quarta-feira, 14 de março de 2012
Cardeal diz que Papa quer reviver a fé em visita a Cuba.
O Papa Bento XVI quer ajudar a reviver a fé religiosa em Cuba quando ele visitar o país comunista no final deste mês, afirmou o líder da Igreja Católica de Cuba em pronunciamento televisionado nacionalmente. Em um país oficialmente ateu por anos, o cardeal Jaime Ortega disse que o pontífice de 84 anos viu o despertar de um fervor religioso na multidão de pessoas que prestou homenagem à Nossa Senhora da Caridade do Cobre, durante uma peregrinação com a imagem da padroeira de Cuba ao redor do país no ano passado.
"Houve grande interesse por esta peregrinação porque o papa tem o compromisso de reviver a fé em países que foram cristianizados antes, que necessitam de uma nova evangelização", disse Ortega, que é o arcebispo de Havana, na terça-feira. "Havia algo nessa missão que foi o renascimento de uma fé dormente, talvez uma fé um pouco reprimida, mas que estava presente no coração das pessoas."
"O papa sente que ele vem para nos confirmar na fé. Ele vem para reafirmar os valores cristãos", disse Ortega, que usava roupas religiosas e uma corrente com uma grande cruz pendurada no seu pescoço. O papa de origem alemã vai visitar Cuba de 26 a 28 de março em um momento de mudança na ilha, onde o presidente Raúl Castro empreendeu reformas liberalizantes na economia de estilo soviético e melhorou as relações há tempos complicadas com a Igreja Católica.
Ortega intermediou um acordo com Castro em 2010 para libertar mais de 100 presos políticos e tem sido uma voz vigorosa nas reformas econômicas. Em dezembro, Raúl libertou 2,9 mil prisioneiros, citando a eventual visita do papa como uma das razões. Boa parte dos libertados foram condenados por crimes comuns, embora alguns eram vistos como presos políticos. A Igreja tem expandido os serviços sociais e oferecido cursos educacionais, além de construir seu primeiro grande projeto, um novo seminário, desde a revolução de 1959 que colocou Fidel Castro, irmão mais velho de Raúl Castro, no poder e transformou a ilha em um Estado comunista.
As relações Igreja-Estado se deterioraram rapidamente após a revolução e ficaram principalmente ruins até a década de 1990 quando começou uma lenta melhora depois que Fidel Castro se aproximou dos movimentos de esquerda "teologia da libertação" na América Latina. A palavra "ateu" foi substituída por "secular" na Constituição e pouco antes de o papa João Paulo 2º visitar Cuba em janeiro de 1998, Fidel Castro restabeleceu o Natal como um feriado.
Hoje, Cuba ainda tem igrejas católicas abandonadas e, embora a Igreja afirme que 60 por cento dos cubanos são batizados como católicos, reconhece que apenas cerca de cinco por cento praticam a religião ativamente. Ortega, que raramente aparece na televisão cubana, que é estatal, disse aos telespectadores que "o papa é um intelectual, ele é o papa da razão. Ele é o homem que tem uma vocação para a ciência teológica e para isso ele dedicou a sua vida."
"Ele vem fazer uma visita pastoral, para cumprir o mandato que Jesus deu a Pedro" para cuidar do rebanho, acrescentou Ortega. Ele disse que o papa há tempos quer visitar Cuba e, apesar de sua idade avançada e saúde frágil, escolheu vir agora para comemorar o 400º aniversário da imagem da Nossa Senhora da Caridade, que teria sido encontrada boiando em uma baía por três homens que tentavam escapar de uma tempestade em seu pequeno barco.
O papa Bento XVI vai fazer uma visita de três dias ao México antes de ir para Santiago de Cuba, ao leste, em 26 de março. Ele visitará a basílica da cidade montanhosa de El Cobre, onde a imagem está em um santuário, antes de seguir para Havana dia 27.
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