quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Quando o tiro sai pela culatra...

Em defesa da fé:



QUANDO O TIRO SAI PELA CULATRA...



Em síntese: O artigo considera algumas objeções levantadas contra a igreja Católica, mostrando quão inconsistentes são.



Muitas pessoas enviam a PR panfletos ou impressos vários que atacam a Igreja, e solicitam explicações a respeito. Não nos furtamos a esta tarefa, que toca de perto a fé do povo de Deus. Eis por que passamos a folhear o jornal "ÁGUA VIVA", da Igreja homônima, edição de janeiro 2004, em que se lêem as seguintes afirmações:


1. Água benta



Água Benta - Atribui-se o uso da água benta a Alexandre I (108-177 d. C). Acredita-se que ela tem o poder contra o mal etc... Mas por que usar água benta se Jesus tem água viva? (Jo 7, 37-58).



O despropósito desta alegação evidencia-se quando se verifica que



a) o Papa Alexandre I governou a Igreja de 107 a 116, e não 177 (o que resultaria numa duração inverossímil);

b) outros panfletos protestantes atribuem a "fabricação" da água benta ao ano 1000. A contradição bem mostra quão infundada é a notícia.



Na verdade, o uso da água benta nada tem de mágico. Trata-se de um sacramental, que tem em seu favor a oração da Igreja, que o benzeu. É, de certo modo, um prolongamento da água batismal, que Jesus escolheu para ser canal da graça. Os cristãos julgam oportuno renovar o seu compromisso batismal, fazendo o sinal da cruz com água benta e aspergindo objetos do seu trato.



Por conseguinte o uso da água benta não teve origem nem no século II nem no ano 1000, mas deve ter brotado da consciência que o cristão tem de estar vivendo o seu Batismo.



2. A Igreja mais antiga



Acredita-se popularmente que a Igreja Apostólica Romana é a Igreja Cristã mais antiga que existe. Contudo, a história mostra que ela nasceu somente em 325 d.C, com o Concílio de Nicéia, promovido pelo Imperador Constantino. Ela recebeu este nome apenas em 381 com o Imperador Teodósio. Conclusão: A Igreja Católica não é a mais antiga. O início da Igreja se deu 300 anos antes em Jerusalém e não em Roma (1Cor 16-19; At 2, 37-47).



Na verdade, não existe Igreja mais antiga ou menos antiga. Há uma só Igreja, fundada por Cristo e entregue ao pastoreio de Pedro e seus sucessores; cf. Mt 16, 16-19; Lc 22, 31 s; Jo 21, 15-17. Ela é dita "católica" não a partir de 381; mas desde as suas origens, pois já em 105 Sto. Inácio de Antioquia falava da "Igreja Católica" (aos Esmirnenses 8, 2). Em 380 (não em 381) o Imperador Teodósio fez do Cristianismo a religião do Estado.



Quanto ao Concílio de Nicéia I (325), não tratou da constituição da Igreja, mas do dogma da SSma. Trindade mal formulado pela heresia ariana; o Imperador não interveio na definição do artigo da fé.



3. O Papa



O Papa recebe grande devotamento dos fiéis da Igreja Católica e em 1870, na época de Pio X, teve sua infalibilidade aprovada. Segundo ela, o Papa não falha, mas a Bíblia diz: que "não há homem algum que não peque" (1 Rs 8, 46). Alguns papas dos passado mostraram com algumas de suas atitudes que mesmo eles precisam da graça de Jesus como nós. Veja esses exemplos: o Papa Eugênio IV (1431-1447) condenou Joana D’Arc (1412-1431) à fogueira como bruxa, mas Benedito XV, em 1920, declarou-a santa.



O objetante confunde infalibilidade e impecabilidade. O Papa é criatura frágil como os demais homens,mas goza do carisma da infalibilidade quando define alguma verdade de fé ou de Moral. É o que se deduz dos textos atrás citados. Jesus não terá deixado o Evangelho ao léu, mas instituiu uma instância que o guarda e transmite fielmente; ver também Mt 28, 18-20.



Joana d'Arc não foi condenada pelo Papa, mas por um tribunal da Inquisição em Ruão (França), tribunal manipulado pelas autoridades militares inglesas, que a queriam eliminar. Durante o processo Joana apelou para o Papa como seu advogado, mas não lhe deram ouvidos. Por conseguinte era justo e necessário que um Papa posterior a reabilitasse.



4. Você sabia?



O palácio em que o Papa reside tem cinco mil quartos, duzentas salas de espera, 22 pátios, 100 gabinetes de leitura, trezentos banheiros e dezenas de outras dependências destinadas a recepções diplomáticas; Gregório VIII revelou que encontraram 6 mil esqueletos de recém-nascidos num convento de Roma.



A primeira parte desta notícia é tão fantasiosa que não merece atenção. Quem a redigiu, nunca terá estado em Roma nem jamais terá visto o que ele imagina.



Quanto à segunda parte, é uma afirmação ambígua, proposta levianamente, sem credenciais que lhe valham o crédito do leitor.



5. O Crucifixo



O Crucifixo - Simboliza o Cristo morto. Passou a ocupar o altar no séc. XI. Na Bíblia, o crucificado simboliza maldição (Gl 3, 13). Jesus ressuscitou, vive e voltará (At 1, 11).



É legítima a representação do Crucificado, visto que Cristo quis assumir a maldição que nos tocava a fim de superá-la, tornando-a passagem para a vida plena. S. Paulo mesmo enfatiza a imagem do Crucificado em Gl 3,1 .



Gálatas insensatos, quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi desenhada a imagem de Jesus Cristo crucificado?"



A feiura da crucifixão é pedagógica; lembra o horror do pecado; este é realmente destruição, estraçalhamento, morte...



6. Observação final



A leitura das objeções levantadas pelos protestantes contra seus irmãos católicos lembra muitas vezes o adágio: "O tiro sai pela culatra". Com efeito; o baixo nível cultural dessas acusações, o seu caráter passional e inverídico depõem contra o objetante em vez de afetar a Igreja Católica. Infelizmente, porém, podem confundir a mente de muitos irmãos despreparados, como notava Voltaire ao escrever: "Mintam, mintam... Sempre ficará alguma coisa".





Dom Estêvão Bettencourt (OSB)

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