Alarme!
"QUE
ACONTECE COMIGO?"
Via
internet a Redação de PR recebeu a seguinte mensagem:
"Eu gostaria de saber se macumba existe, maldições
hereditárias existem e, enfim, possessões demoníacas.
Eu tinha tudo para ser feliz. De repente fiquei com depressão,
pânico, gastrite, hipotireoidismo, policistos nos ovários, no útero, obesa, não
consigo advogar, meu pai teve câncer, minha mãe diabete e hipotireoidismo, brigam
muito. Meu marido foi embora com outra mulher mais velha e teve duas filhas com
ela, minha filha mais velha de 7 anos está muito rebelde, a pequena de 2 sempre
está doente, enfim COLOCO AS MÃOS NA CABEÇA E DIGO: O QUE ACONTECE COMIGO? Amo
meus pais, minhas filhas, quero nossa saúde de volta, quero ter uma família,
ganhar meu próprio dinheiro.
Outra dúvida: o dízimo tem que ser dado ou é invenção dos
homens? Qual é a diferença entre dízimo, oferta e caridade?
Reencarnação existe? Para onde vamos quando morremos?
Obrigada".
Em
nossa resposta distinguiremos as três partes da indagação.
1)
a causa de tanta dor: a) macumba?; b) maldição hereditária?; c) possessão
diabólica?
2)
que é dízimo?
3)
existe reencarnação?
1. Causa da
desgraça
a)
Macumba. Devemos dizer que
os despachos de macumba e umbanda, como também nenhum feitiço "pega",
pois não existem exús nem orixás nem pomba-gira nem alguma entidade invisível
interessada nesses despachos (galinha preta, farofa, cachaça...). Existe, sim,
o demônio ou o anjo mau..., mas este quer o pecado e não a doença. Os despachos
são, como tais, inócuos, mas se alguém acredita que têm eficácia e se julga
perseguido por forças ocultas, poderá ser vítima dessa sua sugestão e
precipitar-se na desgraça por imaginar que seu destino mau está traçado.
Todavia quem não crê no poder dos despachos, não perde a paz.
b)
Maldição hereditária. Não existe.
Contrapondo-se ao que pensavam os israelitas, os Profetas proclamaram a
responsabilidade individual de cada fiel; ninguém paga pelos pecados de seus
antepassados; cf. Jr31, 29:
"Nesses dias já não se dirá: 'Os pais comeram uvas
verdes e os dentes dos filhos ficaram embotados'. Cada um morrerá por sua
própria falta. Quem tiver comido uvas verdes, terá seus dentes embotados".
Ver Ez 18, 1-3.
c)
Possessão diabólica. Existe,
mas há de ser cuidadosamente examinado cada caso de presumida possessão, a fim
de não se confundir possessão com histeria, epilepsia ou outra doença nervosa.
Ela se caracteriza principalmente pela blasfêmia e a revolta contra Deus, - o que
não é o caso de quem redigiu a mensagem atrás transcrita.
Como
então explicar o acúmulo de desgraças descritas?
Os
males que afetam a criatura humana têm causas suficientes na maldade e nas
limitações mesmas das criaturas. A nossa consulente passa por uma fase difícil
de sua vida, na qual três elementos lhe serão de grande ajuda: a oração, o
raciocínio à procura de uma solução inteligente e a colaboração de amigos.
A
Providência Divina não falha; ela permite que as criaturas sejam provadas
sempre em vista do bem da pessoa tentada. Diz o autor da epístola aos Hebreus (12,
5-13):
"Vós esquecestes a exortação que vos foi dirigida como
a filhos: 'Meu filho, não desprezes a educação do Senhor, não desanimes quando
ele te corrige; pois o Senhor educa a quem ama, e castiga todo filho que
acolhe'. É para a vossa educação que sofreis. Deus vos trata como filhos. Qual
é, com efeito, o filho cujo pai não educa ? Se estais privados da educação da
qual todos participam, então sois bastardos e não filhos. Nós tivemos os nossos
pais segundo a carne como educadores, e os respeitávamos. Não haveremos de ser
muito mais submissos ao Pai dos espíritos, a fim de vivermos? Pois eles nos
educaram por pouco tempo, segundo as suas impressões. Deus, porém, nos educa
para o aproveitamento, a fim de nos comunicar a sua santidade. Toda educação,
com efeito, no momento não parece motivo de alegria, mas de tristeza. Depois,
no entanto, produz naqueles que assim foram exercitados um fruto de paz e de
justiça. Por isso, reerguei as mãos enfraquecidas e os joelhos trôpegos; endireitai
os caminhos para os vossos pés, a fim de que não se extravie o que é manco, mas
antes seja curado".
Por
conseguinte tenha a amiga paz interior, confiança e ponha sua razão para
funcionar.
2. Dízimo
Dízimo,
no Antigo Testamento, era a contribuição que o israelita devia oferecer ao
Templo do Senhor. Tinha caráter obrigatório, pois devia lembrar aos israelitas
que a terra por eles habitada era puro dom de Deus, que tirara do cativeiro
egípcio o seu povo.
No
Novo Testamento o dizimo deixou de ter vigência, pois o povo cristão não tem terra
própria. É restaurado atualmente em algumas paróquias; não implica a doação de
10% dos emolumentos pessoais, mas uma oferta livre estipulada pelo dizimista.
Vem a ser o testemunho da cooperação do cristão com a Igreja.
O
dízimo difere de oferta e caridade no sentido de que o dízimo é uma obrigação
mensal que o católico assume livremente, ao passo que oferta e caridade não
implicam obrigação.
3. Reencarnação
A
reencarnação é um postulado gratuito ou carente de provas. Ninguém, em estado
mental sadio, sabe dizer o que terá sido em encarnação anterior.
A
cosmovisão reencarnacionista é dualista: a matéria seria má por si mesma, e o
espírito bom; a história não merece estima, pois o grande anseio do homem é
deixá-la mediante uma desencarnação definitiva. De resto, é o homem que salva a
si mesmo no decorrer de quantas encarnações forem necessárias para se
purificar.
Outra
é a cosmovisão cristã: afirma que a matéria é criatura que Deus fez boa e chama
a participar da glória da alma justa. A história é o desdobramento do plano de
Deus, que assim vai falando aos homens. De resto, é Deus quem salva sua
criatura, dando-lhe todas as graças de que necessite no decorrer de uma única
peregrinação terrestre; só se perde quem resiste à graça divina.
Mais
amplas considerações sobre o assunto se encontram às pp. 196-201 deste fascículo.
Após
a morte, veremos Deus, a Beleza Infinita, face-a-face, caso morramos na amizade
dele. Se, mesmo como amigos dele, tivermos alguma sombra de pecado na hora da
morte, teremos que nos purificar disso no purgatório póstumo; este não é tanque
de enxofre fumegante, mas um estado em que a alma considera o horror do pecado
ou do "pecadinho" e o repudia radicalmente - o que dificilmente
acontece na vida presente.
Cara
amiga, eis o que em poucos parágrafos posso dizer em resposta às suas
indagações. Seja firme e forte em seu ânimo. Reze e ponha a cabeça para
funcionar.
Dom
Estêvão Bettencourt (OSB)
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