domingo, 25 de outubro de 2009

Dia do Senhor: Sábado ou Domingo?


Por Prof. Alessandro Lima.

Introdução

Pelo fato dos primeiros cristãos terem vindo do judaísmo, desde os tempos apostólicos houve uma certa controvérsia no seio da Igreja Antiga, sobre quais normas dadas por Deus no AT deveriam ou não ser abolidas. A questão torna-se ainda mais grave pelo fato de que os cristãos oriundos do paganismo (gentilidade) são evangelizados sem tomarem conhecimento das observâncias mosaicas. Os primeiros conflitos tornaram-se inevitáveis, obrigando os apóstolos a se reunirem em Jerusalém para tratar de tal questão (At 15).

Neste contexto qual deveria ser o Dia de Adoração a Deus? O Sábado conforme fora transmitido por Moisés e os Profetas, ou o Domingo, dia da Ressurreição?

A Instituição do Dia de Adoração

Todos sabem que no AT, o Senhor instituiu o Sábado como o Seu dia de adoração. Mas resta a pergunta: por que? Para entendermos o motivo deste mandamento divino, devemos responder às seguintes perguntas: 1) Por que Deus instituiu um dia para o Seu culto? 2) Por que o Sábado (Shabath) foi escolhido para ser este dia?

A resposta para a primeira pergunta encontramos no livro do Deuteronômio, onde lemos: “Lembra-te de que foste escravo no Egito, de onde a mão forte e o braço poderoso do teu Senhor te tirou. É por isso que o Senhor, teu Deus, te ordenou observasses o dia do sábado” (Dt 5,15).

Como vemos a observância de um dia de adoração está relacionada à libertação que o Senhor proporcionou ao povo Hebreu, quando o tirou do cativeiro no Egito. Deus manifesta-se como o libertador de Seu povo, manifestando todo o Seu Poder e Glória, como verificamos no envio das pragas (cf. Ex 8;9;10;11) e depois ao separar o Mar Vermelho (cf. Ex 14,21-31) para que Israel pudesse finalmente se ver livre do julgo do Faraó.

O Deus libertador é aquele que guia o Seu Povo à Terra Prometida. Devemos perceber aqui que a libertação promovida pelo Senhor da escravidão do Egito é prenúncio da libertação que Cristo posteriormente promoverá da escravidão do pecado, nos conduzindo à Jerusalém Celestial.

Quanto à segunda pergunta, a resposta encontramos no livro do Êxodo: "Porque em seis dias o Senhor fez o céu, a terra, o mar e tudo o que contêm, e repousou no sétimo dia; e por isso o Senhor abençoou o dia de sábado e o consagrou" (Ex 20,11; cf. Gn 2,3).

Por esta razão no dia da libertação, o homem também deveria livrar-se do trabalho secular (cf. Am 8,5; Ex 34,21; 35,3; Ez 22,8; Jr 17,19-27; Dt 5,12-14); no dia em que Deus manifestou o Seu Amor pelo povo, o povo também manifestaria o seu amor por Ele (Lv 23,3; Lv 24,8; 1Cr 9,32; Nm 28,9-10; Is 1,12s). Isto lembra as palavras de São João: “Nós amamos, porque Deus nos amou primeiro” (1 Jo 4,19).

Depois do que foi exposto, podemos identificar a dupla raiz da instituição do Dia de Adoração:

1) O dia da salvação do povo de Deus conforme Dt 5,15;

2) O dia da plenitude da criação cf. Ex 20,11; pois o Senhor cessou o seu trabalho (a criação do mundo) no sétimo dia, por que ele foi terminado no sexto dia. Deus não se cansa, caso contrário não seria Deus. O “descanso” ou “repouso” de Deus refere-se à cessão do Seu Divino trabalho. Shabath (Sábado) significa “cessão”, “término de alguma atividade”. Por isso, o Sétimo Dia também é o dia da Plenitude da Criação e não do “descanso” de Deus.


Jesus, o Sábado e o Domingo

Com o passar do tempo, os Judeus deturparam a observância do Sábado. Eles se esqueceram das raízes espirituais desta divina observância, e se prenderam apenas à letra.

Na época de Jesus, 39 tipos de trabalho eram proibidos. Entre eles colher espigas (cf. Mt 12,2), carregar fardos (Jo 5,10), etc. Os doentes só podiam ser atendidos em perigo iminente de morte, motivo pelo qual se opuseram a Jesus, que curava aos sábados (cf. Mt 12,9-13; Mc 3,1-5; Lc 6,6-10; 13,10-17; 14,1-6; Jo 5,1-16; 9,14-16).

O Senhor contra os fariseus afirmou: "O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado" (Mc 2,27). Por isso, declarou que era o Senhor do Sábado (Mc 2,28) e foi incriminado pelos doutores da Lei (Jo 5,9), ao que respondeu que nada mais fazia senão imitar o Pai que, mesmo tendo cessado a criação do mundo, continuou a governá-lo e também aos homens (Jo 5,17).

Alguns cristãos acreditam que neste momento Jesus estava abolindo a observância do Sábado. Os sabatistas contra-argumentam dizendo que não; que Jesus estava era resgatando o sentido espiritual (a verdadeira raiz) desta divina observância. E neste ponto eles estão com toda razão.

Entretanto, os sabatistas enganam-se em pensar que a divina observância do Dia de Adoração, estaria para sempre fixada no Sábado.

Eles argumentam que o Sábado é perpétuo. Se isto fosse verdade, significaria que toda Lei Levítica (circuncisão, páscoa, incenso, sacerdócio, etc) também seria perpétua. Por exemplo, em Ex.12:14 está declarado que a páscoa terá de ser observada "por suas gerações" e "para sempre", exatamente como é dito sobre o Sábado. A oferta de incenso também é dita como perpétua (Ex.29:42). Lavagem de mãos e pés também (Ex.30:21).

Quando o Senhor afirma que o Sábado é perpétuo, não está se referindo à fixação do sétimo dia como dia de Adoração, mas refere-se ao Seu acordo, à Sua fidelidade para com a humanidade.

É o próprio Deus que através dos Profetas do AT anuncia que Seu Acordo se dará de uma nova forma: "Eis que os dias vêm, diz o Senhor, em que farei um pacto novo com a casa de Israel e com a casa de Judá, não conforme o pacto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito, esse meu pacto que eles invalidaram, apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas este é o pacto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinarão mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o Senhor; pois lhes perdoarei a sua iniqüidade, e não me lembrarei mais dos seus pecados" (Jr.31:31-34) (grifos meus).

O pacto da Antiga Aliança seria substituído por um Novo, onde o primeiro foi apenas uma figura do segundo que é Eterno (cf. Hb 9 ). Neste Novo pacto, o Senhor instituiria um novo dia para Sua Adoração, pois em um novo dia Ele iria salvar o seu Povo para sempre, conforme profetizou Oséias: ”Farei em favor dela [Sua nova nação, a Igreja], naquele dia, uma aliança, com os animais selvagens, com as aves do céu e com os répteis da terra: farei desaparecer da terra o arco, a espada e a guerra e os farei repousar em segurança. Então te desposarei para sempre; desposar-te-ei conforme a justiça e o direito, com misericórdia e amor. Desposar-te-ei com fidelidade, e tu conhecerás o Senhor” (OS 2,20-22) (grifos meus).

O Senhor Jesus não aboliu a observância do Sábado em seu debate com os fariseus. Ele o fez após cumprir o anúncio dos Profetas, morrendo na Cruz e ressuscitando no primeiro dia da semana: Domingo.

Na Antiga Aliança, o Sábado foi estabelecido como o Dia de Adoração, pois foi o Dia da Libertação (cf. Deut 5,15) e o Dia da Plenitude da Criação (cf. Ex 20,11).

Na Nova e Eterna Aliança, o Domingo é estabelecido como o Novo Dia de Adoração, pelas mesmas razões: é o Dia em que o Senhor nos salvou do cativeiro do pecado e o Dia em que ressurgindo da Mansão dos Mortos, cessou o trabalho em Sua nova Criação (a natureza humana incorruptível). Desta forma, o Domingo também é o Dia da Libertação e da Plenitude da Criação.

A própria carta aos Hebreus acentua a índole figurativa do sábado, afirmando que o repouso do sétimo dia era apenas uma imagem do verdadeiro repouso que fluiremos na presença de Deus (cf. Hb 4,3-11). Onde no Sábado estava a figura (o prenúncio), no Domingo está a concretização. O Domingo é o Sábado eterno.

O Testemunho de Cristo, dos Apóstolos e do Espírito Santo

Jesus aparece à primeira vez aos Apóstolos no domingo, no dia da Ressurreição. Imaginem a alegria que os Apóstolos sentiram ao ver o Senhor Ressuscitado! Sobre isto escreveu o Salmista: "A pedra que os edificadores rejeitaram tornou-se cabeça da esquina. Foi o Senhor que fez isto, e é coisa maravilhosa aos nossos olhos. Este é o dia que fez o Senhor; regozijem-nos e alegremo-nos nele" (Sl 118,22-24). Ora, Jesus se tornou a Pedra Angular no dia em que Ressucitou, o dia da Ressurreição "foi o Dia que o Senhor fez".

Conforme o Profeta Jeremias, em Seu novo pacto, o Senhor promete escrever a Sua Lei no interior e no coração dos homens. E conforme Ozéias, no dia em que isto acontecer, os homens O conhecerão. Ora, isto se cumpre exatamente num Domingo, quando o Espírito Santo é dado aos Apóstolos (cf. Jo 20:19-23; At 2,1-4); pois é o Espírito Santo que nos convence da vontade de Deus.

A segunda aparição do Senhor aos discípulos não é no Sábado, mas no novo “dia que o Senhor fez” (cf. Sl 118,24), isto é, no Domingo (cf. Jo 20:26), dia em que Tomé o adora como Deus (cf. Jo 20:29). Talvez temos aqui a primeira adoração cristã a Deus no dia de Domingo.

O Culto Cristão acontece no domingo (cf. At 20:7; 1Cor 16:2). Os Sabatistas alegam que a “Ceia do Senhor” não era uma reunião de culto. A Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios mostra claramente que a reunião da “Ceia do Senhor” era uma reunião de culto. Basta verificar os capítulos 11 a 16.

No entanto muitos cristãos se viam tentados a judaizar, isto é, a observar as prescrições da Lei Mosaica. Os Gálatas era um exemplo e por causa deles São Paulo dirige-lhes uma epístola exatamente para tratar desta questão. E vejam a bronca que o Apóstolo dá neles: “Ó insensatos gálatas! Quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi apresentada a imagem de Jesus Cristo crucificado? Apenas isto quero saber de vós: recebestes o Espírito pelas práticas da lei ou pela aceitação da fé? Sois assim tão levianos? Depois de terdes começado pelo Espírito, quereis agora acabar pela carne?” (Gl 3,1-3).

Quem ainda duvidar de que São Paulo também estava se referindo à observância do Sábado, então veja o que ele escreveu aos Colossenses: "Que ninguém vos critique por questões de comida ou bebida, pelas festas, luas novas ou sábados. Tudo isso nada mais é que uma sombra do que haveria de vir, pois a realidade é Cristo" (Cl 2,16-17) (grifos meus).

São Paulo confirma que o Antigo acordo (que incluía a observância do Sábado) foi substituído pelo Novo acordo cumprido pela Morte e Ressurreição do Senhor Jesus (que inclui agora o Domingo como o Dia do Senhor).

Mais uma confirmação Bíblica de que o Domingo é o Dia do Senhor, está no Livro do Apocalipse. Em Ap 1,10 São João escreve: “Num domingo, fui arrebatado em êxtase, e ouvi, por trás de mim, voz forte como de trombeta”. A expressão que no português está como “num domingo” no original grego está "té kyriaké hémerà", que significa “No Dia do Senhor”. Ora, aqui São João está dizendo que no Domingo, que é Dia do Senhor, Deus lhe deu uma revelação. Se o Domingo não é o Dia do Senhor, por que São João assim o indicou no Livro do Apocalipse?

Testemunhos dos primeiros cristãos

A Igreja do período pós-Apostólico, também confirmou a doutrina do Novo Dia de Adoração que recebeu dos Apóstolos. Vejamos alguns exemplos:

"Reúnam-se no dia do Senhor [= dominica dies = domingo] para partir o pão e agradecer, depois de ter confessado os pecados, para que o sacrifício de vocês seja puro" (Didaqué 14,1 - primeiro catecismo cristão, escrito no séc. I, mais precisamente no ano 96 dC) (grifos meus).

Santo Inácio, Bispo de Antioquia, que segundo a Tradição foi a criança que Cristo pegou no colo em Mc 3,36, também confirma a Doutrina Apostólica do Domingo: "9. Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram à nova esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senhor, em que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua morte. Alguns negam isso, mas é por meio desse mistério que recebemos a fé e no qual perseveramos para ser discípulos de Jesus Cristo, nosso único Mestre. Como podemos viver sem aquele que até os profetas, seus discípulos no espírito, esperavam como Mestre? Foi precisamente aquele que justamente esperavam, que ao chegar, os ressuscitou dos mortos. 10. Portanto, não sejamos insensíveis à sua bondade. Se ele nos imitasse na maneira como agimos, já não existiríamos. Contudo, tornando-nos seus discípulos, abraçamos a vida segundo o cristianismo. Quem é chamado com o nome diferente desse, não é de Deus. Jogai fora o mau fermento, velho e ácido, e transformai-vos no fermento novo, que é Jesus Cristo. Deixai-vos salgar por ele, a fim de que nenhum de vós se corrompa, pois é pelo odor que sereis julgados. É absurdo falar de Jesus Cristo e, ao mesmo tempo judaizar. Não foi o cristianismo que acreditou no judaísmo, e sim o judaísmo no cristianismo, pois nele se reuniu toda língua que acredita em Deus " (Carta de Santo Inácio de Antioquia aos Magnésios. 101 d.C.) (grifos meus).

Como se vê o discípulo pessoal de São Paulo confirma a doutrina que recebeu do Mestre, conforme este mesmo expôs aos Gálatas (Gl 1;3) e aos Colossenses (Cl 2,16-17).

Outro testemunho do séc II sobre o Domingo é de Justino de Roma, vejamos:

"67. Depois dessa primeira iniciação, recordamos constantemente entre nós essas coisas e aqueles de nós que possuem alguma coisa socorrem todos os necessitados e sempre nos ajudamos mutuamente. Por tudo o que comemos, bendizemos sempre ao Criador de todas as coisas, por meio de seu Filho Jesus Cristo e do Espírito Santo. No dia que se chama do sol, celebra-se uma reunião de todos os que moram nas cidades ou nos campos, e aí se lêem, enquanto o tempo o permite, as Memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas. Quando o leitor termina, o presidente faz uma exortação e convite para imitarmos esses belos exemplos. Em seguida, levantamo-nos todos juntos e elevamos nossas preces. Depois de terminadas, como já dissemos, oferece-se pão, vinho e água, e o presidente, conforme suas forças, faz igualmente subir a Deus suas preces e ações de graças e todo o povo exclama, dizendo: ‘Amém’. Vem depois a distribuição e participação feita a cada um dos alimentos consagrados pela ação de graças e seu envio aos ausentes pelos diáconos. Os que possuem alguma coisa e queiram, cada um conforme sua livre vontade, dá o que bem lhe parece, e o que foi recolhido se entrega ao presidente. Ele o distribui a órfãos e viúvas, aos que por necessidade ou outra causa estão necessitados, aos que estão nas prisões, aos forasteiros de passagem, numa palavra, ele se torna o provedor de todos os que se encontram em necessidade. Celebramos essa reunião geral no dia do sol, porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em que Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Com efeito, sabe-se que o crucificaram um dia antes do dia de Saturno e no dia seguinte ao de Saturno, que é o dia do Sol, ele apareceu a seus apóstolos e discípulos, e nos ensinou essas mesmas doutrinas que estamos expondo para vosso exame" (Justino de Roma 155 d.C, I Apologia cap 67) (grifos meus).

No tempo de Justino os cristãos eram ferozmente perseguidos e acusados das mais variadas calúnias. Justino que era responsável por uma escola de estudos bíblicos, escreve uma apologia (defesa) ao Imperador em favor dos cristãos. Por isso, ele ao se referir ao domingo utiliza a expressão “dia do sol”, pois era no primeiro dia da semana que os pagãos adoravam o sol.

Podemos verificar aqui mais uma vez que a “Ceia do Senhor” não era uma mera reunião de confraternização, mas uma celebração de culto a Deus.

Ainda do segundo século temos o testemunho do advogado cristão Tertuliano, que escreveu muitas obras para as autoridades romanas em defesa dos cristãos perseguidos:

"Outros, de novo, certamente com mais informação e maior veracidade, acreditam que o sol é nosso deus. Somos confundidos com os persas, talvez, embora não adoremos o astro do dia pintado numa peça de linho, tendo-o sempre em sua própria órbita. A idéia, não há dúvidas, originou-se de nosso conhecido costume de nos virarmos para o nascente em nossas preces. Mas, vós, muitos de vós, no propósito às vezes de adorar os corpos celestes moveis vossos lábios em direção ao oriente. Da mesma maneira, se dedicamos o dia do sol para nossas celebrações, é por uma razão muito diferente da dos adoradores do sol. Temos alguma semelhança convosco que dedicais o dia de Saturno (Sábado) para repouso e prazer, embora também estejais muito distantes dos costumes judeus, os quais certamente ignorais" (Tertuliano 197 d.C. Apologia part.IV cap. 16) (grifos meus).

Tertuliano como escreve para os pagãos, também se refere ao primeiro dia da semana como “o dia do sol”. Ele é testemunha que nestes dia os cristãos não adoravam o sol, mas a Cristo.

Do terceiro século temos o testemunho de Hipólito de Roma, que também confirma a Tradição Apostólica de celebrar o culto cristão no Domingo: "No domingo pela manhã, o bispo distribuirá a comunhão, se puder, a todo o povo com as próprias mãos, cabendo aos diáconos o partir do pão; os presbíteros também poderão parti-lo. Quando o diácono apresentar a eucaristia ao presbítero, estenderá o vaso e o próprio presbítero o tomará e distribuirá ao povo pessoalmente. Nos outros dias, os fiéis receberão a eucaristia de acordo com as ordens do bispo" (Hipólito de Roma 220 d.C Tradição Apostólica part III) (grifos meus).

Conclusão

A fundadora do Adventismo do Sétimo Dia, a senhora Ellen G. White, afirmava em seus escritos que a instituição do Domingo como dia do Senhor, era invenção do Papado, e quem observasse este dia com Dia do Senhor receberia a marca da Besta. Por esta razão alguns Adventistas (acreditando mais na senhora White do que na Bíblia, nos Apóstolos, no Espírito Santo e nos cristãos dos primeiros séculos) têm procurado fundamentar esta afirmação pesquisando onde o Papado teria feito tal instituição. O melhor que fizeram até agora foi afirmar que o Papado substituiu o Dia do Senhor de Sábado para Domingo durante o Concílio de Laodicéia na Frigia, realizado em 360.

O Concílio de Laodicéia apenas confirmou a doutrina apostólica da observância do Domingo contra os cristãos judaizantes. Este Concílio não foi Geral, mas Local, e por esta razão, não envolveu o Bispo de Roma e nem tinha o poder de alcançar a Igreja inteira espalhada pelo mundo.

Devemos lembrar que os decretos contra os cristãos judaizantes foram instituídos pelos Apóstolos durante o Concílio de Jerusalém (cf. At 15). Conforme já expomos, estes decretos não favoreciam a observância do Sábado como Dia do Senhor.

Os Bispos de Jerusalém sempre foram fiéis a estes decretos, conforme podemos observar no testemunho de São Cirilo, Bispo de Jerusalém: Não ceda de forma alguma ao partido dos Samaritanos, ou aos Judaizantes: por Jesus Cristo de agora em diante foste resgatado. Mantenha-se afastado de toda observância de Sábados, sobre o que comer ou como se purificar. Mas abonime especialmente todas as assembléias dos perversos heréticos” (São Cirilo de Jerusalém. Carta 4, 37) (grifos meus).

Então, devemos ficar com o testemunho de Ellen G. White ou com o testemunho de Jeremias, Oséias, Jesus, Espírito Santo, dos Apóstolos e dos primeiros cristãos?





Introdução

Em nosso artigo anterior expusemos o testemunho Bíblico e Patrístico sobre a guarda do Domingo como o Dia do Senhor. Entretanto, os sabatistas apresentam uma série de objeções sobre os argumentos apresentados e o esclarecimento sobre tais questões é a motivação deste segundo trabalho.

A Carta de São Paulo aos Colossenses e o Sabbath

Em nosso artigo anterior dissemos que São Paulo coibiu a observância do Sábado como dia de adoração ao Senhor, apresentamos como prova Cl 2,16-17, onde lemos:

"Que ninguém vos critique por questões de comida ou bebida, pelas festas, luas novas ou sábados. Tudo isso nada mais é que uma sombra do que haveria de vir, pois a realidade é Cristo" (Cl 2,16-17) (grifos meus).

Os sabatistas contra-argumentam dizendo que São Paulo estava se referindo ao Sábado cerimonial e não ao Sábado moral, onde o primeiro foi abolido na cruz, mas o segundo é eterno.

Eles dividem a Lei Mosaica em “Lei Moral” e “Lei Cerimonial” onde a primeira foi colocada dentro da Arca da Aliança e a segunda fora. Desta forma, a primeira é eterna e a segunda passageira. Embora não concordemos com esta tese não é escopo deste trabalho refutá-la.

Em Cl 2,16-17, a palavra “sábados” utilizada por São Paulo, não diz respeito aos Sábados comemorativos ou cerimoniais, mas sim ao “Sabbath”, dia em que os judeus adoravam a Deus. No original foi utilizada a palavra “sabbaton”, que é plural e por isto, os sabatistas alegam que estes “sábados” são referências às festas cerimoniais ou “sábados cerimoniais” (cf. Lv 23). Entretanto, esta teoria não corrobora com as outras passagens do NT, onde “sabbatton” indica o Sábado semanal (cf. Mt 12, 5-12; Mc 1,21; Lc 4,31; 6,2-9; At 13,27; 17,2; 18,4). Ora, “Sabbaton” é uma das palavras gregas que é plural na forma, mas em muitas vezes singular no significado.

No Judaísmo, o Sábado era observado anualmente, mensalmente e semanalmente. Veja:

"E para cada oferecimento dos holocaustos do Senhor, nos sábados [semanais], nas luas novas [mensais] e nas solenidades [anuais] por conta, segundo o seu costume, continuamente” (1 Cr 23,31). Ver ainda 2 Cr 2,4; 2 Cr 8,13; 2 Cr 31,3; Ez 45,17.

A fórmula utilizada por São Paulo “dias de festa, luas novas e sábados” corresponde exatamente à fórmula consagrada para indicar os dias os sábados cerimoniais ou festivos (mensais e anuais) e o semanal que corresponde ao “Sabbath” ou dia de adoração.

Três observâncias principais separavam os judeus dos povos pagãos: a circuncisão, o sábado e a alimentação. Exatamente estas três coisas foram assunto das cartas de São Paulo: aos romanos, aos gálatas e aos colossenses; e nas três estas observâncias são desencorajadas.

Um dos sabatistas mais célebres da atualidade, o sr. Samuele Bacchiocchi reconhece que a palavra grega “sabbaton” não se refere aos sábados cerimoniais:

"O sábado em Colossenses 2.16: O tempo sagrado prescrito por falsos mestres referem-se como sendo 'um sábado festival' ou a lua nova ou um sábado. - 'eortes e neomnia o sabbaton.' (2.16). O consenso unânime de comentaristas é que estas três expressões representam uma lógica e progressiva seqüência (anual, mensal e semanal). Este ponto de vista é válido pela ocorrência desses termos... Um outro significativo argumento contra os sábados cerimoniais ou anuais é o fato de que estes já estão incluídos nas palavras 'dias de festa...'Esta indicação positivamente mostra que a palavra SABBATON como é usada em Cl 2,16 não pode se referir aos sábados festivais, anuais ou cerimoniais [...] Determinar o sentido de uma palavra baseando-se exclusivamente em conceitos teológicos em prejuízo de evidências línguísticas e contextuais é estar contra as regras de hermenêuticas bíblicas. Ademais, a interpretação que o Comentário Adventista dá à palavra 'sábados' de Cl 2.16 é difícil de ser sustentada, desde que temos visto que o sábado pode legitimamente ser tido como 'sombra' ou símbolos preparatórios de bênçãos da salvação presente e futura" (BACCHIOCCHI, 2000)

Embora o sr. Bachiocchi reconheça que “sabbaton” refere-se aos sábados semanais (referentes aos dias de adoração e não festivos), ele afirma que São Paulo não está condenando a observância dos “sabatton”, mas está alertando sobre uma “heresia colossense”, onde os líderes dos heréticos pervertiam o respeito aos dias sagrados. Ora, se esta nova tese adventista fosse verdadeira, deveríamos estar observando não só os “sabatton”, mas também “eortes” (dias de festa”) e “neomnia” (luas novas). Isto é o mesmo que declarar que a antiga fórmula “dias de festa, luas novas e sábados” (cf. 1 Cr 23,31) ainda estaria em vigor para os cristãos.

O Domingo e o Apocalipse de São João

Em nosso trabalho anterior também foi dito que em Apocalipse 1,10, São João utiliza a expressão “kyriake hemera” que significa “dia do Senhor”, que para as línguas latinas foi traduzida pelos antigos como “domingo”.

Os sabatistas alegam que a tradução da expressão grega foi arbitrariamente traduzida como “domingo”, pois em muitos lugares na Sagrada Escritura, a expressão “dia do Senhor” refere-se à volta de Cristo (Parusia).

Como defesa apresentam os seguintes versículos:

O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes de chegar o grande e glorioso Dia do Senhor” (At 2,20) (grifos meus).

“[...] Seja entregue para destruição da carne, para que o espírito seja salvo no Dia do Senhor” (1 Cor 5,5) (grifos meus).

Porque vós mesmos sabeis que o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite” (2 Pd 3,10) (grifos meus).

Mas o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite” (1 Ts 5,2) (grifos meus).

A questão é que a expressão utilizada nos versículos acima é bem distinta da utilizada no Apocalipse. A expressão “Dia do Senhor” referente à Parusia no grego é “‛hmera tou Kuriou“ ( “hemera tou kyriou”). São João inventa uma nova expressão ao escrever “Kuriakhhmera” ( “kyriake hemera”). A categoria gramatical da primeira (“hemera tou kyriou”) é substantivo genitivo (“Dia do Senhor”), enquanto a segunda (kyriake hemera”) é adjetivo dativo (“Dia Senhorial”).

Note ainda, que a expressão “kyriake hemera” não se encontra em nenhum lugar na Septuaginta (célebre tradução grega das Escrituras Sagradas do AT).

São João elabora essa nova expressão para deixar bem claro que está se referindo ao dia da Ressurreição e não à volta do Salvador.

Nas primeiras traduções do Apocalipse para outras línguas, traduções datadas como do início do séc. II d.C (o Apocalipse foi escrito no final do séc. I d.C.), a expressão joanina foi traduzida como “Dia da Ressurreição” ou “Dia Senhorial”.

São Jerônimo (séc. IV), um dos maiores lingüistas bíblicos da antiguidade, na sua tradução das Escrituras para o Latim, verteu “kyriake hemera” para “Dominica die” e não “dia Domini” (parusia):

Fui in spiritu in dominica die et audivi post me vocem magnam tamquam tubae” (Ap 1,10) (grifos meus).

O português é uma língua neolatina, então a expressão joanina corresponde a “Dia Dominical” ou “Domingo”. “Domingo”, é a tradução literal de “Kuriakhhmera” (“kyriake hemera”) vertida para o latim como: “Dominica die”, e corretamente traduzida para as línguas neolatinas, como: dominu lui, domingo, mingo, domenica, dimanche.

Por causa da Ressurreição, da celebração Eucarística, da descida do Espírito Santo, tudo isto relacionado ao primeiro dia da Semana, é que este dia foi então chamado pelos primeiros cristãos de “Dia Dominical”, isto é “Domingo”. Domingo não é um nome importado do paganismo, como Saturday, (dia de Saturno) ou Sunday (dia do sol).

Conclusão

Interessante notar que a observância do Domingo como o Dia do Senhor nos tempos primitivos, não é reprovada em nenhum momento; o mesmo não acontece com a observância do Sábado.

O Domingo está em pleno acordo com os Profetas, os Salmos, as Epístolas e o testemunho dos primeiros cristãos, que já expusemos em nosso trabalho anterior.

Na Igreja Cristã cumpriu-se apenas o desejo que o Senhor profetizou através de Oséias: "E farei cessar todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas novas e os seus sábados [semanais]; e todas as suas festividades" (Os 2,11).





Por Alessandro Lima

Introdução

Depois que publicamos nossos artigos anteriores (parte I e parte II) sobre a questão do Dia do Senhor, muitos amados irmãos adventistas nos enviaram mensagens, ora procurando mais esclarecimento sobre as questões, ora procurando defender a tese sabatista da guarda do Sábado. Desta forma, a motivação deste terceiro opúsculo sobre o tema é colocar mais luz sobre este assunto, procurando esclarecer suas objeções.

A Carta de São Paulo ao Colossenses

O grande espinho (cf. Pr 26,9) que se encontra na boca dos sabatistas está os seguintes versículos da carta de São Paulo aos colossenses:

"Ninguém, pois, vos critique por causa de comida ou bebida, ou espécies de festas ou de luas novas ou de sábados. Tudo isto não é mais que sombra do que devia vir. A realidade é Cristo" (Cl 2,16-17).

Os sabatistas alegam São Paulo ao usar a palavra “sábados” não está se referindo ao sétimo dia, mas aos “sábados cerimoniais”. Como já dissemos em nosso trabalho anterior, São Paulo escreveu esta carta no grego, onde a palavra “sábados” corresponde a “sabbaton”.

Excluindo a carta de São Paulo aos colossenses, a palavra grega “sabbaton” parece no NT 67 vezes e em 61 versículos.

Nestas 67 vezes ela possui apenas dois significados:

1) Em 9 delas a palavra significa “semana”, como por exemplo, em Mt 28,1. A expressão “primeiro dia da semana” é escrita em grego como “mia sabbaton”. No grego toda vez que “sabbaton” é precedida de um numeral ordinal, ela tem o significado de semana;

2) Em TODAS as 58 vezes, “sabbaton” significa o sétimo dia, isto é, o dia de descanso (cf. Mt 12,1; Mc 1,21; Lc 4,16; Jo 5,9; At 1,12).

Na Carta de São Paulo aos Colossenses, “sabbaton” se enquadra no segundo caso, isto é, significa o sétimo dia da semana, o sábado semanal.

Ora, se em 58 referências a palavra “sabbaton” refere-se à observância do sábado semanal, por que em Cl 2,16 não?

A teologia sabatista simplesmente fere todas as regras de exegese e hermenêutica bíblicas em favor de um argumento teológico. Isto é distorcer as Escrituras.

Os chamados “sábados cerimoniais” eram os dias de festa (“heorte”, as comemorações mensais) e as luas novas (“noumenia”, as comemorações anuais). “Sabbaton” não tem nada haver com tudo isto, e nem com os sacrifícios no Templo, mas com o dia de Sábado, o dia semanal, o dia de descanso.

Ora, se São Paulo não está ser referindo à observância do sétimo dia, por que então relacionou “sabbaton” à lista das observâncias judaicas que deveriam ser esquecidas pelos Cristãos?

Mas qual é o argumento teológico o qual os sabatistas tanto se prendem para aplicar à palavra “sabbaton” de Cl 2,16 um sentido que ela não tem?

A suposta divisão da Lei mosaica em lei cerimonial e lei moral

Os sabatistas dividiram a Antiga Lei dos Judeus em duas: cerimonial e moral. Onde a lei moral foi proferida por Deus, escrita pelo dedo Deus em tábuas de pedra e colocada dentro da Arca da Aliança; por isso deverá permanecer firme para sempre, não foi destruída por Cristo na Cruz. Ainda segundo eles, a lei cerimonial foi ditada por Moisés, escrita por Moisés num livro, nada aperfeiçoou, foi posta ao lado da Arca; por isso é revogável, foi cravada na cruz.

Eles referem-se aos Dez Mandamentos como lei moral e ao restante como lei cerimonial.

A resistência deles quanto ao ensino de Paulo em Cl 2,16, deve-se por acreditarem que nenhuma letra dos dez mandamentos foi revogada por Cristo, onde a observância do Sábado é o quarto.

Não negamos que em todas as observâncias divinas existe uma Lei Moral, que tem seu núcleo dos Dez Mandamentos. O problema apresentado pela teologia sabatista é que esta faz uma divisão arbitrária da letra, como se não houvesse moral nos ensinamentos mosaicos ou dos profetas.

Todo cerne desta questão se deve a duas coisas: 1) a falsa não distinção entre as observâncias divinas: decálogo, lei mosaica e os profetas 2) a verdadeira distinção entre a letra e o espírito destas observâncias.

Sobre o primeiro item, dizemos que todas as observâncias judaicas foram dadas por Deus, e por isso, todas elas foram recebidas com igual reverência, como um único conjunto coeso. Isso é testificado no Êxodo: "O Senhor disse a Moisés: ‘Sobe para mim no monte. Ficarás ali para que eu te dê as tábuas de pedra [10 mandamentos], a lei [Torah escrita] e as ordenações [Torah oral] que escrevi para sua instrução’" (Ex 24,12).

A distinção que os sabatistas forçam entre o Decálogo (os Dez Mandamentos) e a Torah (Lei de Moisés), não é fruto do pensamento judaico comum:

"O Talmude, a propósito de um ponto em discussão, lembra: 'A lei mandava recitar todos os dias os dez mandamentos. Por que não os recitam mais, hoje? Por causa das maledicências dos minim [os dissidentes]; para que estes não possam dizer: 'Estes somente foram dados a Moisés, no Sinal' (Talmud Jer. Berakot 1 ,3c). Segundo estes minim, Deus só pronunciou os dez mandamentos (Dt 5,22); as outras leis são atribuídas a Moisés. A recitação diária do decálogo, na oração comunitária, favorecia indiretamente esta idéia de que provocava certo desprezo pelas outras leis. A fim de evitar este mal-estar,o judaísmo ortodoxo - talvez nos círculos de Iabne [ou Jâmnia], no fim do século 1 d.C. -suprimiu do serviço sinagogal cotidiano a recitação do decálogo" (LOPES, 1995).

Conforme lemos, a distinção proposta pelos sabatistas foi condenada pelos próprios judeus. Mas os sabatistas ensinam que Jesus revogou a lei na cruz, porque esta estava fora da Arca da Aliança.

Note que quando o jovem rico perguntou a Cristo "Mestre, qual é o grande mandamento na lei?" (Mt 22,36), Jesus não lhe perguntou: “qual lei? A moral ou cerimonial?”; tão pouco lhe disse: “você está falando dos Dez mandamentos ou da Lei de Moisés ou dos Profetas?”.

Ao contrário, o Evangelista nos relata que "Respondeu Jesus: Amarás o Senhor teu Deus de todo teu coração, de toda tua alma e de todo teu espírito. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo. Nesses dois mandamentos se resumem toda a lei e os profetas" (Mt 22,37-40).

Ora, foi o próprio Cristo que resumiu todo o ensinamento do AT nas palavras acima. Perceberam isso? Toda a lei e os profetas, o Senhor resumiu em duas grandes ordenanças. A primeira delas encontramos no Deuteronômio: "Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças" (Dt 6,5). A segunda está no Levítico: "Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo: mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor" (Lv 19,18).

Com efeito, estas duas ordenanças fazem parte do Livro que foi colocado do lado de fora da Arca da Aliança: "Tomai este livro da lei, e ponde-o ao lado da arca da aliança do SENHOR vosso Deus, para que ali esteja por testemunha contra ti" (Dt 31.26). Entretanto, se a tese dos sabatistas estivesse correta, Jesus ao responder ao jovem rico, escolheria dois itens do decálogo e não da Lei Mosaica; ou ainda; poderia dizer ao Jovem que o que importava eram os Dez Mandamentos porque estavam dentro da Arca.

O próprio Cristo ensinou que não veio revogar a lei ou os profetas (cf. Mt 5,17-18). Com efeito, nos capítulos 5 a 7 do Evangelho segundo São Mateus, encontramos a catequese do Senhor sobre a Lei, isto é, o que a Lei realmente ensina. Aí, o Senhor, restaura o verdadeiro sentido de todas as observâncias dadas no AT. Esta sim é a verdadeira Lei Moral, que na belíssima exposição do Senhor se resume nos dois grandes mandamentos recomendados ao jovem rico (cf. Mt 22,37-40).

É esta Lei Moral que não foi revogada na Cruz, que possui seu núcleo no Decálogo, não na letra, mas no que Deus queria por ele ensinar. Conforme lemos no Êxodo: "O Senhor disse a Moisés: 'Escreve estas palavras, pois são elas a base da aliança que faço contigo e com Israel'. Moisés ficou junto do Senhor quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água. E o Senhor escreveu nas tábuas o texto da aliança, as dez palavras" (Ex 34,27-28) (grifos meus).

Sendo a Arca o símbolo do Acordo de Deus e Seu Povo, e o Decálogo o núcleo de todo o ensinamento moral que Deus queria transmitir aos judeus, quis o Senhor que as tábuas com "as dez palavras" fossem postas dentro da Arca da Aliança, simbolizando assim a alma do pacto dentre o Senhor e Seu povo: o amor a Deus e ao nosso semelhante (cf. Mt 5,17-18).

O que Jesus revogou na Cruz?

Os sabatistas adoram dizer para nós que observamos o Domingo: “Onde Jesus diz que mudará o Sábado para o Domingo? Onde Ele autorizou tal mudança?” Aí eu respondo: "no mesmo lugar onde Ele diz que revogará a Lei de Moisés".

Nossos contendores dizem que o Decálogo é irrevogável – pelas razões que já apresentamos -, e por isso o Sábado é irrevogável. Ora, ordenanças como os sacrifícios do Templo, as observâncias dos dias de festa e luas novas e o Grande Dia da Expiação, por exemplo, foram dadas pelo próprio Deus como irrevogáveis (cf. Lv 23,14; Lv 16,29-34; Ez 46,14; 2Cr 2,4). Então por quê os sabatistas não as observam?

Com efeito, o Profeta Isaías testemunha que toda Lei é irrevogável: "A terra foi profanada por seus habitantes, porque transgrediram as leis, violaram as regras e romperam a aliança eterna" (Is 24,5).

Antes que alguém se confunda, achando que estamos defendendo para os nossos dias, a observância da Lei de Moisés, a questão será esclarecida pelas palavras de São Paulo:

"Não há dúvida de que vós sois uma carta de Cristo, redigida por nosso ministério e escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, em vossos corações" (2 Cor 3,3) (grifos meus).

Aqui São Paulo ensina que a lei que os fiéis trazem em seu coração é mais excelente que a lei que foi escrita em “tábuas de pedra”. Ora, que lei mais excelente é esta? É o Santo Evangelho pregado pelos apóstolos (“sois uma carta de Cristo, redigida por nosso ministério”) confirmado pela ação do Espírito Santo (“escrita, não com tinta, mas com o Espírito de Deus vivo”). Não é este um belo ensino para os guardadores das tábuas de pedra?

Então São Paulo continua:

"Tal é a convicção que temos em Deus por Cristo. Não que sejamos capazes por nós mesmos de ter algum pensamento, como de nós mesmos. Nossa capacidade vem de Deus. Ele é que nos fez aptos para ser ministros da Nova Aliança, não a da letra, e sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica” (2 Cor 3,4-6) (grifos meus).

Percebam, amados no Senhor, que o que foi revogado na Cruz foi a letra da Lei e não o seu espírito, isto é, o que a Lei queria ensinar. Por isso Jesus, disse que não veio revogar a Lei, mas dar-lhe seu fiel cumprimento (cf. Mt 5,17-18). Por isso, o Cristianismo é o fiel cumprimento do Judaísmo, não segundo a letra, mas segundo o Espírito.

São Paulo ainda tem outro recado os observadores das tábuas de pedra:

Ora, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, se revestiu de tal glória que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos no rosto de Moisés, por causa do resplendor de sua face (embora transitório), quanto mais glorioso não será o ministério do Espírito! Se o ministério da condenação já foi glorioso, muito mais o há de sobrepujar em glória o ministério da justificação! Aliás, sob esse aspecto e em comparação desta glória eminentemente superior, empalidece a glória do primeiro ministério. Se o transitório era glorioso, muito mais glorioso é o que permanece!" (2 Cor 3,7-11).

Não é este evento referido por São Paulo que encontramos no livro do Êxodo? Vamos conferir:

"Moisés ficou junto do Senhor quarenta dias e quarenta noites, sem comer pão nem beber água. E o Senhor escreveu nas tábuas o texto da aliança, as dez palavras. Moisés desceu do monte Sinai, tendo nas mãos as duas tábuas da lei. Descendo do monte, Moisés não sabia que a pele de seu rosto se tornara brilhante, durante a sua conversa com o Senhor. E, tendo-o visto Aarão e todos os israelitas, notaram que a pele de seu rosto se tornara brilhante e não ousaram aproximar-se dele" (Ex 34,28-30) (grifos meus).

Vejam, amados do Senhor, São Paulo chama as ordenanças do Decálogo de “ministério da morte”, “transitório”, “ministério da condenação”, este que “em comparação desta glória eminentemente superior, empalidece a glória do primeiro ministério”. Por acaso São Paulo está ensinando que o Decálogo é irrevogável como crêem os sabatistas?

Desta forma, o que o Senhor Jesus aboliu na Cruz do Calvário (cf. Cl 2,14) foi a letra de todas as ordenanças do AT e não seu espírito, o que incliu o Decálogo.

A verdadeira Lei Moral, conforme ensinada por Cristo (cf. Mt 5-7) tem seu fiel cumprimento e excelência na Fé Cristã, na pregação dos Apóstolos, corroborando com as Santas Palavras do Salvador, que afirmou que traria a Lei à perfeição (cf. Mt 5,17).

Permita também a Misericórdia Divina que nossos contendores percebam que o “descanso Sabático” referido na carta aos Hebreus, não se trata da observância do Sábado semanal, mas do descanso do Justos que morreram na amizade do Senhor.

Ceia do Senhor, cerimônia de adoração a Deus

Todos os sabatistas reconhecem que a “Ceia do Senhor” era observada no primeiro dia da Semana, isto é, Domingo. Eles imaginam que esta ceia era uma mera reunião gastronômica, uma espécie de refeição comunitária entre os fiéis.

Ora, a advertência paulina contra este tipo de pensamento é exatamente o tema do Capítulo 11 de sua primeira carta aos Coríntios: "Desse modo, quando vos reunis, já não é para comer a ceia do Senhor" (1 Cor 11,20).

Muitos cristãos iam só para comer e beber, e São Paulo os repreende ensinando que a “Ceia do Senhor” não é uma mera refeição, conforme atestamos nos versículos abaixo:

"porquanto, mal vos pondes à mesa, cada um se apressa a tomar sua própria refeição; e enquanto uns têm fome, outros se fartam. Porventura não tendes casa onde comer e beber? Ou menosprezais a Igreja de Deus, e quereis envergonhar aqueles que nada têm? Que vos direi? Devo louvar-vos? Não! Nisto não vos louvo..." (1 Cor 11,21-22) (grifos meus).

Toda vez que participamos de um almoço comunitário o objetivo é comermos e bebermos na presença dos irmãos. Mas São Paulo deixa muito claro que a “Ceia do Senhor” não é um almoço comunitário.

Com efeito, antes destes versículos, São Paulo dá várias instruções de como os fiéis devem se portar na celebração cristã de Culto ao Senhor. Após os versículos 20 a 22 fica mais que claro que o Apóstolo fala da celebração Eucarística, isto é, o oferecimento do Sacrifício de Cristo sob as espécies do pão e do vinho e a comunhão destas espécies entre os fiéis, tal como Jesus ensinou:

"Então Jesus lhes disse: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente. Tal foi o ensinamento de Jesus na sinagoga de Cafarnaum" (Jo 6, 53-59) (grifos meus).

Uma reunião entre fiéis, que possui ministro, manifestação do Espírito Santo, cânticos, leituras, comunhão do Corpo e Sangue do Senhor, isso por acaso se parece com um almoço comunitário?

A associação da “Ceia do Senhor” como celebração de culto de adoração a Deus é mais que evidente na primeira carta paulina aos Coríntios. Mas para isto os sabatistas fazem vistas grossas.

É ponto pacífico entre todos os cristãos – imagino - que a “Ceia do Senhor” se dava no primeiro dia da semana.

O Testemunho dos Santos Mártires

Os sabatistas dizem antes do Concílio de Nicéia (325 d.C.) a Igreja Cristã era pura e sem mácula e que Constantino paganizou a Igreja, começando pela institucionalização do domingo como dia de Culto.

A tese deles é desmascarada quanto trazemos ao conhecimento público, textos anteriores a este período que testificam a associação comprovada nas cartas paulinas: Ceia do Senhor + Culto de Adoração + Primeiro dia da semana (ver a parte I deste artigo). Note o leitor que os textos trazidos à tona, não são casos isolados, mas são textos escritos pelo punho dos próprios discípulos diretos dos Apóstolos: Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna, Pápias de Hierápolis, Clemente de Roma e etc.

Quando apresentamos seus textos, os sabatistas alegam que eles traíram seus mestres e adotaram doutrinas pagãs.

Ora, todos eles foram homens célebres e amados pela cristandade antiga, devido à sua grande fidelidade à Doutrina que receberam dos apóstolos, todos eles, sem exceção foram mortos por causa do Evangelho, exatamente porque não queriam confessar a doutrina do Império Romano. Como pode então, os sabatistas imputarem a estes heróis da Fé, a adoção de doutrina pagã?

Os sabatistas não conseguem apresentar nenhuma prova material de suas teses. Não conseguem trazer a público um único texto dos quatro primeiros séculos, de autoria de um dos discípulos dos apóstolos ou dos discípulos de seus discípulos, que corrobore seus argumentos. Com efeito, uma maneira de provar que os mártires acima citados traíram seus mestres (os apóstolos) é apresentando textos de outros discípulos dos apóstolos, que testifiquem a guarda do Sábado. Mas os sabatistas são incapazes de fazê-lo.

Primitivos cristãos: sabatistas ou judaizantes?

Quanto ao texto dos antigos cristãos, o máximo que os sabatistas fizeram até hoje é referir-se a textos de Epifánio de Salaminca (séc. III) e Santo Agostinho (séc. V), onde os mesmos referem-se a existência de cristãos que guardavam o Sábado.

Com efeito, não só eles, mas outros célebres cristãos da antiguidade (Cipriano de Cartago, Atanásio de Alexandria, São Jerônimo, Fílon de Alexandria, Orígines, etc), fizeram tal referência, nos informando também que estes cristãos também guardavam a Lei Mosaica. Estamos falando de cristãos judaizantes e não de cristãos sabatistas.

Este grupo tem origem naqueles “da parte de Tiago” (cf. Gl 2,12) que não aceitaram as determinações do Concílio de Jerusalém (cf. At 15-16). Como podem ser eles a verdadeira Igreja, os verdadeiros cristãos, os remanescentes?

A falsa associação do Domingo cristão com o paganismo

Teimam em insistir que o Domingo tem origem pagã, só porque este era o dia do deus Sol, dos pagãos. É mesma coisa se eu afirmasse que o Sábado em origem na adoração de Saturno, embora muitas provas mostrem o contrário. Contra os sabatistas, traremos o testemunho do advogado cristão Tertuliano, que viveu a mais de cem anos antes do Concílio de Nicéia:

"Outros, de novo, certamente com mais informação e maior veracidade, acreditam que o sol é nosso deus. Somos confundidos com os persas, talvez, embora não adoremos o astro do dia pintado numa peça de linho, tendo-o sempre em sua própria órbita. A idéia, não há dúvidas, originou-se de nosso conhecido costume de nos virarmos para o nascente em nossas preces. Mas, vós, muitos de vós, no propósito às vezes de adorar os corpos celestes moveis vossos lábios em direção ao oriente. Da mesma maneira, se dedicamos o dia do sol para nossas celebrações, é por uma razão muito diferente da dos adoradores do sol. Temos alguma semelhança convosco que dedicais o dia de Saturno (Sábado) para repouso e prazer, embora também estejais muito distantes dos costumes judeus, os quais certamente ignorais" (Tertuliano 197 d.C. Apologia part.IV cap. 16).

Como vimos, Tertuliano testifica que a da guarda do primeiro dia da semana pelos cristãos, possui motivo próprio e muito diverso dos pagãos: “Da mesma maneira, se dedicamos o dia do sol para nossas celebrações, é por uma razão muito diferente da dos adoradores do sol”.

Não é estranho que a mesma Igreja que deu mártires a Deus, exatamente porque não se curvou à religião do Império, tenha aceitado “sem piscar os olhos” uma observância pagã? Será mesmo que a Igreja no MUNDO INTEIRO tenha traído tão facilmente a doutrina dos apóstolos, como alegam nossos contendores?

Conclusão

Acredito que este terceiro opúsculo, juntamente com os outros dois anteriores, tenha tratado sobre o Dia do Senhor de forma satisfatória.

Muito simples é a apresentação de um argumento teológico com aparente suporte bíblico, até os Espíritas fazem isso em seu “Evangelho segundo o Espiritismo”.

Ora, pode haver fonte mais segura sobre a pregação dos apóstolos do que o testemunho de seus discípulos pessoais, aqueles que ouviram a pregação de sua própria boca? Homens estes que devido à tamanha fidelidade à doutrina recebida de seus mestres, morreram por amor a Cristo? Eu creio que não e cada um faça seu próprio juízo.

Esta é a diferença entre a apologética objetiva e sóbria daquela baseada em faltas conjecturas, atropelamento das regras de hermenêutica e exegese bíblicas associado a uma total falta de prova material que corroborem suas teses.


Fonte: Veritatis



7 comentários:

  1. O Célebre Edito de Constantino
    Ninguém nega que no dia 7 de março de 321, o imperador Constantino promulgou uma lei que assim reza:
    "Que todos os juízes, e todos os habitantes da cidade, e todos os mercadores e artífices descansem no venerável dia do Sol. Não obstante, atentam os lavradores com plena liberdade ao cultivo dos campos; visto acontecer a miúdo que nenhum outro dia é tão adequado à semeadura do grão ou ao plantio da vinha; daí o não se dever deixar passar o tempo favorável concedido pelo Céu." - Codex Justinianus, lib. 13 it. 12, par. 2 (3).
    Este acontecimento influiu decisivamente para transformar o "festival da ressurreição" num autêntico "dia de guarda" no império romano.

    Muitos, visando fazer confusão, procuram dar sentido tendencioso ao histórico decreto, ao mesmo tempo que propalam ser ensino nosso que a instituição dominical fora criada pelo imperador. Nada mais falso. Equivocam-se grandemente os que afirmam ser ensino adventista que o domingo foi instituído por Constantino e por um determinado papa. Jamais ensinamos que Constantino fosse o autor do domingo, mas sim que, na esfera civil, deu o passo para que se tornasse dia de guarda, promulgando a primeira lei nesse sentido, coroando assim a gradual implantação do domingo na igreja e no mundo.

    Contudo, dizer que muito antes de Constantino os cristãos guardavam o domingo é afirmação temerária, destituída de veracidade histórica. Os testemunhos que citam nada provam em favor da observância já estabelecida do primeiro dia da semana como dia de culto cristão. Não merecem inteira fé, por serem duvidosos, falíveis e incongruentes. Não invocam seguer um testemunho bíblico ou histórico exato, incontraditável, irrecorrível. Não podem fazê-lo. O máximo que se poderia afirmar é que, antes de Constantino, boa parte dos cristãos, já em plena fermentação da apostasia gradual, reuniam-se de manhã no primeiro dia da semana, para o "festival da ressurreição", e depois voltavam aos trabalhos costumeiros. Nada de guarda, observância ou santificação do dia. Isso ninguém jamais provará.

    Por isso citam o edito dominical de Constantino. Citam-no para dar-lhe uma interpretação distorcida, às avessas. Inventam que o edito destinava-se a favorecer os cristãos. Não se dirigiam aos pagãos. Concordamos que o imperador tinha em mira agradar aos cristãos de seus dias, porém para conciliá-los com a observância do dia do Sol, que os pagãos observavam. Mero jogo político.

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  2. Confusões e Contradições

    Afirmam: "Era um edito para favorecer particularmente os cristãos..." - Vamos analisar esta afirmativa. Notemos o seguinte: se a observância dominical, pelos cristãos, já era fato líquido e certo, não careciam eles de leis seculares para os favorecer. E prossegue: "[o edito] não foi feito para agradar os pagãos". - Não foi mesmo porquanto os pagãos não precisam de leis que lhes ordenassem guardar o "dia do Sol", considerando que o mitraísmo era religião dominante no Império, sendo o próprio Constantino mitraísta. Diz a história que ele era adorador do Sol que se "converteu" ao cristianismo. Isso lança luz nas verdadeiras intenções do edito.

    Mas agora surge a confissão interessante: "O edito era dirigido aos pagãos e por isso empregou-se a expressão dia do Sol em vez de dia do Senhor." (Digamos, entre parênteses, que há aqui um equívoco, pois o edito era dirigido a todos, moradores das cidades e dos campos indiscriminadamente. Os pagãos sem dúvida, constituíam a imensa maioria). Voltaríamos a insistir:

    Por que empregou Constantino a expressão "dia do Sol"?
    A resposta será dada pelos nossos acusadores: Dizem: "Está provado, por homens abalizados, que esses [os pagãos] jamais guardaram esse dia [o primeiro dia da semana]." Os oponentes afirmam candidamente que os pagãos jamais em tempo algum observaram o primeiro dia da semana. Prestaram os leitores atenção? Pois bem. Leiam agora esta outra declaração na mesma página e no mesmo parágrafo, a respeito do edito de Constantino: "Era dirigido aos pagãos" por isso Constantino "usou a expressão dia do Sol para que pudessem [eles, os pagãos] compreendê-lo bem." Aí esta a confirmação. E insistimos:

    Por que os pagãos compreenderiam bem a expressão "dia do Sol" em vez de "dia do Senhor"? Por quê? Insistimos, por quê? A resposta é uma só:
    Porque guardavam o dia do Sol. Era o dia de guarda do mitraísmo, religião professada pelo próprio Constantino. Por essa contradição se pode ver a insegurança dos que sustentam a guarda do primeiro dia da semana.

    A. T. Jones, assevera que "a primeira lei feita sobre o domingo, foi feita a pedido da igreja." E cremos que o foi realmente, mas a pedido... de qual igreja? A pedido da igreja semi-apostatada, igreja que já levava inovações do paganismo, igreja conluiada com o Estado, igreja já desfigurada, que então usava velas, altares, praticava o monasticismo, borrifava água benta, impunha penitência, o sinal da cruz, e até ordens sacerdotais. Esta a igreja que solicitou o edito de Constantino. Esta a igreja que algumas décadas a seguir, num concílio, decretou a abstenção do trabalho no domingo e quis impedir a observância do sábado, no concílio de Laodicéia. Se A. T. Jones e os demais aceitam essa igreja como expressão do verdadeiro cristianismo, contentem-se. É direito dos senhores. Nós não aceitamos. Não nos conformamos, e continuamos a insistir na tese da origem pagã da observância dominical. Temos a História a nosso favor. Temos os fatos que depõem em abono de nossa mensagem. A verdade não precisa de notas forçadas para sobreviver. Impõe-se por si.

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  3. Confusões e Contradições

    Afirmam: "Era um edito para favorecer particularmente os cristãos..." - Vamos analisar esta afirmativa. Notemos o seguinte: se a observância dominical, pelos cristãos, já era fato líquido e certo, não careciam eles de leis seculares para os favorecer. E prossegue: "[o edito] não foi feito para agradar os pagãos". - Não foi mesmo porquanto os pagãos não precisam de leis que lhes ordenassem guardar o "dia do Sol", considerando que o mitraísmo era religião dominante no Império, sendo o próprio Constantino mitraísta. Diz a história que ele era adorador do Sol que se "converteu" ao cristianismo. Isso lança luz nas verdadeiras intenções do edito.

    Mas agora surge a confissão interessante: "O edito era dirigido aos pagãos e por isso empregou-se a expressão dia do Sol em vez de dia do Senhor." (Digamos, entre parênteses, que há aqui um equívoco, pois o edito era dirigido a todos, moradores das cidades e dos campos indiscriminadamente. Os pagãos sem dúvida, constituíam a imensa maioria). Voltaríamos a insistir:

    Por que empregou Constantino a expressão "dia do Sol"?
    A resposta será dada pelos nossos acusadores: Dizem: "Está provado, por homens abalizados, que esses [os pagãos] jamais guardaram esse dia [o primeiro dia da semana]." Os oponentes afirmam candidamente que os pagãos jamais em tempo algum observaram o primeiro dia da semana. Prestaram os leitores atenção? Pois bem. Leiam agora esta outra declaração na mesma página e no mesmo parágrafo, a respeito do edito de Constantino: "Era dirigido aos pagãos" por isso Constantino "usou a expressão dia do Sol para que pudessem [eles, os pagãos] compreendê-lo bem." Aí esta a confirmação. E insistimos:

    Por que os pagãos compreenderiam bem a expressão "dia do Sol" em vez de "dia do Senhor"? Por quê? Insistimos, por quê? A resposta é uma só:
    Porque guardavam o dia do Sol. Era o dia de guarda do mitraísmo, religião professada pelo próprio Constantino. Por essa contradição se pode ver a insegurança dos que sustentam a guarda do primeiro dia da semana.

    A. T. Jones, assevera que "a primeira lei feita sobre o domingo, foi feita a pedido da igreja." E cremos que o foi realmente, mas a pedido... de qual igreja? A pedido da igreja semi-apostatada, igreja que já levava inovações do paganismo, igreja conluiada com o Estado, igreja já desfigurada, que então usava velas, altares, praticava o monasticismo, borrifava água benta, impunha penitência, o sinal da cruz, e até ordens sacerdotais. Esta a igreja que solicitou o edito de Constantino. Esta a igreja que algumas décadas a seguir, num concílio, decretou a abstenção do trabalho no domingo e quis impedir a observância do sábado, no concílio de Laodicéia. Se A. T. Jones e os demais aceitam essa igreja como expressão do verdadeiro cristianismo, contentem-se. É direito dos senhores. Nós não aceitamos. Não nos conformamos, e continuamos a insistir na tese da origem pagã da observância dominical. Temos a História a nosso favor. Temos os fatos que depõem em abono de nossa mensagem. A verdade não precisa de notas forçadas para sobreviver. Impõe-se por si.

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  4. Notemos que Chamber diz ser a lei também eclesiástica. Por quê? Devido à fusão com o cristianismo, à influência religiosa, e à habilidade de estadista que quer agradar a gregos e troianos. Dessa forma o incipiente "festival da ressurreição" das manhãs do primeiro dia da semana se fundiria com o dia solar do pagão do mitraísmo, e não haveria descontentes. Constantino atingiu seus objetivos.

    A influência da igreja semi-apostada na elaboração do decreto é evidente. Eusébio, contemporâneo, amigo e apologista de Constantino escreveu: "Todas as coisas que era dever fazer no sábado, estas nós as transferimos para o dia do Senhor." - Eusébio, Commentary on the Psalms.

    Essa expressão "nós transferimos..." é sintomática, e prova que esse dia de guarda é invenção humana, puramente humana, de procedência pagã, de um paganismo já unida com o cristianismo desfigurado da época.
    "Os cristãos trocaram o sábado pelo domingo. Constantino, em 321, determinou a observância rigorosa do descanso dominical, exceto para os trabalhos agrícolas... Em 425 proibiram-se as representações teatrais [nesse dia] e no século VIII aplicaram-se ao domingo todas as proibições do sábado judaico." - Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, art. "Domingo."
    O grande historiador Cardeal Gibbon, com sua incontestada autoridade assevera o seguinte: "O Sol era festejado universalmente como o invencível guia e protetor de Constantino. ... Constantino averbou de Dies Solis (dia do Sol) o 'dia do Senhor' - um nome que não podia ofender os ouvidos de seus súditos pagãos." - The History of the Decline and Fall of the Roman Empire, cap. 20 §§ 2.º, 3.º (Vol. 2, págs. 429 e 430).

    Ainda sobre o significado do célebre edito diz-nos o insuspeito Pastor Ellicott: "Para se entender plenamente as provisões deste edito, deve-se tomar em consideração a atitude peculiar de Constantino. Ele não se achava livre de todo o vestígio da superstição pagã. É fora de dúvida que, antes de sua conversão, se havia devotado especialmente ao culto de Apolo, o deus-Sol... O problema que surgiu diante dele era legislar em favor da nova fé, de tal modo a não parecer totalmente incoerente com suas práticas antigas, e não entrar em conflito com o preconceito de seus súditos pagãos. Estes fatos explicam as particularidades deste decreto. Ele denomina o dia santo, não de dia do Senhor, mas de "dia do Sol" - a designação pagã, e assim já o identifica com o seu antigo culto a Apolo." - Pastor George Ellicott, The Abiding Sabbath, pág. 1884.

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  5. Se isto não basta, temos ainda o insuspeito Dr. Talbot. Só citamos autores não adventistas. Ei-lo:
    "O imperador Constantino, antes de sua conversão, reverenciava todos os deuses (pagãos) como tendo poderes misteriosos, especialmente Apolo, o deus do Sol, ao qual, no ano 308, ele [Constantino] conferiu dádivas riquíssimas; e quando se tornou monoteísta, o deus a qual adorava era - segundo nos informa Uhlhorn - antes o "Sol inconquistável" e não o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. E na verdade quando ele impôs a observância do dia do Senhor (domingo) não o fez sob o nome de sabbatum ou dies domini, mas sob o título antigo, astrológico e pagão de Dies Solis, de modo que a lei era aplicável tanto aos adoradores de Apolo e Mitra como aos cristãos." - Dr. Talbot W. Chamber, Old Testament Student, Janeiro de 1886.

    Isto é confirmado por Stanley, que diz: "A conservação do antigo nome pagão de "Dies Solis" ou "Sunday" (dia do Sol) para a festa semanal cristã é, em grande parte, devida à união dos sentimentos pagão e cristão, pelo qual foi o primeiro dia da semana imposto por Constantino aos seus súditos - tanto pagãos como cristãos - como o "venerável dia do Sol"... Foi com esta maneira habilidosa que conseguiu harmonizar as religiões discordantes do império, unindo-as sob uma constituição comum." - Deão Stanley, Lectures on The History on the Eastern Church, conferência n.º 6, pág. 184.

    Comentada a chamada "conversão" de Constantino, escreve o erudito Bispo Arthur Cleveland Coxe: "Foi uma conversão política, e como tal foi aceita, e Constantino foi pagão até quase morrer. E quanto ao seu arrependimento final, abstenho-me de julgar." - Elucidation 2, of "Tertullian Against Marcion," book 4.

    Comentando as cerimônias pagãs relacionadas com a dedicação de Constantinopla (cidade de Constantino), diz o autorizado Milman: "Numa parte da cidade se colocou a estátua de Pitian, noutra a divindade Smintia. Em outra parte, na trípode de Delfos, as três serpentes representando Piton. E sobre um alto triângulo, o famoso pilar de pórfiro, uma imagem na qual Constantino teve o atrevimento de misturar os atributos do Sol, com os de Cristo e de si mesmo... Seria o paganismo aproximando-se do cristianismo, ou o cristianismo degerando-se em paganismo? - History of Christianity, book 3, chap. 3.

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  6. Outro testemunho interessante é o de Eusébio: "Ele [Constantino] impôs a todos os súditos do império romano a observância do dia do Senhor como um dia de repouso, e também para que fosse honrado o dia que se segue ao sábado." - Life of Constantine, book 4, chap. 18.

    Uma fonte evangélica: "Quando os antigos pais da igreja falam do dia do Senhor, às vezes, talvez por comparação, eles o ligam ao sábado; porém jamais encontramos, anterior à conversão de Constantino, uma citação proibitória de qualquer trabalho ou ocupação no mencionado dia, e se houve alguma, em grande medida se tratava de coisas sem importância. ... Depois de Constantino as coisas modificaram-se repentinamente. Entre os "cristãos, o "dia do Senhor" - o primeiro dia da semana - gradualmente tomou o lugar do sábado judaico." - Smith's Dictionary of the Bible, pág. 593.

    Lemos na North British Review, vol. 18, pág. 409, a seguinte declaração: "O dia era o mesmo de seus vizinhos pagãos e compatriotas; e o patriotismo de boa vontade uniu-se à conveniência de fazer desse dia, de uma vez, o dia do Senhor deles e seu dia de repouso...
    Se a autoridade da igreja deve ser passada por alto pelos protestantes, não vem ao caso; porque a oportunidade e a conveniência de ambos os lados constituem seguramente um argumento bastante forte para mudança cerimonial, como do simples dia da semana para observância do repouso e santa convocação do sábado judaico."
    Um livro idôneo é Mysteries of Mithra, de Cumont. Nas páginas 167, 168 e 191 há valiosas informações confirmadas pela História e pela Arqueologia a respeito do mitraísmo. Poderíamos acrescentar dezenas de outros depoimentos, porém o espaço não o permite. Os citados, no entanto, provam à saciedade a tremenda influência do edito constantiniano em implantar definitivamente a guarda do primeiro dia da semana.

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  7. É muito fácil ou simples, usar textos fora do seu contexto para chegar à conclusão de que esses versículos falam exatamente o que você quer. Como Deus mudou o dia de guarda se em Malaquias.3:6 Deus diz que não muda?A Bíblia toda estaria em contradição então. Quando São Paulo escrveu à Timóteo em sua primeira carta ele falou que toda a escritura era inpirada por Deus(II Tm.3:16), nesse tempo não havia novo testamento, então ele estava errefutavelmente se rferindo ao velho, mas em sua carta aos Gálatas ele mostra que a lei foi abolida, quando partimos para Hebreus vemos claramente qual foi essa lei, e vemos que o escritor aos Hebreus RATIFICA o descanso semanal no capítulo quatro; Como relacionar as passagens de Gálatas onde Paulo fala que a lei foi abolida e sua declaração aos Romanos:´´Anulamos pois a Lei pela fé? Não antes confirmamos a Lei. Romanos.3:31``, só com uma siples explicação que as leis que ele se refere no livro de Gáltas são as cerimonias e não os Dez mandamentos, isso é confirmado por Tiago capítulo 2 verso 10, e é chamdo de mentiroso aqueles que dizem conhecer a Deus e não guardam os Seus mandamentos I João.2:3-4. Pecado, segundo a Bíblia, é transgresão da Lei( I JO.3:4), Se a Lei foi abolida pecado não mais existe, pois pecado é sua trangressão, sendo assim posso matar, rouber, adulterar, cobiçar, adorar imagens, desorar pai ou mãe e iclusive não guardar o sábado, ms se ja não faço tudo isso e não guardo o sábado sou mentiroso segundo Tiago.2:10. Segundo Apocalípse a igreja de Deus (mulher) e os restantes de sua descendencia (os crentes dessa igreja) saõ aqueles que guardam os mandamentos de Deus Ap.12:17. Mas porque você não disse que no dia 3 de março de 321 Depois de Cristo o Imperador Constatino lançou o primeiro decreto dominical, e todos os cristão que faziam parte da igreja católica, que guardava o sábado, que não quiseram guardar foram mortos, inclusive os valdenses. Porque você nã mostra os documentos onde a igreja católica reconhece que foi a prórpia que mudou o dia de guarda, uma icógnita.???

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