segunda-feira, 25 de maio de 2009

Editorial do Padre Lombardi sobre gesto do Papa relativo aos bispos lefebvrianos.


Sobre o vivo debate que suscitou a decisão do Papa de levantar a excomunhão aos quatro bispos lefebvrianos, intervém no costumado Editorial dos sábados “Octava dies”, o nosso director, Padre Frederico Lombardi:



“Ao mesmo tempo que gradualmente se vão acalmando as águas depois das discussões dos últimos dias, reflictamos um pouco pensando ao futuro. De facto, o generoso gesto do Papa de levantar a excomunhão aos quatro bispos ordenados há vinte anos por Mons. Lefebvre não estava de modo algum voltado para o passado, um passado aliás bem dolorosamente conhecido, dado que já nessa altura tinha sido precisamente o cardeal Ratzinger o protagonista dos esforços – infelizmente falhados – de evitar a rotura. O gesto visava e continua a visar o futuro. Mas fizemos uma vez mais a experiência de quanto é difícil e árduo o caminho em direcção à unidade. Porventura nos é possível agora ver melhor qual é o preço a pagar para a obter.
O estender a mão, da parte do Papa, permanece para todos um grande e admirável exemplo de humildade e de coragem, de dedicação à causa da unidade, que não receia correr riscos. Os riscos fizeram-se sentir com todo o seu peso, pelas dificuldades e pela incerteza do caminho empreendido, por circunstâncias desfavoráveis não conhecidas ou não previstas.
Mas precisamente por isto, a dificuldade torna-se um apelo para todos. Para os colaboradores do Papa e em geral para os membros da Igreja, para que não desertem – por medo, desorientação ou rigidez nas suas posições – no momento das dificuldades, deixando-o sozinho perante o desafio. Mas também para os interlocutores do diálogo de reconciliação, posto sem meios termos diante das reais exigências de um caminho a percorrer em humildade e disponibilidade evangélica também da parte deles, para conseguir recompor a unidade. Como doutras vezes, esta provação – digamos mesmo, esta crise – pode dar lugar a um desaire, mas pode também favorecer um crescimento, um passo em frente. Em direcção a uma Igreja que será menos potente de antes, mas mais humildemente capaz de se manifestar lugar de amor e de perdão oferecido e acolhido em Cristo. N’Ele, é claro que não se pode contrapor Concílio e Tradição.”

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