sábado, 9 de maio de 2009

Como rezar a Liturgia das Horas.


1. Liturgia das Horas

A Liturgia das Horas, fruto da reforma e renovação litúrgica do Concílio Vaticano II, nos é apresentada em quatro volumes, segundo a sua edição típica de modo mais perfeito e manuseável.


É o livro da oração pública e comum do povo de Deus da qual o clero tem especial responsabilidade na sua celebração. Encontram-se os Salmos, os cânticos sublinhados pelas antífonas, as leituras breves da Palavra de Deus, os responsórios e versículos. Os mais belos hinos da Tradição da Igreja, as leituras bíblicas e patrísticas são um verdadeiro tesouro de espiritualidade. A liturgia das horas bem usadas dispensam livros de meditação e podem nutrir a vida espiritual e ação apostólica de quem dela faz uso.

Decreto:
A Igreja celebra a Liturgia das Horas no decorrer do dia, conforme antiga tradição, asim ela cumpre o mandato do Senhor de orar sem cessar, cantar os louvores a Deus Pai e interpela pela salvação do mundo. O Concílio Vaticano II valorizou o costume que a Igreja conservava, afim de que os padres e os outros membros da Igreja pudessem rezar melhor e mais perfeitamente, nas condições da vida de hoje (cf. constituição sobre a Sagrada Liturgia Sacrossanctum Concilium nº 84).

O Papa Paulo VI aprovou através da constituição apostólica Laudis Canticum de 1º de novembro de 1970, em latim o livro para a celebração da Liturgia das Horas, conforme o rito romano agora o publica e o declara edição típica.

A Liturgia das Horas restaurada no ano de 1971 em conformidade com o decreto do Sacrossanto Concílio Vaticano II é a oração da Igreja, pela qual são santificados pro cânticos de louvor, ações de graças e orações. O curso completo das horas do dia como a totalidade das atividades humanas.

1.1. Quem Celebra a Liturgia das Horas
A liturgia das horas como as demais ações litúrgicas, não é oração particular, mas algo que pertence a todo corpo da Igreja e o manifesta e atinge. Portanto os fiéis são chamados à liturgia das horas unindo seus corações e vozes, manifestam a Igreja que celebra o mistério de Cristo.
1.2. Mandato de Celbrar a Liturgia das Horas
Aos ministros sagrados se confia de maneira tão especial a liturgia das horas que, embora não havendo povo, deverão celebrá-la fazendo as necessárias adaptações. A Igreja as encarrega da Liturgia das horas para que esta missão da comunidade seja desempenhada, a menos por eles de maneira certa e constante, e a oração de Cristo continue sem cessar na Igreja.
1.3. Estrutura da Celebração
A Liturgia das Horas rege-se por leis próprias, que organizam de modo peculiar os elementos encontrados em outras celebrações cristãs. Sua estrutura é tal que, começando com o hino, tenha sempre a salmodia, uma leitura longa ou breve das sagradas escrituras e finalmente as preces.

Tanto na celebração comunitária como na recitação individual permanece a estrutura essencial dessa liturgia. O diálogo entre Deus e o homem.

2. A Liturgia das Horas, Oração com os Salmos

Na Liturgia das Horas, a Igreja para rezar serve-se em grande parte dos Salmos. A Liturgia das Horas destaca-se como uma oração fundamentalmente sálmica.
Se a Igreja sempre a usou em sua oração e se agora volta a no-las apresentar, devemos desconfiar que por detrás deles exista algo de valioso. Importa reconciliar-nos com eles e fazer um esforço real para descobrirmos o tesouro neles contido.
Como sempre o uso dos salmos na liturgia remonta à liturgia judaica. Nossos pais na fé descobriram maravilhados, como os jovens hoje fazem a riqueza insondável desses salmos.
Os salmos não são peças compostas para serem lidas, mas para a celebração, para serem cantados./ Os salmos são essencialmente elementos litúrgicos, destinados à liturgia. Não apenas revelam o coração de Deus, mas ao mesmo tempo revelam o coração do homem. São também escola do homem de um profundo existencialismo.
À luz de Cristo e em Cristo os salmos adquirem um significado mais profundo e mais pleno. Jesus em toda a mensagem do Novo Testamento reinterpreta os salmos lançando sobre eles uma nova luz.
Na Liturgia das Horas, quem salmodia o faz tanto em seu próprio nome, como em nome de todo o corpo de Cristo, e ainda na pessoa do próprio Cristo.
Nos salmos podemos identificar a nossa vida e a vida de toda a humanidade, desde a criação até a Parusia, a história de cada um de nós, desde as nossas origens até a consumação. Podemos dizer que os salmos evocam o mistério do ser humano, em toda a sua plenitude.
Desde o começo, e isso já na liturgia judaica, certos salmos, por seu conteúdo, foram dedicados especialmente a certas horas. Assim temos os salmos da manhã (5, 50, 62, 66, 95, 142 e sobretudo os salmos que deram seu nome ao ofício de laudes, 148-150); os salmos vespertinos (140), durante o dia o (118) e os graduais, (119-127); no momento de ir deitar-se (90) e na vigília noturna (3, 94). Há também salmos dedicados a certos dias da semana: o Sábado (91), o Domingo (92, 117, 109, 113) a essa base comum, a liturgia romana acrescenta o (1, 2 e 3), e na Sexta-feira (50, 21).

3. Estrutura e Espiritualidade de Cada Uma das Horas
3.1 Laudes
É a oração do momento da aurora, quando o sol está a ponto de nascer. Essa oração é, de um modo especial e sobretudo a do Domingo, celebração da ressurreição do Senhor.
É um ofício marcado pela atmosfera do louvor divino. Estruturalmente, consta do hino, um salmo, o cântico do antigo testamento, outro salmo. Depois, vem uma leitura bíblica breve, prolongada num responsório. Em seguida, o cântico do Benedictus, uma oração de intercessão, o Pai-nosso e a oração conclusiva.

O motivo principal de Laudes:
O dia nascente lembra a bondade e a harmonia da criação. O sol é o símbolo de Cristo Ressucitado. S. Cipriano já ensinava: É a memória da ressurreição do Senhor que santifica a hora de Laudes. Na hora de Laudes, partindo da realidade criada, prova-se a bondade e fidelidade do criador.
Na celebração do Mistério de Cristo em Laudes, antecipamos cada dia, pela esperança, a volta gloriosa de Cristo.
As Laudes se destinam e se ordenam à santificação do período da manhã, conforme se desprende de muitos de seus elementos:

O Hino: costuma ser um hino natalino, fala em forma poética da luz, do sol, do dia, do tempo concedido ao ser humano para servir e dar glória a Deus, o Senhor do tempo. O hino lança a comunidade no louvor matinal e no mistério evocado.

A Salmodia: Consta de um salmo matutino, seguido de um cântico do A.T., e de outro salmo de louvor. Ela tem um caráter de louvor pela criação do mundo, do ser humano e pela nova criação de Cristo Jesus.

A Leitura Breve: Muda de acordo com o dia, o tempo ou a festa. Deve ser lida e ouvida como verdadeira proclamação da Palavra de Deus, frisando algum pensamento bíblico.

O Cântico evangélico: Nas Laudes o cântico evangélico é o cântico de Zacarias. É o ponto alto da celebração. Ele expressa o louvor e a ação de graças pela Redenção. É procalmado e com outras reverências, como o sinal da cruz, próprio da proclamação solene do Evangelho.

Pai-nosso: Toda oração é resumida e completada na oração ensinada pelo Senhor, em que se expressa a vocação do ser humano no seu relacionamento com Deus como filhos.

3.2 Vésperas
As vésperas estão entre as horas principais do dia. São os louvores vespertinos ou, simplesmente vésperas. As vésperas comemoram o mesmo mistério Pascal de Cristo e da Igreja, umas evocam de modo particular os mistérios da tarde. O sol declina, surgem as trevas, o ser humano descansa do trabalho. São o ponto de partida para o louvor. As vésperas são celebradas à tarde no declinar do dia, para agradecer o que nele recebemos ou o bem que nele fizemos. Relembramos também nossa redenção por meio da oração que elevamos como incenso na presença do Senhor, e na qual o levantar nossas mãos é como sacrifício vespertino.

Assim se expressa a instrução geral sobre a Liturgia das Horas. Portanto, os ser humano tendo chegado ao fim do dia, vivido como precioso dom de Deus, e tendo colaborado com sua graça, para o fim de dar graças, vive sua oferta ao dom recebido de Deus.

3.3 Ofício das Leituras
Recitado durante a noite ou a qualquer hora do dia, perdeu de fato na Liturgia das Horas, o caráter escatológico das antigas vigília. Tornou-se uma celebração da palavra, de grande proveito, sem dúvida. Mas nele não encontramos a celebração de um dado mistério de Cristo como nas demais horas. Quanto ao ofício de completas, trata-se de oração íntima para antes do repouso noturno. Vem como um convite a uma entrega confiante nas mãos do Senhor, como imitação de Cristo na cruz. Resta-nos ver como santifica a manhã, o meido-dia e a metade da tarde, evocando os acontecimentos decisivos da história da salvação: em Tertia, Pentecostes; em Sexta, a Crucifixão do Senhor; em Noa, a morte redentora. Trata-se de uma interpretação de São Cipriano desta oração particular dos cristãos em que consagravam o dia fazendo assim, cotidianamente, memória dos mistérios da Paixão e da vida do Espírito Santo em Pentecostes.
Por razões práticas, em virtude das dificuldades da vida moderna somente uma das “horas menores” (Tertia, Sexta, Noa) é atualmente obrigatória. Deve-se escolher aquela que corresponde mais à hora da oração. Há de se notar o caráter de “verdade” correspondente à oração e ao mistério celebrado, em cada umdos três ofícios previstos, para as horas intermediárias, e que, em princípio, se mantém obrigatórias para os que celebram o ofício coral.
Vamos examinar sucessivamente cada uma das horas para cada mistério de Cristo, isto é, os diversos aspectos do mistério central da fé cristã: o mistério Pascal.

3.4 Tertia
O hino previsto para a Tertia é o Nunc, Sancte Spiritus, uma das poucas oraões especiais ao Espírito Santo e que, cada dia, faz memória de Pentecostes, mistério da plenitude Pascal, ao implorar a renovação da graça Pentecostal para a Igreja atual.
Está igualmente previsto um segundo hino facultativo Certum Tenentes Ordinem, que pede ao Deus uno e trino que cada membro da comunidade se torne habitação do Espírito Santo, à semelhança dos apóstolos.
Nas 06 orações feriais, escolhidas para o tempo comum, percebemos uma preocupação em explicitar na oração, a graça desta hora. Na segunda-feira, deseja-se obter para os membros da Igreja, em meio ao labor cotidiano, a caridade digna de filhos do mesmo Pai. Terça-feira refere-se ao acontecimento de Pentecostes. Pede-se a efusão do Espírito do ágape para a comunidade reunida, para que seu testemunho seja autêntico. Na Quarta-feira invocamos o Pai, “Deus fiel”, que enviou o Epírito prometido por Cristo para reunir os homens divididos pelo pecado, a fim de que os cristãos conservem intactos os dons da unidade e da Paz.
Tertia, segundo a tradição, corresponde à hora em que Cristo começou a sofrer os ultrajes da Paixão como recordam um livro na Quaresma e outro no tempo Pascal. A oração prevista para a Tertia, na Sexta-feira o tempo comum, também faz memória do mistério da Paixão. Os frutos desta oração dirigida a nosso Senhor Jesus Cristo são: o perdão dos pecados passados e a proteção contra os males futuros. Sábado retornamos ao mistério da presença do Espírito Santo na Igreja. Esperamos dele uma infusão de luz em meio às trevas do pecado e à alegria exultante do louvor a Deus.

Em resumo, Tertia faz memória do Mistério de Pentecostes. Pede os dons do Espírito Santo, o ágape, a força do testemunho, a unidade e a paz, para que a luz da consciência e o culto cristão sejam animados pelo Espírito do amor e verdade.

3.5 Sexta
Corresponde à hora de meio-dia. Celebra a crucifixão de Jesus. No hino Dicomus Laudes Domino, cantamos: naquela hora a glória da verdadeira salvação atingiu os fiéis pela imolação do cordeiro bem-aventurado e pelo poder da cruz.
O mesmo hino compara o esplendor do sol do meid-dia com a noite. Faz referência à luz maravilhosa que inundou o mundo quando o Senhor foi pregado no madeiro. Na quaresma, o hino da sexta recorda a sede de Jesus (Jo 19,29). Aqueles que salmodiam nesta hora de sofrimento(principalmente se estiverem jejuando) tem ocasião de pedir a graça da fome e sede de santidade.
A segunda estrofe no hino próprio da Sexta-feira santa, “Crusi Mundi Benedictio, ilustra o texto de Jo 12,32: “Quando eu for elevado da terra, atrairei a mim todos os homens e também outra passagem do quarto evangelho: “Já não vos falarei muito, Pai o Príncipe do mundo vem, contra mim, ele nada pode (Jo 14,30. Somos chamados a lembrar um elemento essencial do mistério da Paixão, Jesus asumiu tudo livremente, num movimento de amor filial e de obediência perfeita.

No tempo comum, a liturgia das horas conserva o hino “Rector Proteus, Verax Deus”, dirigido a Deus cirador cuja providência governa o cosmo com a sua graça salutar traz a Paz sobrenatural ao coração do homem. No tempo Pascal, o hino da sexta assume forma invitatória. Dirigido a todos os resgatados para que contém os louvores do Senhor, recordando que o julgamento dos mortais entregou à morte injusta o juiz dos séculos.
Como as orações conclusivas de Sexta exprimem o mistério da Hora Sexta? Orientam-se em três direções distintas. A primeira parte das realidades concretas do trabalho, da luz brilhante do meio-dia para pedir a Deus os benefícios espirituais: a aceitação do peso do dia e da sua vontade (Segunda-feira). Pede a benção de Deus para a obra concreta a fim de se atingir à perfeição (Quarta-feira). É, enfim, que se possa seguir de coração.

3.6 Noa
Na hora Noa, fazemos memória da morte de Cristo. Os hinos orientam-se especialmente para os efeitos salutares. Na quaresma, por exemplo, o hino “Ternis ter horis numerus”convida-nos a pedir a mesma graça do perdão cocedida ao bom ladrão. A morte é destruída pela morte do Salvador, depois das trevas que se abateram sobre a terra, da Sexta à hora Nona (Lc. 23,44). A luz retorna, enfim. Há até uma alusão à ressurreiçaão de numerosos santos defuntos conforme Mt. 27, 52-53.
Na segunda estrofe do hino “Rerum, Deus, Tenase vigor”, para o tempo comum, temos a memória cotidiana do mistério da hora Nona. Nela, pela morte de Cristo e sua descida ao inferno, a redenção da humanidade chegou ao seu tempo. Nela é, meramente quebrada, a cada dia, qualquer servidão das almas imprudentes que retornam à antiga escravidão. Nos últimos dias da semana Santa, o hino de Noa destca o mistério da Cruz. O homem, pela Cruz, liberta-se da servidão de satã e atinge a verdadeira vida. Em Noa, encontramos, também o ciclo de Pedro.
Nesta hora Nona, consagrada a oração também pelos judeus, um livro comemoram o milagre operado por São Pedro: a cura do coxo à porta do templo chamada Formosa, quando ia lá orar (At. 3,1). Segunda-feira, a oração conclusiva do ofício lembra este importante acontecimento que se apresenta como exemplo notável do poder da oração da fé proferida em nome de Jesus.
Terça-feira, outra oração conclusiva evoca a oração do centurião Cornélio que foi atendido de maneira maravilhosa, quando Pedro foi evniado a revelar-lhe o caminho da salvação. A graça que se pede é exatamente que sejamos fiéis cooperadores na obra da Salvação. Três dias depois, a oração pede a Deus que torne eficaz esta memória da morte do Salvador e, particularmente, em tres pontos de suma importância. Ao Senhor Jesus que estendeu suas mãos na cruz para salvar os homens, pedimos na Quarta-feira, que as ações dos cristãos sejam dinas dele, que manifestem ao mundo a obra da redenção. Quinta-feira, pedimos ao Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que nos faça imitar a paciência de Jesus. Sexta-feira, dirigimo-nos ao próprio Cristo que perdoou o ladrão arrependido. Pedimos que nos conceda a entrada no paraíso. Enfim, no Sábado, oremos pela paz consumada, depois de termos vivido com o Senhor, e isto pela intercessão da bem-aventurada Virgem Maria.
Noa caracteriza-se mais entre as demais horas menores, pelo fato de referir-se explicitamente ao mistério de Cristo, ao mistério de sua bem-aventurada morte e aos frutos que dela colhemos.
A ligação entre a oração das horas e o mistério de Cristo, sendo um dado tradicional, aparece nitidamente na liturgia das horas. Mas poderia estar mais explícita, sobretudo na adaptação às línguas vivas. Seria desejável que as horas menores ou a hora mediana fossem consideradas como oração particular ou de devoção confirne a Tradicção. Mas que Laudes e Vésperas, fossem os dois momentos principais da oração eclesial.

3.7 As completa
Instrução geral sobre as completas:
1. As completas são a última oração do dia, e se rezam antes do descanso noturno, mesmo passada a meia-noite se for o caso.
2. As completas começam, como as demais horas, com o versículo, vinde, ó Deus, em meu auxíilio, glória, como era... e Aleluia (este é omitido no tempo da quaresma).
3. Em seguida, é louvável a prática do exame de consciência que na celebração comunitária se faz em silêncio ou se insere no ato penitencial, de acordo com as fórmulas do Missal Romano.
4. A seguir se diz o hino correspondente.
5. No domingo, depois da I Vésperas, a salmodia consta dos salmos 4 e 133 (134) e após as II Vésperas consta do Salmo (91). Para os outros dias, escolheram-se salmos que de preferência movam à confiança no Senhor. Deixa-se, contudo, a liberdade para substituí-las pelos salmos do domingo, o que traz maior comodidade, sobretudo para quem talvez queira rezar de cor as completas nº 88.
A dimensão escatológica manifesta-se de modo significativo no cântico de Simeão, o ápice da hora inteira, está presente ainda no responsório breve, na oração. Maria constitui o grande sinal escatológico da Igreja. Nela já se consuma em plenitude o plano de Deus, ao passo que a Igreja ainda se encontra a caminho.

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