domingo, 6 de setembro de 2015

A Igreja Católica alterou os Mandamentos?

M. A. F. (Caxias): "A Igreja Católica não terá alterado os mandamentos da Lei de Deus consignados em Êxodo 20, 1-17? Parece ter omitido o segundo e dividido o décimo".

Em vista de toda a clareza possível, coloquemo-nos ante os olhos o mencionado texto de Ex 20,1-17:
20, 1 “Então falou Deus todas estas palavras, dizendo:
2 Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.
3 Não terás outros deuses diante de mim.
4 Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
5 Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem.
6 E faço misericórdia em milhares, aos que me amam e guardam os meus mandamentos.
7 Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.
8 Lembra-te do dia do sábado, para o santificar.
9 Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra.
10 Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está dentro das tuas portas.
11 Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e no sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado e o santificou.
12 Honra o teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.
13 Não matarás.
14 Não adulterarás.
15 Não furtarás.
16 Não dirás falso testemunho do teu próximo.
17 Não cobiçarás a casa do teu próximo, Não cobiçarás à mulher do teu próximo, nem. o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo".
Que dez sejam os mandamentos acima enunciados, é um fato de que nem judeus nem cristãos jamais duvidaram, pois a S. Escritura mesma ensina que dez foram os preceitos dados por Deus ao homem; cf. Ex 34,28; Dt 4,13; 10,4.
Todavia, como se depreende do texto, a S. Escritura não numera os mandamentos ao enunciá-los. Por isto, desde os- antigos tempos judeus e cristãos propuseram diversos modos de os distinguir e numerar.

1) A primeira tentativa escrita de distinguir os dez mandamentos deve-se a Filon (+ ca. 40 d.C.), judeu de Alexandria, e Flávio José. historiador judaico contemporâneo seu. Conforme estes autores, o primeiro mandamento inculca o culto de um só Deus, o monoteísmo, abrangendo os versos 20,2-3; o segundo preceito proíbe a idolatria (20,4-6); o terceiro manda honrar o nome do Senhor (20,7); o quarto preceitua a observância do dia do Senhor (20,8-11); os seis restantes têm por objeto as relações do homem com seu próximo, de tal modo que o nono proíbe a mentira (20,16) e o décimo, a cobiça da casa, da esposa, dos servos, animais e demais bens do próximo (20,17).

Esta divisão foi aceita por escritores cristãos antigos como Orígenes, Tertuliano, S. Gregório Nazianzeno, Cassiano. Também os luteranos, calvinistas e anglicanos a adotaram.

2) Tal divisão, porém, não prevaleceu entre os judeus. Os escritos chamados "Targumim", que referem a exegese dos- rabinos, mais autoritativa que a de Filon e fruto de antiquíssimo ensinamento, propõem como primeiro preceito o texto de Ex 20,2: seria o mandamento de prestar culto ao verdadeiro Deus; o segundo preceito proibiria o culto de falsos deuses e de ídolos (20,3-6); o terceiro mandaria honrar o nome de Deus (20,7) e o décimo proibiria a cobiça de qualquer bem alheio (20,17). É esta a divisão geralmente aceita pelos judeus até hoje.

3) A terceira divisão deve-se a Santo Agostinho (+430), um dos maiores doutores do Cristianismo. Agostinho (Quaest. LXXI in Exod. ed. Migne 34,620s) julgava que os preceitos de prestar culto ao verdadeiro Deus e de não adorar deuses falsos e ídolos não são, em verdade, senão um só mandamento formulado positiva e negativamente; por isto estendia o primeiro mandamento do verso 2 ao verso 6 (de fato, prestar culto ao verdadeiro Deus exclui o culto de outros deuses). No verso 17, porém, Agostinho via dois preceitos distintos: o nono e o décimo. Já isto lhe parecia insinuado pela repetição da mesma fórmula no v. 17: "Não cobiçarás...". Ora a fórmula enunciada duas vezes coíbe duas paixões do homem: a paixão sexual, que cobiça a mulher do próximo, e a paixão de possuir, que cobiça os outros bens do próximo; por isso Santo Agostinho via nessas duas fórmulas dois mandamentos distintos (o fato de estarem hoje estes dois mandamentos dentro de um só verso nada significa, pois sabemos que a atual divisão da Bíblia em capítulos e versos, longe de ser original, só foi introduzida no século 13 por Estêvão Langton, arcebispo de Cantuária). — A divisão assim ensinada por S. Agostinho já fôra proposta no séc. 2 por Teófiío de Antioquia e, provavelmente, Clemente de Alexandria. Tornou-se comum entre os escritores cristãos da Idade Média.

Ora a Igreja adotou no seu Catecismo, editado no século 16, a divisão sancionada pela autoridade de S. Agostinho e dos grandes doutores medievais. Adotou-a, porque dentre as três- divisões que, como vimos, os exegetas haviam proposto, nenhuma era de autoridade divina (ensinada pela própria S. Escritura); todas as três se baseavam sobre razões suficientes, não, porém, decisivas; a divisão de S. Agostinho era a que se apresentava mais lógica, mais plausível. — Fazendo isto, teria a Igreja alterado a Escritura Sagrada? Deveremos responder que a Igreja a "alterou" tanto quanto os protestantes a “alteram” quando inculcam a sua divisão. A divisão dos Protestantes não tem mais autoridade do que a de S. Agostinho e do Catecismo Católico, pois também ela não é ensinada tal qual pela S. Escritura, nem é a dos rabinos antigos nem a dos judeus atuais (doutro lado, quão grande autoridade Lutero e os antigos protestantes atribuíam a S. Agostinho!).

Em conclusão: quer se distingam os preceitos como Filon de Alexandria, quer como os Rabinos, quer como S. Agostinho, o que deve importar a todos, católicos e protestantes, é que se ponha em prática tudo que o texto sagrado de Ex 20,1-17 preceitua. Sabemos com certeza que Deus quer que o homem adore o seu Criador e somente a Este, não cobice nem a mulher do próximo nem os bens alheios. Que ele o faça porque tal é o mandamento primeiro, segundo, nono ou décimo, isto importa pouco aos olhos do Senhor; faça-o porque é mandamento divino; o Pai do céu já se contenta com isto. — E principalmente que ninguém condene o próximo sem conhecimento de causa! É esta a lei da caridade, o primeiro e máximo preceito do Cristianismo.

Dom Estêvão Bettencourt (OSB)

São Lourenço de Brindisi - Faz tudo bem feito (Comentando o Evangelho do dia).

A Lei divina narra as obras que o Senhor realizou na criação do mundo e acrescenta: «Deus, vendo toda a sua obra, considerou-a muito boa» (Gn 1,31). [...] O Evangelho conta a obra da Redenção e da nova Criação e diz também: «Faz tudo bem feito» (Mc 7,37). [...] Seguramente que o fogo, pela sua natureza, não pode irradiar outra coisa que não seja calor, não pode produzir frio. O sol só difunde luz e não pode ser causador de trevas. Da mesma forma, Deus só pode realizar boas obras, visto que é a bondade infinita e a própria luz. É um sol que espalha uma luz infinita, um fogo que dá um calor infinito: «faz tudo bem feito». [...]



São Lourenço de Brindisi Faz tudo bem feito Comentando o Evangelho do dia.
A Lei diz que tudo o que Deus fez era bom e o Evangelho que «faz tudo bem feito». Ora, fazer coisas boas não é fazê-las pura e simplesmente bem. Na verdade, muitos fazem coisas positivas sem as fazerem bem: os hipócritas fazem obras benéficas com mau espírito, com uma intenção perversa e falsa. Deus, pelo contrário, faz tudo bom e bem feito. «O Senhor é justo em todos os seus caminhos e misericordioso em todas as suas obras» [Sl 145,17] [...] E se Deus, sabendo que nós encontramos a alegria no que é bom, fez todas as obras boas para nós e as fez bem, porque não nos propomos fazer de boa vontade apenas obras boas e bem feitas, uma vez que sabemos que é nelas que Deus encontra a sua alegria?


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sábado, 5 de setembro de 2015

Roberto Carlos - Católico (Ouça).




Roberto Carlos Braga, OMC (Cachoeiro de Itapemirim, 19 de abril de 1941) é um cantor e compositor brasileiro. Embora tivesse iniciado a carreira sob influência da Bossa Nova, no início da década de 1960, Roberto mudou seu repertório para o rock. Com composições próprias, geralmente feitas em parceria com o amigo Erasmo Carlos, e versões de sucessos do então recente gênero musical, fundando as bases para o primeiro movimento de rock feito no Brasil. Com a fama, estrelou ao lado de Erasmo Carlos e Wanderléa um programa na TV Record chamado Jovem Guarda, que daria nome ao primeiro movimento musical do rock brasileiro. Além da carreira musical, estrelou filmes inspirados na fórmula lançada pelos Beatles - como "Roberto Carlos em Ritmo de Aventura", "Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-rosa" e "Roberto Carlos a 300 Quilômetros por Hora".
Roberto Carlos com o Papa João Paulo II.
Na virada para década de 1970, reformulou seu repertório rock'n'roll e se tornou um cantor e compositor basicamente romântico, que não modificou desde então. Logo também mudava seu público-alvo, que deixou de ser o jovem e passou a ser o adulto. Atualmente continua se apresentando com frequência e produz anualmente um especial que vai ao ar na semana do Natal pela Rede Globo, mesma época em que costumavam ser lançados seus discos anuais. Entre 1961 e 1998, Roberto lançou um disco inédito por ano. Dezenas de artistas já fizeram regravações de suas músicas, entre os quais Caetano Veloso, Gal Costa e Maria Bethânia. 

Segundo a ABPD, Roberto Carlos é o artista solo com mais álbuns vendidos na história da música popular brasileira. Seus discos já venderam mais de 120 milhões de cópias e bateram recordes de vendagem - em 1994 chegou a marca de 70 milhões de discos vendidos - incluindo gravações em espanhol, inglês e italiano, em diversos países. Tendo realizado milhares de shows em centenas de cidades no Brasil e no exterior, sua popularidade o tornou conhecido no Brasil e na América Latina como O Rei, contando com um dos maiores fã-clubes do mundo. (Wikipédia)

Faixas do CD:


01 - Roberto Carlos - Ele está para chegar.
02 - Roberto Carlos - Além do horizonte.
03 - Roberto Carlos - Todos estão surdos.
04 - Roberto Carlos - O Homem.
05 - Roberto Carlos - A Montanha.
06 - Roberto Carlos - Águia Dourada.
07 - Roberto Carlos - Aleluia.
08 - Roberto Carlos - Amigo.
09 - Roberto Carlos - Paz na Terra.
10 - Roberto Carlos - Guerra dos Meninos.
12 - Roberto Carlos - Estou aqui
13 - Roberto Carlos - Ele está pra chegar.
14 - Roberto Carlos - Jesus Cristo.
15 - Roberto Carlos - Apocalipse.
16 - Roberto Carlos - Oração de um Triste.
17 - Roberto Carlos - Quero Paz.
18 - Roberto Carlos - Luz Divina.
19 - Roberto Carlos - Nossa Senhora.
20 - Roberto Carlos - Jesus Salvador.
21 - Roberto Carlos - O Terço.
22 - Roberto Carlos - O Homem Bom.
23 - Roberto Carlos - Quando eu quero falar com Deus.
24 - Roberto Carlos - Coração de Jesus.
25 - Roberto Carlos - Meu Menino Jesus.
26 - Roberto Carlos - Jesus Cristo.
27 - Roberto Carlos - Jesus Cristo (Espanhol).
28 - Roberto Carlos - Todos estão surdos.
29 - Roberto Carlos - É Preciso Saber Viver.



ATENÇÃO: Vídeo monetizado pela SME (Sony Music Entertainment). Todos os ganhos obtidos através dele são revertidos ao cantor.

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Francisco: existe uma doença na Igreja, semear a divisão (Ouça).



Papa Francisco falando aos padres de Roma
Semeio paz ou cizânia?



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Na Carta aos Colossenses, São Paulo mostra o bilhete de identidade de Jesus, que é o primogénito de Deus - e Ele mesmo é Deus - e o Pai enviou-o para "reconciliar e pacificar" a humanidade com Deus depois do pecado. "A paz é obra de Jesus" - disse Francisco – daquele se “abaixar-se para obedecer até à morte e morte na cruz”. "E quando nós falamos de paz ou reconciliação, pequenas pazes, pequenas reconciliações, devemos pensar na grande paz e grande reconciliação" que "Jesus fez. Sem Ele não é possível a paz. Sem Ele não é possível a reconciliação". "A nossa tarefa” – sublinhou o Papa Francisco - no meio das “notícias de guerras, do ódio, mesmo nas famílias"- é ser "homens e mulheres de paz, homens e mulheres de reconciliação”.
"E faz-nos bem perguntar-nos: 'Eu semeio a paz? Por exemplo, com a minha língua, eu semeio paz ou cizânia?'. Quantas vezes já ouvimos dizer de uma pessoa: "Mas tem uma língua de serpente!', porque sempre faz aquilo que a serpente fez com Adão e Eva, destruiu a paz. E isto é um mal, esta é uma doença na nossa Igreja: semear a divisão, semear o ódio, não semear a paz. Mas esta é uma pergunta que cada dia é bom que nos façamos: "Eu hoje semeei paz ou semeei cizânia?'. "Mas, por vezes, se devem dizer as coisas porque aquele aquela ...": com esta atitude o que sêmeas tu?”
Quem leva a paz é santo, quem está com “mexericos” é como um terrorista
Os cristãos, portanto, são chamados a ser como Jesus, que "veio até nós para pacificar e reconciliar":
"Se uma pessoa durante a sua vida, não faz outra coisa senão reconciliar e pacificar pode-se canonizá-la: essa pessoa é santa. Mas devemos crescer nisto, devemos converter-nos: nunca uma palavra para dividir, nunca, nunca uma palavra que traga guerra, pequenas guerras, nunca os mexericos. Eu penso: o que são os mexericos? Bem, nada, dizer uma palavrinha contra o outro, ou dizer uma história: 'Fez isto, aquilo ...'. Não! Bisbilhotice é terrorismo porque quem diz mexericos é como um terrorista que lança a bomba e vai embora, destrói: com a língua destrói, não faz a paz. Mas ele é astuto, hein? Não é um terrorista suicida, não, não, ele guarda-se bem”.
Morder-se a língua
O Papa Francisco repetiu uma pequena exortação:
"Sempre que me vem a vontade de dizer algo que é semear cizânia e divisão e falar mal de outro ... morder-se a língua! Eu vos asseguro, que se fizerdes este exercício de morder-se a língua em vez de semear cizânia, nos primeiros momentos vai inchar a língua, ferida, porque o diabo nos ajuda nisto pois é o seu trabalho, a sua profissão: dividir ".
Em seguida, a oração final: "Senhor tu deste a tua vida, dá-me a graça de pacificar, de reconciliar. Tu derramaste o teu sangue, mas que eu não me importe que a minha língua se inche um pouco  quando a morder antes de falar mal dos outros”. (BS)

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Santo Ambrósio comentando o Evangelho do dia.

Comentário do Evangelho do dia

Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja Tratado sobre o evangelho de S. Lucas

«Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca»

«Faz-te ao largo» quer dizer: avança para o mar alto dos debates. Haverá profundidade comparável aos «abismos da riqueza, da sabedoria e da ciência do Filho de Deus» (Rom 11,33), à proclamação da sua filiação divina? [...] A Igreja é conduzida por Pedro para o mar alto do testemunho, para contemplar o Filho de Deus ressuscitado e o Espírito Santo derramado.

O que são estas redes de apóstolo que Cristo nos manda lançar? Não serão o encadeado das palavras, as voltas do discurso, a profundidade dos argumentos, que não deixam escapar aqueles que são agarrados? Estes instrumentos de pesca dos apóstolos não matam a presa, mas guardam-na, retiram-na dos abismos para a luz, conduzem-na lá de baixo até às alturas. [...]

«Mestre», diz Pedro, «andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes.» Também eu, Senhor, sei que é de noite para mim quando não és Tu a dar-me as ordens. Ainda não converti ninguém com as minhas palavras, ainda é noite. Falei no dia da Epifania: lancei a rede, mas ainda não apanhei nada. Lancei a rede durante o dia. Espero as tuas ordens; à tua palavra, tornarei a lançá-la. A confiança em si mesmo é vã, mas a humildade dá muito fruto. Eis que aqueles que até então não tinham apanhado nada, à palavra do Senhor capturam uma enorme quantidade de peixes.

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