sábado, 24 de dezembro de 2011

Homilia - D. Abade André Martins, OSB (Natal do Senhor de 2011 - Missa da Noite).


Natal do Senhor de 2011 - Missa da Noite.


Caríssimos Irmãos e Irmãs:
Fomos preparados durante o período do Advento para recebermos o Prometido das nações, a Luz da luz, Aquele que veio quebrar a canga que pesava em nossos ombros.
Hoje, pois, nasceu para nós um Menino. Com Ele nos veio a justiça; com Ele, a escuridão de nossos olhos se foi como nevoeiros da primavera e o jugo de nossos ombros tornou-se o leve peso dos braços amigos que circundam nosso pescoço.
Ele, o Menino nascido em Belém em situação pouco digna de uma criança nascer, veio trazer aos homens de todos os tempos e culturas o amor, eterno e sem limites geográficos.




A cada ano – até que o Senhor volte para consumar tudo em sua misericórdia – a Igreja nos prepara para a sua vinda pelo Tempo do Advento, como Deus havia preparado o povo da Antiga Aliança pelos Profetas. Por isso nesta Noite Santa, o profeta Isaias se fez ouvir.
    Até que o Senhor volte para julgar os vivos e os mortos em seu amor, a profecia de Isaias se cumpre sacramentalmente na celebração litúrgica do Natal. Nasce o Salvador – como proclamamos nossa fé, ao cantar o salmo responsorial de hoje – para vivermos como criaturas novas sem impiedade e sem paixões mundanas; sabendo discernir o bem do mal e optando pelo bem, qual prática natural e habitual de quem aceitou a salvação. O apóstolo Paulo havia entendido bem essa realidade. Por isso a Igreja nos fez ouvir sua carta a Tito
    Entretanto, estamos a mais de dois mil anos celebrando o nascimento do Salvador e a escuridão parece estar mais densa aos olhos de nossos contemporâneos, não faltando colírios e óculos adequados para os tais enganados deficientes; a tristeza do não saber o que fazer com a vida, camuflada pelos lenitivos das distrações vem se impondo como “modus vivedi”; a moderna canga, varada aos ombros e chicotes de capatazes, pelas industrias atuais, disfarçam-se em busca de altivo empenho de celebridade, incentivo ilusório de ascensão social, comportamento mimético dos ídolos da mídia, excentricidade como solução para a sobrevivência, etc.
    Uma análise pessimista.....
    Não, queridos irmãos! Basta-nos olhar com maior seriedade para o mundo no qual estamos inseridos e constataremos que não exagerei em minha análise.
    Como o caótico salta-nos aos olhos, não faltam pseudoprofetas em nossa sociedade a prometer felicidade. Como bem treinados no discurso emocional ou na magia ou até porque o povo está em desespero, cresce o número de seus adeptos. Por quanto tempo......
    Aqui estamos nós, com risco de nos tornarmos um “resto de Israel”, mas firmes na fé que herdamos dos Apóstolos.
    Enquanto o Senhor não vem para consumar toda a história em seu divino amor, celebramos sua vinda na liturgia, que alimenta nossa fé e nos compromete na vivência de seu Evangelho.
    O Senhor que veio nos salvar, nos sustente com almas de pastores de Belém para, em meio a todo tipo de trevas e escuridão, dirigir nossos passos rumo ao presépio, e lá, na liturgia do coração, contemplar o mistério insondável da encarnação do Verbo.
    Com alma de pastores de Belém, podemos permanecer receptivos à Luz para sermos luz nas trevas; justos aonde a injustiça corrói as consciências e braços fortes para sustentar todo tipo de verdadeira manjedoura, que timidamente ainda encontra espaço em nossa sociedade, e ameaçada em ser substituída por um saco de presentes.
    Assim seja.


Fonte

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