Em seu novo CD, "Um pouco mais de mim", cantora surpreende pela voz, pelas letras e pelos arranjos e se revela inteira, intensa, inquieta. Composições tentam cantar o estado da alma, de coisas nem sempre expostas, embora tão humanas; falam da dificuldade de perdoar, de ser feliz, de ser fiel aos desejos; fala da vontade de olhar o outro com mais tolerância, com mais humildade.
“Quem seremos quando começarmos a prestar mais atenção no outro?”.
Quem ouve Ziza Fernandes provavelmente vai se surpreender com seu quinto CD, lançado pela Paulinas-Comep. Sim, ela continua inquieta, intensa, vibrante, mas muita coisa mudou desde sua última gravação, há quatro anos. A voz chega diferente, mais amadurecida, com um timbre mais “estabilizado”. “É o CD mais ‘autoral’ que já gravei, sintetiza. O resultado é a mistura de um estado psicológico e físico, de abstração e extração, em meio a uma proposta sonora bem atual, explorando violão e eletrônicos, em lugar de cordas e metais.
As letras “tentam cantar o estado de minha alma”, de coisas nem sempre expostas, embora tão humanas; falam da dificuldade de perdoar, de ser feliz, de ser fiel aos desejos; fala da vontade de olhar o outro com mais tolerância, com mais humildade. Os arranjos instrumentais ficaram a cargo de Luizinho Costa, que também assina a direção musical, e de Alexandre Pivato, o Boyna. O CD também conta com a participação especial do Maninho em duas faixas, na direção de voz e nos vocais.
Um dos grandes destaques é a canção “Quanto vale o coração”, um convite a internalizarmos o externo. Contempla pessoas às quais nunca prestamos muita atenção, gente que faz, que tem papéis essenciais no nosso cotidiano. “O vento passou por aqui”, outra grande surpresa, fala da lucidez de saber esperar o tempo de cada coisa, das relações...
“Ama teu próximo”, por sua vez, é um convite à solidariedade, a ‘ouvir o outro’. “Sempre achamos que vamos ter as respostas a partir de nós mesmos, mas é o inverso; elas estão no outro”, filosofa. “Simples e forte”, uma das últimas canções escolhidas, chega poética, feminina e com um resultado sonoro ímpar. “Ser forte é assumir os estados da alma...”.
Ziza fala do cuidado na produção de um disco na área de espiritualidade: “Prefiro pensar em algo autobiográfico, que diga respeito ao que acontece comigo naquele determinado momento. Agora é um momento de maturidade, de compreender com mais responsabilidade o sentido da vida”.
A cantora se diz sem grandes pretensões, sabe que não pode mudar o mundo. Faz da música uma vocação, um dever. “Se alguma coisa que eu cantar conseguir tocar alguém, será ótimo. O segredo é encontrar meu lugar, simples, pequeno, mas tão repleto de mim”.
A juventude continua seu grande alvo, aquela juventude igualmente inquieta, sempre atrás de respostas, que não se contenta em apenas crer, mas entender como e por que crer. “É um público acostumado ao meu jeito e que sabe que o CD é apenas um pretexto para subir ao palco, para estarmos juntos”.
Músicas:
01 - O vento.
02 - Simples e forte.
03 - Recomeçar.
04 - Quanto vale um coração.
05 - Não há quem.
06 - Deus me ama.
07 - Desabafo.
08 - Encontro a sós.
10 - Sinal de amor.
11 - Me faz capaz.
12 - Tu me conheces.
13 - Belo e verdadeiro.
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