Cena do filme A Paixão de Cristo, no qual o ator James Caviezel interpreta Jesus
Missas em latim aos domingos, peixe na sexta-feira, muito incenso e nada de meninas como coroinhas - os católicos tradicionalistas adoram o modo como a Igreja costumava ser. Limitados a um papel discreto na Igreja de hoje, esses adversários das inovações encontraram um improvável defensor de sua causa no ator Mel Gibson, cujo filme The Passion of the Christ (A Paixão de Cristo) estreou na quarta-feira nos cinemas norte-americanos provocando polêmica.
Cenas brutais de tortura e da crucifixão lembram a forma medieval de retratar os últimos momentos da vida de Cristo. Diálogos em línguas antigas, entre as quais o latim, fazem renascer a linguagem usada pela Igreja para celebrar missas por mais de 1,5 mil anos até a década de 60, quando as línguas modernas tomaram seu lugar.
O filme parece muito diferente dos sucessos de bilheteria anteriores de Gibson - comédias românticas ou filmes de ação apimentados com generosas doses de sexo. Mas, apesar de toda a atenção despertada pela produção, os tradicionalistas continuam a ser uma minoria diminuta, com pequenas chances de assumir um papel de maior destaque dentro da Igreja Católica. "O número de tradicionalistas nos EUA é minúsculo em relação aos mais de 68 milhões de católicos", afirmou William Dinges, da Universidade Católica da América, em Washington. Segundo o estudioso, havia 320 locais de culto para tradicionalistas nos EUA.