Eros Biondini
@erosbiondini
A canção gospel está prestes a virar um gênero musical oficial, como o samba, o hip hop ou o sertanejo. No último dia 20, o Senado aprovou seu reconhecimento como manifestação cultural. Se a presidente Dilma Rousseff sancioná-lo, cantores, pastores, padres, parlamentares evangélicos e católicos que entoam esses cânticos e hinos de louvor cristãos poderão ser contratados como artistas e ter direito aos benefícios de isenção fiscal da Lei Rouanet.
Consultado pela Casa Civil, o Ministério da Cultura recomenda prudência ao Palácio do Planalto. O diretor do Centro da Música da Funarte — vinculado à Cultura —, Bebeto Alves, elaborou um parecer e considera que o projeto é polêmico. Bebeto entende não haver dúvida de que a música gospel é uma expressão cultural, mas se preocupa com a exploração religiosa da conversão desse estilo em manifestação cultural.
— É um assunto polêmico, um tema delicado e que precisa de um pouco de cuidado. A música gospel é, sim, uma manifestação cultural num país onde os gêneros musicais são muito amplos e variados. Mas tem uma questão de fundo, que é a catequese, a dinâmica religiosa e litúrgica. O risco é de haver uma distorção do entendimento de expressão e linguagem de cultura com evento de cunho religioso. Imagino que deva ter algum impedimento quanto a isso. De se coibir distorções no uso das benesses da lei — disse Bebeto Alves.
O projeto faz uma ressalva e exclui dos benefícios da lei os eventos musicais gospel promovidos por igrejas. O autor da proposta é o hoje ex-deputado bispo Robson Rodovalho (PP-DF), um dos fundadores da Igreja Sara Nossa Terra. O líder evangélico também é cantor e já gravou vários discos com músicas desse tipo.
O deputado e cantor Pastor Marco Feliciano (PSC-SP), da Assembleia de Deus e que já lançou até DVD, afirmou que o projeto beneficia um segmento, o evangélico, vítima de preconceito.
— Tem verba federal para cultura afro, para a música sertaneja e até para o funk. Por que não para a música gospel? — disse Marco Feliciano.
Para o líder da Renovação Carismática Católica, o deputado Eros Biondini (PTB-MG), a música cristã ultrapassou templos e igrejas e já é reconhecida como obra cultural. Biondini cita os padres Fábio de Melo e Marcelo Rossi como exemplos de sucesso nesse estilo.
— Essa lei não vai beneficiar só a música gospel dos evangélicos, mas também a produção cultural católica. Ambas são inspiradas no Evangelho. Será uma grande conquista — disse Biondini.
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