Por Marcelo Fedeli
Este é o primeiro de uma série de artigos que tratará das tentativas de infiltração tanto da maçonaria como do comunismo nos meios católicos no período de 1917 a 1991.
I – INTRODUÇÃO
Voltando o olhar do alto da janela deste 2011 para o Século XX, notamos um conjunto de acontecimentos significativos ocorridos no ano de 1917 que, concretamente, marcaram toda a História do mundo por quase 100 anos.
De fato em 1917 ocorreu:
1º – de 13 de Maio a 13 de Outubro de 1917: aparições de Nossa Senhora em Fátima, pedindo a recitação do Terço diariamente, conversão, penitência e a consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração. Além destes pedidos, anunciou a famosa profecia da expansão dos “erros da Rússia” pelo mundo caso os “homens não se emendarem” e uma mensagem ainda hoje envolta em mistério;
2º – 27 de Maio 1917: Promulgação do Código do Direito Canônico, incluindo novas condenações à Maçonaria. A partir deste fato a Maçonaria muda de tática em relação à Igreja e, ao invés de continuar a combatê-la frontalmente, resolve dela se aproximar e nela se infiltrar para mais facilmente destruí-la;
3º – 24 de Junho de 1917: manifestação maçônica na Praça de S. Pedro, em Roma, celebrando os 200 anos da fundação da 1ª Grande Loja na Inglaterra, com uma grande faixa em que se lia: “Satanás reinará no Vaticano, e o Papa será seu escravo” [A. Socci, II Quarto Segreto, Rizzoli, 5ª Edição, Fevereiro de 2010, p. 179].
4º - 25 de Outubro de 1917: Lênin toma o poder na Rússia instaurando o regime comunista.
Tudo isto ocorreu naquele 1917!…
Paralelamente, dentro da própria Igreja, a heresia do Modernismo, condenada formalmente pelo Papa S. Pio X em 1907, começa a ressurgir, tímida e discretamente dos subterrâneos das sacristias, dos mosteiros e das Faculdades de Teologia onde se escondera e abrigara, e passará a contribuir nas futuras décadas, de forma cada vez mais clara e concreta, através dos seus sequazes, para o diabólico programa da aproximação com a Santa Igreja daqueles seus dois ferrenhos inimigos: a Maçonaria e o Comunismo.
Mais de quarenta anos depois, o Concílio Vaticano II derrubou algumas das últimas barreiras, facilitando ainda mais essa colaboração entre os Modernistas, a Maçonaria e o Comunismo, uma vez que não condenou o Comunismo e que, em suas secções, foram ouvidos pedidos formais de bispos para anular as antigas condenações àquela seita secreta, sem que tenha havido qualquer indignação e objeção na Sala Conciliar. Durante a elaboração do novo Código Canônico, iniciada a pedido do Papa João XXIII em 1959, e concluída no pontificado de João Paulo II, os Modernistas tudo farão para eliminar as condenações à Maçonaria constantes do Código de 1917.
E por que juntar Maçonaria, Comunismo e Modernismo nessa verdadeira trama contra a Igreja Católica, nela se infiltrando para mais facilmente destruí-la? Simplesmente porque essas três ideologias têm como princípio fundamental comum o CULTO DO HOMEM, ou seja, têm uma versão antropocêntrica, evolucionista, naturalista, gnóstica ou panteísta do universo, total e diametralmente contrária ao Credo in unum Deum, Patrem omnipoténtem, Factorem cæli et terræ, Visibílium omnium et invisibílium, primeiro artigo do CREDO e, conseqüentemente, contrária aos seus subseqüentes artigos.
Essa “união espiritual” — e material — entre Maçonaria, Comunismo e Modernismo na ‘aproximação’ visava, em última escala, subjugar a Igreja aos seus princípios revolucionários. Pretendia assim substituir as verdades eternas reveladas por Deus e defendidas milenarmente pela Santa Igreja, pelos seus fugazes princípios relativistas, naturalistas, evolucionistas e igualitários. Em outras palavras aquela “união espiritual” pretendia fazer uma verdadeira revolução na Igreja e nas relações desta com o mundo e com todas as outras seitas e religiões, para disto surgir uma nova sociedade mundial, fraternal, sem Deus e suas ‘mesquinhas’ leis contra a liberdade dos homens. O plano atingiu seu ápice no Concílio Vaticano II e na aplicação dos princípios deste nos anos imediatamente posteriores àquele evento.
A Maçonaria, a partir de 1917, começou a se apresentar com mais vigor como uma sociedade que absolutamente nada tinha contra a Igreja, que jamais pretendera destruí-la, que nunca fora anti-clerical – pelo contrário! – que receberia de braços abertos até os clérigos de toda a hierarquia, para unir os princípios da caridade cristã aos seus próprios princípios. Com essa miscelânea, ela se propunha a estabelecer uma nova ordem mundial, de paz e amor fraterno, e ecumênica, conforme os termos que o presidente americano Roosevelt usou em carta ao Papa Pio XII — seu ‘old and good friend” — em dezembro de 1939 e que este Papa incluiu na sua Mensagem de Natal daquele mesmo ano.
Por outro lado, o Comunismo implantado na Rússia por Lênin, marcou uma cruel e incansável perseguição, durante décadas e décadas, à Igreja, passando pelos ditadores e públicos assassinos Stalin e Khrushchev e seus sucessores. Essa crudelíssima perseguição foi ampliada para a China e para todos os demais países subjugados pelo Comunismo em todos os continentes, particularmente na Europa durante e após a II Guerra Mundial.
Concretamente, a ‘aproximação’ do Comunismo com a Igreja — ou vice e versa — será iniciada durante o pontificado do Papa João XXIII, atingindo seu auge também no Concílio Vaticano II e na Ost-Politik do Papa Paulo VI. A perseguição à Igreja, contudo, não cessará com aquela aproximação. Esta continuará na Rússia e em todos os países subjugados à tirania do Comunismo. Na Europa Oriental, a perseguição violenta à Igreja cessou com a inesperada ruína do império soviético em 1991, graças a Deus. Nos países dominados por governos Socialistas e Comunistas, infelizmente, a perseguição à Igreja, ou a sua doutrina, continua até hoje.
Por sua vez, a Maçonaria tanto urdira pela extinção das condenações constantes do Código de Direito Canônico de 1917, que acabou tendo seu nome excluído do Código de 1983. Entretanto, ela foi novamente e explicitamente condenada, pelo adendo que fez ao Código o Cardeal Josef Ratzinger, então Prefeito da Congregação da Fé, e aprovado pelo Papa João-Paulo II.
E o Modernismo?… Parece continuar respirando graças aos ares que, embora enfraquecidos, ainda sopram do Concílio Vaticano II. Deste as novas gerações não têm quase nenhum conhecimento, não recebendo tanto, por isso, suas maléficas influências. Há quem diga que ele desaparecerá com os últimos Modernistas do século passado que ainda hoje vivem.
O fim desta batalha, porém, não significa fim da batalha que os filhos da serpente sempre manterão contra a Igreja. Outras batalhas virão, pois a “inimizade entre os filhos da Virgem e os filhos da serpente”, anunciada nas Escrituras, durará até o fim dos tempos. Nunca, porém, as ‘portas do inferno prevalecerão contra a Igreja’, como Nosso Senhor nos prometeu.
Evidentemente os artigos a serem aqui apresentados não esgotam a matéria, e devem ser entendidos como um resumo, um início, para futuros e mais aprofundados estudos.
Pedimos ao Imaculado Coração de Maria as graças necessárias para que tudo o que aqui vier a ser escrito seja para a maior glória de Deus, para a salvação das almas e exaltação da Santa Romana Igreja. Esperamos também que a consagração da RÚSSIA ao Imaculado Coração de Maria, último pedido de Nossa Senhora em Fátima, em outubro de 1917, seja realmente atendido pelo Santo Padre da forma como Ela mesmo estabeleceu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Para que você possa comentar é preciso estar logado.