Em seu encontro com os membros do governo e representantes das instituições da República e representantes das principais religiões, no palácio presidencial de Cotonou, Bento XVI pediu que estes escutem as reivindicações dos povos e combatam a corrupção. Em seu discurso, falou sobre esperança.
“Não priveis os vossos povos da esperança! Não amputeis o seu futuro, mutilando o seu presente”. O Pontífice ainda lamentou a existência de “demasiados escândalos e injustiças, demasiada corrupção e avidez, demasiado desprezo e demasiadas mentiras, demasiadas violências que levam à miséria e à morte”.
“Neste momento, há demasiados escândalos e injustiças, demasiada corrupção e avidez, demasiado desprezo e demasiadas mentiras, demasiadas violências que levam à miséria e à morte. Se é certo que estes males afligem o vosso continente, sucede igual no resto do mundo. Cada povo quer compreender as decisões políticas e econômicas que são tomadas em seu nome; dá-se conta de ser manipulado, e reage, por vezes, violentamente. Deseja participar no bom governo.”
Neste encontro com os políticos, Bento XVI observou que, nos últimos meses, numerosos povos expressaram o seu desejo de liberdade, “a sua necessidade de segurança material e a sua vontade de viver harmoniosamente na diversidade das etnias e das religiões”.
O Papa também não ignora o fato de que “nenhum regime político humano é o ideal, e que nenhuma decisão econômica é neutra”, mas considera que “sempre devem servir o bem comum”. Está-se perante uma reivindicação legítima – que diz respeito a todos os países – de maior dignidade e sobretudo de maior humanidade. “O homem quer que a sua humanidade seja respeitada e promovida. Os responsáveis políticos e econômicos dos países encontram-se perante decisões imperativas e opções que já não podem evitar”. Daqui um apelo:
“A partir desta tribuna, lanço um apelo a todos os responsáveis políticos e econômicos dos países africanos e do resto do mundo: Não priveis os vossos povos da esperança! Não amputeis o seu futuro, mutilando o seu presente. Mantende uma perspectiva ética corajosa sobre as vossas responsabilidades e, se fordes pessoas de fé, rogai a Deus que vos conceda a sabedoria. Esta far-vos-á compreender que é necessário, enquanto promotores do futuro dos vossos povos, tornar-vos verdadeiros servidores da esperança.”
O Santo Padre lembrou aos presentes que, em sua última visita ao continente africano, quando esteve em Luanda há dois anos, associou à palavra 'África' o termo esperança”, palavras estas que são “uma convicção pessoal e também “a da Igreja”, segundo o Papa.
O discurso papal abordou ainda o tema do diálogo inter-religioso, considerando que “qualquer pessoa de bom senso compreende que é preciso promover uma cooperação serena e respeitosa entre as diversidades culturais e religiosas”.
“O ódio é uma derrota, a indiferença um beco sem saída, e o diálogo uma abertura”, disse Bento XVI. Ele ainda disse que é “erro gravíssimo” o uso das religiões para justificar a violência e pediu “uma pedagogia do diálogo”. O Pontífice disse ser vital às nações o bom entendimento entre as culturas e o respeito pelos direitos de cada. Ele ainda acrescentou que é preciso ensinar a todos os fiéis das várias religiões.
“Estes são os votos que formulo para a África inteira, que me é tão querida! África, tem confiança e levanta-te”, concluiu.
A viagem de Bento XVI ao Benim, ainda se estende pela tarde do sábado e o dia de domingo, quando ele fará a entrega da Exortação Pós-Sinodal aos bispos da África no Estágio de Amitié de Cotonou.
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