(4/11/2007) Dirigindo-se, neste domingo ao meio-dia, da janela dos seus aposentos sobre a Praça de São Pedro, aos milhares de romanos e peregrinos ali concentrados, sob um esplêndido sol outonal, o Papa começou por recordar a figura de Zaqueu, proposta pelo Evangelho do dia. Bento XVI sublinhou especialmente a completa transformação que “aquele encontro imprevisível” com Jesus operou na sua vida. “Mais uma vez – observou - o Evangelho nos diz que o amor, partindo do coração de Deus e actuando através do coração do homem, é a força que renova o mundo”.
Uma verdade que “resplandece de modo singular no testemunho de São Carlos Borromeu, arcebispo de Milão, que a Igreja recorda neste dia 4 de Novembro:
“A sua figura sobressai no século XVI como modelo de Pastor exemplar, pela caridade, doutrina, zelo apostólico e sobretudo pela oração: “as almas – dizia ele – é de joelhos que se conquistam”. Consagrado Bispo com 25 anos apenas, pôs em prática a norma do Concílio de Trento que impunha aos Pastores que residissem nas respectivas Dioceses, e dedicou-se inteiramente à Igreja ambrosiana: visitou-a de uma ponta à outra; convocou seis sínodos provinciais e onze diocesanos; fundou seminários para formar uma nova geração de sacerdotes; construiu hospitais e destinou as riquezas de família ao serviço dos pobres; defendeu os direitos da Igreja contra os potentes; renovou a vida religiosa e instituiu uma nova Congregação de padres seculares, os Oblatos. Em 1576, quando em Milão se desencadeou a peste, visitou, confortou e gastou todos os seus bens a favor dos doentes. O seu lema consistia numa única palavra “humilitas”. A humildade levou-o, como ao Senhor Jesus, a renunciar a si mesmo para se fazer servo de todos”.
Aplaudido pelos fiéis, como sempre acontece quando evoca João Paulo II, Bento XVI recordou que este era o padroeiro (onomástico) de Karol Wojtyla e confiou à intercessão de São Carlos Borromeu todos os bispos do mundo.
Foi depois do Angelus que o Papa recordou a tensão internacional vivida neste momento entre a Turquia e o Iraque:
“As notícias destes últimos dias relativas aos acontecimentos na região fronteiriça entre a Turquia e o Iraque são, para mim e para todos, fonte de preocupação. Desejo, portanto, encorajar todos os esforços para a consecução de uma solução pacífica dos problemas que surgiram recentemente entre a Turquia e o Curdistão iraquiano.
“Não posso esquecer que encontraram refúgio naquela região numerosas populações, fugindo à insegurança e ao terrorismo que, nestes anos, tornaram difícil a vida no Iraque. Precisamente em consideração do bem destas populações, que compreendem também numerosos cristãos, faço os mais fervorosos votos de que todas as partes se empenhem em favorecer soluções de paz.”
A concluir esta sua exortação, Bento XVI, alargando o olhar a situações que também dizem respeito a outras partes do mundo (Itália incluída) acrescentou ainda:
“Faço votos de que as relações entre as populações migrantes e populações locais se pautem sempre pelo espírito daquele elevado civismo moral que é fruto dos valores espirituais e culturais de cada povo e país. Que os que têm responsabilidades no campo da segurança e do acolhimento saibam sempre recorrer a meios capazes de garantir os direitos e os deveres que estão na base de um autêntica convivência e encontro entre os povos”.
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