A APARIÇÃO DE JESUS NA GALILÉIA E A MISSÃO UNIVERSAL
(Mt 28, 16-20)
“16 Os onze discípulos caminharam para a Galiléia, à montanha que Jesus lhes determinara. 17 Ao vê-lo, prostraram-se diante dele. Alguns, porém, duvidaram. 18 Jesus, aproximando-se deles, falou: ‘Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue. 19 Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo 20 e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!”
Em Mt 28, 16 diz: “Os onze discípulos caminharam para a Galiléia, à montanha que Jesus lhes determinara”.
Os discípulos foram apressadamente à montanha, na Galiléia, aquela que Jesus lhes determinara, por que ali veriam o Senhor: “... que se dirijam para a Galiléia; lá me verão” (Mt 28, 10).
Para possuir verdadeiramente o Senhor em nossa alma imortal, precisamos deixar a planície, bulício do mundo, e subir a montanha, isto é, buscar o recolhimento e o silêncio: “Não apascente o espírito senão em Deus. Despreze as advertências das coisas e traga no coração a paz e o recolhimento” (São João da Cruz, Ditos de Luz e Amor, 79).
Aquele que vive mergulhado na lama da planície, com o coração cheio do lixo que o mundo oferece e apegado às coisas caducas da terra, jamais terá o Senhor em sua alma: “Esta alma tão apegada às criaturas não poderá de forma alguma unir-se ao ser infinito de Deus” (São João da Cruz, Subida do Monte Carmelo, Livro I, capítulo IV, 4).
Quando viram a Nosso Senhor ressuscitado “prostraram-se diante dele. Alguns, porém, duvidaram” (Mt 28, 17).
Dom Duarte Leopoldo explica: “Esta aparição de Jesus, na Galiléia, realizou-se em presença de mais de quinhentos discípulos, alguns dos quais viviam ainda no tempo de São Paulo. Entre eles se achavam os incrédulos, e não entre os Onze que já não podiam ter mais dúvidas ou hesitações, depois de tantas provas da Ressurreição.
Observemos, por último, que entre os Apóstolos, à exceção de Tomé, não houve propriamente incrédulos. Há muita diferença entre duvidar do fato da ressurreição, e duvidar se a pessoa que se lhes apresentava era ou não Jesus. Nisto só consistia a dúvida dos Apóstolos, causada aliás, pelo excesso da sua alegria e amor a Jesus Cristo” (Concordância dos Santos Evangelhos).
Os apóstolos prostraram-se diante do Senhor!
Cremos piamente que Cristo Jesus está presente na Santíssima Eucaristia, então, não percamos tempo, mas adoremos o Senhor com fé, devoção e respeito. Adoremos o Senhor que é abandonado e desprezado por milhões de pessoas: “Ah! Quão abandonado está Jesus no seu Tabernáculo! Abandonado pelos indiferentes, pelos incrédulos que o desprezam e renegam. É que Ele está aí com Amor demasiado.
Jesus é abandonado pelos cristãos levianos e mundanos – e em grande número! Os prazeres, as visitas, a mesa, o dinheiro absorvem o tempo e a força de alma desses ingratos!
Jesus é abandonado pelas almas piedosas. Ah! Quão poucas o servem e amam por Ele mesmo e quão numerosas são as que o deixam apenas lhes sorri o mundo ou nele se encontram à vontade.
Jesus é abandonado pelos seus ministros. Quão poucos são dedicados ao seu Amor eucarístico! Quantos trabalham apenas como mercenários ou simplesmente como cumpridores do dever!
Jesus está quase sempre só, e todavia, unicamente por nós permanece no seu Trono de Amor. E ninguém corresponde a esse Amor!
Os mesmos demônios admiram-se e espantam-se ante a ingratidão dos homens para com o Deus da Eucaristia... E Jesus permanece só, esperando alguma alma a quem se possa comunicar e destarte preencher o fim do seu Sacramento” (São Pedro Julião Eymard, A Divina Eucaristia, Vol. 3).
Prostremo-nos diante de Nosso Senhor e digamos-Lhe de todo o coração: “Bom Jesus, pelos amáveis laços do vosso amor, atrai-me todo a vós. Prefiro viver unido a vós a ser senhor de toda a terra. Nada desejo neste mundo senão amar-vos” (Santo Afonso Maria de Ligório, Visitas a Jesus Sacramentado e a Nossa Senhora, 16).
Em Mt 28, 18-20 diz: “Jesus, aproximando-se deles, falou: ‘Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue. Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!”
Nosso Senhor fala aos apóstolos com a majestade do próprio Deus: “Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue”. A Onipotência, “atributo exclusivo de Deus, é também atributo Seu: está a confirmar a fé dos que O adoram. E, ao mesmo tempo, ensina que o poder que eles vão receber para realizar a Sua missão universal, deriva do próprio poder divino.
Recordamos diante destas palavras de Cristo que a autoridade da Igreja, em ordem à salvação dos homens, vem de Jesus Cristo diretamente, e que esta autoridade, nas coisas de fé e de moral, está por cima de qualquer outra da terra” (Edições Theologica).
Os apóstolos ali presentes, e depois deles os seus legítimos sucessores, recebem o mandato de ensinar a todas as gentes a doutrina de Jesus Cristo: o que Ele próprio tinha ensinado com as Suas obras e as Suas palavras, o único caminho que conduz a Deus. A Igreja, e nela todos os fiéis cristãos, têm o dever de anunciar, até ao fim dos tempos, com o seu exemplo e com a sua palavra, a fé que receberam. De modo especial receberam esta missão os sucessores dos Apóstolos, pois neles recai o poder de ensinar com autoridade, “já que Cristo ressuscitado antes de voltar ao Pai (...) lhes confiara deste modo a missão e o poder de anunciar aos homens o que eles próprios tinham ouvido, visto com os seus olhos, contemplado a apalpado com as suas mãos, acerca do Verbo da vida (1Jo 1, 1). Ao mesmo tempo confiava-lhes a missão e o poder de explicar com autoridade o que Ele lhes tinha ensinado, as Suas palavras e os Seus atos, os Seus sinais e os Seus mandamentos. E dava-lhes o Espírito para cumprir esta missão” (Catechesi tradendae, n° 1).
Também comunica ali Cristo aos apóstolos e aos seus sucessores “o poder de batizar, isto é, de admitir os homens na Igreja, abrindo-lhes o caminho da sua salvação pessoal.
A missão que, em última análise, recebe a Igreja neste fim do Evangelho de São Mateus, é a de continuar para sempre a obra de Cristo: ensinar aos homens as verdades acerca de Deus e a exigência de que se identifiquem com essas verdades, ajudando-os sem cessar com a graça dos sacramentos. Uma missão que durará até ao fim dos tempos e que, para a levar a cabo, o próprio Glorioso promete acompanhar a Sua Igreja e não a abandonar. Quando na Sagrada Escritura se afirma que Deus está com alguém, quer-se dizer que este terá êxito nas suas empresas. Daí que a Igreja, com a ajuda e a assistência do seu Fundador Divino, está segura de poder cumprir indefectivelmente a sua missão até ao fim dos séculos” (Edições Theologica).
Disse o Senhor: “...ensinando-as a observar tudo quanto vos ordenei”.
Está claro que os bispos e sacerdotes devem pregar a Palavra de Deus, alimento e conforto para as almas imortais, e não se envolverem com assuntos terrenos, principalmente com a política.
Como é triste e escandaloso ver bispos e sacerdotes agitando pessoas contra o governo, esquecendo-se da sua verdadeira missão: dar Deus às ovelhas: “Os fiéis querem ver nos seus Bispos e nos seus padres um homem de Deus, ‘outro Cristo, que os levem pelos caminhos da fé, dispostos e reconduzir ao Pai os que estavam dispersos’ (cf. Or. Euc. III); eles anseiam por contemplar a Cristo nos seus pastores através da sua santidade e da dignidade de vida, mais do que pela sua popularidade, alcançada, talvez, por causa de tendências ideológicas ou sociais, ensinando a amar seus semelhantes, solidarizando-se com os que mais sofrem. A Igreja perderia seu mais genuíno sentido sobrenatural, querido por seu Fundador (cf. Jo 18, 38), se pretendesse atribuir preferentemente à sua estrutura visível uma orientação voltada para assuntos temporais, com o risco de agravar uma divisão no seio da sociedade já exasperada e perplexa ante a falta de orientação positiva sobre o seu destino” (João Paulo II, aos bispos do Regional Centro-Oeste, por ocasião da visita ad limina Apostolorum 1995-1996).
Muitos bispos e sacerdotes usam da Santa Igreja como trampolim para se lançarem na política. No dia do Juízo terão que se explicar.
Pe. Divino Antônio Lopes FP.
Anápolis, 17 de abril de 2007
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