Nos anos 60, minha avó teve sérios problemas no parto de seu último filho, pois além do bebê ter sido um natimorto, ela passou por uma dolorosa cesárea (imaginem como eram este procedimentos cirúrgicos há cinqüenta/sessenta anos, e ainda em um hospital carente de uma pequena cidade de interior) que se complicou, além de ter tido problemas pós-parto e da cirurgia que infeccionou devido a diabetes!
Coitada, ela quase morreu! Porém, ela contava e sempre se emocionava com um fato que salvou a vida dela: numa noite, quando o médico já tinha avisado meu avô sobre a gravidade da situação, ela estava apenas sendo medicada para aliviar as dores, pois segundo o médico, não havia nada mais a se fazer.
Ela dizia que estava em um estado de letargia total, e não conseguia se comunicar com ninguém e que apenas entendia o que as pessoas conversavam, pois não conseguia mais falar. Pois bem, sua barriga estava inchada e endurecida.
Então nesta noite, ela disse que entrou em seu quarto uma figura bem alta, de uma mulher de hábito branco, porém com o rosto escondido por um véu.
A freira, era tão alta que para passar pelo umbral da porta teve que se abaixar e se chegou junto a ela. Ela disse que a freira estava com um rosário nas mãos e se aproximou bem junto dela na cabeceira da cama.
Minha avó pensou: “ pronto, agora chegou a hora de eu morrer!” Mas ,ela conta, que rogou a Deus por seus filhos pequenos, principalmente por minha mãe, a caçula que tinha na época uns sete anos!
Neste instante, adentraram-se no quarto o médico e uma enfermeira. E após o médico examiná-la, ela ouviu da enfermeira: “ Ah, doutor eu vou pegar umas bolsas de água quente para aliviar as dores desta pobre mulher!” E o médico respondeu: “Coloque sim!” E os dois saíram do quarto enquanto o espectro continuava a rezar seu terço na cabeceira sem se importar aparentemente com os dois.
Então a enfermeira veio, e trouxe várias bolsas de água quente e colocou sobre seu ventre e as laterais, e ela ainda ouvir dela: “Coitada, que Deus a ajude!”
Minha avó começou a sentir aquecida e de repente, nas palavras da própria, ela ouviu algo como uma bolha estourando e sentiu que como que estivesse urinando, porém sem movimentar o esfíncter uretral.
Então a freira foi saindo do quarto, curiosamente, que sem se virar, ou seja, sem dar as costas para minha avó. Então a enfermeira repentinamente voltou a seu quarto e ao ver a quantidade de linfa que escorria da cama e chegou a fazer poça no chão.
Ao mesmo tempo, minha avó começou a recuperar os sentidos, e notou o grito da enfermeira chamando o médico e correria para desentubá-la e afins. Minha avó por anos falava que se não fosse a Própria, seria uma “agente” de Nossa Senhora do Carmo!
Mas, apesar de tudo a história não parou por aí. Anos mais tarde, conversando amenidades com minha sogra, que foi parteira na Santa Casa de Misericórdia por mais de vinte anos, ela me contou sobre um quarto de descanso das funcionárias deste hospital.
Este dito quarto, hoje não existe mais, como praticamente a ala hospitalar toda, devido à última reforma, mas que fora antigamente a continuação da enfermaria da maternidade desde os primórdios da construção do primeiro hospital no século dezenove.
Bem, este lugar, servia de repouso durante as extensas jornadas dos plantões, os médicos e as enfermeiras, que sempre se sentiam estranhas quando dormiam ali. Então, minha sogra, falou que lá pelas tantas da madrugada, ela e outra colega descansavam quando subitamente viram a tal freira “compridona” atravessar a parede e passar no meio delas.
Porém, minha sogra, muito religiosa e confiante em sua fé católica afro-brasileira, disse-me que não sentiu medo, ao contrário, a aparição passava confiança e amor. Porém, o susto foi grande, pois além do inesperado, a fantasma se vestia com um hábito muito branco, porém era muito alta para os padrões femininos ou humanos mesmo.
E eu soube depois de outras pessoas, que várias já a viram perambulando sempre pela ala da maternidade.
Se encontrar com ela apesar do susto deve ser muito legal! Afinal, não é sempre que se tem a honra de ter um contato direto, com uma consultora da vida!
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