domingo, 17 de julho de 2011

O DIABO RODEIA OS CONFESSIONÁRIOS
(1 Pd 5, 8)

“… o diabo, vos rodeia…”

O Pe. Francisco Fernández Carvajal escreve: “Desde a chegada de Cristo, o Demônio bate em retirada, mas o seu poder é ainda muito grande”, e: “… a sua presença torna-se mais forte à medida que o homem e a sociedade se afastam de Deus” (Bem-aventurado João Paulo II), e também: “… devido ao pecado mortal, não poucos homens ficam sujeitos à escravidão do demônio” (Concílio de Trento).
O Demônio não dorme, não cochila nem tira férias… está sempre trabalhando para nos perder: “Nos Demônios arde um ódio perpétuo contra Deus e contra todas as suas obras… Um Demônio é cem por cento mau; cem por cento ódio, sem que se possa achar um mínimo resto de bem em parte alguma de seu ser… ele está presente e atua com frequência” (Pe. Leo J. Trese), e: “O infame não cerrará com seus ataques até o último suspiro da alma que não soube defender-se já contra os primeiros golpes… Na luta com aquele maligno, porém, nunca haverá pausa; nunca poderás despojar-se das armas, nunca poderás entregar-se ao descanso, caso quiseres ficar ileso… Aquele adversário infame mantém sempre sua linha de combate perto de nós, pronta para nos perder tão logo note algum relaxamento em nossa vigilância. Podes estar certo: mais zelo emprega ele para a nossa perdição do que nós para a nossa salvação!” (São João Crisóstomo).
Católico, quando te fores confessar, põe-te de prevenção contra os enganos com que o Demônio costuma seduzir os imprudentes! “Naquele momento o inimigo da vossa alma terá maior interesse de vos fechar a boca com a tranca férrea do silêncio” (Pe. João Colombo).
É na confissão que as almas encontram a sua salvação; é nela que o céu nos abre as suas portas; é nela que o Demônio vê fugir-lhe das garras a presa que já tinha por segura: “Deus perdoa através do sacramento da Penitência ou Confissão. Como pródigos, voltamos à casa paterna e somos acolhidos por Deus num abraço de reconciliação. A Confissão é o grande instrumento da Misericórdia divina” (Rafael Stanziona de Moraes), e: “Jesus Cristo instituiu a confissão para se perdoarem os pecados, de tal sorte, que quem não recorrer a ela, não se poderá ver livre deles” (Pe. J. Bujanda), e também: “Nosso Senhor instituiu a Penitência no dia da sua Ressurreição, para melhor indicar, por assim dizer, que este sacramento realiza o milagre da ressurreição das almas mortas pelo pecado” (Monsenhor Cauly).
Mas, quem não sabe que é também na confissão que muitos, por sua culpa, vão encontrar a sua ruína? “Omitir conscientemente um pecado grave ainda não confessado torna inválida a confissão (ou seja, não ficam perdoados os pecados nela confessados), e, além disso, comete-se grave sacrilégio. O mesmo se aplica à omissão voluntária de circunstâncias que mudam a espécie do pecado” (Ricardo Sada e Alfonso Monroy).
A confissão é uma escada por onde se pode subir ao céu ou descer ao inferno: é questão de ser bem ou mal feita.
O Pe. Alexandrino Monteiro escreve: “O Demônio acompanha as almas ao tribunal da penitência, para lá as seduzir, fazendo que ocultem os pecados, para que o ato que vão praticar, longe de lhes aproveitar, lhes sirva de ruína e perdição”.
Como esperto caçador de almas, o Demônio as acompanha até aos pés do confessor, para lá lhes armar o laço. Queira Deus que não fossem tantas as vezes que ele de lá sai cantando vitória! Quantos dão ouvidos às suas sugestões e vêm da confissão mais sobrecarregados do que quando entraram no confessionário?! Quantos vêm mais chagados e mais mortos do que foram?! Mentem no confessionário!

Conta-se que uma menina de sete anos tinha tido a infelicidade de cometer certos atos impuros. Envergonhada, não ousou confessá-los na ocasião e nem mais tarde. Tendo adoecido gravemente, chamou o confessor, recebeu o Santo Viático, a Unção dos Enfermos e morreu! Todos, mãe, irmãs e amigas lamentavam a sua perda, mas era para elas um conforto julgá-la salva e santa. Porém, três dias depois do enterro, quando o sacerdote se aproximava do altar para celebrar em sufrágio de sua alma, sentiu que o seguravam pelo braço, e uma voz triste e comovente lhe dizia baixinho: – Padre, não reze por mim, porque eu estou condenada! Condenada por certos pecados que ocultei na confissão desde os sete anos (Pe. Luiz Chiavarino).

Católico, de dois modos consegue o Demônio que a confissão seja a ruína do homem. – Um é conservá-lo apartado dela até à hora da morte. Outro, se tanto não conseguir a sua astúcia, é fazer ao menos que a confissão seja sacrílega: “Infelizmente, são incalculáveis as almas que fazem confissões sacrílegas” (Pe. Sarnelli).
O primeiro destes laços arma-o ele sem muito trabalho. Para isto serve-se da vergonha, que é tão natural ao homem, quando tem de manifestar as fraquezas próprias e ocultas. Esta vergonha procura ele aumentar mais ainda com razões falsas e traiçoeiras, que propõe:
– Que dirá de ti o confessor? – Que conceito fará da tua virtude? – Como estranhará o teres caído em tantas baixezas, tu, que antes vivias tão longe delas!
E o homem cede, abstém-se da confissão por algum tempo!
Sobrevêm novos pecados, novos talvez na gravidade e na malícia. O remorso estimula, mas volta a timidez, a vergonha cresce cada vez mais.
Se, por fim, se resolve a mudar de vida, a descarregar a consciência, a pôr-se bem com Deus, sai-lhe o inimigo ao encontro com novas dificuldades:
– Hoje não, porque é dia de muito trabalho! Vem um domingo, um dia de festa: – Hoje também não, porque irei passear.
Chega a Quaresma: – Espera para depois da Páscoa, pois, agora há muita concorrência aos confessionários.
O exemplo de todos que se aproximam do sacramento da Confissão lhe diz que é tempo de voltar para Deus.
E resolve-se. Mas, ao sair de casa, dá de frente com o respeito humano: – Se disserem que sou um carola? Se zombarem de mim? Se meus colegas da fábrica sorrirem de mim?
E o homem acovarda-se, volta para trás, e diz: – Não posso. Quando estiver no leito quase morrendo me confessarei!
Dado esse passo, tomada esta resolução, exulta o Demônio, pois tem aquela alma já meio rendida e não tardará a tomar posse dela: “Eu vos afirmo que enquanto escrevo minha mão treme, porque eu penso no número de cristãos que vão para a perdição eterna, somente por terem escondido ou por não terem exposto sinceramente os seus pecados na confissão” (São João Bosco).
São Leonardo de Porto-Maurício afirma ter tido a seus pés pessoas que, mesmo em perigo de morte não puderam vencer a vergonha que lhes fechava a boca.
Santo Afonso Maria de Ligório recomenda aos padres que falem frequentemente nos seus sermões… com calor e insistência, sobre o perigo da vergonha que faz o penitente calar na confissão.
Quem deixou para a morte o confessar-se, pôs em grande risco o negócio de sua salvação. Pois, a quantos vem a morte antes do tempo em que julgam morrer? – E ainda que viesse nos anos em que ela é esperada, a quantos assalta de súbito sem o aviso prévio da doença? – E até aos que morrem de prolongada enfermidade, quantas vezes a veemência das dores é impedimento para pôr em ordem uma vida assaz emaranhada de pecado – E como pode a alma sentir uma verdadeira dor das culpas passadas, se está toda absorvida nas dores do corpo, e talvez já sem acordo? E ainda, fora deste caso, não há amigos tão desumanos, e parentes tão sem coração que, por não desgostar o doente, o deixam morrer sem o avisar do perigo iminente em que se encontra?
Que loucura! Muitos há que vêm a morreu de um mal que não quiseram atalhar a princípio. – Semelhantes a eles são os que adiam a cura de suas enfermidades espirituais, de ano para ano, até a hora extrema da vida!
A quantos não terá sucedido não se confessarem na hora da morte, pelo fato de se não resolverem a confessar-se em vida?
E não é de estranhar que isso possa acontecer; pois, quem não teve forças para romper com as dificuldades que experimentava em se confessar durante a vida, quando eram mais robustas as forças do corpo e mais vigorosa a energia da vontade, como as romperá quando enfermo, e enfermo de morte?
Vê se és deste número! Quantos como tu, estão agora cheios de vida e daqui a uma hora já não existirão? Não podes ser um deles? E, se guardas a confissão para daqui a duas horas ou três horas, não pode ser essa demora causa de um erro que hás de lamentar eternamente?
É por caminho tão perigoso que o Demônio procura arrastar o pecador até o pôr às portas do inferno.
Mas, se o Demônio dessa forma não consegue, serve-se de outra arma que lhe dá o mesmo resultado.
Se não pode conseguir afastar o pecador da confissão, faz de tudo para que ao menos se confesse mal.
E de que modo? Primeiro trabalha para que o penitente, ou por vergonha mal entendida, ou por orgulho oculto, não manifeste todos os seus pecados. Se ele consegue que um só pecado mortal fique por dizer, voluntariamente, nenhum dos outros fica perdoado. A confissão é sacrílega!
Se isto não consegue, lança mão de outro expediente, que é fazer que a acusação seja tão embrulhada e com tais giros de palavras, que o confessor não chegue a ter por culpa grave o que na realidade o é. Nesse caso a confissão é também sacrílega e o Demônio triunfa!
Se o Demônio ainda por aqui não pode prender o penitente, induze-o a que, após dizer os pecados, não mencione as circunstâncias que constituem nova malícia, e as que os tornam diversos na espécie; pois desta maneira consegue que a confissão seja, de novo, sacrílega!
Mas, se lhe falha também este plano, tenta um último esforço.
Que faz então? Torna ao pecador a confissão muito fácil, para que se aproxime dela sem a devida preparação, sem exame de consciência, sem arrependimento, sem propósito de se emendar, e estamos caídos na confissão nula e até sacrílega! “A dor dos pecados é coisa importantíssima, de todo indispensável mesmo para cada confissão. Sem ela o sacramento não terá lugar… Não é necessário sentir essa dor como se sente dor de cabeça ou de dentes; basta tê-la no coração. Essa dor é a vontade resoluta de não cometer o pecado e fugir das ocasiões” (Pe. Luiz Chiavarino).
Estes são os enganos com que o Demônio perde as almas, convertendo-lhes o remédio em veneno.
Católico, vê se nas tuas confissões tens caído em algum destes laços traiçoeiros, e remedeia, enquanto é tempo, os erros cometidos.

Pe. Divino Antônio Lopes FP.
Anápolis, 15 de julho de 2011


Bibliografia

Sagrada Escritura
Pe. Alexandrino Monteiro, Raios de luz
Pe. Francisco Fernández Carvajal, Falar com Deus
Bem-aventurado João Paulo II, Audiência geral
Concílio de Trento, Sessão XIV, cap. I
Pe. Leo J. Trese, A fé explicada
São João Crisóstomo, O sacerdócio, Livro VI, 13
Pe. João Colombo, Pensamentos sobre os Evangelhos e sobre as festas do Senhor e dos Santos
Rafael Stanziona de Moraes, Por que confessar-se
Pe. J. Bujanda, Teologia moral para os fiéis
Monsenhor Cauly, Curso de Instrução Religiosa
Ricardo Sada e Alfonso Monroy, Curso de Teologia dos Sacramentos
Pe. Luiz Chiavarino, Confessai-vos bem
São João Bosco, Escritos
Pe. Sarnelli, O mundo santificado

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