A grandeza da Missa em Si Menor não é casual. Bach escreveu-a em 1733 (revisou-a em 1749) com a intenção de que ela fosse uma obra ecumênica. Seria a coroação de sua carreira de compositor sacro. Suas outras obras sacras (Missas, Oratórios, Paixões, Cantatas, etc.) foram sempre compostas em alemão e apresentadas em igrejas luteranas, porém na Missa Bach usa o latim que, em sua opinião, seria mais cosmopolita e poderia trafegar entre outras religiões, principalmente a católica. O texto utilizado não foi o das missas de sua época, é mais antigo e inclui alguns versos retirados após a Reforma, como o significativo Unam sanctam Catholicam et apostolicam Ecclesiam, que é cantado no Credo. É como se Bach pretendesse demonstrar a possibilidade de entendimento entre católicos e protestantes.
A Missa em Si Menor é em parte construída sobre temas do Canto Gregoriano em uso na Igreja Católica da época. Os meios e o colorido empregados por Bach são os mais diversos: Há corais, árias à italiana, duetos, o diabo. Todos os sentimentos, do recolhimento à angústia, da tristeza à alegria, da devoção ao secular, tudo está intensamente contemplado nesta obra onde Bach reutiliza algumas árias de Cantatas compostas anteriormente, misturando-as a peças originais, sem que disso resulte perda de homogeneidade.
Curiosamente, esta obra tão profundamente erudita e religiosa, é hoje mais apresentada em salas de concertos do que em igrejas, pois suas necessidades de tempo (105 a 120 minutos) e de grupo de executantes são maiores do que as igrejas normalmente dispõem. Não obstante este problema, Bach consegue transformar tanto as salas de concerto quanto nossas casas em locais de devoção – musical ou religiosa.
Certa vez, o compositor Gilberto Agostinho descreveu-me um fenômeno que sei ser verdadeiro:
Sempre que possível eu gosto de ouvir música com a partitura na mão. Hábito de músico, além de ser um ótimo jeito de aprender coisas e estudar. Mas existem algumas partituras que assustam a gente, pela clareza e simplicidade na escrita e pelo resultado fenomenal. Bach e Brahms tem disso. Eu fico horas analisando uma passagem simples, a duas vozes, e procurando entender o porque daquela sonoridade fantástica, mas muitas vezes não chego a conclusão nenhuma. Simplesmente não entendo. Parecem notas normais, que qualquer um poderia ter escrito, mas elas não soam assim! Com Mahler, você sabe que aquilo vai soar grande, você enxerga tudo, mesmo na passagem mais complexa. Não é o momento que vale, mas sim a construção. Você tem que caminhar junto com ele. Já Bach… O primeiro compasso (o primeiro compasso!) da Paixão Segundo São Mateus é capaz de me arrebatar, e ali já se encontra toda a profundidade que esta obra vai carregar durante duas horas. Em um compasso! E os recitativos, acordes simples e uma melodia, nada mais. Na verdade, e eu nunca ouvi recitativos tão profundos como em Bach. As vezes eu me sinto um relojoeiro inexperiente, que tenta abrir os relógios mas não consegue entender nada, muito menos montá-los de volta. A diferença é que a música não é simplesmente uma pequena máquina, e não existem manuais. Uma das coisas que eu lamento ao ouvir Bach é imaginar que nunca vou conseguir uma profundidade como aquela nas minhas composições.
Integrantes:
Johanna Koslowsky
Mechthild Bach
Monika Mauch
Susanne Ryden
Hans-Jorg Mammel
Wilfried Jochens
Cantus Colln
Konrad Junghanel
CD Nº01:
01 - Kyrie Eleison
02 - Christe Eleison
03 - Kyrie Eleison
04 - Gloria In Excelsis Deo
05 - Et In Terra Pax
06 - Laudamus Te
07 - Gratias Agimus Tibi
08 - Domine Deus
09 - Qui Tollis Peccata Mundi
10 - Qui Sedes Ad Dexteram Patris
11 - Quoniam Tu Solus Sanctus
12 - Cum Sancto Spiritu
CD Nº02:
01 - Credo In Unum Deum
02 - Patrem Omnipotentem
03 - Et In Unim Dominum
04 - Et Incarnatus
05 - Crucifixus
06 - Et Resurrexit
07 - Et In Spiritum Sanctum Dominum
08 - Confiteor
09 - Et Expecto
10 - Sanctu
11 - Osanna In Excelsis
12 - Benedictus
13 - Osanna In Excelsis
14 - Angus Dei
15 - Dona Nobis Pacem
Download Católico
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