segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Santa Teresa dos Andes



Santa Teresa dos Andes põe-nos diante dos olhos o testemunho vivo do Evangelho, encarnado até às últimas exigências na sua própria vida.
Ela é, para a humanidade, prova indiscutível de que o chamado de Cristo à santidade é atual, possível e verdadeiro. Ela ergue-se diante de nós para demonstrar que a radicalidade do seguimento de Cristo é o único que vale a pena e o único capaz de fazer-nos felizes.
Teresa dos Andes, com a eloquência duma vida intensamente vivida, confirma-nos que Deus existe, que Deus é amor e alegria, que é a nossa plenitude.
Nasceu em Santiago do Chile a 13 de Julho de 1900. No Batismo foi-lhe dado o nome de Joana Henriqueta Josefina dos Sagrados Corações Fernández Solar. Familiarmente era conhecida, e é ainda hoje, pelo nome de Juanita.
Viveu uma infância normal no seio da família: os pais, Miguel Fernández e Lucía Solar; três irmãos e duas irmãs; o avô materno, tios, tias e primos.
A família gozava de boa posição econômica e guardava fielmente a fé cristã que vivia com sinceridade e constância.
Joana recebeu a sua formação escolar no colégio das Irmãs francesas do Sagrado Coração. Uma curta e intensa história passada entre a família e o colégio. Aos catorze anos, movida por Deus, já ela se decidiu a consagrar-se a Ele como religiosa, em concreto, como carmelita descalça.
Este seu desejo veio a realizar-se a 7 de Maio de 1919, quando entrou no pequeno mosteiro do Espírito Santo na povoação de Los Andes, que dista aproximadamente 90 quilômetros de Santiago.
Vestiu o hábito de carmelita no dia 14 de Outubro desse mesmo ano, iniciando assim o noviciado com o nome de Teresa de Jesus.
Tinha pressentido, havia muito, que morreria jovem. Melhor, o Senhor tinha lhe revelado, como comunicou ao confessor um mês antes da sua partida para Ele.
Assumiu este anúncio com alegria, serenidade e confiança, certa de que na eternidade continuaria a sua missão de fazer conhecer e amar a Deus.
Após muitas tribulações interiores e indizíveis padecimentos físicos, causados por um violento ataque de tifo que lhe consumiu a vida, passou deste mundo para o Pai no entardecer do dia 12 de Abril de 1920. Tinha recebido com sumo fervor os santos sacramentos da Igreja e no dia 7 de Abril fez a profissão religiosa em artigo de morte. Faltavam-lhe ainda três meses para completar os 20 anos de idade e 6 para terminar o noviciado canônico e poder emitir juridicamente os votos religiosos. Morreu, portanto, sendo noviça carmelita descalça.
Esta é a trajetória externa desta jovem chilena de Santiago. Desperta em nós uma grande interrogação: Mas, que fez ela de importante? Para tal pergunta, uma resposta: viver, crer e amar.
Quando os discípulos perguntaram a Jesus sobre o que deviam fazer para cumprir as obras de Deus, Ele respondeu: “A obra de Deus é que acrediteis n'Aquele que Ele enviou” (Jo 6, 28-29). Portanto, para aperceber-nos do valor da vida de “Juanita”, é necessário assomar-nos ao seu interior, ali onde o Reino de Deus está.
Ela abriu-se à vida da graça desde mui tenra idade. É ela mesma que nos assegura que aos 6 anos, movida pelo Senhor, conseguiu centrar n’Ele toda a riqueza da sua afetividade: “Quando se deu o terremoto de 1906, pouco depois, Jesus começou a apoderar-se do meu coração” (Diário, n. 3, p. 26). Juanita aliava uma enorme capacidade de amar e de ser amada a uma extraordinária inteligência. Deus a fez experimentar a sua presença, cativou-a dando-se-lhe a conhecer e a fez totalmente d'Ele, unindo-a ao sacrifício da cruz. Conhecendo-O, amou-O; e amando-O, entregou-se radicalmente a Ele.
Tinha compreendido, já desde pequena, que o amor se mostra mais com obras que com palavras. Por isso traduziu-o em todos os atos da própria vida, desde a sua motivação mais profunda. Olhou-se a si mesma de frente com olhos sinceros e sábios e compreendeu que, para ser de Deus, era necessário morrer para si mesma e para tudo o que não fosse Ele.
Por natureza era totalmente adversa às exigências do Evangelho: orgulhosa, egoísta, teimosa, com todos os defeitos que isto supõe. Como nos acontece a todos. Mas o que ela fez de diferente foi não esmorecer nunca na luta encarniçada contra todo o impulso não nascido do amor.
Aos 10 anos era uma nova pessoa. Motivava-a o sacramento da Eucaristia que ia receber.
Compreendeu que era Deus que ia morar dentro dela; e isso a fez empenhar todo o esforço em ornar-se das virtudes que a fizessem menos indigna desta graça e conseguiu, em pouquíssimo tempo, transformar por completo o seu caráter.
Na celebração deste Sacramento recebeu de Deus graças místicas de falas interiores que persistiram ao longo de toda a vida. Desde então, a inclinação natural para Deus transformou-se nela em amizade, em vida de oração.
Quatro anos mais tarde recebeu interiormente a revelação que iria orientar definitivamente toda a sua vida: Jesus Cristo disse-lhe que a queria carmelita e que a sua meta tinha de ser a santidade.
Com abundante graça de Deus e a generosidade duma jovem apaixonada, entregou-se à oração, à aquisição das virtudes e à prática da vida segundo o Evangelho, de tal modo que em breves anos foi elevada a alto grau de união com Deus.
Cristo foi o seu ideal, o seu único ideal. Enamorou-se d'Ele e foi consequente até crucificar-se em cada momento por Ele. Invadiu-a O amor esponsal e, por isso, o desejo de unir-se plenamente a Quem a havia cativado. Assim, aos 15 anos fez voto de virgindade por nove dias, que renovou depois continuamente.
A santidade da sua vida resplandeceu nos atos ordinários de cada dia em qualquer ambiente onde viveu: a família, o colégio, as amigas, os vizinhos com quem passava parte das suas férias e a quem, com zelo apostólico, catequizou e ajudou.
Sendo jovem igual a todas as suas amigas, estas reconheciam-na diferente. Tomaram-na por modelo, apoio e conselheira. Juanita sofreu e gozou intensamente em Deus as penas e alegrias comuns a todas as pessoas.
Jovial, alegre, simpática, atraente, desportista e comunicativa. Adolescente ainda, alcançou perfeito equilíbrio psicológico e espiritual, como fruto de ascese e oração. A serenidade do seu rosto era o reflexo do Deus que nela vivia.
A sua vida no convento, de 7 de Maio de 1919 até à morte, foi o último degrau da sua ascensão ao cume da santidade. Nada mais que onze meses bastaram para consumar uma vida totalmente cristificada.
Bem depressa a Comunidade descobriu nela a passagem de Deus na sua própria história. No estilo de vida carmelitano-teresiano, a jovem encontrou plenamente o espaço por onde derramar, com a maior eficácia, a torrente de vida que ela queria oferecer à Igreja de Cristo. Era o mesmo estilo de vida que, a seu modo, vivera na família e a que se sentia chamada. A Ordem da Virgem Maria do Monte Carmelo culminou os desejos de Juanita ao comprovar que a Mãe de Deus, a quem amou desde pequena, a tinha atraído para pertencer-lhe.
Foi beatificada em Santiago do Chile, por Sua Santidade o Papa João Paulo II, no dia 3 de Abril de 1987. Os seus restos são venerados no Santuário de Auco-Rinconada dos Andes por milhares de peregrinos que buscam e encontram nela a consolação, a luz e o caminho reto para Deus.
Santa Teresa dos Andes é a primeira Santa chilena, a primeira Santa carmelita descalça de além fronteiras da Europa e a quarta Santa Teresa do Carmelo, depois das Santas Teresas de Avila, de Florença e de Lisieux.
Leia o resto clicando aqui.

Um comentário:

  1. aonde conseguir as cartas de "juanita" em pdf. Mas....todas elas.?

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