sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Prof. Thomas C. Heller: "Nova Ordem Mundial ‘verde’".

O Estado de Mato Grosso é citado como exemplo de sucesso, conforme declarações dadas por um dos mais influentes especialistas em política ambiental do planeta, professor de Stanford Thomas C. Heller, nas páginas amarelas da Revista Veja, Edição 2251, de 11 de janeiro. Para ele, a dependência entre economia e meio ambiente atingiu o ápice e os países precisam aceitar que o progresso está intimamente ligado à produção e ao uso dos recursos naturais. Na entrevista concedida à Veja, Heller destaca o papel importante dos emergentes no contexto da produtividade e, ao citá-los como ‘porta de entrada’ para o que ele considera a nova ordem mundial ‘verde’, exemplifica práticas adotadas pela China e pelo Brasil de estímulo à sustentabilidade.


“Apesar de ser o maior poluidor do planeta, a China é hoje quem mais investe em energias renováveis. Já conseguiu reduzir em 20% o nível de poluição em relação ao PIB. Mas, não precisamos ir até a China para ver os sinais de mudança. No Brasil também temos histórias de sucesso como é o caso de Mato Grosso", diz o especialista.


"As estatísticas mostram que o ritmo do desmatamento da Amazônia está diminuindo. A extensão das florestas derrubadas caiu 74% entre 2004 e 2010. Os ambientalistas xiitas não gostam de admitir, mas, no caso de Mato Grosso, essa redução se deve diretamente aos ganhos de produtividade do agronegócio”, disse o consultor que também é membro do painel da ONU.


Para ele, se bem administrado, o progresso é benéfico ao meio ambiente. “O raciocínio é elementar, quanto mais cabeças de gado se consegue criar em uma mesma área, maior a riqueza produzida por metro quadrado e menor o impacto ambiental da atividade econômica”, ressaltou Heller ao comentar uma das práticas sustentáveis adotadas pelo setor em Mato Grosso.


Na entrevista, o especialista fez questão de frisar a importância que países como o Brasil terão ao liderarem o processo de transição para a nova ordem mundial ‘verde’. “Países em desenvolvimento terão de criar formas de elevar, e muito, a produtividade de sua economia para suportar a inclusão de 3 bilhões de pessoas na classe média nos próximos 20 anos. Isso pressupõe criar políticas públicas de estímulo à sustentabilidade e investir em maciçamente em inovação e planejamento urbano, algo que os emergente estão em condições de fazer, uma vez que não tiveram suas finanças corroídas pela crise global”, finalizou Heller.


Ao analisar a questão na esfera estadual, a ambientalista da TNC Mato Grosso, Gina Valmórbida fala sobre a mudança de conceito em relação à política ambiental no Estado e a ferramenta utilizada pelo poder público em parceria com o setor do agronegócio nesse processo.


“A opinião de setores ambientalistas mundiais durante alguns anos foi construída em cima de números negativos sem que tivéssemos mostrado o contraponto, ou seja, aquilo que realmente estava sendo feito e ainda está na busca do equilíbrio, da preservação e da sustentabilidade. O ponto crucial que marca o grande avanço de Mato Grosso foi exatamente a busca do que era comum entre os diferentes (ambientalistas e ruralistas). Esse trabalho de consenso foi feito à época em que Blairo Maggi era o governador do Estado. Ele foi a liderança que conseguiu conquistar espaço e respeitabilidade necessários para se construir (desde 2004) políticas capazes de reduzir o desmatamento, trazer o produtor rural para a legalidade, mudar a realidade no campo e promover a produção sustentável sim”, disse Valmórbida ao lembrar a implantação do MT Legal no Estado.


Para o secretario de Estado de Meio Ambiente, Vicente Falcão de Arruda Filho, Mato Grosso continua no caminho certo na busca do desenvolvimento sustentável. “Priorizando o monitoramento, controle e fiscalização e as parcerias com os setores produtivos e organizações não governamentais o governo Silval Barbosa prioriza o desenvolvimento com o aumento da produtividade e a sustentabilidade”.


MT LEGAL - Discutido amplamente no estado com os diferentes segmentos, ambiental, produtivo, Ministério Público Federal e Estadual, o MT Legal prevê formas de compensação, de acordo com o tamanho da propriedade e de recuperação das áreas degradas. Um dos principais pontos do programa e que inclusive respaldou a elaboração do novo texto do Código Florestal brasileiro - em tramitação na Câmara dos Deputados-, diz respeito ao Programa de Regularização Ambiental Rural (PRA), cujos dispositivos propiciaram a regularização do passivo ambiental existente no campo.

“Esse mecanismo garante legalidade a milhares de produtores que passam a contar com um instrumento ágil e de custo reduzido. Simultaneamente, o PRA deve contribuir para sanar o passivo ambiental relativo à degradação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e conversão de Reserva Legal”, explicou o professor mestre em Agricultura Tropical, Luís Henrique Daldegan, que à época da criação do programa foi secretário de Meio Ambiente em Mato Grosso.

Já avançamos e muito. Dos municípios que implantaram o MT Legal 90% já concluíram o levantamento e mapeamento de tudo. O MT Legal está sendo potencializado e valorizado dentro do Código Florestal e sob esse aspecto, estamos gerando conhecimento e exportando experiência para o Brasil inteiro. Com certeza essa é uma das nossas maiores vitórias, porque nossa maior riqueza é a mudança de conceito”, finalizou Gina Valmórbida, ambientalista em Mato Grosso.

(Com informações da Assessoria/Revista Veja, Edição 2251, reportagem de Luís Guilherme Barrucho).

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