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sábado, 4 de abril de 2009

Homilia do Santo Padre João Paulo II no Domingo de Ramos.


8 de Abril de 2001

1. "Hossana!", "Crucifica-O!". Poder-se-ia resumir com estas duas palavras, provavelmente pronunciadas pela mesma multidão à distância de poucos dias, o significado dos dois acontecimentos que recordamos neste liturgia dominical.


Com a aclamação "Bendito Aquele que vem!", num ímpeto de entusiasmo, o povo de Jerusalém, agitando ramos de oliveira, acolhe Jesus que entra na cidade levado por um jumento. Com o "Crucifica-O!", gritado por duas vezes num furor continuado, a multidão pede ao governador romano a condenação do réu que, em silêncio, está de pé no Pretório.
Portanto, a nossa celebração inicia-se com um "Hossana!" e concluiu-se com um "Crucifica-O!". O ramo do triunfo e a cruz da Paixão: não é uma contradição, ao contrário, é o coração do mistério que queremos proclamar. Jesus entregou-se voluntariamente à Paixão, não foi esmagado por forças maiores do que Ele. Enfrentou livremente a morte na cruz e triunfou na morte.


Perscrutando a vontade do Pai, Ele compreendeu que tinha chegado a "hora" e aceitou-a com a obediência livre do Filho e com infinito amor pelos homens: "sabendo Jesus que chegara a Sua hora de passar deste mundo para o Pai, Ele que amara os seus que estavam no mundo, levou até ao extremo o Seu amor por eles" (Jo 13, 1).


2. Hoje olhamos para Jesus que se aproxima do final da sua vida e se apresenta como Messias esperado pelo povo, enviado por Deus e vindo em seu nome para trazer a paz e a salvação, mesmo se de uma forma diferente da que os seus contemporâneos esperavam.
A obra de salvação e de libertação realizada por Jesus continua nos séculos. Por isso a Igreja, que crê firmemente que Ele está presente mesmo se é invisível, não se cansa de O aclamar com louvores e adorações. Por conseguinte, mais uma vez a nossa assembleia proclama: "Hossana! Bendito Aquele que vem em nome do Senhor!".


3. A leitura da página evangélica pôs diante dos nossos olhos as terríveis cenas da paixão de Jesus: o seu sofrimento físico e moral, o beijo de Judas, o abandono por parte dos discípulos, o processo perante Pilatos, os insultos e as injúrias, a condenação, o caminho doloroso, a crucifixão. Por fim, o sofrimento mais misterioso: "meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?". Um forte brado, e depois a morte.


Porquê tudo isto? O início da oração eucarística dar-nos-á a resposta: "Ele, que não tinha pecado, aceitou a paixão por nós pecadores e, entregando-se a uma condenação injusta, carregou o peso dos nossos pecados. Com a sua morte lavou as nossas culpas e com a sua ressurreição obteve-nos a salvação" (Prefácio).


Por conseguinte, a nossa celebração quer ser gratidão e amor Àquele que se sacrificou por nós, ao Servo de Deus que, como dissera o profeta, não opôs resistência, não se afastou para trás, mas apresentou os ombros aos flageladores e não desviou o rosto dos que o ultrajavam e lhe cuspiam (cf. Is 50, 4-7).


4. Mas a Igreja, lendo a narração da Paixão não se limita a considerar unicamente os sofrimentos de Jesus; aproxima-se ansiosa e confiante deste mistério, sabendo que o seu Senhor ressuscitou. A luz da Páscoa faz descobrir o grande ensinamento contido na Paixão: a vida afirma-se através do dom sincero de si até enfrentar a morte pelo próximo, pelo Outro.
Jesus não concebeu a sua existência terrena como busca do poder, como corrida ao sucesso e à carreira, como vontade de domínio sobre os outros. Ao contrário, Ele renunciou aos privilégios da sua igualdade com Deus, assumiu a condição de servo tornando-se semelhante aos homens, obedeceu ao projecto do Pai até à morte na cruz. E desta forma deixou aos seus discípulos e à Igreja um ensinamento precioso: "se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto" (Jo 12, 24).


5. O Domingo de Ramos tornou-se, já há anos, também o Dia Mundial da Juventude, o vosso Dia, caríssimos jovens, aqui reunidos de várias paróquias da diocese de Roma e de outras partes do mundo: juntamente convosco saúdo com afecto e esperança também os vossos coetâneos que nas diversas Igrejas locais celebram hoje o XVI Dia Mundial da Juventude, o primeiro do novo milénio.


Saúdo em particular os jovens da Delegação do Canadá, guiada pelo Arcebispo de Toronto, Card. Ambrozic, que estão aqui entre nós para receber a Cruz à volta da qual se reunirão os jovens de todos os continentes no próximo Dia Mundial de 2002. Mais uma vez, a todos e a cada um indico com vigor na Cruz de Cristo o caminho de vida e de salvação, o caminho para chegar ao ramo do triunfo no dia da ressurreição.


Que vemos na Cruz que se eleva diante de nós e que, há dois mil anos, o mundo não cessa de interrogar e a Igreja de contemplar? Vemos Jesus, o Filho de Deus que se fez homem para restituir o homem a Deus. Ele, sem pecado está agora diante de nós crucificado. Ele é livre, apesar de estar pregado no madeiro. É inocente, mesmo se está sob a inscrição que anuncia o motivo da sua condenação. Não lhe quebraram nenhum osso (cf Sl 34, 21), porque é a coluna-mestra de um mundo novo. A sua túnica não foi rasgada (cf. Jo 19, 24), porque ele veio para reunir os filhos de Deus que o pecado tinha dispersado (cf. Jo 11, 52). O seu corpo não será lançado à terra mas colocado numa rocha (cf. Lc 23, 53), porque o corpo do Senhor da vida, que venceu a morte, não pode sofrer a corrupção.


6. Caríssimos jovens, Jesus morreu e ressuscitou, e agora Ele vive para sempre! Deu a sua vida, Mas ninguém lha tirou; deu-a "por nós" (Jo 10, 18). Por meio da sua cruz veio a nós a vida. Graças à sua morte e à sua ressurreição, o Evangelho triunfou, e nasceu a Igreja.
Ao entrarmos confiantes no novo século e no novo milénio, queridos jovens, o Papa repete-vos as palavras do apóstolo Paulo: "Se morrermos por Ele, também com Ele reviveremos; se perseverarmos, reinaremos com Ele" (2 Tim 2, 11). Porque só Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida (cf. Jo 14, 6).


Quem nos separará então do amor de Cristo? O Apóstolo Paulo respondeu também por nós: "Porque estou certo que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades nem a altura, nem a profundidade nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, Nosso Senhor" (Rm 8, 38-39).


Glória e louvor a Ti, ó Cristo, Verbo de Deus, salvador do mundo!


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Domingo de Ramos.


O Domingo de Ramos abre solenemente a Semana Santa, com a lembrança das Palmas e da paixão, da entrada de Jesus em Jerusalém e a liturgia da palavra que evoca a Paixão do Senhor no Evangelho de São Lucas.


Neste dia, se entrecruzam as duas tradições litúrgicas que deram origem a esta celebração: a alegre, grandiosa , festiva litrugia da Igreja mãe da cidade santa, que se converte em mímesis, imitação dos que Jesus fez em Jerusalém, e a austera memória - anamnese - da paixão que marcava a liturgia de Roma. Liturgia de Jerusalém e de Roma, juntas em nossa celebração. Com uma evocação que não pode deixar de ser atualizada.


Vamos com o pensamento a Jesuralém, subimos ao Monte das Oliveiras para recalar na capela de Betfagé, que nos lembra o gesto de Jesus, gesto profético, que entra como Rei pacífico, Messías aclamado primeiro e depois condenado, para cumprir em tudo as profecias.
Por um momento as pessoas reviveram a esperança de ter já consigo, de forma aberta e sem subterfúgios aquele que vinha em nome do Senhor. Ao menos assim o entenderam os mais simples, os discípulos e as pessoas que acompanharam ao Senhor Jesus, como um Rei.
São Lucas não falava de oliveiras nem de palmas, mas de pessoas que iam acarpetando o caminho com suas roupas, como se recebe a um Rei, gente que gritava: "Bendito o que vem como Rei em nome do Senhor. Paz no céu e glória nas alturas".


Palavras com uma estranha evocação das mesmas que anunciaram o nascimento do Senhor em Belém aos mais humildes. Jerusalém, desde o século IV, no esplendor de sua vida litúrgica celebrada neste momento com uma numerosa procissão. E isto agradou tanto aos peregrinos que o oriente deixou marcada nesta procissão de ramos como umas das mais belas celebrações da Semana Santa.


Com a litiurgia de Roma, ao contrário, entramos na Paixão e antecipamos a proclamação do mistério, com um grande contraste entre o caminho triunfante do Cristo do Domingo de Ramos e o "via crucis" dos dias santos.


Entretanto, são as últimas palavras de Jesus no madeiro a nova semente que deve empurrar o remo evangelizador da Igreja no mundo.


"Pai, em tuas mão eu entrego o meu espírito". Este é o evangelho, esta a nova notícia, o conteúdo da nova evangelização. Desde um paradoxo este mundo que parece tão autônomo, necessita que lhe seja anunciado o mistério da debilidade de nosso Deus en que se demonstra o cume de seu amor. Como o anunciaram os primeiros cristãos com estas narrações longas e detalhistas da paixão de Jesus. Era o anúncio do amor de um Deus que desce conosco até o abismo do que não tem sentido, do pecado e da morte, do absurdo grito de Jesus em seu abandono e em sua confiança extrema. Era um anúncio ao mundo pagão tanto mais realista quanto mais com ele se poderia medir a força de sua Ressurreição.


A liturgia das palmas antecipa neste domingo, chamado de páscoa florida, o triunfo da ressurreição, enquanto que a leitura da Paixão nos convida a entrar conscientemente na Semana Santa da Paixão gloriosa e amorosa de Cristo o Senhor.