PERGUNTA
Nome: | Carlos Almeida |
Enviada em: | 14/08/2009 |
Local: | Martinópolis - SP, Brasil |
Religião: | Católica |
Escolaridade: | Superior em andamento |
“Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os Sacrários da Terra, em reparação pelos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores”
(Oração do Anjo de Portugal)
Muito reverendo Padre Fábio de Melo,
Laudetur Iesus Christus
Diante da polêmica lançada sobre algumas informações contidas no livro escrito por vossa reverendíssima, juntamente com a entrevista no programa Direção Espiritual, nós, como fiéis leigos católicos, pertencentes à Diocese de Presidente Prudente, no interior de São Paulo, decidimos levantar a nossa voz, em defesa da verdade revelada por Deus e infalivelmente ensinada pela Igreja Católica, fora da qual não há salvação.
Reverendo Padre Fábio de Melo, não nos alongaremos muito, refutando pormenorizadamente os absurdos quer em matéria de Filosofia, quer em matéria de Teologia, que o senhor afirmou, tanto no livro quanto na entrevista. Senhor Padre, como o senhor pode dizer tais coisas, demonstrando uma total ignorância do que ensina a doutrina católica sobre o assunto? E ainda numa linguagem complicada e confusa, com total ausência de objetividade e clareza.
Primeiramente trataremos da questão da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, que segundo o senhor, não temos provas de seu real acontecimento. Em segundo lugar, da questão da autoridade do Concílio Vaticano II, reclamada pelo “Padre Joãozinho”. Em terceiro lugar, e o mais importante, da Presença Real de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Quanto ao primeiro ponto: a suposta falta de provas da Ressurreição de Cristo.
Eis as vossas palavras, Padre:
“Até mesmo a Ressurreição de Jesus, nós não temos provas materiais da Ressurreição de Jesus, isso é um fato. É Fé. Se nós tivéssemos a prova concreta não precisaríamos ter Fé. Nós acreditamos na Ressurreição, sobretudo por causa do testemunho dos apóstolos. Isso também é prova de Ressurreição, mas não é essa prova empírica, material que muitas vezes as pessoas querem ter, padre” (negrito nosso).
Em primeiro lugar, Padre, repare que o senhor reconhece que o testemunho dos Apóstolos é uma prova da Ressurreição de Cristo. As provas testemunhais têm valor histórico. Aliás, qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento sobre História sabe que um fato histórico é provado pelo testemunho dos que o assistiram, tendo deixado, ou não, documentos escritos desse testemunho. Todos os fatos históricos estão nessas condições. Provando que houve um testemunho, e que a testemunha não tinha motivos para mentir, o testemunho deve ser aceito. Ora, os Evangelhos são documentos históricos de extremo valor. Cremos que o senhor conhece as recentes descobertas arqueológicas, provando que os Evangelhos (pelo menos os Sinóticos) foram escritos em menos de 20 anos após a Ascensão de Nosso Senhor ao Céu, ou seja, quando ainda viviam as testemunhas oculares da vida de Jesus, o que confere aos Evangelhos um valor histórico de primeira ordem. O testemunho dos Apóstolos é, portanto, veraz e para refutá-lo seria necessário, além de apresentar outros testemunhos críveis afirmando o contrário do que eles disseram, provar que essas testemunhas eram tão loucas que morreram nos mais terríveis tormentos, para manter de pé a mentira que haviam inventado (a Ressurreição), sem terem pessoalmente nenhuma vantagem nisso.
Mas o senhor reclama “prova material... concreta... empírica”.
Em primeiro lugar, estamos no campo da História, não no da Biologia. Cada ciência possui seus métodos. Não cabe à História recorrer à experiência sensível (“empírica”) para provar os acontecimentos. Isto cabe às Ciências Naturais. A prova, em matéria de fatos históricos, cabe ao testemunho. Como dissemos, provando que houve um testemunho, e que quem o deu não tinha motivos para mentir, tem-se uma prova em matéria de História. O senhor comete um erro tremendo, querendo aplicar um método de uma ciência em outra.
Mas como Deus é infinitamente misericordioso, eis que Ele também nos concedeu uma prova material, concreta, empírica da Ressurreição de Jesus Cristo: o Santo Sudário de Turim. Há extensas obras de pesquisadores sérios que demonstraram que o Sudário realmente envolveu o Corpo de Cristo, depois de morto, sobretudo pela análise do pólen impregnado no tecido (que provam que ele provém de Jerusalém), das moedas presentes nos olhos (uma das quais foi cunhada sob Pôncio Pilatos, no ano 29 d.C), e de todos os traços do suplício do Homem que foi envolvido pelo Sudário, que é absolutamente conforme aos Evangelhos, até nos mínimos detalhes. A imagem impressa no tecido provém, muito provavelmente, de uma forte radiação desprendida do Corpo cerca de 36 horas após a morte (ou seja, na madrugada do Domingo, dado que Cristo morreu na sexta-feira a tarde). Para que a carta não fique extensa, nos limitamos a apresentar ao senhor um trecho de um livro de duas grandes autoridades no assunto:
“[o pesquisador] Rodante admitiu que a ação fotorradiante da Ressurreição tenha podido fixar melhor na tela as imagens que se tinham imprimido nela naturalmente” (MARINELLI, Emanuela. O Sudário: Uma Imagem Impossível”. São Paulo, Ed. Paulus, 2ª edição, 1998. p. 72)
“Na escuridão do túmulo de Jerusalém, jaz o corpo morto de Jesus, não lavado, coberto de sangue, numa laje de pedra. De súbito, ocorre nele uma explosão de misterioso poder. Nesse instante, o sangue se desmaterializa, dissolvido talvez pelo brilho, enquanto sua imagem e a do corpo ficam indelevelmente fundidas no tecido, conservando para a posteridade um verdadeiro “instantâneo” da Ressurreição” (WILSON, Ian. O Santo Sudário. Ed. Melhoramentos, 1979. p. 287)
Eis, senhor Padre, a prova material, concreta e empírica que o senhor afirmou que não possuímos. Não precisávamos desta prova material, dado que já possuíamos as provas testemunhais dos que viram Cristo ressuscitado. Mas Deus quis conceder, bondosamente, esta prova material. No entanto, é estarrecedor que pesquisadores defendam que há provas materiais da Ressurreição de Nosso Senhor, e um padre negue. A que ponto chegamos, senhor padre? E o povo, coitado, sem um mínimo de instrução religiosa (não há como negar o atual desconhecimento, por parte do povo, de verdades fundamentais do Catecismo), aceita esses absurdos ditos pelos padres. Um fiel, ao ouvir que “não temos provas materiais da Ressurreição”, perderá a Fé, como diz São Paulo: "E se Cristo não ressuscitou, é, pois, vã a nossa pregação, e também vã a nossa fé; e somos assim considerados falsas testemunhas de Deus" (I Cor XV, 14-15). E lembramos que por Fé a Igreja não entende opinião ou sentimento interior ou experiência com Jesus. Não! Por Fé a Igreja entende a plena adesão da inteligência às verdades reveladas por Deus e ensinadas por Ela. Para a prova disto basta consultar qualquer Catecismo.
Quanto à questão da autoridade do Concílio Vaticano II. Diz o “Padre Joãozinho”:
“Povo do Montfort! Leia o Concílio Vaticano II. Eles não querem ler o Concílio Vaticano II”.
Não estamos aqui fazendo apologia da Associação Cultural Montfort, estamos apenas defendendo a doutrina católica e neste sentido as palavras citadas merecem um esclarecimento. Em primeiro lugar, o “povo do Montfort”, assim como todos os que não aceitam o Concílio Vaticano II, leu seus documentos e é exatamente por terem lido que não os aceitaram. Mas levando em consideração que possivelmente “Padre Joãozinho” se expressou de forma errada e que queria dizer “aceite” ao invés de “ler” (e, de fato, logo após ele dizer estas palavras, o senhor, Padre Fábio de Melo, completou, dizendo “Eles não aceitam”), damos continuidade à nossa carta. A argumentação do “Padre Joãozinho” se baseia, em resumo, na autoridade do Concílio Vaticano II. “Dado que o Concílio afirmou isto, isto é verdadeiro”. Este raciocínio é válido para os Concílios infalíveis (como o Concílio de Trento). No caso no Concílio Vaticano II, ele não se aplica, pois conforme as palavras do Cardeal Ratzinger (hoje, Papa Bento XVI), ele não foi dogmático:
“A verdade é que o próprio Concílio não definiu nenhum dogma e conscientemente quis expressar-se em um nível muito mais modesto, meramente como Concílio pastoral; entretanto, muitos o interpretam como se ele fosse o super dogma que tira a importância de todos os demais Concílios.” (Cardeal Joseph Ratzinger, Alocução aos Bispos do Chile, em 13 de Julho de 1988, in Comunhão Libertação, Cl, año IV, Nº 24, 1988, p. 56. Negrito nosso).
Até nos pareceu que o então Cardeal Ratzinger respondia a argumentação do “Padre Joãozinho”, tal foi a precisão e a clareza de suas palavras. O Concílio Vaticano II foi meramente pastoral, como também afirmou o próprio Papa Paulo VI, que encerrou o Concílio:
“Dado o caráter pastoral do Concílio, evitou este proclamar em forma extraordinária dogmas dotados da nota de infalibilidade” (Paulo VI, Discurso no encerramento do Concílio, 12 - I 1966. Apud Compêndio do Vaticano II, Editora Vozes, Petrópolis, 1969, pg. 31).
Tudo isto somado, fica claro que devemos ler o Concílio Vaticano II tal como ele é, e não como queremos que ele seja. Seu ensinamento não foi infalível. O Concílio de Trento, pelo contrário, o foi. E neste Concílio infalível a Igreja pronunciou com voz clara a verdade revelada por Deus, a qual devemos a nossa adesão, visto que Deus não Se engana nem nos pode enganar:
“Se alguém disser que no sacrossanto sacramento da Eucaristia permanece substância de pão e vinho juntamente com o Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, e negar aquela admirável e singular conversão de toda a substância do pão em Corpo e de toda substância do vinho em Sangue, permanecendo somente as espécies de pão e vinho, conversão que a Igreja Católica propiciamente chama de Transubstanciação, seja excomungado”. (Concílio de Trento, Cânones sobre a Eucaristia, II)
Daqui, podemos passar para a questão da Presença Real. O senhor, Padre, afirmou o seguinte:
"Juntamente com as duas substâncias está o bonito e sugestivo significado da ausência." (destaques nossos).
“Duas substâncias”, Padre? Mas o Concílio infalível de Trento não afirmou que “se alguém disser que no sacrossanto sacramento da Eucaristia permanece substância de pão e vinho juntamente com o Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo (...) seja excomungado”? Como o senhor então afirma a existência de “duas substâncias”? Explique-se.
Aqui cabe uma exclamação nossa:
“Padre Fábio de Melo: leia o Concílio infalível de Trento!”
Leia, e aceite, pois este sim é infalível e proclamou dogmas.
Agora, sobre o termo “ausência”, o que o senhor quis dizer com isto? A ausência da Presença Real de Nosso Senhor Jesus Cristo no Sacramento da Eucaristia?
Mais adiante, o senhor explicita um pouco mais o que pensa, dizendo:
“Gente, o bonito da eucaristia é claro, o que se desdobra de tudo aquilo que nós acreditamos, que é o estar juntos. A última ceia é isso.”
“Tudo aquilo que nós acreditamos” se desdobra no “estar juntos”? O que se desdobra de tudo aquilo que acreditamos com certeza (pois foi revelado por Deus) não é simplesmente “estar juntos” e sim um sincero agradecimento à bondade de Deus, que quis permanecer conosco, sem nos aniquilar com Sua Majestade infinita, procurando ocultá-la sobre o véu do pão e do vinho. O que se desdobra é uma profunda dor pelos ultrajes com que Ele é ofendido, principalmente por Seus ministros, que teriam o dever de defendê-Lo, se necessário com a vida. E a última Ceia não é isto. Basta consultar qualquer livro dos Santos Doutores ou o Catecismo para ver o que a Igreja ensina sobre Última Ceia.
Quisemos, Padre, por meio desta carta, mostrar nossa indignação por tais absurdos ditos pelo senhor e ainda defendidos, depois que eles foram refutados. Não queremos, de modo algum, persegui-lo, nem somos “críticos de plantão” como afirmou o “Padre Joãozinho” em outro artigo. Somos defensores da Verdade Católica. E criticaremos, sim, todas as vezes que esta mesma verdade for atacada, nós e qualquer outro católico de verdade. Não podemos cruzar os braços quando a Verdade revelada por Deus é atacada, e de modo tão evidente.
Padre, pedimos que o senhor pondere atentamente tudo o que foi dito, e abandone todas estas opiniões errôneas que a Igreja sempre condenou e de modo tão claro. Lembre-se da advertência de Deus Nosso Senhor:
“Por teres rejeitado a instrução, excluir-te-ei de meu sacerdócio” (Os 4,6).
Deus guarde Vossa reverendíssima.
Viva o Papa!
(Oração do Anjo de Portugal)
Muito reverendo Padre Fábio de Melo,
Laudetur Iesus Christus
Diante da polêmica lançada sobre algumas informações contidas no livro escrito por vossa reverendíssima, juntamente com a entrevista no programa Direção Espiritual, nós, como fiéis leigos católicos, pertencentes à Diocese de Presidente Prudente, no interior de São Paulo, decidimos levantar a nossa voz, em defesa da verdade revelada por Deus e infalivelmente ensinada pela Igreja Católica, fora da qual não há salvação.
Reverendo Padre Fábio de Melo, não nos alongaremos muito, refutando pormenorizadamente os absurdos quer em matéria de Filosofia, quer em matéria de Teologia, que o senhor afirmou, tanto no livro quanto na entrevista. Senhor Padre, como o senhor pode dizer tais coisas, demonstrando uma total ignorância do que ensina a doutrina católica sobre o assunto? E ainda numa linguagem complicada e confusa, com total ausência de objetividade e clareza.
Primeiramente trataremos da questão da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, que segundo o senhor, não temos provas de seu real acontecimento. Em segundo lugar, da questão da autoridade do Concílio Vaticano II, reclamada pelo “Padre Joãozinho”. Em terceiro lugar, e o mais importante, da Presença Real de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Quanto ao primeiro ponto: a suposta falta de provas da Ressurreição de Cristo.
Eis as vossas palavras, Padre:
“Até mesmo a Ressurreição de Jesus, nós não temos provas materiais da Ressurreição de Jesus, isso é um fato. É Fé. Se nós tivéssemos a prova concreta não precisaríamos ter Fé. Nós acreditamos na Ressurreição, sobretudo por causa do testemunho dos apóstolos. Isso também é prova de Ressurreição, mas não é essa prova empírica, material que muitas vezes as pessoas querem ter, padre” (negrito nosso).
Em primeiro lugar, Padre, repare que o senhor reconhece que o testemunho dos Apóstolos é uma prova da Ressurreição de Cristo. As provas testemunhais têm valor histórico. Aliás, qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento sobre História sabe que um fato histórico é provado pelo testemunho dos que o assistiram, tendo deixado, ou não, documentos escritos desse testemunho. Todos os fatos históricos estão nessas condições. Provando que houve um testemunho, e que a testemunha não tinha motivos para mentir, o testemunho deve ser aceito. Ora, os Evangelhos são documentos históricos de extremo valor. Cremos que o senhor conhece as recentes descobertas arqueológicas, provando que os Evangelhos (pelo menos os Sinóticos) foram escritos em menos de 20 anos após a Ascensão de Nosso Senhor ao Céu, ou seja, quando ainda viviam as testemunhas oculares da vida de Jesus, o que confere aos Evangelhos um valor histórico de primeira ordem. O testemunho dos Apóstolos é, portanto, veraz e para refutá-lo seria necessário, além de apresentar outros testemunhos críveis afirmando o contrário do que eles disseram, provar que essas testemunhas eram tão loucas que morreram nos mais terríveis tormentos, para manter de pé a mentira que haviam inventado (a Ressurreição), sem terem pessoalmente nenhuma vantagem nisso.
Mas o senhor reclama “prova material... concreta... empírica”.
Em primeiro lugar, estamos no campo da História, não no da Biologia. Cada ciência possui seus métodos. Não cabe à História recorrer à experiência sensível (“empírica”) para provar os acontecimentos. Isto cabe às Ciências Naturais. A prova, em matéria de fatos históricos, cabe ao testemunho. Como dissemos, provando que houve um testemunho, e que quem o deu não tinha motivos para mentir, tem-se uma prova em matéria de História. O senhor comete um erro tremendo, querendo aplicar um método de uma ciência em outra.
Mas como Deus é infinitamente misericordioso, eis que Ele também nos concedeu uma prova material, concreta, empírica da Ressurreição de Jesus Cristo: o Santo Sudário de Turim. Há extensas obras de pesquisadores sérios que demonstraram que o Sudário realmente envolveu o Corpo de Cristo, depois de morto, sobretudo pela análise do pólen impregnado no tecido (que provam que ele provém de Jerusalém), das moedas presentes nos olhos (uma das quais foi cunhada sob Pôncio Pilatos, no ano 29 d.C), e de todos os traços do suplício do Homem que foi envolvido pelo Sudário, que é absolutamente conforme aos Evangelhos, até nos mínimos detalhes. A imagem impressa no tecido provém, muito provavelmente, de uma forte radiação desprendida do Corpo cerca de 36 horas após a morte (ou seja, na madrugada do Domingo, dado que Cristo morreu na sexta-feira a tarde). Para que a carta não fique extensa, nos limitamos a apresentar ao senhor um trecho de um livro de duas grandes autoridades no assunto:
“[o pesquisador] Rodante admitiu que a ação fotorradiante da Ressurreição tenha podido fixar melhor na tela as imagens que se tinham imprimido nela naturalmente” (MARINELLI, Emanuela. O Sudário: Uma Imagem Impossível”. São Paulo, Ed. Paulus, 2ª edição, 1998. p. 72)
“Na escuridão do túmulo de Jerusalém, jaz o corpo morto de Jesus, não lavado, coberto de sangue, numa laje de pedra. De súbito, ocorre nele uma explosão de misterioso poder. Nesse instante, o sangue se desmaterializa, dissolvido talvez pelo brilho, enquanto sua imagem e a do corpo ficam indelevelmente fundidas no tecido, conservando para a posteridade um verdadeiro “instantâneo” da Ressurreição” (WILSON, Ian. O Santo Sudário. Ed. Melhoramentos, 1979. p. 287)
Eis, senhor Padre, a prova material, concreta e empírica que o senhor afirmou que não possuímos. Não precisávamos desta prova material, dado que já possuíamos as provas testemunhais dos que viram Cristo ressuscitado. Mas Deus quis conceder, bondosamente, esta prova material. No entanto, é estarrecedor que pesquisadores defendam que há provas materiais da Ressurreição de Nosso Senhor, e um padre negue. A que ponto chegamos, senhor padre? E o povo, coitado, sem um mínimo de instrução religiosa (não há como negar o atual desconhecimento, por parte do povo, de verdades fundamentais do Catecismo), aceita esses absurdos ditos pelos padres. Um fiel, ao ouvir que “não temos provas materiais da Ressurreição”, perderá a Fé, como diz São Paulo: "E se Cristo não ressuscitou, é, pois, vã a nossa pregação, e também vã a nossa fé; e somos assim considerados falsas testemunhas de Deus" (I Cor XV, 14-15). E lembramos que por Fé a Igreja não entende opinião ou sentimento interior ou experiência com Jesus. Não! Por Fé a Igreja entende a plena adesão da inteligência às verdades reveladas por Deus e ensinadas por Ela. Para a prova disto basta consultar qualquer Catecismo.
Quanto à questão da autoridade do Concílio Vaticano II. Diz o “Padre Joãozinho”:
“Povo do Montfort! Leia o Concílio Vaticano II. Eles não querem ler o Concílio Vaticano II”.
Não estamos aqui fazendo apologia da Associação Cultural Montfort, estamos apenas defendendo a doutrina católica e neste sentido as palavras citadas merecem um esclarecimento. Em primeiro lugar, o “povo do Montfort”, assim como todos os que não aceitam o Concílio Vaticano II, leu seus documentos e é exatamente por terem lido que não os aceitaram. Mas levando em consideração que possivelmente “Padre Joãozinho” se expressou de forma errada e que queria dizer “aceite” ao invés de “ler” (e, de fato, logo após ele dizer estas palavras, o senhor, Padre Fábio de Melo, completou, dizendo “Eles não aceitam”), damos continuidade à nossa carta. A argumentação do “Padre Joãozinho” se baseia, em resumo, na autoridade do Concílio Vaticano II. “Dado que o Concílio afirmou isto, isto é verdadeiro”. Este raciocínio é válido para os Concílios infalíveis (como o Concílio de Trento). No caso no Concílio Vaticano II, ele não se aplica, pois conforme as palavras do Cardeal Ratzinger (hoje, Papa Bento XVI), ele não foi dogmático:
“A verdade é que o próprio Concílio não definiu nenhum dogma e conscientemente quis expressar-se em um nível muito mais modesto, meramente como Concílio pastoral; entretanto, muitos o interpretam como se ele fosse o super dogma que tira a importância de todos os demais Concílios.” (Cardeal Joseph Ratzinger, Alocução aos Bispos do Chile, em 13 de Julho de 1988, in Comunhão Libertação, Cl, año IV, Nº 24, 1988, p. 56. Negrito nosso).
Até nos pareceu que o então Cardeal Ratzinger respondia a argumentação do “Padre Joãozinho”, tal foi a precisão e a clareza de suas palavras. O Concílio Vaticano II foi meramente pastoral, como também afirmou o próprio Papa Paulo VI, que encerrou o Concílio:
“Dado o caráter pastoral do Concílio, evitou este proclamar em forma extraordinária dogmas dotados da nota de infalibilidade” (Paulo VI, Discurso no encerramento do Concílio, 12 - I 1966. Apud Compêndio do Vaticano II, Editora Vozes, Petrópolis, 1969, pg. 31).
Tudo isto somado, fica claro que devemos ler o Concílio Vaticano II tal como ele é, e não como queremos que ele seja. Seu ensinamento não foi infalível. O Concílio de Trento, pelo contrário, o foi. E neste Concílio infalível a Igreja pronunciou com voz clara a verdade revelada por Deus, a qual devemos a nossa adesão, visto que Deus não Se engana nem nos pode enganar:
“Se alguém disser que no sacrossanto sacramento da Eucaristia permanece substância de pão e vinho juntamente com o Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo, e negar aquela admirável e singular conversão de toda a substância do pão em Corpo e de toda substância do vinho em Sangue, permanecendo somente as espécies de pão e vinho, conversão que a Igreja Católica propiciamente chama de Transubstanciação, seja excomungado”. (Concílio de Trento, Cânones sobre a Eucaristia, II)
Daqui, podemos passar para a questão da Presença Real. O senhor, Padre, afirmou o seguinte:
"Juntamente com as duas substâncias está o bonito e sugestivo significado da ausência." (destaques nossos).
“Duas substâncias”, Padre? Mas o Concílio infalível de Trento não afirmou que “se alguém disser que no sacrossanto sacramento da Eucaristia permanece substância de pão e vinho juntamente com o Corpo e Sangue de nosso Senhor Jesus Cristo (...) seja excomungado”? Como o senhor então afirma a existência de “duas substâncias”? Explique-se.
Aqui cabe uma exclamação nossa:
“Padre Fábio de Melo: leia o Concílio infalível de Trento!”
Leia, e aceite, pois este sim é infalível e proclamou dogmas.
Agora, sobre o termo “ausência”, o que o senhor quis dizer com isto? A ausência da Presença Real de Nosso Senhor Jesus Cristo no Sacramento da Eucaristia?
Mais adiante, o senhor explicita um pouco mais o que pensa, dizendo:
“Gente, o bonito da eucaristia é claro, o que se desdobra de tudo aquilo que nós acreditamos, que é o estar juntos. A última ceia é isso.”
“Tudo aquilo que nós acreditamos” se desdobra no “estar juntos”? O que se desdobra de tudo aquilo que acreditamos com certeza (pois foi revelado por Deus) não é simplesmente “estar juntos” e sim um sincero agradecimento à bondade de Deus, que quis permanecer conosco, sem nos aniquilar com Sua Majestade infinita, procurando ocultá-la sobre o véu do pão e do vinho. O que se desdobra é uma profunda dor pelos ultrajes com que Ele é ofendido, principalmente por Seus ministros, que teriam o dever de defendê-Lo, se necessário com a vida. E a última Ceia não é isto. Basta consultar qualquer livro dos Santos Doutores ou o Catecismo para ver o que a Igreja ensina sobre Última Ceia.
Quisemos, Padre, por meio desta carta, mostrar nossa indignação por tais absurdos ditos pelo senhor e ainda defendidos, depois que eles foram refutados. Não queremos, de modo algum, persegui-lo, nem somos “críticos de plantão” como afirmou o “Padre Joãozinho” em outro artigo. Somos defensores da Verdade Católica. E criticaremos, sim, todas as vezes que esta mesma verdade for atacada, nós e qualquer outro católico de verdade. Não podemos cruzar os braços quando a Verdade revelada por Deus é atacada, e de modo tão evidente.
Padre, pedimos que o senhor pondere atentamente tudo o que foi dito, e abandone todas estas opiniões errôneas que a Igreja sempre condenou e de modo tão claro. Lembre-se da advertência de Deus Nosso Senhor:
“Por teres rejeitado a instrução, excluir-te-ei de meu sacerdócio” (Os 4,6).
Deus guarde Vossa reverendíssima.
Viva o Papa!
Alexsandro Rodrigues da Silva
Católico Apostólico Romano, batizado e crismado.
Carlos Roberto de Melo Almeida,
Católico Apostólico Romano, batizado e crismado.
Católico Apostólico Romano, batizado e crismado.
Caroline de Melo Almeida,
Católica Apostólica Romana, batizada e crismada.
Católica Apostólica Romana, batizada e crismada.
RESPOSTA
Muito prezado Carlos, salve Maria.
Obrigado por me ter enviado a carta que você com outros amigos enviaram a esse padre escandaloso, criticando suas idéias heréticas. Esse padre é um símbolo do que é o novo clero que pretende fundar uma nova Igreja aplicando a hermenëutica da ruptura com a doutrina católica de sempre. Vou publicar a carta de vocês no site Montfort.
Parabéns e mantenham-se fiéis na defesa da Fé!
In Corde Jesu, semper,
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