terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Padre Fábio de Melo: "músicas sertanejas pregam valores antigos".

VIVIAN ORTIZ
Evangelizar por meio da música de raiz simples. Esta é a proposta do novo álbum do Padre Fábio de Melo - o 16º de sua carreira - chamado No Meu Interior tem Deus. "Optei por gravar músicas sertanejas porque, além de fazerem parte da minha vida, pois cresci ouvindo essas canções, elas pregam os valores antigos", explicou ele, em entrevista exclusiva ao Terra.


O repertório do trabalho, lançado em CD e DVD, inclui clássicos do sertanejo, como Disparada, de Geraldo Vandré e Theo de Barros, Vida Marvada e Peão, de Almir Sater e Renato Teixeira. Já o mestre das sanfonas, Dominguinhos, participa como convidado especial nas faixas A Vida do Viajante e Calix Bento.




Confira a entrevista na íntegra:


Terra - Por que decidiu cantar músicas sertanejas para passar suas mensagens? Não acaba perdendo um pouco o foco religioso? 


Padre Fábio de Melo - Eu acredito que não, pois quando falamos de Deus por meio de uma mensagem humana ele acaba chegando mais fácil ao ouvido das pessoas. No caso, a opção por gravar músicas sertanejas foi feita porque elas fazem parte da minha vida e eu cresci ouvindo essas canções. Com elas, quis mostrar um pouco dos valores antigos que deixaram de ser ensinados e também que Deus mora na terra, habita coisas da terra. Continuo cantando música religiosa, mas sempre gostei de colocar dentro de meu repertório músicas que fizeram parte da minha vida.



Terra - A música é uma boa forma de chamar fiéis? 


Padre Fábio de Melo - Acredito que tudo é válido nos dias de hoje. Se tenho a oportunidade de chegar ao ouvido das pessoas dessa forma, por que não utilizá-la? O próprio São Paulo fez isso na época dele, usando os meios sociais para atingir o grande público. Numa época em que temos várias mídias disponíveis, como música, livros, shows, não vejo porque não fazer uso delas.


Terra - O cantor, compositor e instrumentista Dominguinhos participa de seu novo trabalho. Por que a escolha? 


Padre Fábio de Melo - Dominguinhos é um homem a quem admiro muito, ligado a valores do interior, que não perdeu a simplicidade e canta justamente ela. Por ser uma pessoa muito querida pelo povo, queria que ele me ajudasse a mostrar aos fiéis o valor das coisas simples, que acabam ficando um pouco esquecidas na correria diária.


Terra - O que você fala para aqueles que criticam o fato de você ter escolhido viver uma "vida de artista"? Não basta ser apenas um padre para passar a mensagem? 


Padre Fábio de Melo - Eu sou padre em tudo aquilo que faço e, em toda oportunidade que tenho, faço questão que minha vida de padre esteja sempre presente. No geral, essa é uma questão controversa. Veja que o próprio padre da paróquia também fica conhecido, mesmo que naquela comunidade. No meu caso, a única diferença é que a mídia me evidencia mais e mais. Penso que tudo é uma questão de administrar com responsabilidade o conhecimento que tenho. E, conforme o conhecimento aumenta, a responsabilidade também aumenta. Por isso, é preciso cuidado.


Terra - Como você lida com o fato de chamar a atenção das pessoas por sua beleza? Pensa que isso atrapalha na hora de passar a mensagem? 


Padre Fábio de Melo - Eu acredito que não, pois tudo é uma questão de tempo. Em um primeiro momento, as pessoas podem até olhar para o meu rosto, mas o que realmente importa é meu coração. É preciso conceder, porém, uma oportunidade para que as pessoas vejam meu coração e ouçam o que tenho a dizer. Quero que elas conheçam o meu interior, pois garanto que deve ser muito mais bonito do que a minha cara.


Terra - Já passou alguma situação engraçada ou desconfortável por conta da beleza? 


Padre Fábio de Melo - Geralmente o assédio acaba sendo mais virtual do que pessoal, pois todos respeitam bastante. Mas, mesmo assim, recebo por e-mail mensagens de mulheres dizendo que estão apaixonadas por mim, esse tipo de assédio. Concretamente, não costuma passar disso.


Terra - Numa época em que a pirataria domina o mercado, como você avalia o sucesso de seu trabalho? 


Padre Fábio de Melo - Acredito que a música religiosa por si só já é um produto menos pirateado, inclusive pela própria consciência de quem consome este tipo de trabalho. As pessoas sabem que a pirataria alimenta o crime organizado e, por isso, consomem muito mais as gravações originais. Fico bastante feliz com essa consciência dos fãs.




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