O pontífice qualificou de "preocupante" que a educação na América Latina "seja colocada em perigo ou obstruída" com projetos de monopólios estatais e criticou o ensino de valores "supostamente neutros" na Europa, em uma referência implícita à Espanha.
As palavras do pontífice foram pronunciadas durante seu tradicional encontro no Vaticano no início do ano com o corpo diplomático acreditado junto à Santa Sé.
"É preocupante que o serviço que as comunidades religiosas oferecem a toda a sociedade, em particular mediante a educação das jovens gerações, seja colocado em perigo e obstruído por projetos de lei que ameacem criar uma espécie de monopólio estatal em matéria escolar, como pode se constatar, por exemplo, em alguns países da América Latina", disse ante os embaixadores.
Para o Papa, as comemorações do segundo centenário da independência de vários países da América Latina devem ser "uma ocasião propícia para lembrar a contribuição da Igreja católica na formação da identidade nacional", disse.
O Papa atacou duramente a educação laica e disse que não pode guardar silêncio ante "outra ameaça à liberdade religiosa das famílias em alguns países europeus", o que foi considerado como uma referência implícita à matéria na Espanha dedicada à "Educação para a Cidadania", aprovada pelo governo socialista.
"Foi imposta a participação em aulas de educação sexual ou cívica que transmitem uma concepção da pessoa e da vida supostamente neutra, mas que na realidade refletem uma antropologia contrária à fé e à razão justa", disse.
Em seu longo discurso, o Papa falou sobre os maiores problemas que assolam o mundo, pediu que as autoridades paquistanesas rejeitem sua lei contra a blasfêmia e, sobretudo, solicitou aos governos muçulmanos que protejam as minorias cristãs de ataques violentos.
O papa Bento XVI também convidou as autoridades de Cuba a reforçar ainda mais o diálogo com a Igreja, o que permitiu um inédita atuação da hierarquia católica depois de décadas de tensões com o governo comunista.
"Gostaria de dirigir uma palavra de ânimo às autoridades de Cuba, país que em 2010 celebrou os 75 anos de suas relações diplomáticas ininterruptas com a Santa Sé, para que o diálogo que felizmente se instaurou com a Igreja se reforce e amplie ainda mais", afirmou o pontífice aos embaixadores.
O diálogo iniciado em 2010 entre o cardeal Jaime Ortega e Raúl Castro conseguiu deter os atos de repúdio a opositores e a libertação paulatina de 52 presos políticos, dos 75 dissidentes presos em 2003.
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