A Vocação
Iniciando a série de artigos, sobre temas diversos, dentro da Doutrina Católica, escolho como tema inicial, algo fundamental a cada batizado, e que infelizmente para a maioria dos fiéis é algo desconhecido, ou pouco falado: A Vocação.
Afinal, o que é Vocação? O que você entende por Vocação?
A palavra “Vocação”, vem do latim “vocare” e quer dizer “chamado”. Cada fiel batizado, é chamado por Nosso Senhor a uma Vocação comum: a Santidade. A Santidade baseia-se em cumprir os Mandamentos e Propósitos de Deus em nossas vidas, e para ilustrar um pouco mais, coloco uma frase que traduz isto: “Querer e buscar ser Santo, já é ser Santo!”
Desta Vocação comum (à ser Santo), que além de comum, é denominada “fundamental”, derivam todas as outras, que nada mais são que meios para se atingir, a Santidade. Esta é uma análise superficial da Vocação, e dentro deste tema digamos, extenso,podemos aprofundar mais um pouco.
Para compreender melhor esta Iniciativa Divina (o chamar), temos de ter claro a distinção entre: Vocação Fundamental (ou comum) e a Vocação Específica.
A Vocação Fundamental baseia-se no chamado comum a todo batizado, o chamado a ser cristão, a ser Igreja, a buscar a Santidade, e atingi-la através da Vocação Específica de cada um.
A Vocação Específica, como dito acima, é o meio pelo qual Nosso Senhor nos chama a atingirmos a Santidade. Reiterando o que foi dito: “A vocação, nada mais é do que o meio dado a nós por Nosso Senhor, para atingirmos a Santidade”. Por muitos Séculos, predominou um pensamento na Igreja de que apenas, e unicamente os chamados ao Sacerdócio, e a Vida Religiosa se salvariam. O Concílio Vaticano II nos diz que:
“Por vocação própria, compete aos leigos procurar o Reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus. Vivem no mundo, isto é, em toda e qualquer ocupação e atividade terrena, e nas condições ordinárias da vida familiar e social, com as quais é como que tecida a sua existência. São chamados por Deus para que, aí, exercendo o seu próprio ofício, guiados pelo espírito evangélico, concorram para a santificação do mundo a partir de dentro, como o fermento, e deste modo manifestem Cristo aos outros, antes de mais pelo testemunho da própria vida, pela irradiação da sua fé, esperança e caridade. Portanto, a eles compete especialmente, iluminar e ordenar de tal modo as realidades temporais, a que estão estreitamente ligados, que elas sejam sempre feitas segundo Cristo e progridam e glorifiquem o Criador e Redentor.”(LG 31 )
Pois bem, enumero abaixo as ramificações da Vocação Específica:
Vocação Laical - Esta Vocação ocupa um local central na Igreja. Os Cristãos leigos são chamados, de maneira especial, a ser Sal da Terra e Luz do Mundo (Mt5,13-16).
De estar no mundo, e dentro dele ser a diferença. Muitas vezes não é necessário Evangelizar com palavras, mas sim com atos, gestos, ações, estas que ao serem atos, ações virtuosas denunciam e “incomodam” aquelas que estão fora da Virtude. “A Luz é um grande incômodo para as Trevas”, assim como o homem virtuoso, é para o desvirtuado.” “O ato virtuoso denuncia e envergonha o ato desvirtuado”.
O Cristão leigo é chamado, dentro de sua realidade própria a ser esta diferença, este tempero, esta luz no meio das trevas do mundo.
Pois bem, voltando mais ao tema principal, os Cristãos Leigos são chamados acima de tudo a Santidade. Para atingi-la segundo a Vontade Divina cada qual é chamado especificamente ao:
Matrimônio: Os Vocacionados ao Matrimônio são convidados a unir-se e tornar-se uma só carne. "Por isso o homem deixa o seu pai e sua mãe para se unir à sua mulher; e já não são mais que uma só carne" (Gn 2, 24). A doar-se inteiramente um, ao outro e dentro desta união gerar a Vida, ou seja os filhos, formando assim uma Família completa, a Igreja Doméstica.
“Desta união origina-se a família, na qual nascem novos cidadãos da sociedade humana os quais, para perpetuar o Povo de Deus através dos tempos, se tornam filhos de Deus pela graça do Espírito Santo, no Batismo Na família, como numa igreja doméstica, devem os pais, pela palavra e pelo exemplo, ser para os filhos os primeiros arautos da fé e favorecer a vocação própria de cada um, especialmente a vocação sagrada.
Sacerdócio Ministerial: Os Vocacionados ao Sacerdócio, são convidados a doar-se inteiramente ao serviço de Deus, e sua Igreja. Assim como Nosso Senhor, são convidados a dar a própria vida, para que os outros a tenham em sua plenitude (Mt 20,28). A participar, de modo especial e intenso, sem reservas do Eterno e Sumo Sacerdócio de Cristo (cfr. Act. 2,36; Hebr. 5,6; 7, 17-21) A abandonar pai, mãe, irmãos, amigos, família para seguir a Nosso Senhor. Aquele que é "tirado do meio dos homens, e constituído em seu favor”. O Sacerdote, é o meio pelo qual Cristo se faz presente no meio de nós, através da Eucaristia. Representante de Nosso Senhor, ele na Pessoa do Cristo perdoa nossos pecados, administra os Sacramentos, reencaminha as ovelhas que se perdem.
O Santo Padre diz: “Eu mesmo guardo ainda, no coração, a recordação do primeiro pároco junto de quem exerci o meu ministério de jovem sacerdote: deixou-me o exemplo de uma dedicação sem reservas ao próprio serviço sacerdotal, a ponto de encontrar a morte durante o próprio ato de levar a santa comunhão a um doente grave. Depois, revejo na memória os inumeráveis irmãos que encontrei e encontro, inclusive durante as minhas viagens pastorais às diversas nações, generosamente empenhados no exercício diário de seu ministério sacerdotal”. (Carta de S.S Bento XVI aos Sacerdotes por ocasião do Ano Sacerdotal)
Vida Religiosa/Consagrada: Os Vocacionados a Vida Religiosa, são convidados a atingir a Santidade através de uma, especial, consagração. Todos na Santa Igreja são consagrados através dos Sacramentos do Batismo e da Confirmação. As pessoas consagradas assumem um compromisso, que embora não seja sacramental, tem de assumir, a viver segundo a Castidade, Pobreza, e Obediência assim como o próprio Cristo viveu, e propôs a seus apóstolos.
“As pessoas consagradas são chamadas de maneira particular a serem testemunhas desta misericórdia do Senhor, na qual o homem encontra a sua salvação. Eles mantêm vivo a experiência do perdão de Deus, porque têm a consciência de serem pessoas salvas, de serem grandes quando se consideram pequenos, de se sentirem renovadas e envolvidas pela santidade de Deus quando reconhecem o próprio pecado. Por isto, também para o homem de hoje, a vida consagrada permanece uma escola privilegiada da "compunção do coração", do reconhecimento humilde da própria miséria, mas permanece uma escola de confiança na misericórdia de Deus, em seu amor que nunca abandona. Na realidade, quanto mais nos aproximamos de Deus, ficamos mais perto Dele e nos tornamos mais úteis aos outros. As pessoas consagradas experimentam a graça, a misericórdia e o perdão de Deus não somente para si, mas também pelos irmãos, sendo chamados a levar no coração e na oração as angústias e as expectativas dos homens, sobretudo daqueles que estão longe de Deus. Em particular, as comunidades que vivem na clausura, com o seu específico compromisso de fidelidade no "estar com o Senhor", no "estar sob a cruz", realizando frequentemente esta função vicária, unida a Cristo pela Paixão, tomando sobre si os sofrimentos e as provas dos outros e oferecendo tudo com alegria para a salvação do mundo.” (Homília de Bento XVI na Festa da Apresentação do Senhor)
Pois bem, espero ter sanado as dúvidas a respeito deste assunto, e esclarecido este tema que muitas vezes é deixado de lado. Convido a todos que têm alguma dúvida ou inquietação sobre sua própria Vocação, entrem em contato comigo pelo email abaixo, que buscarei ajudar no possível.
In Corde Iesu et Mariae
Voc. Allysson V. Vasconcelos
Email: allyssonvv@terra.com.br
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Para concluir o artigo, disponibilizo abaixo a opinião de um amigo, e Vocacionado Gabriel Souza:
De acordo com o Catecismo da Igreja Católica, temos diversos exemplos de vocação que podemos seguir. A vocação é uma coisa a ser pensada, discernida, pois não podemos chegar, ler e escolher repentinamente “Eu quero ser isso ou fazer aquilo,vou seguir aquilo por que meu melhor amigo seguiu e gostou”.
Esses pensamentos são contrários aos pensamentos de Deus, pois Ele não quer que nós sigamos aos outros, Ele quer que nós escutemos o nosso coração, e aquilo que nosso coração diz é a vontade do Pai. É o que ele sonhou para nós, Ele não vai nos dar um fardo maior que nossas forças, todos nós que estamos no mundo fomos sonhados por Deus, fomos modelados e desde o ventre da mãe já nos é dado a vocação.
Mas hoje em dia podemos perceber a dificuldade que o jovem tem em encontrar sua vocação, pois o mundo oferece muitos caminhos que as vezes nos cegam e nos fazem entristecer, ou até que criam barreiras entre nós e nossa vocação, pois não escutamos o que Deus quer e sonhou para nós.
Por isso os jovens atualmente, precisam ficar atentos para não errar o caminho, é preciso colocar toda a nossa esperança em Deus, e confiar somente Nele.
“Antes que te formasses dentro do ventre de tua mãe, eu te conheci, te consagrei, te constituí profeta... Irás onde eu te envio, nada temas. Estarei contigo para te salvar”(Jer 1,4-8).
Deus continua a chamar-nos hoje, como ontem. Podemos responder sim ou não, pois Deus respeita nossa liberdade. Toda vocação é um modo especial de se revelar a face de Jesus.
A vocação é um motivo de alegria, é um presente que Deus nos dá com muita alegria e sem pedir nada em troca, somente nossa fidelidade para com Ele. Não discernimos a Vocação de um dia para outro, ela que também pode ser chamada de processo, pois Deus vai colocando coisas ao nosso coração, e ela vai se desdobrando e acontecendo de acordo com as respostas que nós damos ao chamado que eu creio ser especifico para cada pessoa.
Toda vocação que se escolhe tem que acontecer de forma radical é a entrega da própia vida com os desafios próprios de cada um, e as vezes esses desafios, essas lutas acontecem não com os outros mas com nós mesmos, pois com a escolha da vocação nós devemos morrer um pouco para nós e se doar na vocação. Enfrentar os desafios de sair de nós mesmos, de entregar-se totalmente, pois muitas vezes nosso “eu” nossa vontade falam mas alto.
O despertar vocacional não tem data mas Deus vai nos dando pistas do que Ele quer de nós. A vocação é um campo fértil onde Deus semeia as sementes, e para nascerem as lindas árvores, é necessário que digamos o nosso “sim” do seu deixar essas árvores crescerem e não cortar elas na raiz, o jovem precisa ser ciente de que a graça da vocação é uma iniciativa amorosa de Deus, e que devemos acolher a nossa vocação com muito amor e carinho para que assim nós tenhamos uma identidade na sociedade, uma identidade de filhos amados que somos de Deus.
Gabriel Souza