quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Refutando a teologia da prosperidade de pastor protestante.

Farei uma breve reflexão bíblica em favor da doutrina ensinada por Jesus Cristo, que nos convida a salvação por meio de sua morte e ressurreição. Não se encontra nos ensinamentos que Jesus nos deixou a busca cega por bens materiais, afinal após a morte ninguém os leva para o caixão. Com base em textos bíblicos, o devido artigo visa apontar os desvios doutrinários ensinados conforme o vídeo abaixo.

Percebemos claramente no vídeo um pensamento voltado à teologia da prosperidade, pode-se entender a teologia da prosperidade como um preceito que afirma que todo cristão deve exigir de Deus o direito de obter a felicidade integral em todos os aspectos de sua vida.
Segundo o doutorando em história pela UNESP Wander de Lara Proença“teologia da prosperidade está trazendo o celeste porvir para o terrestre presente. Para comermos a melhor comida, para vestirmos as melhores roupas, para dirigirmos os melhores carros, para termos o melhor de todas as coisas, para adquirirmos muitas riquezas, para não adoecermos nunca, para não sofrermos qualquer acidente, para morrermos entre 70 e 80 anos, para experimentarmos uma morte suave.”
Sendo assim, percebemos uma busca por Deus voltada não para o que ele é(amor) e sim por aquilo que ele pode nos oferecer. Deus ao invés de ser tornar Senhor passa aparentemente a um mero objeto descartável.
Vejamos os textos bíblicos que contrariam tal ensinamento:
“É para a vossa educação que sofreis: Deus vos trata como filhos. Qual é, com efeito, o filho cujo pai não educa? Se sois privados da educação da qual todos participam, então sois bastardos e não filhos”. (Hb 12, 7s)
“Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; vós tereis que sofrer neste mundo, mas tende coragem eu venci o mundo!” (Jo 16, 33)
“Jesus disse:“Mas ajuntai ara vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consomem, e onde os ladrões não minam e nem roubam”  Mt. 6,20
“Depois de sofrerdes um pouco, o Deus de toda a graça, Aquele que vos chamou em Cristo para a sua glória eterna, vos restabelecerá, firmará e fortalecerá, e tornar-vos-á inabaláveis.” 1 Pd. 5,10
Aspecto interessante de se notar é a questão das trocas de favores entre Deus e o crente. Deus parece mais um banqueiro, tendo como caixa forte a Igreja ao qual o crente sendo fiel e pagando as contas todo mês (dízimo) com “generosidade” lhe será concedido riquezas e bens materiais, a exemplo a tão sonhada casa própria. Essa concepção está mal fundamentada.
Vejamos os textos bíblicos que contrariam tal ensinamento:
“Houve falsos profetas no povo de Israel, e entre vós também aparecerão falsos mestres que introduzirão heresias perniciosas; negarão o Senhor que os resgatou e atrairão sobre si repentina destruição. Muitos seguirão as suas doutrinas dissolutas e, por causa deles, o caminho da verdade cairá em descrédito. Levados pelo amor ao dinheiro, procurarão, com palavras enganosas, explorar-vos. Mas o julgamento contra eles já há muito que começou, e a sua destruição não vai tardar.” 2 Pd. 2, 1-3;
“A piedade é de fato grande fonte de lucro, mas para quem sabe se contentar. Pois nada trouxemos para o mundo, nem coisa alguma dele poderemos levar. Se, pois, temos alimento e vestuário, contentemo-nos com isso. Ora, os que querem se enriquecer caem em tentação e cilada, e em muitos desejos insensatos e perniciosos que mergulham os homens na ruína e na perdição. Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro, por cujo desenfreado desejo alguns se afastaram da fé, e a si mesmos se afligem com múltiplos tormentos”. 1 Tm 6,5-10
Sobre as riquezas e bens materiais prometidas a quem é fiel oferecendo o dinheiro do suor de seu trabalho. Tal ensinamento não convém com o que ensinaram os Apóstolos. A benção concedida por Deus não está voltada para o dinheiro oferecido, sim para o cumprimento daquele que faz a vontade do Pai que está no céu, mesmo estando diante das dificuldades no decorrer desta vida.
Vejamos os textos bíblicos que contrariam tal ensinamento:
“Sobretudo, conservai entre vós um grande amor, porque o amor cobre uma multidão de pecados.” 1 Pd. 4, 8
“Depois de sofrerdes um pouco, o Deus de toda a graça, Aquele que vos chamou em Cristo para a sua glória eterna, vos restabelecerá, firmará e fortalecerá, e tornar-vos-á inabaláveis.” 1 Pd. 5,10
Vejamos o que diz a Igreja Católica. Todos os católicos devem dar a sua contribuição material à Igreja para que ela possa prover suas necessidades materiais; isto é ensinado pelo Catecismo da Igreja Católica (CIC) no nº2043:
§2043 – ”Os fiéis cristãos têm ainda a obrigação de atender, cada um segundo as suas capacidades, às necessidades materiais da Igreja. O quinto mandamento [da Igreja] (“Ajudar a Igreja em suas necessidades”) recorda aos fiéis que devem ir ao encontro da necessidades materiais da Igreja, cada um conforme as próprias possibilidades (CDC, cân. 222)”.
Não percebemos uma obrigação na Igreja Católica em que o dízimo seja 10% do salário, embora muitos adotem isto na prática, o que é bonito. O dízimo não pode ser uma troca com Deus; deve ser uma doação generosa de quem O ama de forma gratuita e sem interesses. O dízimo também pode ser ofertado, não em parte monetária, mas em serviços. Um exemplo seria o eletricista tirar um dia de seu trabalho para doar a igreja para possíveis reparos ou um médico que uma vez por mês se dedica em atender gratuitamente pessoas de sua comunidade na paróquia. Vemos que para a Igreja Católica, dizimo não é sinônimo apenas de dinheiro.
Conclusão
Jesus de Nazaré em nenhum momento de sua pregação propôs riqueza e prosperidade aos seus seguidores. Observando atentamente as passagens citadas, chegamos a convicção que Jesus não instruiu os Apóstolos em nenhum momento a ensinarem que seus seguidores não passariam por dificuldades e sofrimento.
Os fiéis precisam despertar o censo crítico para saber diferenciar e entender a palavra de Deus que foi comunicada com autenticidade ao longo dos séculos por meio da tradição oral. Se, mesmo assim, quiserem ingressar na Teologia da Prosperidade que o façam de forma consciente. Assim, não serão levadas como um grupo de ovelhas perdidas no meio do campo.
Referência Biblíografica
PROENÇA, Wander de Lara. O Evangelho da Cruz e a Teologia da Prosperidade (Artigo). In: http://www.pesformosos.org/?pg=ver_artigo&id=176. Acesso em 23 ago. 2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Para que você possa comentar é preciso estar logado.