considerado um sacrilégio tocar o Santíssimo;

- A comunhão é recebida em pé ou sentadoenquanto antes se recebia de joelhos com uma geneflexão antes e depois ao se levantar;

- Todos os homens e mulheres, podem tocar o Santíssimo e até mesmo distribuí-Lo,enquanto antes era um privilégio único dos sacerdotes ou diáconos;

- Não se usa mais a pátena, por isso os Fragmentos caem pelo chão e são pisados (Lúcifer deve invejar este pecado que ele jamais conseguiu cometer);

- Se joga fora a água das abluções logo depois da comunhão (isso quando fazem abluções!), enquanto antes o sacerdote, depois de ter lavado os dedos com o vinho e com a água, bebia tudo;

- Supressão geral da bênção eucarística.

Sobre esses pontos, os sacerdotes mais devotos se encontram num conflito constante e devem lutar continuamente contra as perversões advindas desta novidade, ou então devem se adequar mesmo violando suas consciências.


Outros fenômenos concomitantes:


- Nos anos 70, cerca de cem mil sacerdotes abandonaram o sacerdócio, e não por motivos fúteis ou vulgares, mas devido à crise religiosa e de identidade. Desculpem-me, mas se uma doutrina (sobre o sacerdócio e a Missa) que lhe foi ensinada como verdadeira, num golpe só, lhe é declarada como equivocada, é natural que você resolva mandar tudo pelos ares;

Existe uma proibição insidiosa contra o verdadeiro rito católico, como se fosse um terror sacro, uma antipatia visceral inexplicável, um ódio sobrenatural só de pensá-lo (Lutero não está muito longe!);

Pela primeira vez na história, as reformas das ordens religiosas não provocaram um retorno ao rigor dos fundadores, mas uma adaptação e uma abertura maior à mentalidade do mundo, da qual os religiosos antes eram desapegados e afastados. E tudo isso estranhamente organizado pelos próprios Superiores Maiores, enquanto semeia-se a suspeita, o desprezo e a marginalização por aqueles religiosos que quiseram manter sua fidelidade ao hábito, aos votos e às suas regras religiosas;

- Os sacerdotes e muitos religiosos se secularizaram (hábito e estilo de vida);

- Os leigos passaram a fazer parte do clero, com a introdução do diaconato permanente para homens casados;

Os seminários e conventos de fecham ou se adaptam à mentalidade do mundo;

- Cada vez mais os "católicos" se "consagram" às chamadas "comunidades eclesiais", fundadas por mestres dúbios, espécie de gurus, formando assim espécies de guetos separados, superiores à comunidade dos fiéis, com seus ritos floridos e multicoloridos e sua própria hierarquia;

- Variações infinitas no que diz respeito ao dogma, à moral, à Sagrada escritura, à liturgia;

- Entre os fiéis, cada vez mais, ganha terreno a idéia de que todas as religiões são boas, desde que o homem seja bom.

As chagas são incontáveis, a confusão é total, a Igreja tornou-se uma Babel.

E então se faz necessário retornar à alma da Igrejaa santa Missa autêntica, não reformada, na espera de tempos melhores.

E uma vez que, como diz o provérbio latino: "Lex orandi, lex credenti" (a lei da oração estabelece a lei da Fé), ou seja, assim como se reza, assim se crê, da verdadeira Missa Católica desabrocha a fé católica necessária para a salvação.

A Santa Missa não é uma invenção do Papa São Pio V, mas a compilação da Missa romana antiga da qual foram tirados alguns acréscimos introduzidos no decorrer dos séculos: em suma, esse é o rito romano antigo retornado à sua simplicidade primitiva e tornado obrigatório depois de apenas seis meses de trabalho em todo o orbe católico e até o fim do mundo, com ameaças para quem ousasse retocá-lo.

Não é como a nova Missa, que depois de trinta anos ainda está em fase de pesquisa e de modificações, sujeita ao capricho desse ou daquele "presidente" ou de qualquer liturgista de plantão, os quais não sabem o que querem e nem pra onde vão, todavia se acham infalíveis e investidos de poderes absolutos, de autoridade drástica. Cheios de ciência, competência, eles sabem de tudo!

"Orgulho é sem dúvida aquela confiança em si mesmo pelo qual se erguem como regra universal. Orgulho é aquela vanglória que ali se apresenta fazendo os dizer, altivos e inchados: nós não somos como o resto da humanidade! E que para não os fazerem entrar em confronto com os demais, lhes empurra para as mais absurdas novidades." (São Pio X).

"Virá um tempo em que não suportarão mais a sã doutrina e levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si, afastarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas" (2 Tim., 4, 3-4).

"Se o sal perder o sabor, não serve senão para ser jogado fora e pisoteado pelo povo" (Mt, 5, 13).

“Resisti-lhe fortes na fé.” (I Ped 5, 9.)


Padre Louis Demornex.


quarta-feira, 6 de maio de 2015

Função e simbolismos da música.

Os pensadores medievais insistiam em que há dois modos de degustar a música.

Uma é a forma vulgar que fica no sensível, no prazer imediato da orelha afagada pelos sons doces.

A outra forma é intelectual: ela eleva a beleza sonora até o mundo das proporções inteligíveis, até o próprio Deus.

Na primeira forma os compositores se comprazem na simples audição e compõem segundo seu capricho.

Na segunda forma, compõem segundo as regras.

Os primeiros são como bêbados que voltam para casa sem conhecer o caminho.

Os outros são sábios que sabem o que fazem e como o fazem.

Para os sábios, a música é uma atividade intelectual e contemplativa. Ouvindo-a com inteligência penetra-se no mundo dos mistérios sublimes, das regras da harmonia, dos números eternos.

Assim faziam os Antigos, ensina Casiodoro, mas os cristãos sobem mais alto e chegam até a unidade, i. é, até a fonte de todas as harmonias, o Criador de todas as belezas, a Felicidade absoluta.

Então, a música se dilata num êxtase místico.

A catedral de pedra é símbolo do mundo invisível, ela lembra a sociedade perfeita do Céu. Assim também é a música.

A cítara nos lembra a Sagrada Escritura: sua caixa é o símbolo da história, suas cordas esticadas fazem aparecer o sentido místico dos acontecimentos.

O duplo tetracórdio é símbolo de Cristo.

O primeiro tetracórdio representa sua Humanidade santíssima: pelos sons graves nos fala de sua vida oculta, pelos sons agudos nos fala de sua Paixão e Morte.

O segundo tetracórdio é a imagem da harmonia divina realizada na Ressurreição e na glória eterna.

A sinfonia é a imagem do Universo unificado em Deus.

Guilherme de Auvergne vê nas notas mais altas a harmonia das criaturas mais sublimes. Para ele os sons graves são signo dos seres materiais.

Todo concerto é o símbolo da harmonia cósmica, da fabulosa unidade do universo estruturado com hierarquia e proporção.

(Fonte: excertos de Edgar de Bruyne, “Études d’esthétique médiévale”, tomo 2, Albin Michel, Paris).

Download Católico

sábado, 2 de maio de 2015

Papa Francisco: povos americanos consolidem sempre mais sua pertença a Cristo e à Igreja.


Cidade do Vaticano (RV) - A vida e o exemplo de Frei Junípero evidenciam três aspectos: seu impulso missionário, sua devoção mariana e seu testemunho de santidade – foi o que destacou o Papa Francisco na homilia da Missa que celebrou este sábado no Pontifício Colégio Norte-Americano, situado próximo do Vaticano.
A visita do Santo Padre ao colégio pontifício insere-se no âmbito da “Jornada de Reflexão”, promovida também pela Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL), dedicada ao Frei Junípero Serra, franciscano, missionário espanhol e apóstolo da Califórnia. Frei Junípero que será canonizado pelo Pontífice em Washington, durante sua viagem apostólica aos EUA, em setembro próximo, por ocasião do VIII Encontro Mundial das Famílias, a realizar-se em Filadélfia.
“Eu te estabeleci como luz das nações, para que sejas portador de salvação até os confins da terra” (At 13,47): o Papa tomou essa passagem da liturgia do dia afirmando que estas palavras do Senhor nos mostram a missionariedade da Igreja, enviada por Jesus que a manda sair para anunciar o Evangelho.
“Isso se dá para os discípulos desde o primeiro momento quando, iniciada a perseguição, saíram de Jerusalém. Isso vale também para a multidão de missionários que levaram o Evangelho ao Novo Mundo e, ao mesmo tempo, defenderam os indígenas contra as arbitrariedades dos colonizadores.”
Entre eles, acrescentou o Papa, encontrava-se também o Frei Junípero; a sua obra de evangelização nos traz à memória os “12 apóstolos franciscanos” que foram os pioneiros da fé cristã no México.
Ele foi protagonista de uma nova primavera evangelizadora naquelas vastas terras às quais, já há duzentos anos, haviam chegado os missionários provenientes da Espanha, da Flórida até a Califórnia.
Após ter evidenciado três aspectos da vida e do exemplo de Frei Junípero – seu impulso missionário, sua devoção mariana e seu testemunho de santidade –, Francisco destacou que o religioso foi, em primeiro lugar, um incansável missionário.
A paixão de anunciar o Evangelho aos povos, ou seja, o ímpeto do coração que quer partilhar com os que se encontram distantes, o dom do encontro com Cristo: o dom que ele mesmo recebera anteriormente e experimentara em sua plenitude de verdade e beleza.
Francisco afirmou que Frei Junípero foi repleto de alegria e do Espírito Santo em difundir a Palavra do Senhor. “Um tal zelo nos provoca: é para nós um grande desafio!”
“Esses discípulos-missionários, que encontraram Jesus, Filho de Deus, que através d’Ele conheceram o Pai misericordioso e, movidos pela graça do Espírito Santo, se lançaram em todas as periferias geográficas, sociais e existenciais, para dar testemunho da caridade, nos desafiam!”
Pergunto-me se hoje – disse o Santo Padre – somos capazes de responder com a mesma generosidade e com a mesma coragem ao chamado de Deus, que nos convida a deixar tudo para adorá-lo, para segui-lo, para encontrá-lo no rosto do pobres, para anunciá-lo àqueles que não conheceram Cristo e, por isso, não se sentiram abraçados por sua misericórdia.
O testemunho de Frei Junípero convida-nos a deixar-nos envolver, em primeira pessoa, na missão continental, que encontra suas raízes na “Evangelii gaudium”, ressaltou.
Em segundo lugar, Frei Junípero confiou seu empenho missionário à Santíssima Virgem Maria. Sabemos que antes de partir para a Califórnia quis consagrar sua vida a Nossa Senhora de Guadalupe, e pedir-lhe, para a missão que estava para iniciar, a graça de abrir o coração dos colonizadores e dos indígenas.
Nesta imploração podemos ainda ver este humilde frade ajoelhado diante da “Mãe do mesmo Deus”, a “Morenita”, que levou seu Filho ao Novo Mundo, ressaltou.
Desde então, prosseguiu o Santo Padre, Nossa Senhora de Guadalupe se tornou, de fato, a Padroeira de todo o continente americano. Não é possível separá-la do coração do povo americano. Efetivamente, Ela constitui a raiz comum deste continente.
“Aliás – observou Francisco –, a missão continental se consagra a Ela que é a primeira e santa discípula-missionária, presença e companhia, fonte de conforto e de esperança. A Ela que está sempre à escuta para proteger seus filhos americanos.”
Em terceiro lugar, destacou o Papa, contemplemos o testemunho de santidade de Frei Junípero – um dos padres fundadores dos EUA, santo da catolicidade e especial protetor dos hispânicos do país –, a fim de que todo o povo americano redescubra a própria dignidade, consolidando sempre mais sua pertença a Cristo e à sua Igreja.
Concluindo, o Papa Francisco pediu que um impetuoso vento de santidade percorra em todas as Américas o próximo Jubileu extraordinário da Misericórdia! E também pediu a intercessão de Nossa Senhora de Guadalupe, de Frei Junípero e dos outros santos e santas americanos, a fim de que conduzam-no e guiem-no em suas próximas viagens apostólicas à América do Sul e à América do Norte. E também por essas intenções pediu a todos que continuem rezando por ele. (RL)