domingo, 9 de janeiro de 2011

COMO PODEMOS PARTICIPAR DOS FRUTOS DE VÁRIAS MISSAS QUE, AO MESMO TEMPO E NA MESMA IGREJA, SE CELEBRAM.


COMO PODEMOS PARTICIPAR
DOS FRUTOS DE VÁRIAS MISSAS QUE,
AO MESMO TEMPO E NA MESMA IGREJA, SE CELEBRAM.

         Já explicamos como todos os sacerdotes oram e oferecem o santo Sacrifício na intenção dos assistentes. É, pois, vantagem considerável achar-se numa igreja onde se celebram grande número de Missas de uma vez. Se celebrar um só sacerdote, terás uma única oração, havendo mais, teu proveito espiritual aumentará.
         Ora, para tirar proveito de várias Missas celebradas no mesmo tempo, é preciso cooperar para cada uma numa certa medida. Não dizemos seguir várias Missas ao mesmo tempo, isto seria impossível; aconselhamos simplesmente seguir uma, com toda a atenção possível, e recomendar-se às outras, dizendo: "Meu Deus, oferece-vos também este Sacrifício que vai se cumprir". Quando vires, porém, em outro altar, levantar-se a Hóstia consagrada e o Cálice, adora o divino Salvador e oferece-o ao Pai celestial.
         Dir-me-ás talvez: Se me entregar a esta prática, ela me impedirá de seguir e satisfazer minhas devoções quotidianas. - Escuta esta parábola: Um vinhateiro, trabalhando na sua vinha, achou um tesouro. Levou-o para casa, muito escondidamente, e voltou ao trabalho. Ao cabo de algumas horas, descobriu outro tesouro que levou por sua vez para casa. Enfim, sua enxada encontrou um terceiro, levou-o, correndo, e anunciou sua felicidade à sua mulher. "Como, lhe disse esta muito admirada, tomas isto por felicidade? É uma verdadeira infelicidade, porque, se continuares assim, nunca tua vinha será cultivada e não haverá colheita". O marido sorriu a este raciocínio, e disse: "Queira Deus que continue a achar tesouros semelhantes e pouco me importa que haja ou não uvas!"
         Aplica ao caso o sentido da parábola e verás que a oblação reiterada (renovada) de Cristo, no altar, é incomparavelmente, mais útil que outra.
         Nota ainda isto: Quando entras numa igreja e vês que a santa Missa se acha depois da consagração, faze, todavia, a oblação (oferecimento) de nosso Senhor até que o sacerdote consuma as santas espécies. Desta maneira te tornarás participante de muitas e grandes graças. Se no momento em que entras, vês dois sacerdotes consagrarem, ao mesmo tempo, faze o teu ato de adoração na intenção de oferecer Jesus presente sobre os dois altares.
         Não é preciso, para assistir à santa Missa, ver o celebrante. Basta ser advertido pelo toque da campainha. Não deixes a igreja, imediatamente, antes da consagração, espera que Jesus apareça, adora-o e pede-lhe a bênção.
         Na vida de Santa Isabel, rainha de Portugal, refere-se o seguinte: Um príncipe da corte real, estando para morrer, disse ao filho: "Meu filho, deixo este mundo na esperança da Misericórdia divina. És o único herdeiro de minhas posses; porém, antes de tudo, deixo-te esta recomendação: ouve a santa Missa todos os dias e sê fiel a teu rei".
         Depois da morte do pai, o jovem veio à corte real como pajem de honra da rainha Isabel. Ela o estimava muito, por causa da sua piedade, dava-lhe sábias instruções e empregava-o, muitas vezes, na distribuição de suas esmolas, testemunhando-lhe um interesse materno. Havia, na corte, outro pajem de costumes maus. Este, invejoso do favor de que gozava o colega, caluniou-o junto ao rei da maneira mais odiosa. O rei, que levava uma vida desregrada, acreditou facilmente no que lhe havia referido o pajem mau e jurou a morte do inocente.
         Um dia que passeava montado, nos arredores de sua capital, meditando sobre o modo de vingança, avistou ao longe uma caeira em atividade. Seu plano foi, então, determinado: vai diretamente ao dono da caeira e lhe dá ordem de lançar nela o pajem da corte que havia de vir, no dia seguinte, pela manhã, perguntar se as ordens do rei havia sido executadas.
         Ao voltar a seu palácio o rei, mandou vir o pajem, tão injustamente caluniado, e ordenou-lhe que fosse, no dia seguinte, muito cedo, à caeira, informar-se da execução das ordens reais. O jovem partiu, ao romper do dia, tristonho de não poder ouvir Missa antes de sair e receando não poder assisti-la neste dia. No caminho, encontrou uma igreja, onde se dava justamente o sinal da consagração. Entrou, pois, adorou Cristo, Nosso Senhor, e ofereceu-o a Deus por sua salvação eterna e temporal. Terminado a santa Missa, saiu contente por ter podido ouvir uma parte importante da santa Missa.
         Instantes depois, achava-se diante de outra igreja, onde tocavam igualmente à consagração, o que lhe causou nova alegria. Também nesta entrou e cumpriu a sua devoção, recomendada por seu pai moribundo, mas demorou-se um só instante, porque as ordens do rei eram apressadas. Aconteceu, entretanto, que o caminho o conduzisse a terceira igreja. O sino tocava e o pajem entrou ainda esta vez, para adorar Nosso Senhor. Sua devoção foi tão grande, que ficou até o fim da santa Missa.
         No entanto, o rei ardia por saber se sua obra de vingança fora consumada. Por isso, mandou o outro pajem à caeira informar-se da execução de suas ordens. Este espreitava a ocasião de satisfazer a inveja, e, sabendo perfeitamente o que isto significava, partiu alegre e ligeiro. Chegando, fez logo a pergunta ao caeiro. Mas, oh terror, foi preso, e apesar de sua resistência e de seus protestos, foi precipitado na fornalha ardente.
         Pouco depois, apareceu também o pajem inocente. Cumpriu a sua mensagem, recebeu a resposta que tudo se fizera como o monarca havia mandado, e, voltou, sem suspeitar a visível proteção que a divina Providência acabava de testemunhar-lhe.
         Ao ver o mancebo e ouvir-lhe as palavras, o rei compreendeu que o acusador tinha sofrido a pena de fogo, humilhando-se no coração perante Deus, protetor da inocência.
         Os que se acham na impossibilidade de assistir à santa Missa, devem, pelo menos, dizer: "Meu Deus, deixai-me compartilhar dos frutos preciosos de todas as Missas que se celebram, hoje, em todo orbe católico. Oxalá, possa eu aproximar-me do altar e oferecer com o sacerdote, o Cordeiro Imaculado!" - Deus lhes abençoará a boa vontade e lhes concederá o que pedirem, segundo o grau de sua caridade.
         Não é verdadeiramente consolador para os doentes e pessoas que moram muito longe da igreja, poder, unindo-se espiritualmente ao santo Sacrifício, participar de seus méritos? Aproveitemos, pois, todas as ocasiões para pedir aos sacerdotes que se lembrem de nós no altar do Senhor. É a mais preciosa de todas as lembranças.
         Eis como fala um piedoso autor: Tendes grande motivo de felicitar-vos, quando um sacerdote vos promete seu "Memento" à santa Missa. Deveríeis recomendar-vos a todos os sacerdotes conhecidos. Deste modo, teríeis, por assim dizer, outros tantos tesoureiros que vos abrissem a tesouraria de Nosso Senhor Jesus Cristo.


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