domingo, 30 de novembro de 2014

1º Domingo do Advento - Convertei-nos, para que sejamos salvos!

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo
Marcos (Mc 13, 33-37)

Diante das infidelidades do povo de Israel, o pedido do profeta Isaías para que Deus "volte atrás" mostra a consciência de que, sem a Sua graça, nada podemos. "Deus é fiel", e é Ele mesmo quem vai garantir, com a Sua graça, que alcancemos a santidade. Para tanto, resta-nos clamar, com o salmista: "Convertei-nos, Senhor, para que sejamos salvos!"


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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Por que proíbe a Igreja a cremação dos cadáveres?

A Igreja não proibe a “cremação dos cadáveres”, porque seja intrinsecamente mau, mas porque vai con­tra a tradição dos judeus, continuada desde o princípio pelos cristãos; e porque a sua origem e o seu fim são mais que suspeitos: deram-lhe começo os anticristãos, com o sacrílego intuito de destruir a crença na imor­talidade da alma e na ressurreição do corpo.
Roma publicou 3 “decretos” contra a “cremação”.
No 1° a 16 de Maio de 1886, proíbe aos católi­cos, que se filiem em “sociedades de cremação” e que ordenem que seus corpos sejam queimados.
No 20, a 15 de Dezembro do mesmo ano de 1886, priva de enterro religioso o católico que o faça.
No 30, a 27 de Julho de 1892, proíbe aos sacer­dotes administrar-lhes os últimos sacramentos.
O “Santo Ofício” proibiu por estes 3 “decretos” a “cremação”, não porque ela seja contrária à lei natu­ral 011 divina, mas “como prática pagã detestável in­troduzida por homens de fé duvidosa”, para desfazer na reverência que os católicos têm aos mortos.
Era prática constante dos judeus enterrar os seus mortos na terra, ou em túmulos de pedra (Gen. 15, 15; 23, 19).
Olharam sempre a “cremação” com horror (Amos, 2, 1), e só a prescreviam como pena, em certos casos flagrantes de imoralidade (Gen. 28, 24) ou de saques privados, em tempo de guerra (Jos. 7, 15).
A Igreja Católica adotou este costume judaico desde os seus primórdios, e denunciou “a cremação como costume cruel e atroz” (Tertul.: De Anima, 51; Min. Felix: Octavius, 11; Orig.: Contra Cels. 5, 23).
Os Santos Padres baseavam o costume judaico e cristão de enterrar os mortos no dogma da ressurreição do corpo e no respeito que se lhe deve, por ter sido templo do Espírito Santo (I Cor. 3, 16; 6, 19).
A primeira tentativa, nos tempos modernos, para ressuscitar a “cremação”, f01 feita pelos neopagãos do “Diretório Francês” no quinto ano da República.
O projeto não teve acolhimento favorável, ape­sar de fazer parte do programa revolucionário contra a doutrina, leis e costumes cristãos.
Alguns, depois de terem lavado já as mãos no sangue de sacerdotes, abolido a Missa e o Domingo, inventado o novo culto da Razão, advogaram a “cre­mação”, para mais facilmente destruir as “superstições” da imortalidade da alma e da ressurreição do corpo.
O mundo teve de esperar mais cerca de 75 anos por uma segunda tentativa para introduzir a “crema­ção”.
Era mister que a incredulidade aprofundasse mais as suas raízes na Europa.
Esta segunda tentativa teve mais êxito, do que a primeira.
Começou em Pádua em 1872.
Em seguida às primeiras “cremações” os anticatólicos começaram a fundar “sociedades de cremação” em toda a parte e a defender a sua prática em centenas de livros e folhetos.
A razão deu-a Ghisleri no seu “AImanacco dei Liberi Muratori”; Os católicos têm muita razão em se oporem à “cremação”. Esta purificação dos mortos pelo fogo abala o predomínio das suas fundações, baseado no terror de que cercam a morte.
Outro maçom anticatólico, Gorini, escreveu no seu livro “Purificazione dei Morti”: “A nossa tarefa não termina com a cremação do corpo; queremos destruir e queimar também a própria superstição”.
E depois de advogar ou propor que se vendam as cinzas aos lavradores, acrescenta: “O resultado seria que este material reencarnaria parcialmente nos corpos dos milaneses. É a única ressurreição do corpo que a ciên­cia reconhece”.
Frases semelhantes apareceram com frequência durante 15 anos na imprensa italiana, como que provocando a Igreja a condená-la.
Se a “cremação” fosse adotada, não teriam mais razão de ser nos funerais religiosos muitas orações e cerimónias muito belas e muito significativas.
Absolutamente falando, a Igreja podia alterar o seu “Ritual Funerário”, adaptando-o à “cremação”; pode­mos estar certos, porém, de que o não fará.
Fá-lo-ia, talvez, como opinam alguns canonistas, se o Estado a tornasse obrigatória.
Não faltam também juristas, médicos e membros de “sociedades de seguros” que se oponham à “cre­mação”, porque com ela desapareceriam os vestígios de muitos crimes.
Hoffman chamou a atenção para este lado da ques­tão num artigo que publicou no “Sanitarian” em 1901.
De 528 pessoas que foram queimadas em S. Luís do Missuri, de 1895 a 1899, 64 tinham morrido de aci­dentes, violência ou suicídio.
Ora, autópsias, feitas 3 meses depois de mortas, demonstraram que o defunto tinha sido envenenado e forneceram provas — bastantes para que o autor do crime fosse condenado à morte.
A ciência moderna nega que os cemitérios infeccionem o ar, os poços ou os rios (C. E., 4, 483).
As pestes e epidemias de que reza a história têm sido atribuídas aos vivos, e não aos mortos.
A “cremação” aumentou de 1872 a 1900; todavia, mesmo então, a média anual, nos Estados Unidos, foi de 13.230.
Não há, pois, grande perigo de que se generalize no mundo moderno, porque vai contra o sentimento profundamente enraizado no coração humano e conso­lidado pela prática universal de muitos e muitos sé­culos.
Não é, pois, de presumir o arranque do sopro da pseudociência, nem a algazarra da descrença e impie­dade.
Fonte: Livro “Caixa de Perguntas” do Pe. Bertrand L. Conway, C.S.P.












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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Igreja não pode vender salvação, diz papa Francisco.

Cidade do Vaticano - O papa Francisco fez uma homília forte durante a missa de Santa Marta nesta sexta-feira (21) e afirmou que Deus não tem nada a ver com dinheiro e que a Igreja Católica não pode ser "exploradora" ou vender a salvação.

"Há duas coisas que o povo de Deus não pode perdoar: um padre ligado ao dinheiro e um padre que maltrate as pessoas", ressaltou o pontífice dizendo que "os laicos" devem fazer denúncias "na cara do pároco" sobre o tráfico de dinheiro nas paróquias.

Segundo a Rádio Vaticana, Francisco usou como exemplo a leitura da Bíblia em que Jesus expulsa os mercadores do Templo.

O pontífice ressaltou que, muitas vezes ao entrar em uma Igreja, ainda hoje há a "lista de preços" para o batismo, para uma benção, para as intenções da Missa e "o povo se escandaliza".

Ele aproveitou para contar um fato que observou enquanto era padre.

"Estava com um grupo de universitários e vários deles queriam se casar. Tinham ido a uma paróquia e queriam fazer o casamento com uma missa. E o secretário paroquial lhes disse: 'Não, vocês não podem'. 'Mas porque não podemos casar com a missa, se o Concilio recomenda fazer sempre com a missa?'. 'Não, não pode porque acrescenta mais de 20 minutos à celebração'. 'Mas por que?'".

"'Porque há outros horários'. 'Mas, nós queremos com a missa'. 'Então, me paguem dois horários'". E, para que eles se casassem, precisaram pagar por dois horários. Isso é um pecado escandaloso!", contou o papa.

Segundo o líder da Igreja Católica, Jesus destruiu os comércios do Templo porque eles haviam "profanado" o local sagrado.

"As pessoas são boas e elas iam ao Templo para buscar Deus, rezar, mas precisavam trocar moedas para fazer as ofertas", destacou o pontífice dizendo que "acha um escândalo" que padres façam "comércio e mundanidade".

Ele também pediu atitude dos fieis católicos para combater esse tipo de corrupção e problemas da entidade, afirmando que "quando aqueles que estão no Templo, sejam sacerdotes, laicos ou secretários, se tornam exploradores" é preciso "ter a coragem de denunciar".

Jorge Bergoglio ainda explicou o motivo de sua revolta com a questão do dinheiro.

"Mas, o que Jesus tem contra o dinheiro? É que a redenção é gratuita. A gratuidade de Deus é trazida por Ele, a gratuidade total do amor de Deus. E quando a Igreja ou as igrejas se tornam exploradoras, se diz que a salvação não é tão gratuita. Por isso, quando Jesus destrói tudo é um rito de purificação no Templo".

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terça-feira, 18 de novembro de 2014

Palestras de Dom Athanasius sobre seu novo livro “A Sagrada Comunhão e a Renovação da Igreja”.

Dom Athanasius Schneider convida para as palestras de lançamento de seu novo livro “A Sagrada Comunhão e a Renovação da Igreja”

Dia 27 de novembro, às 19:30, no Mosteiro de São Bento, em São Paulo.

Dia 29 de novembro, às 19:00, na Paróquia da Trindade, em Belém.



Dom Athanasius Schneider - Missa Pontifical na Catedral de Belém (2012).


terça-feira, 11 de novembro de 2014

Papa: "Cristão não seja preguiçoso; sirva até o fim".

Cidade do Vaticano (RV) – “Temos que lutar sempre contra as tentações que nos afastam do serviço ao próximo”, advertiu Francisco na homilia da manhã desta terça-feira, 11, na Casa Santa Marta. “Como Jesus, nós devemos servir sem pedir nada”, frisou, reiterando que “não podemos nos apropriar do serviço transformando-o numa estrutura de poder”.
Jesus fala da força da fé, mas logo explica que ela deve ser enquadrada no serviço. Baseando-se no Evangelho do dia, que fala do “servo inútil”, ele explicou o que significa ‘servir’, para um cristão. Lucas narra sobre um servo que depois de trabalhar todo o dia, chega em casa e ao invés de descansar, deve ainda servir o seu senhor:
Poderíamos aconselhar este servo a ir ao sindicato e pedir conselhos sobre o que fazer com um patrão assim, mas Jesus disse: ‘Não, o serviço é total, porque Ele fez caminho com sua atitude de serviço; Ele é o servo. Ele se apresenta como o servo, aquele que veio para servir e não para ser servido’: é o que diz, claramente. Assim, o Senhor mostra aos apóstolos o caminho daqueles que receberam a fé, a fé que faz milagres. Sim, esta fé fará milagres no caminho do serviço”.
"O cristão que recebe o dom da fé no Batismo e não leva este dom ao serviço torna-se um cristão sem força, sem fecundidade", prosseguiu o Pontífice, que advertiu: “Ele acaba sendo um cristão para si mesmo, que serve somente a si; e sua vida fica triste, pois as coisas grandes do Senhor são ‘esquecidas’”.
Depois, o Papa lembrou que o Senhor nos disse que “o serviço é único”, que não se pode servir dois patrões: “ou Deus, ou as riquezas”. Prosseguindo, alertou que às vezes nos afastamos deste comportamento de serviço ‘por preguiça’. E ela, afirmou, “amornece o coração; a preguiça nos torna cômodos”.
“A preguiça nos distancia do serviço e nos leva à comodidade, ao egoísmo. Muitos cristãos são assim ... são bons, vão à missa, mas o serviço até aqui... Mas quando eu digo serviço, eu quero dizer tudo: o serviço a Deus na adoração, na oração, no louvor; serviço ao próximo, quando devo fazê-lo; serviço até o fim, porque Jesus nisso é bom: “Assim também vocês, quando tiverem feito tudo o que lhes foi ordenado, digam: Somos servos inúteis'. O serviço é gratuito, sem pedir nada em troca. "
A outra possibilidade de ficar longe da atitude de serviço, acrescentou, “é um pouco ser o dono da situação”. Algo, lembrou o Papa, que “aconteceu com os discípulos, como os próprios apóstolos”: “Eles afastavam as pessoas para que não perturbassem Jesus, mas era para ser mais confortável para eles”. Os discípulos, prosseguiu, “tomavam posse do tempo do Senhor, tomavam posse do poder do Senhor: eles O queriam para o seu grupo”. E então, disse ainda Francisco, “tomavam posse desta atitude de serviço, transformando-a em uma estrutura de poder”. Algo que se entende olhando para a discussão sobre quem era o maior entre Tiago e João. E a mãe, acrescentou Francisco, que “vai pedir ao Senhor que um de seus filhos seja o primeiro-ministro e outro ministro da economia, com todo o poder em suas mãos”. Isso acontece também hoje, quando “os cristãos se tornam patrões: patrões da fé, patrões do Reino, patrões da Salvação". Isso, observou, “acontece, é uma tentação para todos os cristãos”. Em vez disso, “o Senhor nos fala de serviço: serviço na humildade”, “serviço na esperança, e esta é a alegria do serviço cristão”:
“Na vida temos que lutar muito contra as tentações que procuram nos distanciar desta atitude de serviço. A preguiça leva à comodidade: ao serviço à metade; a tomar o controle da situação, e assim de servo tornar-se patrão, que leva à soberbia, ao orgulho, a tratar mal as pessoas, de se sentir importante, porque eu sou cristão, eu tenho a salvação”, e tantas coisas assim. O Senhor nos dê essas duas grandes graças: a humildade no serviço, a fim de sermos capazes de dizer: 'Somos servos inúteis - mas  servos - até o fim’; e a esperança na espera da manifestação, quando o Senhor virá até nós”. (CM-SP)

sábado, 8 de novembro de 2014

O papel da Igreja no mundo político (Vídeo).

“Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus” [1], ensinou Nosso Senhor. A separação entre Igreja e Estado é uma das contribuições mais importantes da religião cristã para a história da humanidade. Mas, como promover uma justa laicidade do Estado, sem cair no perigo do “laicismo”? O que se pode esperar politicamente da Igreja, seja qual for o contexto histórico e geográfico em que o mundo se encontre?



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Nos últimos anos, de fato, os Papas têm insistido em que a Igreja tem um papel bem específico para dar à política, qual seja – importa que se diga, desde o começo – o de converter os corações a Cristo. Para mostrar de modo bem concreto como isso acontece, é importante resgatar uma história que se passou na Europa, no século XI, à época do grande Papa São Gregório VII.

Nos anos 1000, a Igreja tinha diante de si a difícil questão das investiduras, em que líderes políticos – senhores feudais, reis e príncipes – tomavam para si o encargo de escolher os cargos eclesiásticos. Essa ingerência política, que afetava desde abades e sacerdotes a bispos e Papas, teve como consequência uma grande decadência moral. Pouco preocupados com o bem espiritual dos fiéis, os poderosos deste mundo colocavam à frente da Igreja pastores verdadeiramente indignos do ofício eclesiástico. Nesses tempos difíceis – com razão associados à imagem das “trevas” –, tinha-se o celibato em pouca conta e, de acordo com a veemente denúncia de São Pedro Damião, em seu Liber Gomorrhianus [2],era preocupante o número de homossexuais no clero.

Para reformar a Igreja, São Gregório VII, eleito ao sólio pontifício em 1057, tinha de enfrentar Henrique IV, o petulante príncipe do Sacro Império Romano Germânico que mandava e desmandava na Igreja da Alemanha. Após um decreto de 1075, em que se condenava toda a investidura laica, a obstinação de Henrique fez Gregório pronunciar contra ele a sentença de excomunhão e depô-lo do trono imperial: “Proíbo o rei Henrique, que, com um orgulho insensato, se levantou contra a Igreja, de governar o reino da Alemanha e da Itália; desligo todos os cristãos do juramento que lhe tenham prestado e proíbo quem quer que seja de reconhecê-lo como rei” [3]. Roma locuta, causa finita. Para recuperar o poder perdido, o soberano do Império Germânico se dirige, então, a Canossa, onde residia o Papa, com uma pequena escolta e sob o inverno rigoroso dos Alpes, em busca do perdão do sucessor de Pedro. Uma cena pitoresca, sem dúvida: o poderoso imperador da Alemanha deposto por um bispo inerme e sem exército, a quem ele agora acorria, prostrado.

Com efeito, como a Igreja conseguiu isso? Como foi capaz de uma influência política de tal monta?

O segredo está num silencioso mosteiro fundado no interior da França, na cidade de Cluny, em 910. Favorecido pela dispensa da jurisdição dos bispos locais e submissão direta ao Romano Pontífice, o mosteiro de Cluny, ao qual se ligou, rapidamente, uma constelação de outras abadias em toda a Europa, tornou-se, em pouco tempo, uma verdadeira escola de santidade. Enquanto o século X passava por uma dolorosa crise do papado, essa Ordem empreendia uma autêntica renovação espiritual em todo o continente, chegando, no início do século XII – momento da sua máxima expansão –, ao impressionante número de 1200 casas. Esse trabalho foi sem dúvida determinante para o fim de questão das investiduras – e para muitos outros problemas com que se deparava a Igreja medieval.

A primeira grande lição de Cluny é que a Igreja produz padres, monges e bispos mais santos quando estes não são frutos de escolhas políticas, mas são eleitos de acordo com suas virtudes. Em muitos lugares e em diferentes épocas, o poder político tentou – e tenta – infiltrar-se na Igreja, submetendo-a às suas rédeas. Esta, no entanto, só é fiel quando serve ao Senhor e rompe seus “votos de vassalagem” com os senhores do mundo. Foi o que ensinaram os monges de Cluny – não sem muito trabalho e combate, é verdade. Afinal, mesmo durante o período em que o monge Hildebrando – futuro Papa Gregório VII – procurou desvincular a eleição do Papa de influências políticas, Henrique III – pai de Henrique IV, de que já se falou –, descontente com as escolhas dos cardeais, depôs três pontífices, em uma amostra clara de como as ingerências mundanas causavam dano à Igreja.

Na verdade, São Gregório VII só conseguiu a submissão de Henrique IV depois de convencer os seus “príncipes eleitores” – que sustentavam o seu poder – a ficarem do seu lado. Ou seja, o poder do Papa só foi efetivo porque suas palavras foram acolhidas por alguns indivíduos. Se, no abismo do século X, Deus enviasse à Igreja um Papa santo, isso pouco efeito concreto teria para solucionar o problema das investiduras, porque os apelos pontifícios certamente não seriam obedecidos. Por isso era necessário Cluny, para civilizar as pessoas, ensiná-las a estudar e meditar sobre a Verdade, de modo que, quando um bom Papa se sentasse no trono de Pedro, seus comandos fossem seguidos na Igreja.

O fato é que, após a peregrinação penitencial de Henrique IV, o imperador voltou a mostrar as suas garras, indicando que não se tinha convertido de verdade. Quando Gregório VII o excomungou novamente, os príncipes eleitores se puseram contra o Papa, que morreu exilado, em 1085.

A lição histórica de Cluny, no entanto, permanece. Da Igreja, não se deve esperar que deponha presidentes e monarcas, como fazia na Idade Média; mas sim, que cumpra a sua missão evangelizadora. Hoje, por exemplo, é urgente lembrar que existe, na Criação, uma estrutura da realidade, uma razão à qual todos os homens – não só os católicos – devem submeter-se. Infelizmente, tem-se substituído cada vez mais a noção de direito natural por uma “ditadura do relativismo”, já denunciada pelo Papa Bento XVI [4], na qual nada é reconhecido como certo e tudo pode ser manipulado ao bel-prazer das pessoas.

O fato de o Estado ser laico não impede esse trabalho profético da Igreja. O termo “Estado laico” significa, simplesmente, que quem deve mandar e decidir as coisas na sociedade civil são os cidadãos, não os Papas e bispos. Mesmo os membros da sociedade civil podem ser evangelizados e, uma vez convertidos, oferecer a sua contribuição para o bem comum e para a política.

Referências

Mt 22, 21
Petrus Damianus, Liber Gomorrhianus, in Documenta Catholica Omnia
Henri Daniel-Rops, A Igreja das Catedrais e das Cruzadas, São Paulo: Quadrante, 2011, p. 204
Cardeal Joseph Ratzinger, Homilia na Missa “pro Eligendo Romano Pontifice”, 18 de abril de 2005

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ATUALIZADO: 4 Horas e meia de Música Católica Popular 2014 (Ouça).






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sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Papa adverte para os 'cristãos pagãos': a mundanidade leva à ruína.

Cidade do Vaticano (RV) – Ainda hoje existem “cristãos pagãos” que se comportam como inimigos da Cruz de Cristo. Esta foi a advertência de Francisco na missa matutina celebrada na Casa Santa Marta. O Papa afirmou que devemos evitar as tentações da mundanidade que nos levam à ruína. 
Francisco se inspirou nas palavras de São Paulo aos filipenses e falou sobre os dois grupos de cristãos que ainda existem hoje, como naquela época: “os que persistem na fé e os que se comportam como inimigos. Os dois grupos estavam na Igreja, iam à missa aos domingos, louvavam o Senhor, se diziam ‘cristãos’. Qual era, então, a diferença? Os segundos se comportavam como inimigos da Cruz!”. 
“Eram cristãos mundanos, de nome, com duas ou três coisas cristãs, mas nada mais. Cristãos pagãos, com nome cristão, mas vida pagã, ou seja, pagãos com duas pinceladas de verniz cristã, para parecerem cristãos”: 
Ainda hoje existem muitos! E nós também temos que estar atentos para não incorrermos no caminho dos cristãos pagãos, cristãos de aspecto. E a tentação de se acostumar com a mediocridade é uma ruína, porque o coração vai amornando... e aos mornos, o Senhor diz uma palavra forte: “Você é morno e eu estou a ponto de vomitá-lo da minha boca”. É muito forte! São inimigos da Cruz de Cristo. Tomam o nome, mas não seguem as exigências da vida cristã”.

O Papa prosseguiu explicando que Paulo falava da “cidadania” dos cristãos. “A nossa cidadania está nos céus, somos cidadãos do céu. A deles é terrena. São cidadãos do mundo, com o sobrenome mundano. Cuidado com eles! – advertiu. Francisco observou que todos, inclusive ele mesmo, devemos nos perguntar: “Temos alguma coisa deles. Há algo mundano dentro de mim? Algo de pagão?”.

Eu gosto de me vangloriar? Eu gosto do dinheiro? Eu gosto do orgulho, da soberba? Onde estão as minhas raízes, ou melhor, de onde sou cidadão? No céu ou na terra? No mundo ou no espírito mundano? A nossa cidadania está nos céus e de lá esperamos, como Salvador, o Senhor Jesus Cristo. E a deles? O destino final deles será a perdição! Estes cristãos de fachada terminarão mal… Mas vejam o final: para aonde leva aquela cidadania que você tem no seu coração? Aquela mundana leva à ruína, aquela da Cruz de Cristo ao encontro com Ele”. 
Assim o Papa indicou alguns sinais que estão no coração e que demonstram que se está “escorregando em direção à mundanidade”. “Se amas ou és apegado ao dinheiro, à vaidade e ao orgulho – advertiu o Papa – irás pelo caminho ruim”. Se, ao contrário, prosseguiu Francisco – “você procura amar a Deus e servir aos irmãos, se você é dócil, se você é humilde, se você serve aos outros, irá pela estrada boa. A sua cidadania é boa: é do céu”! A outra, ao contrário, “é uma cidadania que provocará o mal”. E Jesus, recordou o Papa, pedia tanto ao Pai que salvasse os seus discípulos “do espírito do mundo, desta mundanidade, que leva à perdição”. O Papa então, inspirado no Evangelho do dia sobre a parábola do administrador infiel que engana o seu senhor, prosseguiu:
Como este administrador narrado pelo Evangelho chega ao ponto de enganar, de roubar ao seu Senhor? Como chegou a esse ponto, do dia pra noite? Não! Pouco a pouco! Um dia um suborno aqui, outro dia uma propina de lá e, deste jeito, aos poucos, chega-se à corrupção. O caminho da mundanidade destes inimigos da Cruz de Cristo é assim, leva à corrupção! E, enfim, termina como este homem, não? Roubando abertamente...”.
O Papa retomou, em seguida, as palavras de Paulo que pede que se permaneça “firmes no Senhor” não permitindo que o coração fraqueje e “termine no nada, na corrupção”. “É uma boa graça de se pedir esta – disse – permanecer firmes no Senhor. Contém toda a salvação, aí acontecerá a transfiguração em glória. “Firmes no Senhor  – concluiu – e no exemplo da Cruz de Cristo: com humildade, pobreza, docilidade, serviço aos outros, adoração e oração”. (CM/RB)


domingo, 2 de novembro de 2014

Por que rezamos para os mortos no dia de finados?

“Se a morte acha o homem dormindo, vem como ladrão, despoja-o, mata-o e o lança no abismo do inferno; mas, se o encontra vigilante, saúda-o como enviada de Deus, dizendo: O Senhor te espera para as bodas; vem, que te conduzirei ao reino bem-aventurado a que aspirais” (São Tomás de Vilanova).

O Dia dos Fiéis Defuntos ou Dia de Finados, (conhecido ainda como Dia dos Mortos no México), é celebrado pela Igreja Católica no dia 2 de novembro.
Desde o século II, alguns cristãos rezavam pelos falecidos, visitando os túmulos dos mártires para rezar pelos que morreram. No século V, a Igreja dedicava um dia do ano para rezar por todos os mortos, pelos quais ninguém rezava e dos quais ninguém lembrava. Também o abade de Cluny, Santo Odilon, em 998 pedia aos monges que orassem pelos mortos. Desde o século XI os Papas Silvestre II (1009), João XVII (1009) e Leão IX (1015) obrigam a comunidade a dedicar um dia aos mortos. No século XIII esse dia anual passa a ser comemorado em 2 de novembro, porque 1 de novembro é a Festa de Todos os Santos. A doutrina católica evoca algumas passagens bíblicas para fundamentar sua posição (cf. Tobias 12,12; Jó 1,18-20; Mt 12,32 e II Macabeus 12,43-46), e se apóia em uma prática de quase dois mil anos.

Cantemos:

"Fonte única da vida,
que nos séculos viveis,
aos mortais e réus da culpa
vosso olhar, ó Deus, volvei.
Pai, ao homem pecador
dais a morte em punição,
para o pó voltar ao pó,
submetendo-o à expiação.
Mas a vida, que inspirastes
por um sopro, permanece
como germe imperecível
dum viver que não fenece.
A esperança nos consola:
nossa vida brotará.
O primeiro a ressurgir,
Cristo, a vós nos levará.
Tenham vida em vosso Reino
vossos servos, que Jesus
consagrou no Santo Espírito
e os guiou da fé à luz.
Ó Princípio e Fim de tudo,
ao chegar a nossa hora,
conduzi-nos para o Reino
onde brilha a eterna aurora" (Hino de Matinas, Liturgia das Horas).


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